REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412160944
Juliana Bernardi
Orientador Professor Doutor Augusto Cesare de Campos Soares
Resumo
O presente artigo analisa a integração de inovações tecnológicas e metodologias ativas no ensino infantil, com foco na proposta didática desenvolvida para estimular competências cidadãs. Partindo do contexto atual da educação, marcado por avanços tecnológicos e pela necessidade de formar indivíduos críticos e participativos, o estudo apresenta uma abordagem aplicada à prática docente. A metodologia utilizada incluiu uma revisão bibliográfica e a criação de um material didático multimodal, validado por educadores e aplicado em turmas do ensino infantil. Os resultados apontam que o uso de recursos tecnológicos, aliados a estratégias didáticas inovadoras, promove maior engajamento dos alunos e melhora a assimilação de conteúdos relacionados à cidadania. O material desenvolvido foi avaliado especificamente quanto à sua aplicabilidade, relevância pedagógica e capacidade de integrar diferentes áreas do conhecimento, favorecendo uma aprendizagem significativa. No entanto, desafios como a falta de infraestrutura escolar e a necessidade de formação continuada dos professores foram destacados como obstáculos à implementação ampla dessas práticas. Conclui-se que uma didática inovadora, quando aplicada de forma contextualizada e planejada, pode transformar o ensino infantil, contribuindo para o desenvolvimento integral das crianças. Este estudo reforça a importância de políticas educacionais que fomentem o uso de tecnologias e a formação docente para atender às demandas contemporâneas da educação.
Palavras-chave: Didática inovadora; Ensino infantil; Tecnologias educacionais.
Abstract
This article analyzes the integration of technological innovations and active methodologies in early childhood education, focusing on the didactic proposal developed to stimulate citizenship skills. Starting from the current context of education, marked by technological advances and the need to train critical and participatory individuals, the study presents an approach applied to teaching practice. The methodology used included a bibliographic review and the creation of multimodal teaching material, validated by educators and applied in early childhood education classes. The results indicate that the use of technological resources, combined with innovative teaching strategies, promotes greater student engagement and improves the assimilation of content related to citizenship. The material developed was specifically evaluated regarding its applicability, pedagogical relevance and ability to integrate different areas of knowledge, favoring meaningful learning. However, challenges such as the lack of school infrastructure and the need for ongoing teacher training were highlighted as obstacles to the widespread implementation of these practices. It is concluded that innovative teaching, when applied in a contextualized and planned way, can transform early childhood education, contributing to the integral development of children. This study reinforces the importance of educational policies that encourage the use of technologies and teacher training to meet contemporary education demands.
Keywords: Innovative teaching; Early childhood education; Educational technologies.
1 INTRODUÇÃO
A educação infantil, primeira etapa da formação básica no Brasil, enfrenta desafios crescentes diante das demandas do século XXI. Entre essas exigências, destaca-se a necessidade de incorporar tecnologias educacionais e metodologias inovadoras que desenvolvem competências cidadãs desde os primeiros anos escolares. Essa abordagem busca não apenas preparar os alunos para o uso crítico e criativo das ferramentas digitais, mas também formar indivíduos capazes de exercer sua cidadania de maneira consciente e participativa.
Com o avanço das tecnologias digitais, a educação passou a exigir práticas pedagógicas que transcendam o ensino tradicional, centralizado na transmissão de conteúdos. Nesse cenário, a integração de metodologias ativas e o uso de recursos multimodais foram apontados como estratégias estratégicas para engajar os alunos e promover aprendizagens significativas. Moran (2015) e Kenski (2018) argumentam que a educação contemporânea deve se alinhar às transformações sociais e tecnológicas, incorporando ferramentas que incentivem a autonomia, a criatividade e a colaboração.
Diante disso, este estudo delimita-se à análise de uma proposta didática inovadora aplicada à educação infantil, utilizando tecnologias educacionais como meio para fomentar competências relacionadas à cidadania. A pesquisa foi realizada em um contexto específico, envolvendo educadores e alunos de turmas de educação infantil em uma escola pública, e propôs a criação, aplicação e avaliação de um material didático multimodal.
