DECONSTRUCTING PREJUDICES AND DISCUSSING GENDER AND SEXUALITY: THE IMPORTANCE OF CONTINUING TRAINING FOR PEDAGOGY STUDENTS
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102472310281
Vanessa Faustino Pinto1
RESUMO:
O estudo qualitativo apresentado nesta pesquisa, visa promover reflexões para os futuros docentes sobre a relevância do estudo de gênero e sexualidade para atuarem de forma eficaz dentro do contexto escolar. Sabendo-se que quando abordado na escola, muitas vezes os professores deparam-se com dificuldades para lidar com diferentes situações, como por exemplo, dúvidas dos alunos, ou mesmo quando se limitam apenas ao ensino de Ciências Naturais, não levando em consideração questões culturais, preconceito, desmistificação das diferenças, respeito ao próximo, entre outros fatores a serem trabalhados diante desse assunto que envolvem os termos gênero e sexualidade dentro da educação. A pesquisa foi dividida em dois momentos, o primeiro com a revisão teórica que aponta para reflexões conceituais, sendo que a primeira parte intitulada gênero, trazendo considerações fundamentadas do termo. A segunda parte intitulada sexualidade apontando como são tratadas as concepções teoricamente proporcionando reflexões ao leitor, seguindo da terceira parte que tem como título “Gênero e Sexualidade no contexto escolar”, demonstrando teoricamente como os professores podem trabalhar na sala de aula assuntos relacionados a gênero e sexualidade de modo a agregar aos alunos conhecimentos que incitam o respeito e a equidade , buscando assim eliminar os tabus e preconceitos que envolvem essa temática. E a segunda parte dos estudos com a proposta de análise das concepções dos acadêmicos de licenciatura em Pedagogia, composto por 36 estudantes, do qual são da cidade de Rosana e adjacências. sobre o tema gênero e sexualidade e assim proporcionando reflexões das diversas formas de atuação dentro do contexto escolar, despertando o interesse dos mesmos a questões que envolvam o preconceito, indiferenças, tabus.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero. Sexualidade. Formação. Educação.
ABSTRACT:
The qualitative study presented in this research aims to promote reflections for future teachers on the relevance of studying gender and sexuality to act effectively within the school context. Knowing that when approached at school, teachers often face difficulties in dealing with different situations, such as, for example, students’ doubts, or even when they are limited only to teaching Natural Sciences, not taking into account cultural issues. , prejudice, demystification of differences, respect for others, among other factors to be worked on regarding this issue that involve the terms gender and sexuality within education. The research was divided into two moments, the first with the theoretical review that points to conceptual reflections, with the first part entitled gender, bringing grounded considerations of the term. The second part entitled sexuality, pointing out how concepts are treated theoretically, providing reflections to the reader, followed by the third part entitled “Gender and Sexuality in the school context”, theoretically demonstrating how teachers can work on issues related to gender and sexuality in order to provide students with knowledge that encourages respect and equity, thus seeking to eliminate taboos and prejudices surrounding this topic. And the second part of the studies with the proposal to analyze the conceptions of undergraduate students in Pedagogy, composed of 36 students, of whom are from the city of Rosana and surrounding areas. on the topic of gender and sexuality and thus providing reflections on the different forms of action within the school context, awakening their interest in issues involving prejudice, indifference, taboos.
KEYWORDS: Gender. Sexuality. Training. Education.
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta como um recorte de um trabalho de conclusão de curso realizado no ano de 2017 referente a graduação em Pedagogia da presente pesquisadora, no qual buscamos demonstrar como os estudantes de Pedagogia refletem sobre práticas inclusivas referentes aos estudos em Gênero e Sexualidade no contexto escolar.
Conforme propõem os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997), os professores apresentam restrições ao abordarem temas relacionados à sexualidade, devido à falta de conhecimento, o que limita a problematização de situações e discussões que envolvam tabus, preconceitos e outras questões pertinentes. Dessa forma, é necessário que os educadores se dediquem a desmitificar as diferenças e a ajudar na formação de cada indivíduo, promovendo o respeito ao próximo e o conhecimento sobre os diversos tipos de gêneros existentes. Existem vários estudos sobre os tipos de gêneros humanos, mas de acordo com a teoria de Judith Butler, uma das principais filósofas queer, os gêneros não são fixos e pré-determinados. Ela argumenta que o gênero é uma performance social e que as noções tradicionais de masculino e feminino são construções sociais e culturais.
Além disso, existem pessoas que se identificam como não-binárias, ou seja, não se identificam exclusivamente como homem ou mulher. Outras identidades de gênero incluem agênero, bigênero, genderqueer, entre outras.
Portanto, os estudos sobre os tipos de gêneros humanos estão em constante evolução e reconhecimento da diversidade de identidades de gênero.
A educação sexual nas escolas tem sido um tabu por muito tempo, mas é essencial que os educadores estejam preparados para abordar essas questões de forma consciente e inclusiva, auxiliando os alunos na construção de uma visão mais ampla e respeitosa sobre a diversidade sexual.” Para Sérgio Carrara (2009), os alunos trazem seu histórico de vida, suas próprias concepções pautadas no senso comum, assim a escola tem como dever promover reflexões sobre o tema, para assim, sistematizar e avaliar esses conhecimentos, no qual, os valores, virtudes, como o respeito ao próximo poderão ser abordados neste espaço. O aprendizado escolar deve ser fundamentado em instruções pautadas na ciência, no qual, nos amparamos para organizar e analisar os conhecimentos acumulado no decorrer de nossas vidas.
