DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS: ESTRATÉGIAS E IMPACTOS NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

DEVELOPING SOCIOEMOTIONAL COMPETENCIES: STRATEGIES AND IMPACTS IN MIDDLE AND HIGH SCHOOL EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249171215


Luciano Pereira dos Santos1
Igor Jean Moura da Silva2
Elaine Silva Melo Tomé3
Danyara Lima da Silva Silvestre4
Shirley Oliveira Lima Machado5
Júlio de Freitas Machado Neto6
Karla Nascimento Santos7
João Ricardo Tavares de Souza8


Resumo

O presente artigo aborda a importância das competências socioemocionais na educação, especialmente no contexto do ensino fundamental e médio, uma vez que as demandas contemporâneas exigem um conjunto mais abrangente de habilidades para enfrentar uma sociedade cada vez mais complexa e em constante transformação. Este estudo visa explorar como as competências socioemocionais podem ser efetivamente integradas no currículo escolar, especialmente nas séries finais do ensino fundamental e médio, através de uma revisão de literatura. Foram analisadas as estratégias de implementação, os desafios enfrentados e os benefícios observados em programas nacionais e internacionais. A metodologia baseou-se em uma revisão sistemática da literatura existente sobre o tema, identificando práticas bem-sucedidas e áreas que necessitam de maior atenção. A análise dos resultados evidenciou que programas como o CASEL nos Estados Unidos e o SEAL na Inglaterra, assim como iniciativas brasileiras como o Programa Semente e os projetos do Instituto Ayrton Senna, mostraram resultados positivos significativos no desenvolvimento das competências socioemocionais e seus impactos no desempenho acadêmico e no bem-estar emocional dos estudantes. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil reforça a importância dessas competências ao integrá-las formalmente ao currículo escolar. Contudo, a implementação enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à formação adequada dos professores e à necessidade de recursos contínuos. Este estudo contribui para o avanço do conhecimento sobre a integração das competências socioemocionais no currículo escolar, destacando sua importância para a formação integral dos estudantes e para a criação de um ambiente educacional mais inclusivo e saudável.

Palavras-chave: Competências socioemocionais. Educação básica. Revisão de literatura. BNCC. Desenvolvimento integral.

Abstract

The present article addresses the importance of socioemotional competencies in education, especially in the context of middle and high school education, as contemporary demands require a broader set of skills to face an increasingly complex and ever-changing society. This study aims to explore how socioemotional competencies can be effectively integrated into the school curriculum, particularly in the final years of middle and high school, through a literature review. Implementation strategies, challenges faced, and observed benefits in national and international programs were analyzed. The methodology was based on a systematic review of existing literature on the topic, identifying successful practices and areas needing more attention. The analysis showed that programs like CASEL in the United States and SEAL in England, as well as Brazilian initiatives such as Programa Semente and the projects of Instituto Ayrton Senna, demonstrated significant positive results in the development of socioemotional competencies and their impacts on academic performance and students’ emotional well-being. The Base Nacional Comum Curricular (BNCC) of Brazil reinforces the importance of these competencies by formally integrating them into the school curriculum. However, implementation faces significant challenges, especially regarding adequate teacher training and the need for continuous resources. This study contributes to advancing knowledge about integrating socioemotional competencies into the school curriculum, highlighting their importance for the comprehensive development of students and creating a more inclusive and healthy educational environment.

Keywords: Socioemotional competencies. Basic education. Literature review. BNCC. Comprehensive development.

1 INTRODUÇÃO

A importância das competências socioemocionais na educação tem sido amplamente reconhecida, especialmente no contexto do ensino fundamental e médio. Segundo Valente (2019), a escola tradicionalmente foca no desenvolvimento cognitivo dos alunos, mas as demandas contemporâneas exigem um conjunto mais abrangente de habilidades para enfrentar uma sociedade cada vez mais complexa e em constante transformação. As competências socioemocionais, que envolvem desde a gestão de emoções até habilidades de relacionamento e tomada de decisões, são essenciais para a formação de indivíduos autônomos e responsáveis.

Diversos estudos, como o relatório da UNESCO (1996), destacam a necessidade de uma educação integral que vá além do cognitivo e inclua o desenvolvimento socioemocional. Este enfoque é crucial não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para o bem-estar pessoal e social dos alunos. A implementação de programas que promovam essas competências pode melhorar significativamente o ambiente escolar, reduzir comportamentos problemáticos e aumentar o engajamento dos estudantes (Costa & Faria, 2013).

No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza a importância das competências socioemocionais, definindo-as como fundamentais para o desenvolvimento integral dos alunos (BNCC, 2018). A legislação brasileira, incluindo o Decreto-Lei n.º 54/2018 e o Decreto-Lei n.º 55/2018, reforça a necessidade de uma educação que promova a autonomia, a flexibilidade curricular e a inclusão, permitindo que as escolas adaptem seus currículos para melhor atender às necessidades emocionais e sociais dos alunos.

Este estudo visa explorar como as competências socioemocionais podem ser efetivamente integradas no currículo escolar, especialmente nas séries finais do ensino fundamental e médio. Através de uma revisão de literatura, serão analisadas as estratégias de implementação, os desafios enfrentados e os benefícios observados em programas nacionais e internacionais. Além disso, o artigo discutirá como essas competências podem preparar os estudantes para os desafios futuros, tanto no contexto acadêmico quanto na vida pessoal e profissional.