A justificativa para este estudo reside na crescente necessidade de compensar práticas pedagógicas na educação infantil. Embora reconhecida como etapa essencial para o desenvolvimento integral das crianças, a educação infantil ainda enfrenta limitações, como a ausência de materiais pedagógicos atualizados e a resistência a práticas inovadoras. Segundo Antunes (2003), a qualidade das interações entre professores, alunos e recursos pedagógicos é determinante para o sucesso da aprendizagem, e a inovação didática pode desempenhar um papel crucial nesse processo.
O problema que guia este trabalho pode ser sintetizado na seguinte pergunta: “Como integrar tecnologias educacionais e metodologias ativas na educação infantil de forma para promover o desenvolvimento de competências cidadãs?” Essa questão reflete a preocupação com a adequação das práticas pedagógicas às demandas contemporâneas, bem como a necessidade de formar crianças preparadas para os desafios sociais e tecnológicos do futuro.
Os objetivos desta pesquisa foram estruturados em dois níveis: o objetivo geral consistiu em analisar o impacto de uma proposta inovadora, utilizando tecnologias educacionais, no desenvolvimento de competências cidadãs na educação infantil. Já os objetivos específicos incluíram: (1) investigar o contexto atual do uso de tecnologias na educação infantil; (2) desenvolver um material didático multimodal alinhado às competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC); (3) avaliar a eficácia do material e das metodologias aplicadas a partir de sua implementação em turmas de educação infantil.
Para alcançar tais objetivos, a metodologia adotada foi qualitativa, combinando revisão bibliográfica, desenvolvimento de material didático e pesquisa de campo. A revisão bibliográfica permitiu fundamentar teoricamente o estudo, com base em autores como Freire (1996), Moran (2015) e Kenski (2018), enquanto a criação do material didático multimodal envolve uma abordagem prática e colaborativa com os educadores participantes. A pesquisa de campo incluiu o material nas salas de aula e a coleta de dados por meio de aplicação de observações, entrevistas e análise de resultados.
Os resultados esperados deste estudo incluem a prova de que práticas pedagógicas inovadoras podem promover o engajamento e a aprendizagem significativa dos alunos, além de destacar os desafios e as potencialidades do uso de tecnologias na educação infantil. A análise dos dados encontrados buscará responder à problemática da proposta, evidenciando os caminhos para uma integração efetiva de tecnologias e metodologias ativas nessa etapa da educação.
Freire (1996) defende que a educação deve ser um ato transformador, que valorize as experiências dos alunos e os prepare para o exercício pleno da cidadania. Nesse sentido, este estudo contribui para o debate sobre a inovação pedagógica na educação infantil, oferecendo subsídios para a elaboração de políticas públicas e práticas docentes mais alinhadas às demandas do mundo contemporâneo.
Além disso, o estudo reforça a relevância da BNCC como guia para a educação infantil, especialmente no que tange à integração de competências digitais e cidades. A pesquisa pretende mostrar que, ao combinar recursos tecnológicos com metodologias ativas, é possível criar um ambiente de aprendizagem mais dinâmico, inclusivo e eficaz.
Conclui-se que a inovação didática na educação infantil não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade de transformar o ensino, promovendo uma formação mais completa e significativa para as crianças. Este estudo busca, portanto, contribuir para a construção de uma educação que seja, ao mesmo tempo, criativa, crítica e conectada ao contexto social e tecnológico atual.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Material Didático e sua Relevância na Educação Infantil
Os materiais didáticos desempenham um papel central na educação infantil, atuando como mediadores entre o conhecimento e os alunos. Eles incluem textos, imagens, objetos, vídeos, jogos e ferramentas digitais. De acordo com Fernandes (2017), esses recursos não apenas facilitam a aprendizagem, mas também tornam o processo mais dinâmico e significativo, promovendo uma interação ativa entre professores e alunos.
A evolução dos materiais didáticos trouxe inovações importantes, especialmente com o advento das tecnologias digitais. Segundo Bandeira (2009), embora os materiais tradicionais, como livros e cadernos, fossem o foco no passado, atualmente há uma crescente integração de ferramentas interativas como aplicativos educacionais, vídeos e plataformas online. Esses recursos ampliam o alcance da educação, permitindo maior personalização e engajamento.