A partir dessa perspectiva podemos inferir com maior responsabilidade sobre alguns fatores prejudiciais ao desenvolvimento dos alunos, frente a problemas que possam enfrentar durante sua vida, dentro e fora do espaço escolar. Diante da sua atuação pedagógica, o professor poderá se defrontar com situações que envolvam o preconceito, dúvidas dos alunos referentes a gênero e sexualidade, tabus, vergonha ou timidez por conta da forma que é abordado o tema, tendo em vista que se torna tão polêmico diante da nossa sociedade.
Por vezes, os alunos não conseguem adquirir informações adequadas e assim habitualmente, de formas errôneas, adotam conceitos que podem trazer diversos problemas durante sua vida pessoal e profissional. Nessa perspectiva, refletimos quanto à relevância da pesquisa, tendo em vista, a preparação do professor para lidar com essa questão nos meios escolares.
Assim, como objetivo de pesquisa buscou-se investigar qual seria a concepção que 36 acadêmicos do curso de Pedagogia de uma faculdade do interior de São Paulo, teriam acerca do tema “Gênero e Sexualidade dentro do âmbito escolar”, seguindo com o propósito de contribuir para uma reflexão quanto à relevância da abordagem do tema dentro dos espaços escolares, já que enquanto professores têm como dever formar cidadãos críticos e reflexivos.
Nesta pesquisa, podemos compreender os conceitos de gênero, demonstrando como se dá essa construção nos indivíduos, partindo principalmente dos contextos sociais, e não mais apenas do que é dito como feminino ou masculino, numa perspectiva biologicista. Como aportes teóricos teremos os PCN (BRASIL, 1997), Guacira Lopes Louro (1997), Jaqueline Gomes de Jesus (2012) e Eliane Rose Maio.
2. ABERTURA PARA DIÁLOGO: NECESSIDADES PARA AVANÇO.
Para iniciar, precisamos compreender a concepção sobre Gênero e Sexualidade e os termos que classificam esses conceitos e refletir sobre algumas perspectivas importantes a serem tratadas dentro do contexto escolar.
A partir de um diálogo os alunos poderão solucionar suas dúvidas e construir seus valores pautados no respeito, de acordo com o PCN (BRASIL, 1997, p. 128),
será por meio do diálogo, da reflexão e da possibilidade de reconstruir as informações, pautando-se sempre pelo respeito a si próprio e ao outro, que o aluno conseguirá transformar e/ou reafirmar concepções e princípios, construindo de maneira significativa seu próprio código de valores.
A pesquisa aqui proposta convida-nos a refletir sobre como os futuros professores podem atuar diante de algumas situações decorrentes dentro do âmbito escolar, e da mesma forma, como essa questão influência ativamente na construção da autonomia, criticidade, respeito aos indivíduos, considerando também o estudo do próprio docente na sua formação inicial e posteriormente na sua formação continuada.
Dessa forma falar em gênero e sexualidade se poderá entender o tabu, o preconceito, a vergonha, e as dúvidas que muitos alunos enfrentam durante sua vida dentro e fora da escola. Para melhor compreensão abordar-se-ão, a seguir, conceitos que fazem parte do tema aqui pesquisado como sexo, sexualidade, gênero, identidade de gênero e orientação sexual para debate sobre esses conceitos.
2.1 Gêneros, sexualidade: Definições
Para entender as definições sobre gênero e sexualidade, primeiramente é necessário entender os fatores que englobam esses dois conceitos, sabendo que existem diferenças entre eles.
Quando se aborda a temática “sexo”, envolve a discussão em normas biologistas, ou seja, o que se classifica por macho ou fêmea. Para Jesus (2012) o determinante do sexo do indivíduo segundo as Ciências Biológicas são suas células reprodutivas, ou seja, define-se pelos cromossomos e por características dos órgãos reprodutivos. A autora também afirma que essas características não definem o comportamento dos indivíduos e sim a cultura no qual os mesmos se encontram inseridas.
Seguindo na explicação do conceito “sexo” dentro da ciência e do contexto escolar pode-se entender que os sexos dos indivíduos são determinados a partir da genética, ou seja, são classificados como macho ou fêmea.
Biologicamente, costuma-se dividir a espécie humana em dois grupos: o do sexo feminino e o do sexo masculino. Segundo uma determinação genética, quem porta os cromossomos XX é considerado biologicamente “mulher”, e quem porta os cromossomos XY é considerado “homem” (CARRARA, 2009, p.115).
Para a sexualidade dentro do contexto escolar se pode observar que sua estrutura não se limita apenas ao campo biológico. Assim, os PCN (BRASIL, 1997) contribuem ao apresentar sobre sexualidade pensando no desenvolvimento psíquico dos indivíduos, a busca pelo prazer, suas potencialidades reprodutivas, os quais se manifestam desde o seu nascimento e é construída ao longo da vida. Dessa forma, a sexualidade marca também a história, a cultura, bem como, também, os sentimentos e afetos, mostrando que não se limita apenas ao campo biológico da reprodução, mas estende-se à afetividade, entre outros fatores sociais.