A metodologia deste estudo baseia-se em uma revisão sistemática da literatura existente sobre o tema, buscando identificar práticas bem-sucedidas e áreas que necessitam de maior atenção. A análise dos resultados fornecerá insights valiosos sobre a eficácia das iniciativas de desenvolvimento socioemocional nas escolas e suas implicações práticas para educadores e formuladores de políticas.

Por fim, a discussão abordará as implicações dos achados para o campo educacional, destacando a importância contínua das competências socioemocionais e sugerindo recomendações para futuras práticas e pesquisas. Este estudo espera contribuir para o avanço do conhecimento sobre o papel vital dessas competências na educação moderna, promovendo uma formação mais completa e equilibrada para os alunos.

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

O desenvolvimento de competências socioemocionais no contexto educacional tem ganhado destaque nas últimas décadas, principalmente devido à crescente necessidade de formar indivíduos aptos a lidar com as complexidades da vida moderna. As competências socioemocionais englobam um conjunto de habilidades que permitem aos estudantes gerenciar suas emoções, estabelecer e manter relacionamentos positivos, tomar decisões responsáveis e enfrentar desafios de maneira eficaz. Essa ênfase reflete uma mudança paradigmática na educação, onde o foco tradicionalmente centrado no desenvolvimento cognitivo é ampliado para incluir aspectos emocionais e sociais essenciais para o sucesso integral dos alunos.

Diversos autores destacam que a incorporação das competências socioemocionais nas políticas curriculares é orientada por fundamentos econômicos, políticos, ideológicos e epistemológicos (Magalhães, 2022). Eles argumentam que a promoção dessas competências é impulsionada por organizações intergovernamentais e não-governamentais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Instituto Ayrton Senna, que disseminam uma agenda socioemocional baseada em uma síntese epistemológica de diferentes constructos teóricos.

As competências socioemocionais são apresentadas como essenciais para a formação de subjetividades flexíveis e adaptáveis às condições econômicas e sociais contemporâneas (Magalhães, 2022). Essas competências não apenas promovem o desenvolvimento cognitivo e laboral dos indivíduos, mas também são vistas como instrumentos para a melhoria dos índices sociais e econômicos, o que revela uma intencionalidade política subjacente.

Essas competências são enquadradas dentro de um modelo de personalidade conhecido como Big Five, que inclui os domínios de abertura a novas experiências, conscienciosidade, amabilidade, extroversão e neuroticismo (Magalhães, 2022). Esse modelo tem sido utilizado como referência para a construção de currículos e instrumentos de avaliação que visam desenvolver essas competências nos estudantes. A adoção de tais modelos evidencia um esforço sistemático para integrar aspectos emocionais e sociais no processo educacional, reforçando a importância de uma educação que vá além das habilidades cognitivas tradicionais.

A promoção das competências socioemocionais é justificada pelas implicações positivas que elas teriam no desenvolvimento humano, econômico e social. Relatórios de organismos como a OCDE e o Instituto Ayrton Senna frequentemente citam estudos que indicam que alunos com altas competências socioemocionais tendem a ter melhor desempenho acadêmico, maior bem-estar emocional e melhores perspectivas de emprego (Magalhães, 2022). Essas organizações argumentam que as competências socioemocionais são cruciais para preparar os estudantes para os desafios do século XXI, incluindo a capacidade de adaptação a um mercado de trabalho em constante mudança e a construção de relações sociais harmoniosas.

No contexto brasileiro, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 incorpora as competências socioemocionais como parte fundamental do desenvolvimento integral dos alunos. Essa inclusão reflete um reconhecimento oficial da importância dessas competências para a formação de cidadãos completos e preparados para enfrentar as demandas da vida moderna. A BNCC define as competências socioemocionais como habilidades que devem ser desenvolvidas de maneira integrada com as competências cognitivas, promovendo uma educação que contemple todas as dimensões do ser humano (BNCC, 2018).

Portanto, a incorporação das competências socioemocionais na educação representa um avanço significativo na forma como entendemos o papel da escola na formação dos indivíduos. Ao reconhecer a importância dessas competências, a educação passa a ser vista como um processo integral que visa o desenvolvimento completo dos estudantes, preparando-os não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para a vida pessoal e social.

Com base nesses fundamentos, o presente estudo se propõe a explorar como as competências socioemocionais podem ser efetivamente integradas no currículo escolar, analisando estratégias de implementação, desafios enfrentados e benefícios observados em programas educacionais. A seguir, detalharemos os principais conceitos e teorias que embasam essa abordagem, proporcionando uma compreensão aprofundada das competências socioemocionais no contexto educacional.