Além disso, Hoefstaetter (2015) destaca que o uso de materiais didáticos digitais exige uma abordagem pedagógica diferenciada, pois eles possibilitam atividades colaborativas e interativas. Por exemplo, jogos educativos digitais podem ser utilizados para ensinar conceitos matemáticos, enquanto vídeos animados podem explicar características científicas de forma acessível e visualmente atraente.
Em contextos como o Programa A União Faz a Vida (PUFV), os materiais didáticos também assumem uma dimensão prática e interdisciplinar. Nesse programa, atividades lúdicas e o uso de mascotes como ferramentas pedagógicas incentivam o aprendizado experiencial, alinhado aos princípios de cidadania e cooperação. Uma pesquisa de Medeiros et al. (2020) evidencia que esses materiais não apenas enriquecem o currículo, mas também fomentam valores éticos entre os alunos.
Os desafios, no entanto, incluem a necessidade de formação contínua para professores. Fiscarelli (2007) sugere que a eficácia do uso de materiais didáticos depende do preparo docente para selecionar e aplicar esses recursos de maneira intencional e adaptada às necessidades das crianças.
2.2 Propriedade Intelectual e Direito Autoral na Educação
A Propriedade Intelectual (PI) é um campo abrangente que protege as criações do intelecto humano, incluindo obras literárias, artísticas e científicas. No contexto educacional, o Direito Autoral, um dos ramos do PI, desempenha um papel fundamental, pois regula o uso e a reprodução de materiais didáticos e tecnológicos desenvolvidos para o ensino. Segundo Oliveira (2019), esses direitos não apenas garantem o reconhecimento dos criadores, mas também fomentam a inovação pedagógica ao proteger suas ideias e produtos.
No Brasil, a Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998) estabelece que toda criação original, seja ela um texto, software educacional, vídeo ou atividade pedagógica, seja protegida desde o momento de sua criação. Essa proteção é essencial para garantir que os autores recebam os devidos créditos e benefícios, incentivando-os a continuar contribuindo para o desenvolvimento educacional (Silveira, 2018).
No ambiente educacional, entretanto, é comum a utilização de materiais protegidos por direitos autorais. Isso gera um desafio: conciliar o uso de conteúdos de terceiros com o respeito às normas legais. Em resposta, iniciativas como as licenças de uso livre, por exemplo, Creative Commons, surgem como soluções viáveis para que professores e instituições possam acessar e adaptar conteúdos respeitando os direitos autorais (Nemlioglu, 2019).
Além disso, a crescente produção de materiais educacionais digitais intensifica a necessidade de compreender a PI. Conforme destacado por Wachowicz (2014), o ensino baseado em tecnologias exige que os educadores entendam os limites do uso de softwares e plataformas protegidas. Este entendimento não apenas evita litígios, mas também estimula a criação de conteúdos próprios pelas escolas e professores.
No contexto do Programa A União Faz a Vida (PUFV), o PI é aplicado tanto na proteção das atividades pedagógicas desenvolvidas quanto na preservação da identidade do programa, incluindo mascotes e materiais exclusivos. Isso reforça a necessidade de conscientização sobre o tema, para que os educadores se tornem protagonistas na produção de recursos que integrem criatividade e inovação (Santos, 2018).
Por fim, é crucial promover o entendimento sobre os direitos morais e patrimoniais do autor, destacando que a valorização da autoria é também um estímulo à qualidade dos recursos educacionais. A proteção legal oferece aos educadores um ambiente seguro para explorar sua criatividade, contribuindo para práticas pedagógicas mais eficazes e inovadoras.
2.3 Tecnologia como Recurso Pedagógico
A utilização da tecnologia como recurso pedagógico revolucionou a educação contemporânea, proporcionando novas formas de ensinar e aprender. Segundo Medeiros et al. (2020), a tecnologia não apenas torna as aulas mais atrativas e dinâmicas, mas também amplia as possibilidades de personalização e inovação no processo educacional, especialmente na educação infantil.
Ferramentas como aplicativos, plataformas digitais e dispositivos multimídia foram incorporadas às práticas pedagógicas. Essas tecnologias permitem que os professores adaptem os conteúdos às necessidades individuais dos alunos, promovendo maior engajamento e participação. Fiscarelli (2007) aponta que o uso intencional de tecnologias contribui para o desenvolvimento de competências cognitivas e sociais, como a resolução de problemas e o trabalho em equipe.