Diferente da sexualidade, o gênero se apresenta com as categorias de feminino e masculino que os indivíduos constroem socialmente. Para Jesus (2012 p.24) gênero trata-se de “classificação pessoal e social das pessoas como homens ou mulheres. Orienta papéis e expressões de gênero. “Independe do sexo”. Gênero é a identidade socialmente construída, previamente estabelecida e definida pelas relações sociais dos indivíduos”. Ou seja, o sexo no qual o indivíduo biologicamente é classificado desde o seu nascimento não é o fator para determinar seu gênero. A construção social entre diversos fatores determina em qual grupo o sujeito se identificará, portanto, a classificação do sujeito em masculino e feminino traz à tona as diferenças sociais e a disputa pelo poder.
Para Louro (1997) as diferenças sociais encontradas na vida dos indivíduos não poderiam ser influenciadas pelas diferenças biológicas, mas deveriam ser caracterizadas pelo histórico social, formas de representação da sociedade, entre outros fatores. Atualmente pode-se observar que a sociedade, junto aos seus padrões pré-estabelecidos, determina a direção que os indivíduos devem tomar relacionados ao seu gênero que é determinado de modo injustificado, tratando a parte biológica como fator principal. Nesse sentindo,
papéis seriam, basicamente, padrões ou regras arbitrárias que uma sociedade estabelece para seus membros e que definem seus comportamentos, suas roupas, seus modos de se relacionar ou de se portar… Através do aprendizado de papéis, cada um/a deveria conhecer o que é considerado adequado (e inadequado) para um homem ou para uma mulher numa determinada sociedade, e responder a essas expectativas (LOURO, 1997, p.24).
Nessa perspectiva se reflete sobre seguir padrões determinados pela sociedade ou como se identifica perante a mesma e assim ao encontro da identidade de gênero, que indica com qual gênero a pessoa se identifica, ou seja, um indivíduo biologicamente macho, pode se identificar com o gênero masculino ou feminino, ou uma pessoa biologicamente fêmea também pode se identificar com qualquer um dos dois gêneros (LOURO, 1997). Jesus (2012, p.24) apresenta que a identidade de gênero se relaciona ao “gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento.”
Jesus (2012) ainda contribui com a concepção de dois grupos que são os transgêneros e os cisgêneros. De forma que os transgêneros são pessoas cuja identidade de gênero ou a expressão dessa identidade difere do gênero relacionado com seu sexo biológico e os cisgêneros são determinados quando a identidade ou a expressão de gênero é coerente com o gênero que lhe é atribuído.
A sexualidade humana é um conceito complexo e diverso, e as pessoas podem se identificar de diferentes maneiras em relação às suas orientações sexuais e identidades de gênero. Para entender melhor essas diferenças, vamos explicar cada uma das categorias mencionadas:
Jesus (2012) organiza alguns termos e conceitos na temática Gênero e sexualidade:
- Heterossexual: Uma pessoa heterossexual é aquela que se sente atraída sexual ou romanticamente por pessoas do sexo oposto. É a orientação sexual mais comum e tradicionalmente considerada a norma na sociedade.
- Homossexual: Uma pessoa homossexual é aquela que se sente atraída sexual ou romanticamente por pessoas do mesmo sexo. Esta orientação sexual também é conhecida como gay (no caso de homens) ou lésbica (no caso de mulheres).
- Bissexual: Uma pessoa bissexual é aquela que se sente atraída sexual ou romanticamente por pessoas de mais de um gênero. Isso significa que a pessoa pode se sentir atraída por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto, por exemplo.
- Assexual: Uma pessoa assexual é aquela que não sente atração sexual por nenhuma pessoa, independentemente do gênero. Isso não significa que a pessoa não possa ter relacionamentos amorosos ou românticos, apenas que a atração sexual não faz parte desse cenário.
- Transexual: Uma pessoa transexual é aquela cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo designado no nascimento. Isso significa que uma pessoa transexual pode ter sido designada como do sexo masculino ao nascer, mas se identifica como mulher (ou vice-versa).
- Pansexual: Pessoa que sente atração sexual ou romântica por indivíduos de qualquer gênero, ou seja, mulheres, homens, não-binárias ou qualquer identidade de gênero.
- Crossdresser: Individuo que se veste, usa acessórios ou se maquia de forma diferente a condição cultural estipulada pelo seu gênero.
Essas divisões na atualidade em dia são vistas mais como um contínuo, variando de um extremo a outro. Jesus (2012, p.26) conceitua a orientação sexual como uma “atração afetivo sexual por alguém”. Vivência interna relativa à sexualidade. Assim diferente do senso pessoal de pertencer a algum gênero, a orientação sexual de alguém não é necessariamente fixa e pode variar por diferentes fatores.
Nesse contexto a sociedade no qual os indivíduos se encontram inseridos podem incentivar as orientações e identidade sexuais como também podem reprimir partindo das normas culturais aplicadas.
2.2 Gênero e Sexualidade no contexto Escolar.
Carrara (2009) afirma que é no ambiente escolar que crianças e jovens percebem as diferenças, e que essas não devem trazer transtornos, e sim, a compreensão e o respeito. Considerando que por meio das reflexões promovidas, entre alunos e professores no ambiente escolar, é possível promover transformações no entendimento dos sujeitos e das gerações futuras, respeitando as diversidades, os professores devem levar em conta que são agentes transformadores da sociedade, promotores de ações que podem mudar o quadro existente do preconceito e da falta de respeito ao próximo.
