DESEMPENHO DA PRODUTIVIDADE DE MILHO A PARTIR DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDA EM DIFERENTES ESTÁGIOS FENOLÓGICOS

CORN YIELD PERFORMANCE BASED ON FUNGICIDE APPLICATION AT DIFFERENT PHENOLOGICAL STAGES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411131404


Winderson Felipe Nunes;
Thiago Cézar Alves;
Orientadora: Amanda Cristina Guimarães Sousa


RESUMO:  O milho (Zea mays L.) é uma cultura crucial em termos de produção e valor econômico global, mas é suscetível a doenças fúngicas como ferrugem comum (Puccinia sorghi) e cercosporiose (Cercospora zeae-maydis), que podem reduzir a produção e a qualidade dos grãos. O controle eficaz dessas doenças é vital para a segurança alimentar e a economia agrícola. O manejo adequado das doenças fúngicas do milho depende dos estágios fenológicos da planta, desde o plantio até a maturação dos grãos. A aplicação de fungicidas em momentos estratégicos durante o ciclo de vida da planta é essencial para prevenir infecções e reduzir o impacto das doenças. Um estudo foi conduzido em Patos de Minas, Minas Gerais, durante 2023, para avaliar o efeito da aplicação de fungicidas em diferentes estágios fenológicos do milho na produtividade final. Os resultados mostraram que a aplicação de fungicidas em múltiplos estágios fenológicos (V4, V8 e VT) resultou em maior altura da parte aérea, menor severidade de doenças fúngicas, maior produtividade e diâmetro de colmo uniforme em comparação com o tratamento controle. Esse método de manejo integrado de doenças mostrou-se eficaz na proteção das plantas contra doenças fúngicas, promovendo um crescimento mais saudável e vigoroso e aumentando a produtividade final do milho. Esses resultados destacam a importância da aplicação de fungicidas em momentos estratégicos do ciclo de desenvolvimento do milho para maximizar a produtividade e promover uma agricultura mais eficiente e sustentável.

PALAVRAS CHAVE: Fungo, fitossanitário, aplicação, fungicída

ABSTRACT: Corn (Zea mays L.) is a crucial crop in terms of global production and economic value, but it is susceptible to fungal diseases such as common rust (Puccinia sorghi) and cercosporiosis (Cercospora zeae-maydis), which can reduce grain production and quality. Effective control of these diseases is vital for food security and agricultural economy. Proper management of corn fungal diseases depends on the plant’s phenological stages, from planting to grain maturity. The application of fungicides at strategic moments during the plant’s life cycle is essential to prevent infections and reduce disease impact. A study conducted in Patos de Minas, Minas Gerais, during 2023, evaluated the effect of fungicide application at different phenological stages of corn on final productivity. The results showed that fungicide application at multiple phenological stages (V4, V8, and VT) resulted in greater above-ground height, lower severity of fungal diseases, higher productivity, and uniform stalk diameter compared to the control treatment. This integrated disease management method proved effective in protecting plants against fungal diseases, promoting healthier and more vigorous growth, and increasing final corn productivity. These findings highlight the importance of fungicide application at strategic moments in the corn development cycle to maximize productivity and promote more efficient and sustainable agriculture.

KEYWORDS: Fungus, phytosanitary, application, fungicide.

1 INTRODUÇÃO

O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais importantes do mundo, tanto em termos de produção quanto de valor econômico. No entanto, doenças fúngicas, como a ferrugem comum (Puccinia sorghi) e a cercosporiose (Cercospora zeae-maydis), podem causar sérios danos às plantas de milho, reduzindo a produção de grãos e comprometendo a qualidade dos mesmos. O controle efetivo dessas doenças é essencial para garantir a segurança alimentar e a viabilidade econômica da cultura1.

A fenologia da planta de milho desempenha um papel fundamental no manejo de doenças fúngicas. A planta passa por diferentes estágios fenológicos, desde o plantio até a maturação dos grãos, cada um com características específicas que afetam a suscetibilidade a doenças e o desenvolvimento da cultura. A aplicação de fungicidas em momentos estratégicos durante o ciclo de vida da planta é fundamental para prevenir infecções e reduzir o impacto das doenças fúngicas2.