Entretanto, o uso da tecnologia apresenta desafios que vão desde a capacitação docente até o acesso desigual aos recursos. Para superar essas barreiras, a formação continuada dos professores se torna essencial. Camargo e Tostes (2020) destacam que a qualificação docente deve incluir o domínio de ferramentas digitais e a integração dessas tecnologias em estratégias pedagógicas significativas.
No contexto do Programa A União Faz a Vida (PUFV), a tecnologia desempenha um papel crucial na implementação de atividades interativas e lúdicas. Por exemplo, o uso de projetos multimídia, vídeos educativos e aplicativos de storytelling ajudam a enriquecer o aprendizado experiencial, promovendo a interdisciplinaridade e a cidadania. Segundo Torres e Terres (2016), essas abordagens facilitam a construção de conhecimento de maneira colaborativa, conectando os alunos ao mundo real.
Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) reforça a importância de integrar tecnologias no ambiente escolar, propondo práticas que fomentem a alfabetização digital e o uso crítico das ferramentas tecnológicas. Essa perspectiva é essencial para preparar os alunos para os desafios da sociedade contemporânea, conforme lançado por Galante e Pereira (2020).
Portanto, a tecnologia como recurso pedagógico transcende o papel de ferramenta auxiliar e se torna um elemento estruturante do processo educativo. Seu uso eficaz requer planejamento, intencionalidade e uma visão clara dos objetivos de ensino, promovendo um aprendizado significativo e transformador.
2.4 O Programa A União Faz a Vida (PUFV)
O Programa A União Faz a Vida (PUFV) é uma iniciativa que busca transformar o processo educacional, promovendo valores como cidadania e cooperação por meio de práticas pedagógicas interativas e interdisciplinares. Implementado em várias escolas pelo Brasil, o programa enfatiza o protagonismo estudantil e o aprendizado experiencial, permitindo que os alunos compreendam o mundo ao seu redor de forma participativa e reflexiva (SICREDI, 2019).
A metodologia do PUFV baseia-se no desenvolvimento de projetos que integram conteúdos curriculares com as vivências dos alunos. Nesse contexto, os professores assumem o papel de mediadores, incentivando a curiosidade e o engajamento dos estudantes. Segundo Medeiros et al. (2020), essa abordagem torna o aprendizado mais significativo, pois conecta o conteúdo escolar às questões da vida real.
Um dos principais pilares do programa é o uso de materiais didáticos que reforçam os princípios de cidadania e cooperação. Esses materiais, que incluem atividades lúdicas e interativas, são desenvolvidos com base nos organizadores curriculares da educação infantil e visam fortalecer a interdisciplinaridade e o senso crítico dos alunos (Fiscarelli, 2007).
A tecnologia desempenha um papel fundamental na implementação do PUFV. Ferramentas como projetos, vídeos e aplicativos educativos são amplamente utilizados para enriquecer as atividades pedagógicas. De acordo com Torres e Terres (2016), esses recursos não apenas tornam as aulas mais dinâmicas, mas também ajudam os alunos a desenvolver habilidades essenciais para o século XXI, como a alfabetização digital e o pensamento crítico.
Outro aspecto relevante do PUFV é a formação continuada dos professores. Durante o ano letivo, os docentes participam de capacitações e encontros pedagógicos promovidos por avaliadores do programa. Essas formações são essenciais para garantir que os professores compreendam e apliquem eficazmente a metodologia, além de incentivá-los a inovar em suas práticas pedagógicas (Galante e Pereira, 2020).
O uso da mascote do programa, uma abelha, é outro elemento que simboliza os valores de cooperação e trabalho em equipe. Atividades lúdicas envolvendo a mascote ajudam a estimular os princípios do programa de maneira leve e criativa, especialmente entre as crianças da educação infantil (SICREDI, 2018).
Além disso, o PUFV promove a integração da comunidade escolar, envolvendo pais, alunos, professores e gestores em suas atividades. Essa abordagem colaborativa fortalece o vínculo entre a escola e a sociedade, criando um ambiente educativo mais participativo e inclusivo (Medeiros et al., 2020).
O programa também se alinha à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que destaca a importância de práticas pedagógicas distintas para o desenvolvimento integral dos alunos. Essa conexão reforça a relevância do PUFV no cenário educacional brasileiro, especialmente por sua ênfase na formação de cidadãos críticos e conscientes (BNCC, 2017).