Nesse sentido a escola tem um papel na formação do indivíduo perante a sociedade, pois ao observar pelas pesquisas o quanto a formação do professor influência e proporciona um equilíbrio diante de sua incumbência de formar cidadãos críticos, com ética e que respeitem o próximo, diminuindo a exclusão.
Ao discutir tais questões com os/as professores/as brasileiros/as, busca-se contribuir, mesmo que modestamente, com a escola em sua missão de formadora de pessoas dotadas de espírito crítico e de instrumentos conceituais para se posicionarem com equilíbrio em um mundo de diferenças e de infinitas variações. Pessoas que possam refletir sobre o acesso de todos/as à cidadania e compreender que, dentro dos limites da ética e dos direitos humanos, as diferenças. Devem ser respeitadas e promovidas e não utilizadas como critérios de exclusão social e política (CARRARA, 2009, p.15).
No entanto que, os PCNs (1997) propõem que os professores tenham uma postura ao abordarem temas que envolvam a sexualidade, problematizando situações e discussões que envolvam tabus, preconceitos e outras questões necessárias para conter a questão do preconceito, desmitificando as diferenças e construindo em cada indivíduo o respeito ao próximo aproximando-os do conhecimento sobre a diversidade existente.
Entretanto professores que têm tais conteúdos aplicados aos seus alunos, envolvendo apenas o campo biológico, devem ter a consciência que sua prática não se torna suficiente para um aprendizado eficaz, já que, as dúvidas existentes entre os educandos ultrapassam tais vertentes. A quebra desse paradigma que envolve apenas o campo biológico poderá auxiliar na resolução das maiores dúvidas existentes entre os alunos. De tal forma que os professores encontram dificuldades na proposta da transversalização da educação sexual, e assim focam principalmente na parte biologicista.
Contudo, o estudo a respeito do assunto vai muito além da falta de preparo dos professores ao trazerem dificuldades para os próprios em abordarem o tema de forma mais completa, proporcionando aos educandos uma reflexão e sanando suas dúvidas.
Na prática, o que se tem observado, é que a proposta de transversalização da educação sexual não é nada fácil. Por motivos diversos, os/as docentes acabam por não conseguir realizar um trabalho integrado e transdisciplinar. Apesar de existirem exceções, quando a “educação sexual” ocorre, geralmente é desenvolvida na área de Ciências, priorizando o enfoque biologicista (CARRARA, 2009, p.181).
É fundamental compreender que o Eixo de Orientação Sexual é um processo de intervenção pedagógica que visa transmitir informações e promover reflexões sobre questões ligadas à sexualidade, abordando posturas, crenças, tabus e valores associados a ela (BRASIL, 1997, p.14). Dessa forma, as dúvidas dos estudantes podem ser abordadas de maneira organizada, ampliando o conhecimento de forma científica e preparando-os para interagir na sociedade de maneira inclusiva, respeitando as diversidades.
Diversos fatores impactam o trabalho do educador na escola, especialmente quando o tema abordado com os alunos é sobre “Gênero e Sexualidade”. Uma das principais dificuldades enfrentadas é a falta de sensibilidade por parte do professor, o que pode resultar em preconceitos e estereótipos.
A pesquisa “Perfil dos Professores Brasileiros”, realizada pela Unesco, entre abril e maio de 2002, em todas as unidades da federação brasileira, na qual foram entrevistados 5 mil professores da rede pública e privada, revelou, entre outras coisas, que para 59,7% deles é inadmissível que uma pessoa tenha relações homossexuais e que 21,2% deles tampouco gostariam de ter vizinhos homossexuais (UNESCO, 2004, p.144).
A pesquisa da UNESCO traz informações sobre a postura dos educadores em relação ao tema de gênero e sexualidade. É preocupante constatar que muitos profissionais, responsáveis por formar cidadãos, ainda possuem visões antiquadas e preconceituosas sobre esse assunto, o que gera a necessidade de refletir sobre essa temática.
Portanto, torna-se imperativo escapar da uniformização do ensino baseada em princípios tradicionais, que consideram a sexualidade como influenciadora de pensamentos, comportamentos e interações sociais. Nesse sentido, é fundamental que os professores se embasem e assumam o desafio de abordar a desigualdade existente com argumentos que incentivem seus alunos a refletir de maneira responsável e respeitosa.
Diante desse contexto, Carrara (2009, p. 114) destaca que educadores precisam adotar uma postura reflexiva em relação aos preconceitos e às situações de desigualdade, a fim de abordar tais questões de forma eficaz na sala de aula.
É imprescindível que o preconceito seja combatido desde o início pelo professor, cuja missão como educador deve ser pautada pelo respeito, igualdade e equidade, visando a uma convivência harmoniosa. Para discutir o tema com os alunos, é essencial que o professor esteja aberto a solucionar questões que envolvam preconceito e desigualdade, incentivando diferentes comportamentos nos educandos.
A abordagem científica adotada pela escola contribui para ampliar o conhecimento dos alunos, sistematizando e enriquecendo suas percepções prévias, possibilitando assim um diálogo aberto e uma troca de saberes tanto entre os alunos quanto com os professores.
A escola não é o único local em que os alunos e alunas aprendem sobre sexualidade, gênero, etnia etc. Mas, para muitos, a escola é o local onde há um diálogo aberto sobre esses temas e onde confrontam e sistematizam seus conhecimentos prévios atribuindo ao discurso escolar o caráter de científico (CARRARA, 2009, p.183).