A aplicação precoce do fungicida durante o estágio vegetativo inicial do milho tem como objetivo principal prevenir a infecção inicial por patógenos, estabelecendo uma base saudável para o desenvolvimento da cultura. Isso pode resultar em plantas mais vigorosas, com maior capacidade de resistência a doenças ao longo do ciclo de crescimento. Além disso, a aplicação durante esse estágio pode ajudar a minimizar a disseminação de esporos fúngicos no campo, reduzindo o potencial de infecção em estágios posteriores3.

Por outro lado, a aplicação tardia do fungicida durante os estágios reprodutivos do milho, como a floração e a formação de grãos, visa principalmente proteger as espigas e os grãos em desenvolvimento contra doenças fúngicas. Nesses estágios, a planta está mais suscetível a infecções, uma vez que a umidade e as condições favoráveis podem promover o crescimento de patógenos. A aplicação adequada de fungicidas nessa fase crítica pode reduzir a incidência de doenças nas espigas, minimizando perdas de produção e mantendo a qualidade dos grãos4.

Portanto, a compreensão dos diferentes estágios fenológicos do milho e sua relação com a suscetibilidade a doenças fúngicas é essencial para o manejo eficiente das culturas. A aplicação de fungicidas em estágios específicos do desenvolvimento do milho pode proporcionar benefícios significativos em termos de produtividade, qualidade dos grãos e sustentabilidade agrícola. Diante disso, o objetivo geral do presente estudo será avaliar a influência de intervação química (fungicídas) em diferentes épocas de aplicação e sua relação com a produtividade final de milho.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Cultura do milho (Zea mays)

O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais importantes e amplamente cultivadas em todo o mundo, desempenhando um papel fundamental na segurança alimentar e econômica. A sua relevância é atribuída à diversidade de utilidades que apresenta, desde a alimentação humana e animal até a produção de biocombustíveis. A produção de milho tem crescido significativamente, alcançando números comparáveis aos de países desenvolvidos e altamente tecnológicos. A cada safra, observa-se um aumento nos valores de produtividade, impulsionado pelo avanço tecnológico e pela adoção de melhores práticas agrícolas5.

Com a conclusão da fase final da colheita das culturas de primeira safra no Brasil no ciclo 2022/23, os números impressionantes revelam um cenário promissor para a produção de grãos no país. De acordo com estimativas, a produção total de grãos atingiu a marca de 312,5 milhões de toneladas, representando um aumento expressivo de 15% em relação à temporada anterior,

que registrou 272,4 milhões de toneladas. Esse crescimento significativo na produção de grãos reflete a eficiência do setor agrícola brasileiro e a adoção de práticas agrícolas avançadas. O Brasil possui uma vasta extensão territorial, clima favorável e tecnologias agrícolas de ponta, o que contribui para um aumento constante da produtividade agrícola. A cultura do milho desempenha um papel de destaque na economia global, sendo cultivada em todo o território nacional. No Brasil, por exemplo, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) prevê uma área plantada significativa e uma produtividade expressiva, evidenciando a importância do cultivo de milho para o país6.

Além disso, compreender os estágios fenológicos do milho é fundamental para maximizar o potencial produtivo da cultura. O ciclo fenológico do milho é dividido em estágios distintos, desde a emergência das plântulas até a maturação das espigas e dos grãos. Cada estágio fenológico desempenha um papel crucial no desenvolvimento da planta e na formação dos órgãos reprodutivos. A aplicação de práticas de manejo adequadas em cada estágio fenológico pode influenciar diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos7.

2.2 Doenças na cultura do milho

Existem diversos elementos que podem exercer influência na produtividade do milho, tais como a qualidade das sementes, fatores climáticos e, sobretudo, a fertilidade do solo e a nutrição das plantas8. Nesse contexto, é comum ocorrer o surgimento de várias doenças nessa cultura, as quais podem resultar em perdas significativas na produtividade. As manchas foliares representam as doenças de maior impacto, sendo causadas principalmente por fungos. Entre elas, destacam-se a ferrugem, a cercosporiose e a helmintosporiose9

As doenças fúngicas, como a ferrugem, cercosporiose e helmintosporiose, podem causar significativas perdas na produtividade da cultura do milho. Estudos indicam que a ferrugem pode ocasionar perdas que variam de 10% a 40%, a cercosporiose pode resultar em perdas de 10% a 30%, e a helmintosporiose pode causar reduções de 5% a 20% na produtividade do milho10.

