DESAFIOS NA INCLUSÃO: AS DIFICULDADES DOS DOCENTES AO TRABALHAR COM ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249261824


Jane Alves Cardoso1
Ronaldo do Nascimento Carvalho2
  Valeska Regina Soares Marques3


1. INTRODUÇÃO

A educação inclusiva tornou-se cada vez mais importante no cenário educacional atual, especialmente no Brasil. Aqui, a busca pela igualdade de oportunidades e a valorização da diversidade estão se tornando centrais nas políticas públicas e nas práticas pedagógicas. Incluir pessoas com deficiência (PCDs) em escolas regulares não é apenas um direito fundamental, mas também um desafio significativo para o sistema educacional, os administradores e, especialmente, os professores.

No entanto, a implementação da educação inclusiva enfrenta inúmeros obstáculos. Entre os desafios mais comuns estão a formação inadequada dos professores, a falta de recursos e infraestrutura apropriados e o preconceito ou a falta de conhecimento sobre as necessidades específicas dos alunos com deficiência. Muitas vezes, os professores enfrentam situações para as quais não estão adequadamente preparados, o que pode levar à frustração e a dificuldades na implementação de práticas pedagógicas inclusivas. Esses obstáculos não apenas afetam negativamente a experiência de ensino-aprendizagem, mas também podem prejudicar o desenvolvimento acadêmico e social dos PCDs.

A inclusão escolar não se trata apenas de acesso físico à escola, mas também de garantir que os PCDs possam participar plena e significativamente de todas as atividades escolares. Isso envolve adaptações curriculares, metodologias de ensino diferenciadas e o uso de tecnologias assistivas que possam facilitar a aprendizagem desses alunos.

Com base no exposto, o objetivo central deste estudo é explorar as dificuldades enfrentadas pelos docentes ao trabalhar com alunos PCDs, oferecendo uma visão abrangente dos desafios e propondo estratégias para superá-los. A relevância deste tema se destaca na medida em que a educação inclusiva não é apenas uma questão de acesso, mas também de permanência e sucesso acadêmico dos alunos com deficiência. Compreender as barreiras que os professores encontram é crucial para desenvolver políticas e práticas que realmente promovam a inclusão.

2. REVISÃO DE LITERATURA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

A educação inclusiva tem ganhado crescente importância no Brasil, evoluindo de um modelo segregado para um sistema que valoriza a inclusão. Nos anos 1990, a Declaração de Salamanca, produzida durante a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais da UNESCO, foi um marco na promoção dessa ideia, propondo que escolas regulares acomodem todas as crianças, independentemente de suas condições (Barcelli e Rosalino, 2022). No Brasil, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 reforçaram o direito à educação para todos, determinando a adaptação dos currículos e métodos para atender às necessidades dos alunos com deficiência (Brito e Flores, 2023).

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei nº 13.146, de 2015, é outro marco significativo, garantindo a plena inclusão das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida, incluindo a educação. Este estatuto estabelece que é dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar a efetivação dos direitos fundamentais, removendo todas as barreiras que possam impedir a participação plena das PCDs no processo educativo (Silva e Elias, 2022).

Para além das leis nacionais, políticas específicas foram desenvolvidas para promover a inclusão educacional de PCDs. O Plano Nacional de Educação (PNE), por exemplo, inclui metas específicas voltadas para a inclusão, como a Meta 4, que visa universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superlotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. O PNE também enfatiza a necessidade de formação continuada para professores, visando capacitá-los a lidar com a diversidade em sala de aula (Dos Santos, 2020).

Analisando as diretrizes curriculares, vemos que as adaptações necessárias para a inclusão estão em constante desenvolvimento. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, são um exemplo de como o currículo pode ser adaptado para atender às necessidades dos alunos com deficiência. Essas diretrizes propõem que as escolas desenvolvam projetos pedagógicos que incluam práticas inclusivas, assegurando que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade (Queiroz e Da Silva Melo, 2021).

Uma das principais adaptações necessárias no currículo é a flexibilização dos conteúdos e das metodologias de ensino. Isso significa que os professores precisam estar preparados para utilizar diferentes abordagens pedagógicas, que atendam às diversas necessidades dos alunos. O uso de recursos tecnológicos, como softwares educativos e dispositivos assistivos, é uma estratégia importante para facilitar o aprendizado dos PCDs. Esses recursos permitem que os alunos com deficiência possam acessar o conteúdo de forma mais eficaz e participem ativamente das atividades escolares (Almeida e Montino, 2021).