Deve-se lembrar de que a escola não é a única fonte de conhecimento dos alunos, em relação a gênero e sexualidade, por exemplo. Por meio das mídias em geral, do meio em que vivem e das relações com família e amigos, os estudantes adquirem um conhecimento que, por vezes, pode ser equivocado, prejudicando sua reflexão sobre o assunto e contribuindo para transtornos que promovem violência e desrespeito.
Assim, os professores, juntamente com as instituições de ensino, por vezes influenciados pelo contexto social, determinam funções e espaços considerados adequados para cada sexo, ainda enfatizando que o determinante é o sexo biológico e não o gênero em si. Nesse sentido, a escola acaba por moldar as ações individuais e estipular normas a serem seguidas diante do meio social em que estão inseridos.
A escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o “lugar” dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. Através de seus quadros, crucifixos, santas ou esculturas, aponta aqueles/as que deverão ser modelos e permite, também, que os sujeitos se reconheçam (ou não) nesses modelos. O prédio escolar informa a todos/as sua razão de existir. Suas marcas, seus símbolos e arranjos arquitetônicos “fazem sentido”, instituem múltiplos sentidos, constituem distintos sujeitos (LOURO, 1997, p.58).
Pedagogicamente de acordo com Francisco Oliveira e Margarita Diaz (1998) apontam que as brincadeiras propostas pelos professores podem se tornar determinantes dos papéis sociais que os alunos irão assumir na vida adulta. No caso das meninas, são estimuladas a serem passivas, dependentes e frágeis, já que suas principais brincadeiras envolvem atividades domésticas, como brincar de boneca, fazer comida e cuidar da casa. Por outro lado, os meninos têm mais liberdade para brincar em espaços abertos, com carrinhos, bolas, lutas, sendo incentivados a serem fortes e independentes desde cedo.
Essa diferenciação de atividades desde a infância acaba condicionando os meninos a perceberem que fazem parte do grupo com poder, enquanto as meninas são relegadas a um papel mais submisso. Isso acaba reforçando as desigualdades de gênero que serão reproduzidas ao longo da vida adulta.
A desigualdade de gênero, como outras formas de diferenciação social, é um fenômeno estrutural com raízes complexas instituído social e culturalmente de tal forma que se processa cotidianamente de modo quase imperceptível. Com isso, é disseminada deliberadamente ou não por 17 instituições sociais como a escola, a família, o sistema de saúde, a igreja etc. (OLIVEIRA & DIAZ, 1998. p.147).
Numa outra abordagem conforme destaca Alex Fraga (2000, p.97), “o poder de penetração de um discurso na vida social está associado a sua capacidade de ser visto como algo natural, tornando imperceptíveis seus efeitos entre aqueles que se encontram capturados”, ou seja, a escola tem possibilidades de apresentar os diferentes tipos de gêneros, classes, etnias e propor a valorização do respeito a toda e qualquer manifestação de gênero, que seja diferente dos padrões ditos “normais”, com o intuito de apresentar a existência dos que são considerados diferentes e propor uma igualdade entre todos, tentando eliminar o preconceito e a intolerância, tomando assim, a devida precaução de não impor verdades do que é certo ou errado em relação a diversos tipos de comportamentos.
De acordo como PCN (BRASIL, 1997, p.128):
será por meio do diálogo, da reflexão e da possibilidade de reconstruir as informações, pautando-se sempre pelo respeito a si próprio e ao outro, que o aluno conseguirá transformar e/ou reafirmar concepções e princípios, construindo de maneira significativa seu próprio código de valores.
Deste modo, a importância do diálogo e da reflexão no processo de construção de valores e concepções acontece por meio do diálogo. É possível trocar opiniões, experiências e conhecimentos que contribuem para ampliar a visão de mundo e promover a construção de novas ideias. A reflexão, por sua vez, permite analisar criticamente as informações recebidas, questionar a própria visão de mundo e reconstruir conhecimentos. É fundamental também respeitar tanto a si mesmo quanto ao outro nesse processo, para que as trocas sejam enriquecedoras e construtivas. Dessa forma, o aluno poderá reafirmar ou transformar seus princípios e valores, construindo de maneira significativa um código de ética e conduta que guiará suas ações e decisões no futuro.
Para Oliveira e Diaz (1998), essa visão negativa da sexualidade liga-se a temas como a vergonha, o pecado ou mesmo doenças. Os adultos repreendem as crianças e os adolescentes quando esse assunto é abordado, ocasionando situações conflituosas e dúvidas sobre questões relacionadas ao tema, o que contribui para a desinformação e o aumento do preconceito. Os pesquisadores Oliveira e Diaz (1998, p. 114) ressaltam que “a omissão do adulto, a negação da sexualidade na infância e a falta de diálogo têm deixado essa área desprovida de uma ação educativa eficaz.” Sendo assim, pode-se pensar o quanto essa omissão por parte do mundo adulto poderá influenciar o mundo infantil e como esse bloqueio pode causar uma falta de compreensão por parte do próprio adulto, proporcionando uma visão deturpada e a falta de informação dos próprios pais em relação à sexualidade de seus filhos. Isso porque essa geração de pais, quando crianças, também foi reprimida e submetida aos valores tradicionais, alimentando assim um círculo vicioso intrageracional.