2.1 Definição e importância das competências socioemocionais

As competências socioemocionais referem-se a um conjunto de habilidades que permitem aos indivíduos gerenciar suas emoções, estabelecer e manter relacionamentos positivos, tomar decisões responsáveis e lidar com desafios de maneira eficaz. Essas competências são essenciais para o desenvolvimento integral dos estudantes, pois influenciam diretamente seu desempenho acadêmico, bem-estar emocional e capacidade de interação social.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil, homologada em 2017, reconhece a importância das competências socioemocionais e as inclui como um componente fundamental do currículo escolar. De acordo com a BNCC, essas competências devem ser desenvolvidas de maneira integrada com as competências cognitivas, promovendo uma educação que contemple todas as dimensões do ser humano (BNCC, 2018). A BNCC define cinco macrocompetências socioemocionais: autogestão, engajamento com os outros, amabilidade, resiliência emocional e abertura ao novo, que são subdivididas em 17 competências específicas (Teixeira, 2020).

As competências socioemocionais são vistas como essenciais para a formação de cidadãos completos e preparados para enfrentar as demandas da vida moderna. Estudos indicam que alunos com altas competências socioemocionais tendem a ter melhor desempenho acadêmico, maior bem-estar emocional e melhores perspectivas de emprego (Chaves, Pinheiro & Haiashida, 2022). Além disso, essas competências são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais que proporcionam aos educandos autoconhecimento, autocontrole, consciência social, habilidade de se relacionar e tomada consciente de decisões.

O desenvolvimento das competências socioemocionais contribui significativamente para a construção da aprendizagem significativa. Conforme destacado por Chaves, Pinheiro e Haiashida (2022), mesmo diante dos desafios enfrentados pelo ensino público, estratégias que integram competências socioemocionais podem promover uma articulação eficaz com a aprendizagem significativa, ainda que de forma intuitiva. A professora entrevistada na pesquisa realizada por esses autores destacou a necessidade de formações continuadas para os professores, visando a atualização em novas estratégias pedagógicas que contemplem o desenvolvimento dessas competências.

Deste modo, a importância das competências socioemocionais na educação reside na sua capacidade de promover o desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para a vida pessoal e social. Essas competências são fundamentais para a formação de indivíduos capazes de enfrentar os desafios do século XXI, adaptando-se a um mercado de trabalho em constante mudança e construindo relações sociais harmoniosas.

2.2 Desenvolvimento histórico e teórico das competências socioemocionais

O conceito de competências socioemocionais e seu desenvolvimento no campo educacional têm raízes que se estendem por várias décadas, embasado por teorias psicológicas e pedagógicas que reconheceram a importância das habilidades sociais e emocionais para o desenvolvimento integral dos indivíduos. O surgimento e a consolidação das competências socioemocionais no contexto educacional refletem uma resposta às demandas de um mundo em constante transformação, onde habilidades como empatia, resiliência e cooperação se tornaram essenciais para o sucesso acadêmico e profissional.

Historicamente, o conceito de competências socioemocionais começou a ganhar destaque na década de 1990, quando pesquisadores e educadores começaram a reconhecer que o desenvolvimento cognitivo isolado não era suficiente para preparar os estudantes para os desafios da vida moderna. Estudos realizados durante esse período mostraram que habilidades socioemocionais estavam fortemente correlacionadas com o sucesso acadêmico e bem-estar geral dos estudantes (Goleman, 1995). O trabalho de Goleman, em particular, foi fundamental para popularizar o conceito de inteligência emocional, que se tornou um pilar central na compreensão das competências socioemocionais.

No contexto brasileiro, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 incorporou formalmente as competências socioemocionais como parte integral do currículo escolar. A BNCC define essas competências como essenciais para o desenvolvimento integral dos estudantes, promovendo habilidades que vão além do conhecimento acadêmico e englobam aspectos como autogestão, engajamento com os outros, amabilidade, resiliência emocional e abertura ao novo (BRASIL, 2018). Essa incorporação reflete uma mudança significativa na abordagem educacional, reconhecendo que o desenvolvimento de competências socioemocionais é crucial para a formação de cidadãos completos e preparados para os desafios do século XXI.

Os teóricos que fundamentam a educação socioemocional incluem figuras como Lev Vygotsky e Jean Piaget, cujas teorias sobre o desenvolvimento humano enfatizam a importância das interações sociais e emocionais no processo de aprendizagem. Vygotsky, em particular, destacou o papel da mediação social e cultural no desenvolvimento cognitivo, sugerindo que as competências socioemocionais são intrinsecamente ligadas ao desenvolvimento intelectual (VYGOTSKY, 2001). Piaget, por sua vez, reconheceu que as emoções desempenham um papel crucial no desenvolvimento cognitivo, influenciando a forma como os indivíduos interagem com o mundo ao seu redor (PIAGET, 1976).

A implementação de políticas educacionais focadas no desenvolvimento das competências socioemocionais tem sido vista como uma forma de responder às necessidades de uma sociedade em constante mudança. No Ceará, por exemplo, a Política de Desenvolvimento das Competências Socioemocionais (PDCSE) foi implementada em 2018 como parte do projeto de educação integral, com o objetivo de preparar os estudantes para enfrentar as demandas do cenário mundial complexo (SILVA, 2023). Essa política foi sistematizada pelo Instituto Ayrton Senna, destacando-se pela ênfase no desenvolvimento de habilidades que promovem o bem-estar emocional e social dos estudantes.

studos recentes apontam que a integração das competências socioemocionais no currículo escolar não apenas melhora o desempenho acadêmico dos estudantes, mas também contribui para a redução de comportamentos problemáticos e o aumento do bem-estar emocional (GONÇALVES & DEITOS, 2020). Pesquisas mostram que alunos com altas competências socioemocionais têm melhores resultados em avaliações acadêmicas, maior capacidade de adaptação a novos desafios e melhor saúde mental (CASTRO, 2019).

