DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO BRASIL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410131404


Nathália Gonçalves Sales


RESUMO – O objetivo principal deste estudo foi realizar um levantamento sobre a evolução da psicologia escolar no Brasil. A abordagem metodológica adotada consistiu em uma revisão sistemática integrativa da literatura. A busca dos artigos foi conduzida em três bases de dados digitais: LILACS, Base de Dados de Enfermagem e SciELO, utilizando os termos de busca: Desenvolvimento, Ensino e Aprendizagem, História e Psicologia Escolar. Os critérios de inclusão abrangeram textos em português e inglês que estivessem disponíveis em sua totalidade e que discutissem o desenvolvimento da psicologia escolar no Brasil, além de explorar as principais oportunidades de progresso na consolidação dessa área, considerando a realidade brasileira. Em contraste, foram excluídos artigos que não abordassem diretamente o tema ou que não apresentassem claramente a contribuição do trabalho do psicólogo escolar. A pesquisa enfrentou algumas limitações devido à escassez de publicações específicas sobre o desenvolvimento da psicologia escolar. No entanto, todos os artigos analisados destacaram a importância do papel do psicólogo no contexto educacional e a melhoria das práticas pedagógicas. A inclusão desse profissional nas instituições de ensino é vista como crucial para a aplicação de conhecimentos psicológicos na formulação de propostas que priorizem a educação e a humanização. Os dez artigos revisados enfatizam a relevância do psicólogo escolar e registram que desde 1930, diversas iniciativas foram realizadas para assegurar a inserção desse profissional nas escolas, com o objetivo de aprimorar a qualidade do ensino e apoiar alunos com dificuldades de aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento. Ensino e Aprendizagem. História. Psicologia Escolar.

ABSTRACT – The main objective of this study was to carry out a survey on the evolution of school psychology in Brazil. The methodological approach adopted consisted of an integrative systematic review of the literature. The search for articles was conducted in three digital databases: Lilacs, Nursing Database and SciELO, using the search terms: Development, Teaching and Learning, History and School Psychology. The inclusion criteria covered texts in Portuguese and English that were available in their entirety and that discussed the development of school psychology in Brazil, in addition to exploring the main opportunities for progress in consolidating this area, considering the Brazilian reality. In contrast, articles that did not directly address the topic or that did not clearly present the contribution of the work of the school psychologist were excluded. The research faced some limitations due to the scarcity of specific publications on the development of school psychology. However, all articles analyzed highlighted the importance of the role of the psychologist in the educational context and the improvement of pedagogical practices. The inclusion of this professional in educational institutions is seen as crucial for the application of psychological knowledge in the formulation of proposals that prioritize education and humanization. The ten articles reviewed emphasize the relevance of the school psychologist and record that since 1930, several initiatives have been carried out to ensure the inclusion of this professional in schools, with the aim of improving the quality of teaching and supporting students with learning difficulties.

KEYWORDS: Development. Teaching and Learning. History. School Psychology.

1 INTRODUÇÃO

A psicologia escolar engloba tanto perspectivas subjetivas quanto objetivas dos fenômenos humanos, abordando de maneira dicotômica a relação entre indivíduo e sociedade, desenvolvimento e aprendizagem, constituindo um dos pilares científicos da educação. O processo de aprendizagem é moldado por diferentes configurações, variando conforme as diversas teorias existentes. Cruces (2016) ressalta que a psicologia escolar é considerada uma subdisciplina da psicologia, situada no campo do conhecimento sistematizado e organizado. Trata-se de uma área orientada por procedimentos estabelecidos em conformidade com a realidade, baseando-se em concepções ontológicas, metodológicas, epistemológicas e éticas, com foco nas dinâmicas que ocorrem no ambiente escolar.

A complexidade inerente à psicologia escolar amplia as questões a serem abordadas, tornando essencial a delimitação de um enfoque que favoreça determinadas abordagens em detrimento de outras, explorando ao máximo as oportunidades oferecidas. Pfromm Netto (2011) descreve o desenvolvimento da psicologia escolar no Brasil, que teve seu início com uma orientação clínica e terapêutica nas intervenções realizadas. Isso é destacado no livro de Franco, publicado em 1915, intitulado “Noções de Pedagogia Experimental”, no qual são discutidas as capacidades mentais fundamentais, a identificação de estudantes com dificuldades de aprendizagem e as considerações sobre a educação especial.