Segundo a sexóloga Gilda Fucs (1993, p. 201), a educação sexual é “parte da educação geral que transmite os conhecimentos e mensagens necessárias para que o indivíduo possa adquirir atitudes, expressar seus sentimentos e firmar valores que o permitam aceitar e vivenciar a sexualidade própria e dos outros num contexto livre e responsável”. Em outras palavras, se faz necessária uma educação sexual que liberte das amarras opressoras, que conscientize e liberte os indivíduos de preconceitos, favorecendo a expressão de sentimentos sem culpa e colocando em primeiro plano a questão do respeito e da vivência sexual com responsabilidade, valores e conscientização, permitindo atitudes e olhares em um contexto livre e respeitoso.
Deste modo Lucimar Leite e Eliane Maio (2013, p. 10) afirmam que
a escola pode deixar de ser um espaço de opressão e repressão na questão da sexualidade, para se tornar um ambiente efetivamente seguro, livre e educativo para todas as pessoas. E, hoje, não é mais possível que as questões relativas à sexualidade passem despercebidas ou que sejam tratadas com deboche ou indignação moral. E os/as pedagogos/as têm uma importante ação nesse sentido.
Maria Luiza Teles (1992) afirma sobre a responsabilidade dos docentes em relação ao conceito dado à educação sexual, o dever de a escola ter empatia, respeito e autenticidade ao falar sobre esse tema. Se os pais não conseguem dialogar com seus filhos a respeito dessa discussão, que envolve valores e emoções, cabe à escola aplicar uma metodologia responsável que abra esse leque, causando um conforto para os educandos discutirem o tema e assim haver uma compreensão.
Para que o professor possa intervir na sala de aula de forma construtiva e adequada, teria que partir da base, que seria a formação inicial, construir seus conhecimentos e assim aplicar de forma sistemática a sua prática no contexto escolar, sabendo que a formação continuada é relevante neste processo. Nesse sentido, Rogério Junqueira (2009, p.166) apresenta que.
[…] é indispensável que ações de formação inicial ou continuada que abordem os temas da diversidade sexual atentem para o caráter estruturante da heteronormatividade e da homofobia na configuração do espaço escolar, das políticas, dos currículos, das práticas pedagógicas e administrativas, das rotinas e das ambiências – portanto, na construção, na hierarquização e na marginalização de sujeitos, corpos e subjetividades.
Através da formação sobre a educação sexual, os professores podem aprender a abordar a diversidade sexual de forma inclusiva em sala de aula, promovendo a reflexão sobre os estereótipos de gênero e promovendo o respeito às diferenças. Além disso, a educação sexual pode contribuir para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e para a promoção da saúde sexual e reprodutiva.
É fundamental que os futuros educadores compreendam a importância da educação sexual e estejam preparados para lidar com questões relacionadas à diversidade sexual, respeitando a individualidade de cada aluno. Ao promover um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso, estaremos contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos, respeitosos e conscientes de seus direitos e deveres.
Portanto, a formação inicial ou continuada sobre educação sexual é essencial para combater o preconceito, promover o respeito à diversidade e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos. A educação sexual é um direito fundamental e deve ser abordada de maneira positiva e inclusiva nas escolas, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
METODOLOGIA
Foi utilizada a pesquisa de natureza qualitativa que segundo Maria Cecília Minayo (2008), propõe interpretações humanas, sobre o que sentem ou pensam sobre suas crenças, opiniões, suas representações e percepções decorrentes durante sua vida.
Para a realização da pesquisa foi a aplicado um questionário com alunos de graduação da Pedagogia do 4° ano de uma Faculdade do interior de São Paulo, com o objetivo de verificar a concepção dos mesmos a respeito do tema “Gênero e Sexualidade”.
Para a coleta de dados utilizou-se um questionário contendo cinco perguntas, no qual encontra-se nos apêndices do presente trabalho. Nessa perspectiva, Maria de Andrade Marconi; Eva Maria Lakatos (1999, p.100) afirma que “como toda técnica de coleta de dados, o questionário também apresenta uma série de vantagens como: atinge maior número de pessoas simultaneamente, a menos risco de distorção pela não influência do pesquisador, abrange uma área mais ampla”.
Para o estudo do questionário como método de organização utilizamos a categorização dos dados apresentados, classificando as respostas dos acadêmicos e agrupando segundo a semelhança de suas concepções. Laurence Bardin (2011, p.147) afirma que “categorização é uma classificação de elementos constitutivo de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios previamente definido”.
A pesquisa bibliográfica nos proporcionou uma melhor compreensão sobre os conteúdos aqui abordados no qual tivemos acesso a diversos livros, artigos, entre outros em um curso de extensão de “Gênero e Diversidade sexual: pressupostos voltados à Educação”, processo n° 6145/2016 que teve a duração 60h no período de 02/08/2016 a 13/09/2016, trazendo assim a possibilidade de analisarmos a visão de alguns autores. Este curso foi ofertado de maneira remota pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), que garantiu conhecimentos pertinentes ao estudo do tema, promovendo acesso a diversos autores renomados.
Os indivíduos nos quais foram aplicados o questionário para a presente pesquisa foram 36 acadêmicos do 4° ano do curso de Pedagogia de uma Faculdade do interior de São Paulo. O convite à pesquisa foi realizado aos docentes no período da aula de ciência, todos os graduandos mostraram-se empolgados e curiosos com a proposta aceitando a participação na pesquisa.