Outra adaptação curricular importante é a avaliação diferenciada. Avaliar os alunos com deficiência exige métodos que considerem suas particularidades, evitando comparações injustas com os demais alunos. A avaliação inclusiva deve ser contínua e processual, focada no progresso individual e nas competências desenvolvidas, mais do que na comparação com padrões normativos. Esse tipo de avaliação ajuda a identificar as áreas onde o aluno necessita de mais apoio e a adaptar o ensino para melhor atender às suas necessidades (Barcelli e Rosalino, 2022).

Finalmente, a formação continuada de professores é essencial para a implementação efetiva da educação inclusiva. Os educadores precisam estar constantemente atualizados sobre as melhores práticas e estratégias para incluir PCDs na sala de aula. Programas de formação continuada, cursos de capacitação e a troca de experiências entre profissionais da educação são fundamentais para garantir que os professores estejam preparados para enfrentar os desafios da inclusão e possam contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento dos seus alunos (Brito e Flores, 2023).

A educação inclusiva e as políticas públicas relacionadas são fundamentais para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. A evolução histórica da educação inclusiva, a legislação e as diretrizes curriculares mostram um compromisso crescente com a inclusão de PCDs no sistema educacional. No entanto, a implementação prática dessa inclusão ainda enfrenta muitos desafios, exigindo esforços contínuos de adaptação curricular, formação de professores e desenvolvimento de recursos e infraestruturas adequados (Silva e Elias, 2022).

DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS DOCENTES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Os professores que trabalham na educação inclusiva frequentemente enfrentam uma série de desafios ao tentar garantir que todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência, recebam uma educação de qualidade. Entre as dificuldades mais citadas pelos docentes está a falta de formação adequada para lidar com as necessidades específicas desses alunos. Muitos professores relatam que os cursos de formação inicial não abordam de maneira suficiente as práticas inclusivas, deixando-os despreparados para enfrentar a diversidade presente em suas salas de aula (Felicetti e Batista, 2020).

Outro desafio significativo é a falta de recursos didáticos e tecnológicos adequados. Para atender às necessidades dos alunos PCDs, os professores muitas vezes precisam de materiais específicos, como softwares educativos, dispositivos de assistência e outros recursos que não estão disponíveis em todas as escolas. A ausência desses recursos pode limitar as estratégias pedagógicas que os docentes podem utilizar, dificultando a adaptação das aulas para incluir todos os alunos de maneira eficaz (Silva e Fidêncio, 2021).

A infraestrutura das escolas também representa um grande obstáculo para a educação inclusiva. Muitas instituições de ensino não possuem instalações físicas acessíveis, como rampas, banheiros adaptados e elevadores, o que dificulta a mobilidade dos alunos com deficiência física. Além disso, a falta de salas de aula multifuncionais, que possam ser adaptadas conforme necessário, impede a implementação de atividades inclusivas que beneficiariam todos os estudantes (Almeida e Montino, 2021).

O apoio insuficiente de profissionais especializados é outra dificuldade apontada pelos professores. A presença de profissionais como psicopedagogos, terapeutas ocupacionais e assistentes educacionais pode fazer uma grande diferença no atendimento das necessidades dos alunos PCDs. No entanto, muitas escolas não contam com esses profissionais ou possuem um número insuficiente deles, o que sobrecarrega os docentes e dificulta a prestação de um atendimento adequado (Queiroz e Da Silva Melo, 2021).

3 METODOLOGIA        

A metodologia adotada para este estudo é uma revisão de literatura, focada em materiais publicados em português a partir de 2019. A escolha desse recorte temporal se deve à necessidade de analisar as informações mais recentes e relevantes, refletindo as mudanças e atualizações nas políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas para a inclusão. A revisão inclui artigos científicos, dissertações, teses, livros, e documentos oficiais que abordam o tema da educação inclusiva, com ênfase nas experiências e percepções dos docentes.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As dificuldades pelos docentes na educação inclusiva impactam diretamente em suas práticas pedagógicas. Sem a formação, os recursos e o apoio necessários, os docentes podem sentir-se despreparados e desmotivados, o que afeta a qualidade do ensino que oferecem. A falta de preparo pode levar à adoção de práticas pedagógicas inadequadas ou à incapacidade de adaptar o currículo de maneira eficaz, prejudicando o aprendizado dos alunos com deficiência (Oliveira, Da Silva Feitosa e Da Silva Mota, 2020).