Assim, o desenvolvimento histórico e teórico das competências socioemocionais evidencia uma evolução na compreensão da educação, que agora abrange uma abordagem mais holística e integradora. Ao reconhecer a importância dessas competências, a educação contemporânea busca preparar os estudantes não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para uma vida plena e satisfatória, capaz de enfrentar as complexidades do mundo moderno de maneira eficaz e resiliente.

2.3 Principais teorias e modelos de competências socioemocionais

As competências socioemocionais têm sido objeto de estudo de diversas teorias e modelos que buscam entender como essas habilidades podem ser desenvolvidas e aplicadas no contexto educacional. Entre as principais teorias que fundamentam o estudo das competências socioemocionais estão a Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, a Teoria das Competências de Philippe Perrenoud e o Modelo de Personalidade Big Five.

A Teoria das Inteligências Múltiplas, proposta por Howard Gardner na década de 1980, trouxe uma nova perspectiva sobre a cognição humana ao sugerir que a inteligência não é um conceito unitário, mas composto por diferentes tipos de inteligências, entre as quais se destacam a inteligência interpessoal e a intrapessoal. A inteligência interpessoal refere-se à capacidade de entender e interagir com outras pessoas, enquanto a inteligência intrapessoal está relacionada ao autoconhecimento e à gestão das próprias emoções (GARDNER, 1983). Essas duas inteligências são fundamentais para o desenvolvimento das competências socioemocionais, pois envolvem habilidades como empatia, cooperação, autocontrole e autoconhecimento.

Philippe Perrenoud, por sua vez, contribuiu significativamente com a Teoria das Competências, que enfatiza a importância de desenvolver competências para a vida, indo além do conhecimento acadêmico. Segundo Perrenoud (1999), as competências são entendidas como a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar situações complexas. Nesse sentido, as competências socioemocionais são vistas como essenciais para a adaptação e o sucesso em diversos contextos da vida pessoal e profissional, sendo imprescindíveis no currículo escolar para preparar os alunos para os desafios do século XXI.

O Modelo de Personalidade Big Five, amplamente utilizado na psicologia, classifica a personalidade humana em cinco grandes dimensões: abertura a novas experiências, conscienciosidade, extroversão, amabilidade e neuroticismo (JOHN; SRIVASTAVA, 1999). Esse modelo tem sido adaptado para o contexto educacional com o objetivo de entender como essas dimensões da personalidade podem influenciar o desenvolvimento das competências socioemocionais. Por exemplo, a dimensão de amabilidade está relacionada à empatia e à cooperação, enquanto a conscienciosidade envolve a autodisciplina e o autocontrole, todos aspectos cruciais para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes.

No contexto brasileiro, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 representa um marco na formalização das competências socioemocionais como parte integral do currículo escolar. A BNCC define dez competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica, das quais várias são diretamente relacionadas às competências socioemocionais, como a competência de “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional” e a de “exercer a empatia e o diálogo, respeitando as diferenças e promovendo o respeito” (BRASIL, 2018).

A implementação dessas competências nas práticas pedagógicas tem sido um desafio e uma oportunidade para as escolas e educadores. Pesquisas como a de Silva e Silva (2021) destacam a necessidade de formação contínua para os professores, capacitando-os para integrar efetivamente as competências socioemocionais no currículo. Isso inclui o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que promovam a cooperação, a resolução de conflitos e a gestão emocional entre os alunos.

O Instituto Ayrton Senna, em parceria com diversas redes de ensino, tem desenvolvido programas e iniciativas para promover as competências socioemocionais nas escolas brasileiras. Um dos modelos mais conhecidos é o Programa de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais, que busca integrar essas competências ao currículo escolar de forma sistemática e estruturada, utilizando ferramentas de avaliação e intervenções pedagógicas específicas (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020).

Em resumo, as principais teorias e modelos que fundamentam as competências socioemocionais oferecem uma base sólida para sua integração no contexto educacional. A Teoria das Inteligências Múltiplas, a Teoria das Competências e o Modelo Big Five fornecem perspectivas complementares sobre como essas competências podem ser desenvolvidas e aplicadas, enquanto a BNCC e iniciativas como as do Instituto Ayrton Senna mostram o compromisso do Brasil em preparar os alunos para os desafios do mundo contemporâneo.

2.4 Integração das competências socioemocionais no currículo escolar

A integração das competências socioemocionais no currículo escolar é um passo fundamental para promover o desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os para os desafios do mundo contemporâneo. Essa integração requer a implementação de estratégias pedagógicas que visem não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também o emocional e social dos alunos.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 desempenha um papel crucial nesse processo ao estabelecer diretrizes claras para a inclusão das competências socioemocionais no currículo escolar brasileiro. A BNCC define competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica, incluindo a autogestão, o engajamento com os outros, a amabilidade, a resiliência emocional e a abertura ao novo (BRASIL, 2018). Essas competências são fundamentais para que os alunos possam se tornar cidadãos plenos, capazes de enfrentar as complexidades da vida moderna de maneira eficaz e responsável.