Seguindo o objetivo do trabalho sobre verificar a concepção dos graduandos de Pedagogia sobre o tema, buscamos levar os mesmos a vivenciarem uma situação escolar por meio de um relato disponibilizado por uma professora que atua nas das séries iniciais de uma Escola Particular de Primavera/SP. Em seu relato considerou alguns fatos que ocorreram nos dias comuns da sala de aula com dois de seus alunos. Vale ressaltar que para preservação da identidade dos envolvidos no presente relato foram apresentados nomes meramente fictícios para a preservação de todos envolvidos. Este relato se apresenta para fins da pesquisa referente ao tema “Gênero e Sexualidade”. O texto foi distribuído entre os alunos de Pedagogia para leitura compartilhada, promovendo uma breve reflexão sobre como o tema é abordado no cotidiano escolar, além de demonstrar algumas situações que os mesmos poderiam vivenciar enquanto professores/professoras na sala de aula.
ETAPAS DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS DE PEDAGOGIA.
A pesquisa de campo foi realizada no dia 19 de abril de 2017 com 36 alunos nas seguintes etapas:
1° Etapa: Primeiramente foram aplicadas as duas primeiras questões, tendo em vista que as questões têm como objetivo verificar as concepções prévias dos entrevistados, e o relato poderia induzir os acadêmicos em suas respostas. Ao termino das duas primeiras questões foram recolhidas as perguntas.
2° Etapa: Entrega do relato da professora do ensino das séries iniciais a cada aluno da Pedagogia, seguido da leitura compartilhada.
3° Etapa: Após a leitura do relato, foram disponibilizadas aos alunos de Pedagogia as outras três questões (anexos), que estão ligadas às práticas metodológicas que poderão ser aplicadas posteriormente por eles no contexto escolar.
Após essas três etapas, recolhemos todas as questões e seguimos a uma análise das respostas, formando tabelas e organizando os resultados apresentados nos questionários em categorias. Essas foram retiradas das próprias respostas analisadas, apresentadas futuros docentes nos questionários, ressaltando também que os graduandos aqui pesquisados serão nomeados como por letra do alfabeto seguido por números ordinários (A1), para a preservação da identidade dos mesmos.
Para a análise dos resultados os graduandos foram separados em categorias, e algumas concepções foram citadas com o intuito de esclarecer as considerações subjetivas de cada um, por exemplo: na categoria “particularidade” o acadêmico A1 e o A5 estão dentro da mesma categoria contudo apresentam concepções diferentes. Está análise possibilita ao leitor a compreensão dos dados apresentados de maneira simples e objetiva.
O questionário aplicado fora explorado as seguintes questões: O que você entende por sexualidade? Você acredita estar preparado para resolver situações que possa ocorrer dentro do âmbito escolar referente a sexualidade? Qual seria sua postura diante da família da criança a respeito dessa situação especificamente? Aplicaria algum trabalho na sala de aula para tentar solucionar o problema? Dê um exemplo. Quando se fala em trabalhar educação sexual com os alunos, quais conteúdos possíveis que podemos abordar? Cite alguns exemplos.
O relato utilizado na pesquisa foi realizado com uma pedagoga que atua em uma escola particular da cidade de Rosana SP, considerando que todos os indivíduos relatados tem seus nomes reais preservados.
Pesquisa de campo
Relato de uma professora do 1° ano.
Há alguns anos, trabalhei em uma instituição de educação infantil onde atendi duas crianças que eram tio e sobrinho, apresentando a mesma idade e estudando na mesma sala. Durante esse período, notei que o sobrinho tinha um comportamento agressivo e dificuldades na fala, enquanto o tio era uma criança normal em desenvolvimento.
Após alguns anos, as crianças foram para a escola, onde tive a oportunidade de acompanhá-los novamente no primeiro ano. O tio, que desde a infância mostrava comportamentos agressivos, começou a apresentar traços homossexuais evidentes, demonstrando preferências diferenciadas pelas atividades, como pintar tudo de rosa e brincar com as meninas de casinha, boneca e salão de beleza.
O tio agiu de forma energética em relação ao sobrinho, ameaçando contar ao irmão mais velho sobre suas escolhas e comportamentos. Como professora, tentei intervir e compreender a situação, percebendo que o irmão mais velho repreendia o sobrinho por não querer que ele fosse afeminado.
Em certo dia, ao realizar uma atividade sobre a história da princesa e o sapo, o sobrinho escolheu pintar a princesa, o que causou a fúria do tio, levando a agressões verbais e ameaças de violência, gerando transtornos.
Foi evidente que a criança sofria em casa com o irmão e na escola com o tio, sendo recriminado sempre que agia de acordo com suas preferências. A família representava o maior problema, enquanto os outros alunos, por estarem no primeiro ano, não compreendiam bem a situação. Fonte: autora 2017.
Este relato está apresentado na forma real em que foi explanada na entrevista com a pedagoga, proporcionando veracidade na proposta.
O trabalho completo com a pesquisa será apresentado por meio da publicação do livro com o título: “Desconstruindo preconceitos e discutindo gênero e sexualidade: a importância da formação continuada para estudantes de pedagogia”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As relações do como os docentes tratam e executam na sua prática pedagógica nos termos de gênero e sexualidade, proporcionam nos educandos uma forma de visão positiva ou negativa, dependendo de como se tratam tais concepções no contexto escolar. Assim, como relevância para esta pesquisa foram coletadas diferentes concepções sobre gênero e sexualidade dos futuros pedagogos.
