DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO A MALÁRIA, UMA DOENÇA NEGLIGENCIADA NA REGIÃO AMAZÔNICA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11217222


Ellen G. White Lima Viana¹;
Merian Dos Santos Santos²;
Janaina dos Santos Dias³.


Resumo

O enfrentamento da malária na região amazônica apresenta uma série de desafios complexos que exigem intervenções de enfermagem eficazes e abrangentes. A negligência histórica em relação a essa doença endêmica destaca a urgência de estratégias de intervenção robustas. Os desafios incluem não apenas a falta de acesso a recursos de saúde adequados, mas também questões como a disseminação de informações precisas sobre prevenção e tratamento, a resistência aos medicamentos antimaláricos e a coordenação de esforços em uma região vasta e muitas vezes de difícil acesso. Objetivo principal relatar os desafios enfrentados e as estratégias na intervenção de enfermagem no enfrentamento a malária, uma doença negligenciada na região Amazônica. A metodologia empregada foi uma revisão sistemática da literatura. Os artigos utilizados foram obtidos das plataformas digitais livres disponíveis: National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Delas foram obtidos um total de 13.512 obras, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão obtivemos 10 obras para a construção da tabela de informações sobre elas. Dessa forma concluímos que as estratégias de intervenção de enfermagem devem abordar esses desafios de forma multifacetada, incluindo educação comunitária, diagnóstico precoce, tratamento eficaz, monitoramento epidemiológico e colaboração interdisciplinar. Ao enfrentar esses desafios de maneira integrada e proativa, os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial na redução do impacto da malária e na melhoria da saúde das comunidades amazônicas.

Palavras-chave: Doenças negligenciadas. Malária. Assistência de enfermagem. Região Norte.

Abstract

Coping with malaria in the Amazon region presents a series of complex challenges that require effective and comprehensive nursing interventions. The historical neglect of this endemic disease highlights the urgency of robust intervention strategies. Challenges include not only a lack of access to adequate health resources, but also issues such as disseminating accurate information on prevention and treatment, resistance to antimalarial drugs, and coordinating efforts across a vast and often hard-to-reach region. Observing the importance of knowing more about this subject, the main objective of this study was to report the challenges faced and the strategies in nursing intervention in the fight against malaria, a neglected disease in the Amazon region. The methodology used was a systematic review of the literature. The articles used were obtained from the free digital platforms available: National Library of Medicine (PubMed), Virtual Health Library (VHL), National Library of Medicine (MEDLINE), Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SCIELO). A total of 13,512 works were obtained from them, after applying the inclusion and exclusion criteria we obtained 10 works for the construction of the information table about them. Thus, we conclude that nursing intervention strategies should address these challenges in a multifaceted way, including community education, early diagnosis, effective treatment, epidemiological monitoring, and interdisciplinary collaboration. By addressing these challenges in an integrated and proactive manner, nurse practitioners play a crucial role in reducing the impact of malaria and improving the health of Amazonian communities.

Keywords: Neglected diseases; Malaria; Nursing care; North Region.

1. INTRODUÇÃO

A Região Amazônica, reconhecida mundialmente por sua vasta biodiversidade e seu rico patrimônio natural e cultural, esconde por trás de suas exuberantes florestas tropicais e sinuosos rios uma realidade desafiadora no campo da saúde pública (Da Silva Santos et al., 2022). Muitos são os problemas que permeiam essa região, indo além do cenário paradisíaco retratado em cartões postais. Um dos maiores desafios enfrentados é a preocupante prevalência das chamadas doenças negligenciadas, um grupo de enfermidades que afeta principalmente as populações de baixa renda e com acesso limitado aos serviços de saúde (De Oliveira et al., 2023). Essas doenças caracterizam-se muitas vezes pela falta de investimentos em pesquisa, prevenção e tratamento, exacerbando ainda mais as desigualdades em saúde.

A situação das doenças negligenciadas é um reflexo das condições socioeconômicas precárias e das disparidades de acesso aos serviços de saúde enfrentadas por muitas comunidades na região (Codeço et al., 2021). A falta de infraestrutura adequada, juntamente com as dificuldades logísticas associadas à vastidão geográfica e à diversidade cultural, contribui para a persistência dessas enfermidades (Gonçalves et al., 2021). Além disso, as condições ambientais favoráveis à propagação de vetores e agentes patogênicos aumentam os desafios enfrentados no controle e na prevenção dessas doenças (Ellwanger et al., 2020).

As doenças negligenciadas representam um desafio significativo para a saúde pública global, com um impacto desproporcional em regiões como a Amazônia (Hotez; Damania; Bottazzi, 2020). Essas doenças, que incluem a malária, a doença de Chagas, a leishmaniose, a esquistossomose e outras, são responsáveis por uma carga substancial de morbidade e mortalidade na região, exacerbando ainda mais as disparidades de saúde já existentes (Bastos et al., 2021).