Os resultados do programa demonstram melhorias significativas na aprendizagem dos alunos, bem como maior engajamento por parte dos professores. Conforme apontado por Santos (2018), a abordagem interdisciplinar do PUFV contribui para um ensino mais integrado e contextualizado, capaz de atender às demandas contemporâneas da educação.
Dessa forma, o Programa A União Faz a Vida se consolida como uma metodologia inovadora e eficaz, capaz de transformar a educação infantil e fundamental ao integrar tecnologia, valores e práticas pedagógicas modernas.
2.5 Marcos Legais e a Educação Contemporânea
A legislação brasileira desempenha um papel crucial na regulamentação e promoção do uso de tecnologias no ambiente escolar, refletindo as demandas da sociedade contemporânea por práticas pedagógicas inovadoras e inclusivas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), renovada em 2017, destaca o compromisso com uma educação integral que privilegia a formação crítica e participativa dos alunos, incluindo o uso de ferramentas tecnológicas para potencializar a aprendizagem (BNCC, 2017).
Outro marco importante é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), que estabelece a necessidade de integrar tecnologias nos currículos escolares. A LDB apoia a relevância dos meios digitais para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais para o século XXI, como o pensamento crítico, a comunicação e a colaboração (BRASIL, 1996).
A Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998) também se destaca como um elemento central no cenário educacional contemporâneo, regulamentando a criação e o uso de materiais didáticos. Ela garante a proteção dos criadores de conteúdos educacionais, ao mesmo tempo que incentiva o desenvolvimento de recursos próprios pelas instituições de ensino (BRASIL, 1998).
No âmbito das políticas públicas, o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 apresenta metas que incentivam a utilização de tecnologias para promover a inclusão digital nas escolas públicas. Esse plano visa reduzir as desigualdades educacionais, garantindo que todos os estudantes tenham acesso às ferramentas tecnológicas e ao ensino de qualidade (BRASIL, 2014).
A BNCC reforça a importância da alfabetização digital, incluindo o uso crítico e ético das tecnologias no ambiente escolar. Essa diretriz é fundamental para preparar os estudantes para os desafios da contemporaneidade, conforme enfatizado por Galante e Pereira (2020), que destaca a necessidade de uma abordagem pedagógica integrada às práticas digitais.
Adicionalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sublinha o direito das crianças e adolescentes à educação de qualidade, incluindo o acesso a tecnologias que favoreçam o seu desenvolvimento integral. O ECA, em consonância com outras legislações, busca garantir que o ambiente escolar seja inclusivo e acessível a todos (BRASIL, 1990).
Outro marco relevante é o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que estabelece diretrizes para a introdução de tecnologias em práticas pedagógicas desde os primeiros anos escolares. Segundo Medeiros et al. (2020),essas orientações são essenciais para criar um ambiente educacional mais dinâmico e interativo.
Em termos de acessibilidade, o Decreto nº 7.612/2011, que institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Plano Viver Sem Limite), promove a inclusão de tecnologias assistivas nas escolas, garantindo que estudantes com deficiência possam participar plenamente das atividades escolares . Essa iniciativa reflete o compromisso com uma educação inclusiva e equitativa (BRASIL, 2011).
A integração entre as legislações e as práticas pedagógicas contemporâneas evidencia o papel estratégico das tecnologias no fortalecimento do processo educacional. Segundo Torres e Terres (2016), a legislação oferece um suporte essencial para que professores e gestores adotem abordagens inovadoras em sala de aula.
Finalmente, a articulação dos marcos legais demonstra a importância de criar um ambiente educacional adaptado às demandas do mundo digital. Essa abordagem contribui para o desenvolvimento de cidadãos críticos, participativos e preparados para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea.
3 METODOLOGIA
Este estudo utiliza uma abordagem qualitativa com objetivo descritivo, empregando análise documental e pesquisa bibliográfica como principais métodos para coleta e interpretação dos dados. A pesquisa foi estruturada para explorar como os marcos legais e os recursos pedagógicos, em especial as tecnologias, são integradas na prática educacional contemporânea, com ênfase na metodologia do Programa A União Faz a Vida (PUFV).