Além das doenças foliares, outras enfermidades também representam desafios para a produtividade do milho. Entre elas, destacam-se as doenças de colmo, como a podridão basal e a podridão do colmo, que podem comprometer a estabilidade estrutural das plantas, levando ao acamamento e consequente redução na produção, estudos indicam que as perdas de produtividade causadas pela podridão basal e podridão do colmo podem variar de 10% a 50%11.

 A ocorrência das doenças de colmo, como a podridão basal e a podridão do colmo, na cultura do milho pode ser favorecida por diversos fatores. Condições climáticas favoráveis, como chuvas excessivas e alta umidade relativa do ar, criam um ambiente propício para o desenvolvimento dos patógenos. O plantio adensado, a falta de rotação de culturas, a presença de restos culturais no campo e o manejo inadequado do solo também contribuem para a disseminação das doenças12. Portanto, o manejo integrado de doenças, por meio de práticas como rotação de culturas, uso de sementes de qualidade, monitoramento e aplicação adequada de fungicidas, torna-se essencial para minimizar os impactos negativos e garantir altos rendimentos na cultura do milho13.

2.2.1 Helmintosporiose

O fungo Exserohilum turcicum é o agente causador da doença conhecida como helmintosporiose. A infecção ocorre por meio da germinação dos esporos, que entram em contato com as folhas e, após um período de mais de seis horas, formam uma ou duas estruturas chamadas apressórios, permitindo a penetração das hifas do fungo no hospedeiro, desencadeando o desenvolvimento da doença19. Essa doença está amplamente disseminada em quase todas as regiões do Brasil, com destaque para as regiões Sul e Centro-Oeste, onde pode causar perdas de até 40% na produção de grãos de milho. A doença pode se manifestar em diferentes estágios fenológicos da cultura, desde o início do desenvolvimento das folhas até a maturação das espigas14.

A ocorrência da helmintosporiose é influenciada por fatores ambientais favoráveis, como alta umidade relativa do ar, temperatura moderada e chuvas frequentes. Essas condições proporcionam o ambiente ideal para o desenvolvimento e disseminação do fungo, levando ao surgimento de lesões foliares características, manchas necróticas no colmo e danos nas espigas. Os sintomas da doença surgem inicialmente nas folhas mais antigas e se tornam mais evidentes após o florescimento da planta de milho15.

É importante ressaltar que o fungo possui a capacidade de sobreviver em restos culturais, atuando como um patógeno saprófito. Nos restos de culturas, ele pode permanecer por longos períodos de tempo, formando estruturas de resistência chamadas clamidósporos16.

2.2.2 Ferrugem comum

Existem diversos relatos de ocorrência da doença conhecida como ferrugem comum na cultura do milho, que é causada pelo fungo Puccinia sorghi. Os uredósporos são estruturas reprodutivas do fungo Puccinia sorghi, causador da doença. Esses uredósporos são responsáveis pela disseminação da doença e apresentam uma coloração marrom claro. Essa doença se manifesta durante o estágio inicial de desenvolvimento do milho e resulta em sintomas de debilitação da planta, o que pode facilitar a entrada de outros patógenos. Dentre os sintomas apresentados pela planta podemos citar a presença notável de pústulas alongadas e elípticas, que podem ser observadas nas duas faces das folhas, tanto na parte inferior quanto na superior17.

Além disso, a ferrugem comum também pode afetar as bainhas e os colmos, onde são visíveis os uredósporos de coloração marrom claro. Com a evolução da doença, as pústulas escurecem, adquirindo uma tonalidade marrom mais escura, devido ao desenvolvimento dos teliósporos que são células de resistência e têm uma aparência mais escura em comparação aos uredósporos. Em casos mais graves, é possível observar clorose nas folhas que estao acometidas pela doença, e em evolução dessa clorose pode se observar morte das plantas18.

2.2.3 Cercosporiose

A Cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora zeae-maydis, é uma doença significativa na cultura do milho. Os danos estão diretamente relacionados à perda de área foliar fotossinteticamente ativa, especialmente nas folhas médias e superiores, que fornecem a maior parte dos fotoassimilados utilizados no enchimento dos grãos. Isso resulta em redução no número de grãos por espiga, na massa dos grãos e, consequentemente, na diminuição da produtividade. Estima-se que as perdas na produtividade de milho devido à Cercosporiose possam variar de 16% a 27% em híbridos suscetíveis e de 5% a 9% em híbridos com maior resistência parcial19.