É essencial compreender que as doenças negligenciadas não apenas representam um fardo para a saúde das populações amazônicas, mas também afetam diretamente o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região (Taylor et al., 2023). O impacto dessas enfermidades mina os esforços para reduzir a pobreza, promover a equidade e alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável (Magalhães et al., 2023). Ao fornecer insights valiosos para orientar políticas e práticas de saúde pública, esperamos contribuir para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes e sustentáveis de controle e prevenção dessas doenças na Amazônia. A questão norteadora da pesquisa abrange quais os desafios e estratégias de enfermagem no enfrentamento da malária, uma doença negligenciada, na região Amazônica. Observando sobre a importância que este trabalho tem, onde o objetivo geral é investigar através de uma revisão da literatura os desafios enfrentados e identificar perspectivas de intervenção para combater a malária, uma doença negligenciada, na região amazônica.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Epidemiologia da Malária na Região Amazônica

Na região amazônica, a malária representa um desafio significativo para a saúde pública devido à sua alta incidência e prevalência. A Amazônia, caracterizada por sua vasta extensão territorial e densa floresta tropical, oferece um ambiente propício para a proliferação do mosquito Anopheles, vetor responsável pela transmissão da malária. Como resultado, a região é uma das áreas mais afetadas pela doença no mundo (Ferreira e Castro, 2016).

A incidência da malária na região amazônica varia de acordo com fatores sazonais, climáticos, ambientais e socioeconômicos. Durante as estações chuvosas, quando há aumento na quantidade de água parada e criadouros de mosquitos, a transmissão da doença tende a aumentar. Além disso, a presença de áreas desmatadas e atividades como mineração e deslocamento populacional contribuem para o aumento do risco de infecção (Vitor-Silva et al., 2016).

A prevalência da malária na região amazônica é influenciada por diversos fatores, incluindo acesso limitado aos serviços de saúde, infraestrutura precária, pobreza e falta de medidas preventivas adequadas. Comunidades ribeirinhas e indígenas são particularmente vulneráveis devido ao seu isolamento geográfico e às condições de vida desfavoráveis (Recht et al., 2017).

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que determinadas áreas da região amazônica apresentam uma alta carga de malária, com taxas de incidência que superam as médias nacionais e internacionais. Além disso, a malária na Amazônia é frequentemente associada a cepas do parasita Plasmodium falciparum, que podem causar formas mais graves da doença (Camargo-Ayala et al., 2016).

A implementação de medidas de controle da malária na região amazônica é fundamental para reduzir a incidência e prevalência da doença. Isso inclui a distribuição de mosquiteiros tratados com inseticida, o diagnóstico precoce e tratamento eficaz, a educação da comunidade sobre medidas preventivas, o monitoramento epidemiológico e o fortalecimento dos sistemas de saúde locais (Douine et al., 2020).

Apesar dos desafios enfrentados, esforços contínuos estão sendo feitos por organizações governamentais, não governamentais e internacionais para enfrentar a malária na região amazônica. A colaboração entre diferentes setores e a implementação de estratégias integradas são essenciais para combater eficazmente essa doença negligenciada e proteger a saúde das populações amazônicas (Codeço et al., 2021).

A transmissão e propagação da malária estão associadas a uma série de fatores de risco, que podem variar de acordo com características geográficas, ambientais, socioeconômicas e comportamentais. Na região amazônica, onde a doença é endêmica, esses fatores desempenham um papel significativo na manutenção da transmissão e na ampliação do número de casos (Awosolu et al., 2021). Abaixo, descrevo alguns dos principais fatores de risco associados à transmissão e propagação da malária:

a) Presença do vetor Anopheles: O mosquito do gênero Anopheles é o vetor responsável pela transmissão da malária;
b) Condições climáticas favoráveis: A temperatura e a umidade são elementos essenciais para a sobrevivência e reprodução dos mosquitos Anopheles;
c) Presença de reservatórios de água: Áreas com acúmulo de água parada, como poças, lagos, riachos e áreas alagadas, fornecem locais ideais para a reprodução dos mosquitos;
d) Desmatamento e alterações no ambiente: A modificação do ambiente natural, como desmatamento e urbanização desordenada, pode criar condições favoráveis para a proliferação dos mosquitos;
e) Deslocamentos populacionais: Movimentos populacionais, como migração de trabalhadores para áreas de mineração ou deslocamentos de refugiados, podem facilitar a propagação da malária;
f) Condições socioeconômicas desfavoráveis: Pobreza, falta de acesso a água potável e saneamento básico, habitação precária e baixa educação são fatores que aumentam a vulnerabilidade das populações à malária;
g) Resistência aos medicamentos: A resistência aos medicamentos antimaláricos, como a cloroquina e a artemisinina, é um fator de risco emergente que pode comprometer a eficácia do tratamento e contribuir para a propagação da doença; e
h) Fatores comportamentais: Comportamentos individuais, como a falta de uso de mosquiteiros tratados com inseticida, o uso irregular de medidas de proteção pessoal e o não cumprimento de medidas de controle vetorial, também podem aumentar o risco de transmissão da malária.