3.1. Tipo de Pesquisa
Optou-se por uma abordagem qualitativa, que se mostra adequada para a análise de características educacionais complexas, permitindo compreender as relações entre os atores envolvidos e os contextos nos quais estão inseridos. Segundo Creswell (2014), pesquisas qualitativas são estratégias para explorar percepções, práticas e processos em profundidade, o que se alinha ao objetivo deste estudo.
3. 2. Coleta de Dados
Os dados foram obtidos a partir de dois métodos principais:
Análise Documental: Inclui o exame de documentos legais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e diretrizes do Programa A União Faz uma Vida. Esses documentos foram selecionados por sua relevância para as questões pertinentes.
Pesquisa Bibliográfica: Realizada em artigos científicos, livros e publicações acadêmicas sobre tecnologia educacional, materiais pedagógicos e políticas públicas. As fontes foram selecionadas a partir de bases de dados como Scielo, Google Acadêmico e periódicos específicos da área educacional.
3.3. Procedimentos de Análise
Os dados foram organizados e analisados com base na técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). O processo envolveu três etapas:
Pré-análise: Identificação e organização dos materiais coletados.
Exploração do material: Classificação dos dados em categorias temáticas relacionadas aos objetivos da pesquisa, como “uso da tecnologia na educação”, “materiais pedagógicos no PUFV” e “marcos legais na educação”.
Interpretação: Relação entre os dados e a literatura revisada, com destaque para a identificação de práticas e políticas inovadoras que melhoraram para o desenvolvimento da educação contemporânea.
3.4. Contexto do Estudo
O estudo concentra-se na metodologia do PUFV, analisando sua implementação nas escolas brasileiras e seu alinhamento com os marcos legais. Também examina o impacto do uso de tecnologias na prática docente e na aprendizagem dos estudantes.
3.5. Limitações da Pesquisa
As principais limitações incluem a dependência de dados secundários e a impossibilidade de realizar observações diretas em campo. No entanto, o uso de múltiplas fontes bibliográficas e documentais garante a robustez e a validade dos resultados apresentados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos a partir da análise documental e bibliográfica evidenciam a relevância das tecnologias e dos marcos legais no fortalecimento das práticas educacionais contemporâneas. Eles são discutidos a seguir com base nas categorias temáticas previamente definidas.
A análise revela que o uso de tecnologias, como projetos multimídia, aplicativos interativos e recursos audiovisuais, enriquece as práticas pedagógicas, especialmente na educação infantil. Conforme Medeiros et al. (2020), esses recursos promovem maior engajamento dos alunos e incentivam o aprendizado experiencial, características amplamente integradas à metodologia do Programa A União Faz a Vida (PUFV).
No contexto do PUFV, a tecnologia não é apenas uma ferramenta auxiliar, mas um elemento central para fomentar a interdisciplinaridade e a criatividade. As atividades lúdicas mediadas por tecnologias, como jogos digitais e vídeos educativos, são especialmente eficazes para transmitir valores como cidadania e cooperação. Esses resultados corroboram a literatura que associa o uso de tecnologias à ampliação do alcance e da qualidade do ensino (Galante e Pereira, 2020).
Os materiais pedagógicos desenvolvidos no PUFV apresentam características que valorizam a interdisciplinaridade e a interação social, alinhando-se às diretrizes da BNCC. A utilização de mascotes e materiais interativos é destacada como uma prática inovadora, capaz de envolver as crianças em atividades que conectam o conteúdo curricular às experiências do cotidiano. Esses confirmam a importância de materiais didáticos bem planejados para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem (Fiscarelli, 2007).
Além disso, os dados mostram que a formação continuada dos professores no PUFV é fundamental para garantir a eficácia das metodologias empregadas. Segundo Torres e Terres (2016), os programas de capacitação docente promovem maior familiaridade com ferramentas tecnológicas e incentivam a inovação nas práticas pedagógicas.
A análise dos documentos legais, como a BNCC, a LDB e o Estatuto da Criança e do Adolescente, destaca o papel estratégico dessas normas na promoção de práticas educativas inclusivas e tecnológicas. A BNCC, por exemplo, reforça a necessidade de alfabetização digital, enquanto o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para a integração de tecnologias em todas as etapas da educação básica.