Os alunos PCDs também são diretamente afetados pelos desafios enfrentados pelos professores. A ausência de práticas inclusivas adequadas pode resultar em exclusão social e acadêmica, dificultando a participação desses alunos nas atividades escolares. Isso pode levar a um menor engajamento e interesse pela escola, bem como a dificuldades no desenvolvimento de habilidades acadêmicas e sociais (Silva e Fidêncio, 2021).

Nesse cenário, a formação continuada é essencial para que os professores possam enfrentar os desafios da educação inclusiva. No entanto, muitas vezes, os cursos e programas de capacitação disponíveis são insuficientes ou não abordam de maneira prática e aplicável as questões enfrentadas no dia a dia da sala de aula. A falta de oportunidades de formação continuada específica para a educação inclusiva deixa os professores sem o suporte necessário para melhorar suas práticas pedagógicas (Felicetti e Batista, 2020).

A falta de políticas claras e de diretrizes específicas para a implementação da educação inclusiva também é um desafio. Muitos professores relatam a ausência de orientação concreta sobre como adaptar o currículo e as práticas pedagógicas para incluir alunos com deficiência. Sem uma orientação clara, os docentes ficam inseguros sobre quais estratégias utilizar e como garantir que todos os alunos estejam aprendendo de maneira eficaz (Oliveira, Da Silva Feitosa e Da Silva Mota, 2020).

O apoio da administração escolar é crucial para a implementação da educação inclusiva. No entanto, muitas vezes, os gestores escolares não estão suficientemente envolvidos ou comprometidos com as práticas inclusivas, o que dificulta a alocação de recursos e a implementação de políticas que favoreçam a inclusão. A falta de apoio administrativo pode deixar os professores isolados em seus esforços para promover a inclusão, aumentando a sensação de sobrecarga e frustração (Almeida e Montino, 2021).

Apesar de todos esses desafios, é importante destacar que muitos professores desenvolvem estratégias criativas e eficazes para incluir alunos com deficiência em suas salas de aula. Essas práticas inovadoras podem servir de modelo para outras escolas e educadores, mostrando que, com o apoio adequado, é possível oferecer uma educação de qualidade para todos os alunos. Compartilhar essas experiências e boas práticas é fundamental para promover uma cultura de inclusão nas escolas (Queiroz e Da Silva Melo, 2021).

Os desafios enfrentados pelos docentes na educação inclusiva são numerosos e variados, envolvendo questões de formação, recursos, infraestrutura e apoio profissional. Esses desafios impactam tanto a prática pedagógica dos professores quanto o desempenho acadêmico e social dos alunos com deficiência. No entanto, com o apoio adequado e a implementação de políticas eficazes, é possível superar essas dificuldades e construir um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor para todos (Oliveira, Da Silva Feitosa e Da Silva Mota, 2020).

ESTRATÉGIAS E BOAS PRÁTICAS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS PCDS

A implementação de metodologias e abordagens pedagógicas inclusivas é fundamental para assegurar que todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência (PCDs), tenham acesso a uma educação de qualidade. Uma dessas metodologias é o ensino colaborativo, onde dois ou mais professores trabalham juntos para planejar, ensinar e avaliar um grupo de alunos com e sem deficiência. Esta abordagem permite que os professores combinem suas habilidades e conhecimentos para melhor atender às necessidades individuais dos alunos, proporcionando um ambiente de aprendizado mais diversificado e inclusivo (Brito e Flores, 2023).

Outra abordagem eficaz é o ensino diferenciado, que envolve a adaptação do conteúdo, dos processos e dos produtos de aprendizado para atender às necessidades de cada aluno. Isso pode incluir o uso de materiais variados, como textos em braile, áudio livros, e recursos visuais, além de atividades práticas e interativas que possam engajar todos os estudantes. O ensino diferenciado reconhece que os alunos aprendem de maneiras diferentes e busca proporcionar múltiplas formas de acesso ao conhecimento (Silva e Fidêncio, 2021).

A formação continuada e a capacitação de professores são cruciais para a inclusão eficaz de PCDs nas salas de aula. Cursos de capacitação específicos sobre educação inclusiva, técnicas de ensino adaptativo e o uso de tecnologias assistivas são essenciais para preparar os professores a enfrentar os desafios da inclusão. Workshops, seminários e grupos de estudo podem fornecer aos docentes as ferramentas e o conhecimento necessários para desenvolver e implementar práticas pedagógicas inclusivas de forma eficaz (Felicetti e Batista, 2020).