Para a efetiva integração das competências socioemocionais, é necessário que os professores estejam preparados para incorporar essas habilidades em suas práticas pedagógicas. Estudos como o de Chaves, Pinheiro e Haiashida (2022) destacam a importância de formações continuadas para os educadores, permitindo que eles atualizem suas estratégias pedagógicas e desenvolvam novas abordagens para promover as competências socioemocionais em sala de aula. Os autores sugerem que, mesmo diante dos desafios enfrentados pelo ensino público, é possível articular as competências socioemocionais com a aprendizagem significativa, criando um ambiente educativo mais holístico e inclusivo.

A implementação das competências socioemocionais no currículo escolar pode ser realizada por meio de atividades e projetos que incentivem a cooperação, a empatia, a resolução de conflitos e o autocontrole. Segundo Silva e Silva (2021), a formação continuada dos professores é essencial para que eles possam utilizar metodologias ativas e colaborativas que promovam o desenvolvimento dessas competências. Essas metodologias incluem práticas como trabalhos em grupo, discussões em classe, atividades de reflexão e projetos interdisciplinares, que incentivam os alunos a aplicar suas habilidades socioemocionais em contextos variados.

Além disso, o Instituto Ayrton Senna tem desenvolvido programas específicos para apoiar a implementação das competências socioemocionais nas escolas. Um dos programas mais destacados é o Programa de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais, que oferece ferramentas de avaliação e intervenções pedagógicas estruturadas para ajudar os professores a integrar essas competências no currículo escolar (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020). Esse programa tem mostrado resultados positivos, evidenciando que os alunos que desenvolvem competências socioemocionais apresentam melhor desempenho acadêmico e maior bem-estar emocional.

No contexto escolar, a integração das competências socioemocionais também envolve a adaptação dos materiais didáticos e a criação de um ambiente escolar que favoreça o desenvolvimento dessas habilidades. Segundo Teixeira (2020), é importante que os materiais utilizados em sala de aula reflitam a importância das competências socioemocionais e ofereçam oportunidades para que os alunos pratiquem essas habilidades. Isso pode incluir textos, atividades e exercícios que promovam a reflexão sobre emoções, valores e comportamentos.

Portanto, a integração das competências socioemocionais no currículo escolar é um processo complexo, que exige o compromisso e a colaboração de todos os atores envolvidos na educação. Ao promover o desenvolvimento integral dos estudantes, as escolas contribuem para a formação de indivíduos mais preparados para enfrentar os desafios do século XXI, capazes de construir relações sociais harmoniosas e atuar de maneira responsável e ética na sociedade.

2.5 Exemplos de programas nacionais e internacionais

A implementação das competências socioemocionais em ambientes escolares tem sido promovida através de diversos programas, tanto nacionais quanto internacionais, que visam desenvolver habilidades essenciais para o sucesso acadêmico e pessoal dos estudantes, como autocontrole, empatia, resiliência e cooperação. No Brasil, um dos principais programas voltados para o desenvolvimento de competências socioemocionais é o Programa Semente. Baseado em teorias da psicologia positiva, o programa oferece uma metodologia estruturada que inclui atividades práticas, reflexões e discussões em grupo. Essas atividades focam no desenvolvimento de habilidades como autoconhecimento, autocontrole, empatia e resolução de conflitos. Implementado em diversas escolas do país, o Programa Semente tem mostrado resultados positivos na melhoria do clima escolar e no desempenho acadêmico dos alunos (INSTITUTO SEEDUC, 2018).

Outro exemplo relevante no contexto brasileiro é o trabalho do Instituto Ayrton Senna, que desenvolveu o Programa de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais. Este programa integra as competências socioemocionais ao currículo escolar, utilizando instrumentos de avaliação e intervenções pedagógicas específicas. O Instituto Ayrton Senna trabalha em parceria com redes de ensino para promover um ambiente educacional mais inclusivo e propício ao desenvolvimento integral dos estudantes. As iniciativas do instituto têm sido reconhecidas por sua capacidade de melhorar o desempenho acadêmico e o bem-estar emocional dos alunos (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020).

Além disso, o Laboratório de Inteligência de Vida (LIV) é outra iniciativa que visa integrar as competências socioemocionais ao cotidiano escolar através de um currículo específico. O programa inclui atividades que incentivam a reflexão sobre emoções, valores e comportamentos, promovendo habilidades como a empatia e a resiliência. Implementado em várias escolas brasileiras, o LIV tem mostrado que a abordagem socioemocional contribui significativamente para a formação de alunos mais equilibrados e preparados para os desafios da vida moderna (SANTOS & CARVALHO, 2019).

Nos Estados Unidos, o CASEL (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning) é uma organização líder no desenvolvimento e promoção de programas de aprendizagem socioemocional (SEL). Fundado em 1994, o CASEL trabalha com escolas, distritos e estados para implementar um currículo que abrange desde o ensino infantil até o ensino médio. O modelo CASEL é baseado em cinco competências principais: autoconhecimento, autocontrole, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável. Pesquisas têm demonstrado que a implementação do SEL através do CASEL melhora o desempenho acadêmico, diminui problemas de comportamento e promove o bem-estar emocional dos estudantes (CASEL, 2020).