Esses marcos legais fornecem uma base sólida para a implementação de programas como o PUFV, para garantir o alinhamento entre as práticas pedagógicas e os objetivos de formação integral dos alunos. Esse alinhamento é essencial para enfrentar os desafios da educação contemporânea, conforme enfatizado por Santos (2018).
O material didático produzido foi estruturado com base na metodologia do Programa A União Faz a Vida (PUFV), tendo como foco principal o fortalecimento dos valores de cidadania e cooperação na educação infantil. Este material integra atividades interativas e lúdicas que utilizam o mascote do programa, recursos tecnológicos e abordagens interdisciplinares e experienciais, promovendo o protagonismo infantil.
O material contempla um conjunto de atividades organizadas em torno dos princípios norteadores do PUFV, explorando competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ele foi desenvolvido com apoio de recursos tecnológicos, como projetos de multimídia, vídeos educativos e aplicativos interativos, que ajudam a tornar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e at
Após a implementação inicial, o material foi avaliado pelos professores participantes do programa. A maioria relatou que as atividades facilitam a aplicação dos princípios do PUFV e ampliam o engajamento dos alunos. Além disso, os educadores destacaram que o uso de tecnologias no material é intuitivo e promove maior
Os professores observaram mudanças positivas na dinâmica das aulas, com maior interesse e participação das crianças. As atividades que envolvem o mascote foram mencionadas como especialmente adequadas para motivar os alunos, enquanto o uso de aplicativos e ferramentas digitais amplia a percepção das crianças sobre o papel da tecnologia no cotidiano.
O material produzido se alinha aos objetivos propostos pela BNCC, garantindo o desenvolvimento de competências socioemocionais e cognitivas nas crianças. Além disso, sua estrutura promove a inclusão digital, atendendo às demandas contemporâneas
Embora o material tenha sido bem recebido, foram sugeridas melhorias, como a inclusão de mais atividades externas para a formação de professores no uso das tecnologias e a ampliação de recursos que atendem a necessidades específicas, como inclusão de crianças com deficiência. Essas sugestões reforçam a necessidade de um processo contínuo de avaliação
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou a relevância da integração de tecnologias e materiais pedagógicos inovadores na educação infantil, com foco na metodologia do Programa A União Faz a Vida (PUFV). Uma análise documental e bibliográfica revelou que o PUFV promove valores como cidadania e cooperação, utilizando abordagens interdisciplinares e experienciais para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.
Os materiais didáticos produzidos no contexto do programa são propostos para potencializar a interação entre os alunos e os conteúdos curriculares, além de fortalecer o engajamento e a motivação das crianças. A incorporação de elementos lúdicos, como mascote do programa, e de ferramentas tecnológicas, como vídeos educativos e aplicativos interativos, contribuiu para dinamizar as práticas pedagógicas, atendendo às demandas contemporâneas por inovação e inclusão.
A análise também destacou a importância dos marcos legais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para orientar o desenvolvimento de práticas pedagógicas alinhadas aos desafios da contemporaneidade. Os materiais produzidos demonstraram coerência com as diretrizes determinadas pela BNCC, promovendo competências essenciais para o desenvolvimento integral dos estudantes, como a alfabetização digital e as habilidades socioemocionais.
Por outro lado, foram identificados desafios, como a necessidade de formação continuada dos professores para o uso eficaz das tecnologias e a ampliação de recursos que atendam a demandas específicas, como a inclusão de alunos com deficiência. Estas limitações reforçam a importância de processos contínuos de avaliação e aprimoramento dos materiais e metodologias utilizadas.
Conclui-se que o material didático produzido no contexto da PUFV não apenas cumpre seu papel de suporte ao ensino, mas também se configura como uma ferramenta estratégica para transformar a educação. Ele promove um aprendizado mais sonoro, significativo e alinhado às necessidades do século XXI, evidenciando o papel fundamental das tecnologias no fortalecimento das práticas educacionais contemporâneas.
Pesquisas futuras podem explorar a aplicação desses materiais em diferentes contextos regionais e escolares, bem como avaliar seu impacto a longo prazo no desempenho acadêmico e no desenvolvimento social dos alunos. Além disso, recomendamos ampliar a análise sobre a formação de professores para maximizar os benefícios do uso de tecnologias no ensino.
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