Os sintomas da doença incluem manchas necróticas nas folhas, que aumentam de tamanho à medida que a infecção progride. A Cercosporiose ocorre em condições de alta umidade e temperaturas moderadas. O manejo adequado da doença envolve medidas preventivas, como o uso de sementes de qualidade, rotação de culturas e a escolha de cultivares com maior resistência à doença20.

3 METODOLOGIA

O experimento foi realizado em uma propriedade rural privada localizada no município de Patos de Minas, no estado de Minas Gerais. A cultivar utilizada no estudo foi a 3858PWU.

O experimento foi conduzido no primeiro semestre de 2023. O município tem altitude média de 832 m, e o clima da região classificado segundo Koppen e Geiger como Aw (tropical, estação chuvosa de novembro a abril e nítida estação de seca no inverno, o mês mais frio do ano tem temperatura média superior a 18°C e o índice de pluviosidade anual superior a 750mm, atingindo até 1800mm (CPTEC, 2022).

O híbrido utilizado foi fornecido por uma empresa local e apresenta características como um sistema radicular excelente, colmos de qualidade, porte ereto, altura da espiga de 1,10m, boa empalhamento, grãos amarelos alaranjados semiduros. Ele é recomendado para semeadura na safra de verão e safrinha, com uma densidade populacional recomendada de 68.000 a 70.000 plantas por hectare.

No início do ano agrícola, a área foi previamente dessecada com o uso de Glifosato, um herbicida não seletivo, na dosagem de 2,0 litros por hectare (480 gramas por litro). Para a adubação de base, foi aplicado um fertilizante formulado com a proporção de 08-30-10, na dosagem de 280 quilos por hectare. Além disso, foi feita uma cobertura com ureia na dosagem de 250 quilos por hectare quando o milho estava no estágio vegetativo V4, conforme adubações padrões da fazenda. O plantio ocorreu no dia 15/02/2023.

No experimento, foram testadas diferentes épocas de aplicação do fungicida Impirfluxam + Tebuconazol, na concentração de 60 gramas por litro e 200 gramas por litro, respectivamente correspondendo a dose comercial recomendada juntamente com um adjuvante. O volume de calda utilizado foi de 120 litros por hectare.

Os tratamentos avaliados foram: 1) aplicação no estádio fenológico V4; 2) aplicação no estádio fenológico V8; 3) aplicação em V4 + V8; 4) aplicação em V4 + V8 + VT; e 5) Controle, sem nenhuma aplicação de fungicida.

Foram realizadas avaliações das doenças fúngicas helmintosporiose, cercosporiose e ferrugem comum do milho após 148 dias, que corresponde ao ciclo total da variedade.

A avaliação da severidade das doenças seguiu uma escala de classificação de gravidade baseada no boletim técnico da Embrapa e estudos prévios sobre o tema. Para cada parcela, quatro plantas foram escolhidas aleatoriamente. Foram analisadas duas folhas acima e duas folhas abaixo da espiga em cada planta selecionada. A severidade foi determinada atribuindo notas em uma escala de 0 a 10, sendo 0 quando não houver presença da doença e 10 para o grau máximo de severidade.

A escolha de quatro plantas de cada parcela para determinar a média observada de severidade das doenças é uma prática comum para garantir uma amostragem adequada e representativa. Essas plantas foram selecionadas aleatoriamente dentro da área avaliada. No entanto, é importante ressaltar que a média final de severidade foi calculada considerando todas as folhas avaliadas, ou seja, as oito folhas abaixo da espiga e as oito folhas acima da espiga das quatro parcelas. Esse método de avaliação permitiu obter uma estimativa precisa e abrangente da severidade das doenças na cultura do milho, levando em conta a distribuição das lesões nas folhas. Ao utilizar uma amostragem aleatória e uma escala de classificação padronizada, é possível comparar os resultados com outros estudos e avaliar a eficácia de diferentes tratamentos no controle das doenças.

A altura das plantas foi medida do solo até a parte mais alta da planta, utilizando uma fita métrica. O diâmetro do colmo foi avaliado em uma região próxima à base, utilizando um paquímetro ou régua. O número de espigas foi contado manualmente em cada planta selecionada. Para determinar o peso dos grãos, foram coletadas amostras representativas das espigas, que foram secas e os grãos separados e pesados em uma balança de precisão. Por fim, a produtividade foi calculada com base no peso total dos grãos colhidos por unidade de área, geralmente expressa em quilogramas por hectare. Esses métodos de avaliação permitiu uma análise abrangente do desenvolvimento e rendimento da cultura de milho, fornecendo informações importantes para avaliar o impacto de diferentes tratamentos e práticas agrícolas na produtividade final.