Na Inglaterra, o programa SEAL (Social and Emotional Aspects of Learning) foi lançado pelo Departamento de Educação do Reino Unido para desenvolver habilidades socioemocionais em alunos de escolas primárias e secundárias. O programa inclui uma série de recursos e atividades que abordam temas como empatia, resiliência e gestão de emoções. A avaliação do SEAL revelou que a integração dessas competências contribui para um ambiente escolar mais positivo e inclusivo, além de melhorar o engajamento e a motivação dos alunos (DCSF, 2007).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também tem desempenhado um papel crucial na promoção das competências socioemocionais. O relatório “Competências para o Progresso Social”, publicado em 2015, destaca a importância dessas competências para o bem-estar individual e social. Segundo o relatório, as competências socioemocionais são essenciais para enfrentar os desafios do século XXI, como a necessidade de adaptação a um mercado de trabalho em constante mudança e a construção de relações sociais harmoniosas (OCDE, 2015). A OCDE tem incentivado a inclusão dessas competências nas políticas educacionais de seus países membros, promovendo pesquisas e desenvolvendo instrumentos de avaliação para medir seu impacto (MAGALHÃES, 2022).

Embora os programas de desenvolvimento de competências socioemocionais tenham mostrado resultados promissores, a implementação enfrenta diversos desafios. Um dos principais desafios é a formação adequada dos professores, que precisam estar capacitados para integrar essas competências em suas práticas pedagógicas. Além disso, é essencial que as escolas disponham de recursos e apoio contínuo para sustentar essas iniciativas a longo prazo (SILVA, 2023).

Em suma, a integração das competências socioemocionais no currículo escolar é um processo complexo que requer compromisso e colaboração de todos os atores envolvidos na educação. No entanto, ao promover o desenvolvimento integral dos estudantes, esses programas contribuem para a formação de indivíduos mais preparados para enfrentar os desafios do século XXI, capazes de construir relações sociais harmoniosas e atuar de maneira responsável e ética na sociedade.

3 METODOLOGIA

A metodologia deste estudo é estruturada com o intuito de proporcionar uma análise abrangente e sistemática das estratégias de desenvolvimento de competências socioemocionais no contexto do ensino fundamental e médio. Para alcançar esse objetivo, optou-se por uma revisão de literatura, metodologia que permite explorar e sintetizar o conhecimento existente sobre o tema, identificando práticas bem-sucedidas e áreas que necessitam de maior atenção. Esta abordagem é essencial para entender o estado atual da pesquisa, as lacunas existentes e as melhores práticas implementadas em diferentes contextos educacionais.

3.1 Tipo de pesquisa

 A revisão de literatura é uma metodologia que visa compilar, analisar e sintetizar o conhecimento existente sobre um determinado tema, permitindo uma visão abrangente das pesquisas já realizadas e identificando padrões, tendências e lacunas na literatura. Este estudo adotou uma revisão de literatura devido à sua capacidade de fornecer uma compreensão profunda e contextualizada das estratégias e impactos das competências socioemocionais na educação. De acordo com Gil (2008), a revisão de literatura é crucial para fundamentar teoricamente uma pesquisa, oferecendo subsídios para a elaboração de novas hipóteses e teorias.

3.2 Critérios de seleção de estudos

Para garantir que a revisão de literatura fornecesse insights relevantes e de alta qualidade sobre as competências socioemocionais na educação, estabelecemos critérios rigorosos de seleção. Primeiro, os estudos e artigos selecionados deveriam ser publicados em periódicos acadêmicos reconhecidos e indexados, assegurando a credibilidade das fontes. Além disso, focamos especificamente em pesquisas que abordassem as competências socioemocionais no contexto da educação fundamental e média, garantindo a pertinência ao tema do nosso estudo. Outro critério crucial foi a inclusão de artigos que apresentassem resultados empíricos robustos ou revisões teóricas bem fundamentadas, assegurando a profundidade das análises. Para manter a contemporaneidade das informações, consideramos apenas estudos publicados nos últimos dez anos. Por fim, restringimos a seleção a publicações em português ou inglês, facilitando a análise e interpretação dos dados.

3.3 Fontes de pesquisa e bases de dados utilizadas

A coleta de dados para esta revisão de literatura foi realizada utilizando diversas bases de dados acadêmicas reconhecidas pela sua abrangência e credibilidade. Uma das principais fontes foi a SciELO (Scientific Electronic Library Online), que oferece uma ampla cobertura de artigos científicos em português e é uma referência essencial na disseminação do conhecimento científico no Brasil. Utilizamos também o Google Scholar devido à sua vasta coleção de artigos acadêmicos e à facilidade de acesso a uma grande variedade de publicações. Além disso, recorremos à base de dados da CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que disponibiliza uma vasta gama de dissertações, teses e artigos acadêmicos de relevância tanto nacional quanto internacional. Essas fontes foram escolhidas para assegurar uma cobertura abrangente e diversificada dos estudos sobre competências socioemocionais na educação.