Gomes (2014) destaca que os laboratórios de psicologia no Brasil conduziram diversas pesquisas centradas na avaliação do desenvolvimento cognitivo e na maturidade para leitura e escrita, utilizando testes e outros instrumentos de mensuração. Além disso, esses laboratórios também se dedicaram ao trabalho de Higiene Mental Escolar, com foco no ensino para alunos com deficiências intelectuais e no suporte às crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem.

Dessa forma, a psicologia consolidou-se como uma área capaz de fornecer conhecimentos para compreender o fracasso escolar, sendo atribuída a responsabilidade de lidar com os problemas educacionais, especialmente por meio do acolhimento dos estudantes (KUPFER, 2014). No entanto, aspectos como a interação professor-aluno em sala de aula e a adaptação de estratégias pedagógicas que considerassem as características socioculturais e escolares dos estudantes ainda não foram suficientemente valorizados na análise das dificuldades de aprendizagem.

Neves (2015) aponta que a interação entre psicologia e educação historicamente se deu de maneira desigual, onde a psicologia elucidava fenômenos e determinava abordagens de tratamento, contribuindo para processos de classificação, exclusão e marginalização daqueles considerados “diferentes”. Silva, Gonçalves e Alvarenga (2018) ressaltam que o papel da psicologia escolar envolve a mediação entre a escola e os alunos em seus aspectos cognitivos, sociais e emocionais, com o objetivo de compreender o processo de aprendizagem e auxiliar a equipe pedagógica nas dificuldades enfrentadas no ensino e aprendizagem.

Diante disso, surge a questão: como ocorreu o desenvolvimento da psicologia educacional no Brasil? Observa-se que, nas décadas de 1920 e 1930, a educação no Brasil vivenciou um período marcado por uma forte confiança pedagógica. Nessa fase, a educação foi percebida como uma solução central para os problemas individuais e sociais. A psicologia educacional, por sua vez, desempenhou um papel fundamental na análise e aplicação dos conhecimentos advindos da psicologia científica.

Com base nisso, é possível determinar quais aspectos são mais significativos para incluir o comportamento humano no contexto educacional. Assim, torna-se viável intervir nesse cenário para promover melhorias. O psicólogo escolar contribui para um processo de aprendizagem mais enriquecido, além de favorecer um ambiente mais harmonioso tanto para os profissionais da educação quanto para os estudantes e suas famílias, criando um espaço de diálogo aberto para todos.

O objetivo geral deste estudo é realizar uma análise sobre o desenvolvimento da psicologia escolar no Brasil e, de forma específica, compreender de que maneira a atuação do psicólogo escolar impacta o desenvolvimento educacional, além de descrever os benefícios que esse profissional traz para alunos que enfrentam dificuldades de aprendizagem.

Esta pesquisa se justifica pela relevância e atualidade do tema, ao buscar uma retrospectiva sobre o desenvolvimento da psicologia como ciência ao longo da história e seu papel no campo educacional. Além disso, permite analisar as possibilidades da atuação dos psicólogos na escola, promovendo a convivência entre esses profissionais e os alunos no processo de ensino. Também destaca as contribuições da psicologia no contexto escolar, enfatizando a importância de seu trabalho junto à equipe pedagógica.

A metodologia aplicada é uma revisão integrativa da literatura, conforme descrito por Mendes, Silveira e Galvão (2018), que consiste em um procedimento destinado a sintetizar de forma sistemática e organizada os resultados obtidos em estudos sobre um tema ou questão específica. Esse método é denominado integrativo porque oferece uma visão mais abrangente sobre determinado assunto, estabelecendo uma integração de conhecimentos. Dessa forma, o pesquisador pode realizar uma revisão integrativa com diferentes finalidades, seja para elucidar conceitos, revisar teorias ou examinar metodologicamente os estudos sobre um tópico específico.

Para a coleta dos artigos, foi realizada uma busca online na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizada como base estratégica. Foram consultadas três bases de dados: Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDEnf (Base de Dados de Enfermagem), Scielo (Scientific Electronic Library Online) e o Google Acadêmico. Os descritores (DeCS) utilizados incluíram: Desenvolvimento, Ensino e Aprendizagem, História, e Psicologia Escolar.

Os critérios de inclusão consistiram em textos disponíveis integralmente em português e inglês que abordassem o tema do desenvolvimento da psicologia escolar no Brasil, além de descrever as principais possibilidades de avanços na consolidação dessa área, considerando o contexto da realidade brasileira. Os critérios de exclusão abrangeram artigos que se desviassem do tema proposto e que não apresentassem de forma clara a contribuição do psicólogo escolar em suas análises.