O experimento foi conduzido em um delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise exploratória quanto à normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias, e em seguida as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (α=0,05). As análises foram realizadas no software SISVAR. submetidas à um teste de compração de médias (test de t).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

O presente estudo investigou o impacto da aplicação de fungicida em diferentes estágios fenológicos na produtividade do milho. Com o objetivo de compreender como essa prática afeta o desempenho da cultura, foram avaliados parâmetros como altura de parte aérea, nota de severidade de doenças fúngicas, diâmetro de colmo e produtividade final. Este experimento foi conduzido em Patos de Minas, Minas Gerais, durante o ano de 2023. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1, fornecendo uma visão detalhada das variáveis analisadas e permitindo uma análise aprofundada do efeito da aplicação de fungicida em diferentes momentos do ciclo de desenvolvimento do milho.

Tabela 1. Altura de parte aérea (APA), nota de severidade de doenças fúngicas (NSDF), diâmetro de colmo (DC), produtividade final (PF), em experimento realizado em Patos de Minas, Minas Gerais, 2023.

*Médias seguidas pelas mesmas letras não apresentam diferenças estatísticas significativas conforme o teste de Tuckey, ao nível de 5% de probabilidade (p>0,05).

A análise dos dados referentes à altura da parte aérea (APA) revelou diferenças significativas entre os tratamentos aplicados. Notavelmente, o tratamento 4 (T4 – V4 + V8 + VT) apresentou a maior média de altura, atingindo 244,00 cm, seguido pelos tratamentos 2 (T2 – V8) e 3 (T3 – V4 + V8), ambos com médias de 210,75 cm. Por outro lado, o menor valor foi observado no tratamento controle (T5), com uma média de 177,00 cm. 

A superioridade do tratamento 4 em relação aos demais pode ser atribuída ao maior período de proteção proporcionado pela aplicação de fungicida em múltiplos estágios fenológicos (V4, V8 e VT), resultando em um menor impacto das doenças fúngicas e, consequentemente, um melhor desenvolvimento da parte aérea das plantas de milho. Do ponto de vista agronômico e fisiológico, isso pode ser explicado pela capacidade do fungicida em proteger as folhas contra infecções fúngicas, permitindo assim uma maior eficiência fotossintética e, consequentemente, um crescimento mais vigoroso das plantas.21 

Além disso, a aplicação em múltiplos estágios fenológicos garante uma proteção mais abrangente ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura, reduzindo o risco de perdas de produtividade devido a doenças. Este resultado ressalta a importância de estratégias de manejo integrado de doenças, incluindo a aplicação de fungicidas em momentos-chave do desenvolvimento das plantas, para maximizar o potencial produtivo do milho22.

Ao analisar a nota de severidade de doenças fúngicas (NSDF), observamos uma clara distinção entre os tratamentos avaliados. O tratamento 4 (T4 – V4 + V8 + VT) destacou-se significativamente, recebendo a menor nota de severidade, com uma média de 3,25 unidades. Em contraste, o tratamento controle (T5) apresentou a maior média de NSDF, registrando 8,50 unidades. 

Esse resultado evidencia o papel crucial do fungicida aplicado nos diferentes estágios fenológicos na redução da presença de doenças fúngicas nas plantas de milho. A aplicação em múltiplos momentos do ciclo de desenvolvimento permite uma proteção mais abrangente contra patógenos,

prevenindo infecções e, consequentemente, reduzindo a severidade das doenças. Do ponto de vista agronômico, a menor nota de severidade obtida pelo tratamento 4 reflete diretamente em benefícios para a planta, uma vez que a presença reduzida de doenças fúngicas promove uma maior eficiência na absorção de nutrientes e água, resultando em um desenvolvimento mais saudável e vigoroso. Assim, a aplicação de fungicida em múltiplos estágios fenológicos desempenha um papel crucial na proteção das plantas de milho contra doenças fúngicas, contribuindo para uma produção mais sustentável e produtiva23.

A análise do diâmetro de colmo (DC) entre os diferentes tratamentos revelou que não houve diferenças estatisticamente significativas. Todos os tratamentos apresentaram valores bastante similares, com médias variando de 3,42 cm a 3,67 cm, indicando uma uniformidade nesse aspecto. 