3.4 Procedimentos de análise dos dados coletados

A análise dos dados coletados seguiu uma abordagem sistemática e rigorosa para garantir a consistência e a relevância dos resultados obtidos. Primeiramente, realizamos uma leitura exploratória dos estudos selecionados. Essa etapa inicial teve como objetivo identificar a pertinência de cada estudo em relação aos objetivos do nosso artigo, assegurando que apenas as pesquisas mais relevantes fossem incluídas na análise final.

Em seguida, empregamos um sistema de codificação para organizar as informações coletadas. Cada estudo foi cuidadosamente examinado e suas principais informações e resultados foram categorizados de maneira sistemática. Esse processo de codificação permitiu uma organização estruturada dos dados, facilitando a identificação de temas recorrentes e a comparação entre diferentes estudos.

Após a codificação, procedemos à síntese dos resultados. Os dados categorizados foram agrupados em categorias temáticas, o que permitiu a identificação de padrões e tendências comuns nas pesquisas analisadas. Essa etapa foi crucial para proporcionar uma visão abrangente das estratégias de desenvolvimento de competências socioemocionais na educação e seus impactos observados.

Por fim, realizamos uma análise crítica dos estudos incluídos. Avaliamos a qualidade metodológica de cada pesquisa, discutindo suas implicações para a prática educacional e identificando áreas que necessitam de maior atenção em futuras pesquisas. Essa análise crítica foi fundamental para garantir que as conclusões do nosso artigo fossem baseadas em evidências sólidas e robustas, contribuindo de maneira significativa para o avanço do conhecimento na área de competências socioemocionais na educação.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa bibliográfica que foi realizada para este estudo permitiu a identificação de diversos aspectos importantes sobre o desenvolvimento e a integração das competências socioemocionais no contexto educacional. A seguir, apresentamos uma discussão detalhada dos principais achados e suas implicações, bem como as limitações do estudo e sugestões para pesquisas futuras.

Os programas analisados, tanto nacionais quanto internacionais, demonstraram resultados positivos significativos em relação ao desenvolvimento de competências socioemocionais e seus impactos no desempenho acadêmico e no bem-estar emocional dos estudantes. No Brasil, o Programa Semente e o trabalho do Instituto Ayrton Senna mostraram-se eficazes em criar um ambiente escolar mais inclusivo e propício ao desenvolvimento integral dos alunos. Esses programas utilizam metodologias estruturadas que incluem atividades práticas, reflexões e discussões em grupo, focando em habilidades como autoconhecimento, autocontrole, empatia e resolução de conflitos (INSTITUTO SEEDUC, 2018; INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020).

Internacionalmente, programas como o CASEL nos Estados Unidos e o SEAL na Inglaterra destacam-se pela sua abrangência e impacto. O modelo CASEL, por exemplo, é baseado em cinco competências principais: autoconhecimento, autocontrole, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável. Estudos indicam que a implementação do SEL através do CASEL melhora o desempenho acadêmico, diminui problemas de comportamento e promove o bem-estar emocional dos estudantes (CASEL, 2020). Da mesma forma, o SEAL na Inglaterra mostrou que a integração de competências socioemocionais contribui para um ambiente escolar mais positivo e inclusivo, além de melhorar o engajamento e a motivação dos alunos (DCSF, 2007).

Esses achados reforçam a importância das competências socioemocionais na formação de indivíduos preparados para enfrentar os desafios do século XXI. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil, que incorpora as competências socioemocionais como parte fundamental do currículo escolar, é um passo significativo nesse sentido. A BNCC define competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica, promovendo uma educação que contemple todas as dimensões do ser humano (BRASIL, 2018).

No entanto, a implementação dessas competências enfrenta desafios significativos. A formação adequada dos professores é um dos principais obstáculos, pois eles precisam estar capacitados para integrar essas competências em suas práticas pedagógicas. A literatura revisada destaca a necessidade de formações continuadas para os educadores, permitindo que atualizem suas estratégias pedagógicas e desenvolvam novas abordagens para promover as competências socioemocionais em sala de aula (CHAVES, PINHEIRO & HAIASHIDA, 2022; SILVA & SILVA, 2021). Além disso, é essencial que as escolas disponham de recursos e apoio contínuo para sustentar essas iniciativas a longo prazo (SILVA, 2023).

Outro ponto importante identificado na revisão é a necessidade de adaptação dos materiais didáticos e a criação de um ambiente escolar que favoreça o desenvolvimento das competências socioemocionais. Segundo Teixeira (2020), é crucial que os materiais utilizados em sala de aula reflitam a importância dessas competências e ofereçam oportunidades para que os alunos pratiquem essas habilidades. Isso pode incluir textos, atividades e exercícios que promovam a reflexão sobre emoções, valores e comportamentos.

Embora os programas de desenvolvimento de competências socioemocionais tenham mostrado resultados promissores, a diversidade de contextos culturais e educacionais requer adaptações específicas para cada realidade. A promoção de habilidades socioemocionais deve ser vista como um processo contínuo e adaptável, que leva em consideração as particularidades de cada grupo de estudantes e as necessidades específicas de cada comunidade escolar.