2 DESENVOLVIMENTO

Foram identificados 22 artigos de possível relevância, no intervalo de 2015 a 2023. Após a leitura completa, 12 artigos foram excluídos: 6 apresentaram amostras que não correspondiam ao problema do estudo, 2 estavam fora do período de publicação estabelecido, 2 utilizaram amostras qualitativas, e 2 tinham direcionamentos focados em outras profissões, que não envolviam o psicólogo ou a pedagogia. Desta forma, a presente pesquisa utilizou 10 artigos que atenderam aos critérios estabelecidos para esta revisão sistemática integrativa, conforme descrito no quadro abaixo:

Quadro 1. Características e principais resultados dos estudos examinados. Porto Nacional, 2023.

Autor (Ano)TituloObjetivoMetodologiaPrincipais Resultados
Bisinoto, Marinho-Araújo (2015)Psicologia Escolar na Educação Superior: panorama da atuação no BrasilRealizar um mapeamento dos Serviços de Psicologia disponíveis nas Instituições de Ensino Superior no Brasil e fornecer uma visão geral das atividades desempenhadas pelos profissionais de Psicologia Escolar nessas instituições.Pesquisa de campoO desafio enfrentado pela Psicologia Escolar consiste em implementar uma ação concreta que esteja alinhada à promoção de oportunidades equitativas, ao reconhecimento das capacidades individuais e à valorização do desenvolvimento humano em toda a sua diversidade.
Pereira-Silva et al (2017)O papel do psicólogo escolar: concepções de professores e gestores.Explorar as percepções de educadores e gestores acerca da função desempenhada pelo psicólogo escolar.Pesquisa de campoConcepções semelhantes foram identificadas em outros estudos, apesar da presença de críticas a esse modelo. Destaca-se a necessidade de intervenções com ênfase na atenção e no aprimoramento do desenvolvimento.
Petroni, Souza (2017)Psicologia escolar: análise sobre dificuldades e superações no Brasil e em Portugal.Problematizar o modo como a atuação do psicólogo escolar tem sido representada e nos aproximarmos de uma visão mais crítica com relação a sua prática.Pesquisa bibliográficaAs reflexões aqui adiantadas abonam lastro para a atuação do psicólogo na escola, permitindo a constituição de uma ação crítica que agrupa as condicionantes históricas, políticas e econômicas e aposta nos sujeitos e seus objetivos como protagonistas de suas histórias, e sua aprendizagem.
Maia, Cassino (2019)Contribuições da Psicologia no ambiente escolar: uma revisão bibliográficaIlustrar as contribuições da atuação do psicólogo no contexto educacional, detalhar os problemas psicossociais mais frequentes observados nas instituições escolares e examinar a percepção da psicologia escolar tanto por parte dos psicólogos quanto pela comunidade acadêmica.Pesquisa bibliográficaObservou-se que existem diversas formas de intervenção dentro deste campo. No entanto, a falta de compreensão por parte da comunidade escolar e a percepção limitada da psicologia escolar como voltada exclusivamente para alunos com dificuldades de aprendizagem impõem inúmeros desafios à prática do psicólogo escolar.
Oakland (2019)Psicologia Escolar no Brasil: passado, presente e futuroApresentar as tendências históricas que auxiliaram a estabelecer a psicologia brasileira e, notadamente, a psicologia escolar.Pesquisa bibliográficaO avanço nesta área requer mudanças significativas em quatro dimensões: aprimoramento da ciência psicológica em nível nacional; elevação dos padrões de profissionalismo na psicologia escolar; criação de legislações federais que garantam a proteção dos serviços de psicologia escolar; e aumento da conscientização sobre a importância da colaboração entre psicólogos escolares e educadores, visando a resolução dos desafios cruciais enfrentados pela sociedade.
Barroco, Tada (2022)Contribuições histórico-culturais à Psicologia Escolar na Educação Especial InclusivaAnalisar as contribuições da Psicologia Escolar para a Educação Especial, considerando a perspectiva da educação inclusiva e à luz da Psicologia Histórico-Cultural.Pesquisa bibliográficaConclui-se que é fundamental que a Psicologia Escolar adote uma postura crítica e defenda a qualidade educacional, promovendo uma escola que não apenas cumpre sua função tradicional de ensino, mas também busca estratégias eficazes para atender a todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou deficiências.
Duque et al., (2022)Psicologia escolar e dificuldades de aprendizagem: uma visão multifatorialExaminar o papel do Psicólogo Escolar, explorando as interações e discrepâncias entre a Psicologia e o ambiente escolar, e oferecendo uma visão geral sobre a evolução da Psicologia no Brasil. Isso inclui as funções e necessidades atribuídas ao Psicólogo Escolar e as suas intervenções nas dificuldades de aprendizagem.Pesquisa bibliográficaA análise das literaturas revisadas revelou que a Psicologia Escolar emergiu inicialmente sob um modelo médico-clínico, que atribuía o fracasso escolar ao aluno. Esse paradigma predominou por um período prolongado na história da psicologia educacional. A função do psicólogo escolar é crucial, pois envolve uma avaliação abrangente que considera os aspectos sociais, culturais, econômicos e familiares que cercam a criança.
Cardoso (2023)Possíveis fundamentos teóricos-epistemológicos na literatura atual para a atuação do psicólogo escolarBuscar na literatura atual fundamentos teóricos-epistemológicos para a atuação em psicologia escolarPesquisa bibliográficaOs achados indicam mudanças frequentes e contínuas. Há uma demanda para a incorporação da Psicologia Histórico-Cultural, a qual exige que o profissional, independentemente da abordagem aplicada em suas intervenções individuais, grupais ou institucionais, adote um posicionamento crítico contra ideologias e práticas que promovem a individualização e a responsabilização dos participantes no contexto escolar e fora dele.
Ronchi et al (2022)Atuação do Psicólogo Escolar: planejamento como estratégia para a açãoDiscutir a importância do planejamento das atividades na atuação de um psicólogo escolar.Pesquisa bibliográficaOs dados ressaltam a relevância do planejamento na prática do psicólogo escolar, permitindo uma abordagem técnica e detalhada do ambiente de trabalho. Isso favorece a criação de colaborações com diversos profissionais presentes nesse contexto, facilitando a implementação de intervenções significativas e a consolidação de uma atuação crítica no cenário educacional, além de transcender o papel de apenas lidar com situações emergenciais.
Vieira, Caldas (2022)Psicologia escolar: interlocução entre as referências técnicas e publicações de práticasIdentificar a correspondences entre as publicações de práticas de psicólogas (os) no contexto escolar e as propostas apontadas nas Referências Técnicas.Pesquisa bibliográficaConclui-se que existem exemplos significativos de práticas aplicadas no contexto educacional que podem servir como referência para múltiplas intervenções, alinhando-se com as Diretrizes Técnicas estabelecidas.