Essa uniformidade pode ser explicada por diversos fatores, incluindo a possibilidade de que as condições ambientais durante o período de crescimento foram favoráveis para o desenvolvimento do colmo em todas as parcelas experimentais. Além disso, é importante considerar que o diâmetro de colmo pode ser menos sensível a variações nas condições de cultivo em comparação com outros parâmetros, como a altura da parte aérea24

Outro ponto a ser considerado é que, embora o fungicida possa desempenhar um papel na proteção das plantas contra doenças fúngicas, seu efeito direto sobre o diâmetro de colmo pode ser menos pronunciado em comparação com outros aspectos do desenvolvimento da planta, como o crescimento vegetativo e a produtividade. Portanto, a falta de diferença significativa nos valores de diâmetro de colmo entre os tratamentos sugere que o fungicida aplicado em diferentes estágios fenológicos pode não ter influenciado diretamente esse parâmetro específico nesta situação experimental25.

A análise da produtividade final (PF) entre os diferentes tratamentos revelou diferenças estatisticamente significativas, com o tratamento 4 (T4 – V4 + V8 + VT) destacando-se com a maior média de produtividade, registrando 7305,25 kg/ha. Em contraste, o tratamento controle (T5) apresentou a menor produtividade média, com 5624,25 kg/ha. 

Esses resultados sugerem que a aplicação de fungicida em múltiplos estágios fenológicos teve um impacto positivo na produtividade do milho. Essa maior produtividade observada no tratamento 4 pode ser atribuída ao efeito cumulativo do fungicida na proteção das plantas contra doenças fúngicas ao longo de todo o ciclo de crescimento. A aplicação em múltiplos estágios fenológicos permite uma proteção contínua das plantas, reduzindo os danos causados por doenças e, consequentemente, maximizando o potencial produtivo das culturas26

Além disso, é importante destacar que uma maior produtividade pode estar associada não apenas à redução da perda devido a doenças, mas também ao aumento da eficiência fotossintética e da absorção de nutrientes proporcionada pela proteção das folhas. Portanto, os resultados indicam que a aplicação de fungicida em múltiplos estágios fenológicos pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a produtividade do milho, contribuindo assim para uma agricultura mais sustentável e lucrativa27.  

5 CONCLUSÃO

Os resultados destacam a eficácia da aplicação de fungicida em múltiplos estágios fenológicos na melhoria do desempenho agronômico e produtivo do milho, evidenciando redução na severidade de doenças, crescimento mais vigoroso e aumento na produtividade final. Essa abordagem reforça a importância do manejo integrado de doenças para otimizar a produção de milho, promovendo uma agricultura mais eficiente e sustentável.


1FRANCISCO, P. R. M. et al. Aptidão climática do milho (Zea mays L.) para o estado da paraíba. Revista de Geografia, Recife, v. 34, n. 1, p. 290-305, 2017.

2BRITO, A.H.; PEREIRA, J.L.A.R.; PINHO, R.G. VON; BALESTRE, M. Controle químico dedoenças foliares e grãos ardidos em milho (Zea mays L.). Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.11, n.1, p.49-59, 2012. http://dx.doi.org/10.18512/1980- 6477/rbms.v11n1p49-59

3BRITO, A.H.; PEREIRA, J.L.A.R.; PINHO, R.G. VON; BALESTRE, M. Controle químico dedoenças foliares e grãos ardidos em milho (Zea mays L.). Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.11, n.1, p.49-59, 2012. http://dx.doi.org/10.18512/1980- 6477/rbms.v11n1p49-59

4COSTA, R.V.; SILVA, D.D; COTA, L.V.; PARREIRA, D.F.; FERREIRA, A.S.; CASELA, C.R. Incidência de Colletotrichum graminicola em colmos de genótipos de milho. Summa Phytopathologica, v.36, p.122-128, 2010. http://dx.doi.org/10. 1590/S0100-54052010000200003

5DUARTE, J. O.; MATTOSO, M. J. ; GARCIA, J. C. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Árvore do conhecimento: Milho, Embrapa, 2018. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/m ilho/arvore/CONTAG01_8_168200511157.html

6 CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Produção de grãos está estimada em 312,5 milhões de toneladas na safra 2022/23 [online]. Disponível em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/4971-producao-de-graos-esta-estimada-em-312-5- milhoes-de-toneladas-na-safra-2022-23#:~:text=Com%20a%20entrada%20da%20fase,22%20%E2%80%93%20alta%20de%2015%25. Acesso em: 16 mar. 2024. 