Portanto, a integração das competências socioemocionais no currículo escolar é um processo complexo que requer compromisso e colaboração de todos os atores envolvidos na educação. Ao promover o desenvolvimento integral dos estudantes, esses programas contribuem para a formação de indivíduos mais preparados para enfrentar os desafios do século XXI, capazes de construir relações sociais harmoniosas e atuar de maneira responsável e ética na sociedade.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo aqui apresentado teve como objetivo explorar a importância e a integração das competências socioemocionais no contexto educacional, focando nas séries finais do ensino fundamental e médio. Através de uma revisão de literatura, foram analisadas as estratégias de implementação, os desafios enfrentados e os benefícios observados em diversos programas educacionais. Os achados deste estudo ressaltam a relevância das competências socioemocionais para a formação integral dos estudantes e para a promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e saudável.

Os programas analisados, tanto no Brasil quanto no exterior, evidenciam que o desenvolvimento das competências socioemocionais contribui significativamente para o desempenho acadêmico e o bem-estar emocional dos alunos. Programas como o CASEL nos Estados Unidos e o SEAL na Inglaterra demonstraram que a implementação de um currículo estruturado em torno das competências socioemocionais pode levar a melhorias substanciais no comportamento e na performance acadêmica dos estudantes. No Brasil, iniciativas como o Programa Semente e os projetos do Instituto Ayrton Senna mostram que é possível adaptar essas práticas a diferentes contextos culturais e educacionais, promovendo uma educação mais holística e inclusiva.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil reforça a importância dessas competências ao integrá-las formalmente ao currículo escolar. Contudo, a implementação efetiva das competências socioemocionais enfrenta desafios significativos, principalmente no que diz respeito à formação adequada dos professores e à necessidade de recursos contínuos para sustentar essas iniciativas a longo prazo. A formação contínua dos educadores é crucial para que eles possam desenvolver e aplicar estratégias pedagógicas que promovam o desenvolvimento dessas competências em sala de aula.

Além disso, a adaptação dos materiais didáticos e a criação de um ambiente escolar que favoreça o desenvolvimento das competências socioemocionais são fundamentais. Isso implica a inclusão de atividades e exercícios que incentivem a reflexão sobre emoções, valores e comportamentos, preparando os alunos para lidar com os desafios da vida moderna de maneira eficaz e responsável.

A diversidade de contextos culturais e educacionais requer uma abordagem adaptativa na promoção das competências socioemocionais. Cada comunidade escolar possui suas particularidades, e as estratégias de desenvolvimento dessas competências devem ser ajustadas para atender às necessidades específicas de cada grupo de estudantes. A promoção de habilidades socioemocionais deve ser vista como um processo contínuo e dinâmico, que evolui conforme as demandas e desafios do ambiente escolar.

Em conclusão, este estudo contribui para o avanço do conhecimento sobre a integração das competências socioemocionais no currículo escolar, destacando sua importância para a formação integral dos estudantes e para a criação de um ambiente educacional mais inclusivo e saudável. As competências socioemocionais são fundamentais para preparar os alunos para os desafios do século XXI, permitindo-lhes desenvolver habilidades essenciais para o sucesso acadêmico, pessoal e profissional. Ao promover essas competências, estamos investindo na construção de uma sociedade mais justa, empática e resiliente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 1 jul. 2024.

CASEL. What is SEL?. 2020. Disponível em: https://casel.org/what-is-sel/. Acesso em: 1 jul. 2024.

CHAVES, C. M.; PINHEIRO, H. L. A.; HAIASHIDA, K. A. A contribuição das competências socioemocionais para uma aprendizagem significativa. Ensino em Perspectivas, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 1-11, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/ensinoemperspectivas/. Acesso em: 1 jul. 2024.

COSTA, A. M.; FARIA, L. R. A. Desenvolvimento de competências socioemocionais: práticas pedagógicas e resultados. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 413-430, 2013.

DCSF (Department for Children, Schools and Families). Social and Emotional Aspects of Learning (SEAL). 2007. Disponível em: https://webarchive.nationalarchives.gov.uk/20130403224457/https://www.education.gov.uk/publications/eOrderingDownload/SEAL%20Guidance%202007.pdf. Acesso em: 1 jul. 2024.

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OCDE. Competências para o Progresso Social: O poder das competências socioemocionais. 2015. Disponível em: https://www.oecd.org/education/skills-for-social-progress-9789264226159-en.htm. Acesso em: 1 jul. 2024.

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SILVA, T. L. da; SILVA, E. G. Formação Socioemocional: olhares para a docência na educação básica. Devir Educação, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.30905/rde.v5i1.345. Acesso em: 1 jul. 2024.

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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Martins Fontes, 2001.


1 Graduado em Ciências Biológicas pela UNEAL (2013), Especialista em Educação Ambiental pelo Centro Universitário Barão de Mauá (2015). Email: lutraipu@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0009-0009-2422-4221

2 Igor Jean Moura da Silva Email: profigormoura@gmail.com

3 Elaine Silva Melo Tomé Email: elaine.silva.melo@hotmail.com

4 Danyara Lima da Silva Silvestre Email: danyarada33@hotmail.com

5 Shirley Oliveira Lima Machado Email: shirleyolimasol@gmail.com

6 Júlio de Freitas Machado Neto Email: juliomachado.jm2003@gmail.com

7 Karla Nascimento Santos Email: karla_nsbio@hotmail.com

8 João Ricardo Tavares de Souza Email: joaaaor17@gmail.com