Fonte: autora da pesquisa (2023)

A seguir, apresenta-se a síntese dos resultados obtidos na pesquisa, alinhados com os objetivos e questões identificadas após uma análise detalhada dos dados. Dos 10 artigos revisados sobre o tema, a revisão integrativa revelou que um artigo é datado de 2015; dois são de 2017; dois de 2019; e cinco de 2022. Todos os artigos selecionados abordam a Psicologia Escolar no Brasil e as dificuldades de aprendizagem.

Com base nessas informações, constatou-se nos artigos analisados que a evolução histórica da psicologia escolar remonta à década de 1930, sendo marcada por extensas demandas relacionadas à classificação, diagnóstico, seleção e intervenção de alunos com dificuldades de aprendizagem, levando em consideração aspectos sociais, culturais e históricos. Os artigos de Oakland (2019), Barroco e Tada (2022), Cardoso (2023) e Vieira e Caldas (2022) possibilitaram uma comparação desses aspectos na área da Psicologia Escolar.

No contexto abordado por Barroco e Tada (2022), a Psicologia Escolar deve intervir e colaborar de maneira integrada com alunos, professores, familiares e outros profissionais para promover uma transformação significativa no processo de ensino e aprendizagem. É imperativo adotar metodologias que mitigam as dificuldades de aprendizagem e promovam a inclusão de alunos com necessidades especiais. Bisinoto e Marinho-Araújo (2015) ressaltam que o pioneiro na atuação psicológica no campo educacional foi o psicólogo norte-americano Stanley Hall, que, em 1940, concentrou-se na infância e seu desenvolvimento educacional através da intervenção psicológica.

Nos estudos de Pereira-Silva et al. (2017), foi possível explorar a gênese da Psicologia Escolar no Brasil. Os autores observaram que essa prática começou a partir do paradigma positivista, em sintonia com as mudanças políticas influenciadas por concepções liberais no início da República. Essa abordagem Psicologia-Educação foi marcada por ações voltadas para adaptar o indivíduo ao ambiente escolar através de avaliações psicológicas e psicodiagnósticos. Por outro lado, os estudos de Petroni e Souza (2017) indicam que os métodos psicológicos utilizados para avaliar as dificuldades de aprendizagem de crianças e adolescentes basearam-se em instrumentos padronizados, frequentemente atribuindo a responsabilidade pelo insucesso escolar tanto aos indivíduos quanto às suas famílias. Além disso, os autores comparam o processo de construção da identidade profissional do psicólogo entre o Brasil e Portugal, observando que aspectos clínicos são mais destacados, relegando o psicólogo escolar à área da saúde, e afastando-o do contexto educacional.