Estudos de caso e exemplos de boas práticas são valiosos para ilustrar como a inclusão pode ser realizada com sucesso. Em algumas escolas, programas de tutoria entre pares têm sido implementados, onde alunos sem deficiência ajudam seus colegas com deficiência em atividades escolares. Esse tipo de programa não apenas apoia o aprendizado dos alunos PCDs, mas também promove a empatia e a compreensão entre todos os alunos, fortalecendo a comunidade escolar como um todo (Queiroz e Da Silva Melo, 2021).

O uso da tecnologia assistiva é outra estratégia crucial no processo de ensino-aprendizagem para alunos com deficiência. Dispositivos como leitores de tela, softwares de reconhecimento de voz, teclados adaptados e tablets com aplicativos educacionais específicos podem facilitar o acesso ao conteúdo curricular e permitir que os alunos PCDs participem mais ativamente das atividades escolares. A tecnologia assistiva ajuda a superar barreiras físicas e cognitivas, proporcionando um ambiente de aprendizado mais acessível e inclusivo (Oliveira, Da Silva Feitosa e Da Silva Mota, 2020).

Para programar essas estratégias de forma eficaz, é importante que haja um apoio contínuo da administração escolar e dos formuladores de políticas educacionais. O desenvolvimento de políticas claras que promovam a inclusão, a alocação de recursos adequados e a criação de um ambiente escolar acolhedor são essenciais para o sucesso das práticas inclusivas. A colaboração entre professores, pais, alunos e a comunidade em geral também é fundamental para criar uma cultura de inclusão nas escolas (Dos Santos, 2020).

Promover a sensibilização e a formação de toda a comunidade escolar sobre a importância da inclusão pode ser feito através de campanhas de conscientização, palestras e atividades que promovam a diversidade e a aceitação. Quando todos na escola compreendem e apoiam a inclusão, os alunos PCDs se sentem mais aceitos e valorizados, o que contribui significativamente para seu bem-estar e sucesso acadêmico (Almeida e Montino, 2021).

A inclusão de alunos PCDs nas escolas regulares requer a adoção de metodologias pedagógicas adaptativas, a formação contínua de professores, o uso de tecnologia assistiva e o apoio de toda a comunidade escolar. Estudos de caso e exemplos de boas práticas demonstram que, com as estratégias corretas e o apoio necessário, é possível proporcionar uma educação de qualidade para todos os alunos, independentemente de suas capacidades (Brito e Flores, 2023).

5. CONCLUSÃO       

O estudo conclui que a educação inclusiva representa um avanço significativo na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos os alunos, independentemente de suas capacidades, têm direito a uma educação de qualidade. A evolução das políticas públicas, como a Declaração de Salamanca, a Constituição Federal de 1988, a LDB de 1996 e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, mostra o compromisso crescente do Brasil com a inclusão.

No entanto, a implementação prática da educação inclusiva ainda enfrenta muitos desafios, incluindo a falta de formação adequada dos professores, insuficiência de recursos didáticos e tecnológicos, infraestrutura inadequada e apoio insuficiente de profissionais especializados. Esses obstáculos impactam diretamente a prática pedagógica e o desempenho acadêmico dos alunos com deficiência, exigindo esforços contínuos para superá-los.

Para avançar na inclusão efetiva de alunos PCDs, é essencial investir na formação continuada dos docentes, desenvolver políticas claras e alocar recursos adequados. A colaboração entre professores, gestores, pais e a comunidade é fundamental para criar um ambiente escolar acolhedor e inclusivo. Com essas ações, é possível garantir que todos os alunos tenham as oportunidades necessárias para seu pleno desenvolvimento acadêmico e social.

REFERÊNCIA

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1 Discente do Curso de Doutorado em Ciências da Educação da Univerisdad de Integración de las Américas – UNIDA/PY – Campus Cuidad de Este. e-mail: janealvescardoso7@gmail.com

2 Docente da Univerisdad de Integración de las Américas – UNIDA/PY Campus Cuidad de Este. e-mail: dr.ronaldocarvalho@gmail.com

3 Docente da Univerisdad de Integración de las Américas – UNIDA/PY Campus Cuidad de Este. e-mail: valeska_br@hotmail.com