7CUNHA, J.P.A.R.; SILVA, L.L.; BOLLER, W.; RODRIGUES, J.F.; Aplicação aérea e terrestre de fungicida para o controle de doenças do milho. Ciência Agronômica, Ceará, v.41, n.3, p.366-372, 2010.

8CRUZ, J.C.; PEREIRA FILHO, I.A. Cultivo do milho: cultivares. 5. ed. Embrapa Milho e Sorgo: Sete lagoas, MG. Sistemas de Produção, 2, 2009.

9CRUZ, J.C.; PEREIRA FILHO, I.A. Cultivo do milho: cultivares. 5. ed. Embrapa Milho e Sorgo: Sete lagoas, MG. Sistemas de Produção, 2, 2009.

10COSTA, R.V.; SILVA, D.D; COTA, L.V.; PARREIRA, D.F.; FERREIRA, A.S.; CASELA, C.R. Incidência de Colletotrichum graminicola em colmos de genótipos de milho. Summa Phytopathologica, v.36, p.122-128, 2010. http://dx.doi.org/10. 1590/S0100-54052010000200003

11 FANCELLI, M. et al. Perdas de produtividade causadas pela cercosporiose do milho. Revista Brasileira de Fitopatologia, v. 42, n. 1, p. 45-53, 2017.

12CASADEI, M. A. et al. Características agronômicas e produtividade de híbridos de milho com diferentes resistências à podridão do colmo. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v. 14, n. 1, p. 75-85, 2015.

13KIST, B. B.; FILTER, C. F.; SANTOS, C. E. dos; CARVALHO, C. Anuário brasileiro do milho 2018. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2018. 88 p.

14KIST, B. B.; FILTER, C. F.; SANTOS, C. E. dos; CARVALHO, C. Anuário brasileiro do milho 2018. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2018. 88 p.

15DILLARD, H.R.; SEEM, R.C. Incidence-severity relationships for common maize rust on sweet corn. Phytopathology, 1990, 80:842-846.

16DILLARD, H.R.; SEEM, R.C. Incidence-severity relationships for common maize rust on sweet corn. Phytopathology, 1990, 80:842-846.

17Brito, A. H. et al. Efeito da cercosporiose no rendimento de híbridos comerciais de milho. Fitopatologia Brasileira, v. 32, n. 6, p. 472-479, nov./dez., 2007.

18KIST, B. B.; FILTER, C. F.; SANTOS, C. E. dos; CARVALHO, C. Anuário brasileiro do milho 2018. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2018. 88 p.

19DILLARD, H.R.; SEEM, R.C. Incidence-severity relationships for common maize rust on sweet corn. Phytopathology, 1990, 80:842-846

20Brito, A. H. et al. Efeito da cercosporiose no rendimento de híbridos comerciais de milho. Fitopatologia Brasileira, v. 32, n. 6, p. 472-479, nov./dez., 2007.

21FORNASIERI FILHO, D. Manual da cultura do milho. Jaboticabal: Funep, 2007. 576 p

22GOMES, R. F.; SILVA, A. G. da; ASSIS, R. L.; PIRES, F. R. Efeito de doses e época de aplicação de nitrogênio nos caracteres agronômicos da cultura do milho sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 31, p. 931-938, 2007.

23GROSS, M. R.; VON PINHO, R. G.; BRITO, A. H. Adubação nitrogenada, densidade de semeadura e espaçamento entre fileiras na cultura do milho em sistema plantio direto. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 3, p. 387-393, 2006.

24MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas. 2. ed. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1997. 319 p. 25

25SILVA, E. C.; FERREIRA, S. M.; SILVA, G. P.; ASSIS, R. L.; GUIMARÃES, G. L. Épocas e formas de aplicação de nitrogênio no milho sob plantio direto em solo de cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 29, p. 725-733, 2005b.

26PINTO, N. F. J. A.; FERNANDES, F. T.; OLIVEIRA, E. Milho (Zea mays): Controle de doenças, In: VALE, F. X. R.; ZAMBOLIM, L. (Eds.). Controle de doenças de plantas: grandes culturas. Viçosa – MG: UFV; Brasília – DF: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997. p. 821863.

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