Considerando que o ambiente educacional desempenha um papel crucial na formação do indivíduo, a escola enfrenta uma variedade de desafios cotidianos. Dado que as fases da infância e adolescência são períodos particularmente vulneráveis do desenvolvimento humano, estes momentos estão mais suscetíveis a fatores que podem desencadear problemas físicos e de saúde mental. Nesse cenário, Maia e Cassino (2019) destacam a importância do psicólogo escolar como um profissional essencial para a avaliação e diagnóstico das dificuldades e desafios enfrentados pelos alunos durante o processo de aprendizagem, utilizando testes psicológicos.

Oakland (2019) propõe que o psicólogo colabore estreitamente com a equipe docente para implementar estratégias que ampliem as oportunidades de aprendizagem dos alunos, promovendo tanto a aquisição de conhecimento quanto o desenvolvimento pessoal. Em consonância com essa perspectiva, Duque et al. (2022) acrescentam que o papel do psicólogo na escola visa melhorar a qualidade e a eficácia da educação oferecida. Dessa forma, a atuação do psicólogo se orienta para a criação de ações ou projetos que visem resolver e prevenir problemas e dificuldades no processo educativo.

Cardoso (2023) valida as observações de Pereira-Silva (2017), indicando que a prática da psicologia escolar no Brasil começou com uma orientação voltada para os princípios do positivismo da época, especialmente em aspectos econômicos, sociais e políticos. O autor acrescenta que, naquela época, a psicologia era centrada na adaptação dos alunos ao ambiente escolar, utilizando psicodiagnósticos e avaliações psicológicas. Ele ressalta que essas abordagens ainda são prevalentes hoje, pois a falta de entendimento por parte de professores e gestores sobre o papel do psicólogo escolar restringe o profissional a funções de avaliação e diagnóstico apenas.

Ronchi et al. (2022) enfatizam a importância do planejamento das ações do psicólogo para promover reflexões sobre seu trabalho e explorar as possibilidades de intervenção com o público-alvo, no caso, os alunos no contexto escolar, de acordo com as demandas diárias. Vieira e Caldas (2022) destacam que, após duas décadas de tramitação, a psicologia escolar conquistou um reconhecimento oficial no campo da Educação. Esse reconhecimento é benéfico para psicólogos escolares, educadores, alunos e suas famílias, uma vez que todas as ações estão regulamentadas por lei e a psicologia escolar contribui para uma educação de qualidade para todos os indivíduos, seja em instituições públicas ou privadas.

3 CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi, por meio de uma revisão sistemática, traçar o desenvolvimento da psicologia escolar no Brasil, destacando o consenso entre os psicólogos educacionais sobre a identidade e as finalidades profissionais da área. Inicialmente, o papel do psicólogo escolar não era claramente definido, o que exigiu extensas discussões ao longo do tempo para evidenciar a importância desse profissional no campo da Educação. A inserção do psicólogo escolar foi aprofundada de forma ética, com um compromisso tanto teórico quanto prático com as questões escolares, que constituem seu foco principal.

O estudo enfrentou algumas limitações devido à escassez de publicações sobre o desenvolvimento da psicologia escolar. Apesar disso, todas as fontes analisadas destacam a importância do psicólogo educacional na melhoria das práticas pedagógicas e na inclusão deste profissional nas instituições de ensino. O papel do psicólogo escolar é reforçado na elaboração de propostas que priorizem a educação e a humanização. Dos dez artigos revisados, todos evidenciam a relevância desse profissional na escola e mostram que desde 1930 houve diversas lutas para garantir a integração do psicólogo escolar no contexto educacional, com o objetivo de aprimorar a qualidade do ensino e apoiar alunos com dificuldades de aprendizagem.

Em conclusão, almeja-se que este estudo contribua para aprimorar a qualidade de vida dos psicólogos escolares, possibilitando que eles desenvolvam estratégias fundamentadas na reflexão e na prática, tanto teórica quanto aplicada. Espera-se que essas abordagens fortaleçam um corpo robusto de conhecimento dentro da psicologia e promovam a construção social do indivíduo, permitindo que a educação evolua com novas práticas pedagógicas.

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