A pesquisa nos permitiu traçar um panorama da visão dos estudantes de graduação em Pedagogia, sobre o tema proposto, abrindo campos para a reflexão das possíveis formas de atuação dentro da sala de aula, além de possibilitar um despertar do interesse dos mesmos, para tal questão, que cotidianamente envolve muito preconceito, falta de informações, tabus e desrespeito a diversidade. Mesmo não sendo objetivo direto da pesquisa, torna-se plausível, para os estudantes, uma busca pela capacitação para melhor atuarem de forma sistêmica, aplicando o conhecimento cientifico.
O termo gênero não se limita apenas ao conceito masculino e feminino. Dessa forma, pode-se dizer que a questão cultural, os constructos sociais das pessoas, bem como seu papel perante a sociedade, são fatores essenciais às questões relacionadas a gênero. No que concerne à sexualidade, existe também uma amplitude de ideias oriundas ao tema, na qual, nas escolas abordam-se principalmente termos biologistas que envolvem a questão da sexualidade dos alunos.
Assim, por meio dessa pesquisa percebe-se que grande parte dos sujeitos participantes acreditam que gênero envolve apenas a questão do “masculino e feminino”, ou seja, que é algo dado pela natureza de estado imutável. Para eles as marcas biológicas determinam desde o nascimento o papel do sujeito na sociedade.
Seguindo as considerações, falando agora sobre sexualidade, grande parte dos acadêmicos apresentaram conceitos equivocados sobre o tema, fomentando a falta de conhecimento cientifico. A maioria dos alunos de Pedagogia, desta pesquisa, afirmam que “a sexualidade acontece por opção”, caracterizando que o entendimento a respeito do assunto é vago, observa-se em diversos momentos a inversão de conceitos, ou seja, gênero sendo tratado como sexualidade ou mesmo focando-se apenas na orientação sexual.
Mediante a pesquisa observa-se que o senso comum, a religiosidade e a falta de conhecimento sobre o assunto são relevantes o que ocasionam as práticas equivocadas no contexto escolar, caracterizando deste modo defasagem na formação inicial.
A pesquisa terá continuidade em futuros estudos devidos o tema gênero e sexualidade ser abrangente e envolver diferentes caminhos e a sua complexidade e principalmente em relação às outras questões não refletidas neste trabalho.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Ed 70, 2011.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo, v.I, II. Tradução Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parâmetros Curriculares nacionais da Educação. Ministério da Educação (Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 2011.
________. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parâmetros Curriculares nacionais da Educação. Ministério da Educação (Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), PCNs,1997, vol.10).
CARRARA, Sergio. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.
De Oliveira Jr., I. B., & Maio, E. R. (2016). Opção ou orientação sexual? (des)constrovérsias na (des)contextualização da homossexualidade /Sexual option or orientation? (dis)disputes in the (dis) Contextualization of homosexuality. Ensino Em Re-Vista, 23(2), 324–344.Disponívell em: https://doi.org/10.14393/ER-v23n2a2016-1. Acesso em 23/06/2024.
FRAGA, Alex Branco. Corpo, identidade e bom-mocismo. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
FUCS, Gilda Bacal. Por que o sexo é bom?: Orientação para todas as idades. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ed Rosa dos tempos. 1993.
JESUS, Jaqueline Gomes. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos/ Jaqueline Gomes de Jesus. Brasília, 2012. 42p.: il. (algumas color…. Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional – EDA/FBN. Registro EDA/FBN nº 563034, Livro 1074, Folha 91 Protocolo EDA/DF 2012 nº 366./ Arquivo digital.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz; CHAMUSCA, Adelaide; BRANDT, Maria Elisa; HENRIQUES, Ricardo (Orgs.). Gênero e diversidade sexual: reconhecer diferenças e superar preconceitos. Brasília: MEC, 2007.
LEITE, Lucimar da Luz e MAIO, Eliane Rose. Gênero e sexualidade na educação infantil e a importância da intervenção pedagógica. VII Encontro de Produção Científica e Tecnológica. FECILCAM: Campo Mourão. 2013, p. 1-11.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade, educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade, educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
LOURO, Guacira Lopes. O Corpo Educado: Pedagogias da sexualidade. 2ª . Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 11 ed. São Paulo: Hucitec, 2008.
OLIVEIRA, Francisco José Cabral de. DIAZ, Margarita. Afetividade e sexualidade na educação, um novo olhar. Secretaria de Educação de Minas Gerais / Fundação Odebrecht, 1998.
PEIXOTO, Reginaldo; OLIVEIRA, Marcio de & MAIO, Eliane Rose, “Sexualidade: a formação dos/as profissionais e os desafios do trabalho pedagógico”. Revista Eletrônica de Educação e Psicologia Ano 2, Volume 1, 2015.
RIOS, R. R., & PIOVESAN, F. (2001). A discriminação por gênero e por orientação sexual. Seminário Internacional as minorias e o Direito. Brasília. Recuperado em, 7, 156.
TELES, Maria Luíza Silveira. Educação, a revolução necessária. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
TIBA, Içami. Adolescência o despertar do sexo. São Paulo: Gente, 1994.
UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam... São Paulo: Moderna, 2004.
1 Vinculação institucional: Instituição de Ensino, Faculdade de Primavera (CESPRI).
link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7217386485490398
número ID ORCID: 0009-0008-1097-0058
E-mail do autor principal: vanessapositivo9@gmail.com