A educação da comunidade, o monitoramento epidemiológico, o controle do vetor, o acesso a diagnóstico e tratamento adequados e o fortalecimento dos sistemas de saúde são componentes fundamentais para reduzir a transmissão e propagação da malária na região amazônica (Gunderson et al., 2023).

2.2 Desafios no diagnóstico e tratamento da malária

A malária permanece como um dos mais prementes desafios de saúde pública em várias regiões do mundo, sobretudo em áreas tropicais e subtropicais (De Souza et al., 2021). O diagnóstico preciso da malária é crucial para assegurar tratamento apropriado e mitigar complicações graves (Dos Santos Silva et al., 2020). Contudo, a escassez de acesso a testes diagnósticos confiáveis em localidades rurais e remotas figura como um dos principais entraves (De Mendes et al., 2023). Frequentemente, profissionais de saúde nessas regiões se veem compelidos a se basear em diagnósticos sintomáticos, suscitando potenciais erros e subnotificação de casos.

Para além das adversidades no diagnóstico, o manejo eficaz da malária enfrenta consideráveis desafios (Fiocruz, 2019). A resistência aos fármacos antimaláricos, como a cloroquina e a artemisinina, tem emergido em diversas localidades, minando a eficácia dos tratamentos convencionais (Ministério da Saúde, 2021). Outro desafio crucial reside na prevenção da propagação da malária. O controle dos vetores, particularmente dos mosquitos do gênero Anopheles, é imprescindível para conter a incidência da doença. Entretanto, estratégias de controle de mosquitos se deparam com obstáculos, como a resistência aos inseticidas e a carência de recursos para implementação de medidas em larga escala (Quadros et al., 2023).

Adicionalmente, as mudanças climáticas têm o potencial de influenciar a distribuição e a intensidade da malária, tornando-a ainda mais desafiadora de controlar (Duram et al., 2021). A temperatura e a umidade são determinantes cruciais que afetam a reprodução dos mosquitos transmissores da malária, e as modificações climáticas podem propiciar condições mais propícias para sua disseminação em novas áreas. Em suma, os desafios no diagnóstico e tratamento da malária são multifacetados e intrincados, demandando uma abordagem holística por meio do desenvolvimento de novas tecnologias de diagnóstico, terapias antimaláricas inovadoras, estratégias de controle de vetores eficazes e medidas de adaptação às mudanças climáticas para atenuar o impacto devastador dessa enfermidade.

2.3 Estratégias de intervenção de enfermagem no combate à malária no Amazonas

As estratégias de intervenção de enfermagem desempenham um papel crucial no enfrentamento da malária na região amazônica, onde a doença persiste como um desafio endêmico e muitas vezes negligenciado. Em primeiro lugar, a educação e a conscientização emergem como pilares fundamentais nessa batalha (Souza Filho et al., 2021). É incumbência dos profissionais de enfermagem informar as comunidades locais sobre as medidas preventivas contra a malária, abrangendo desde a correta utilização de mosquiteiros e repelentes até a eliminação de criadouros de mosquitos. Essa educação é essencial para capacitar as pessoas a protegerem a si mesmas e suas famílias (De Farias et al., 2023).

Além da prevenção, as intervenções de enfermagem abrangem o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da malária. Os enfermeiros são capacitados para reconhecer os sintomas da doença, realizar testes rápidos e iniciar o tratamento adequado o mais prontamente possível. Essa prontidão é crucial para evitar complicações graves e conter a propagação da doença dentro da comunidade (Schröder et al., 2023; Rasmussen et al., 2022; Falcón-Lezama et al., 2024).

Outra estratégia vital é o monitoramento epidemiológico. Os enfermeiros coletam dados sobre os casos de malária em suas áreas de atuação, identificando padrões e tendências. Essas informações são cruciais para orientar as políticas de saúde pública e direcionar os recursos de maneira eficaz para as áreas mais afetadas (Amboko et al., 2020).

Ademais, os enfermeiros desempenham um papel significativo na promoção da adesão ao tratamento. Eles oferecem suporte emocional e educacional aos pacientes, garantindo que compreendam a importância de seguir o tratamento até o fim, mesmo após o desaparecimento dos sintomas. Isso contribui para prevenir recaídas e o desenvolvimento de resistência aos medicamentos (Kabuya et al., 2024).

É evidente que a colaboração interdisciplinar é essencial nesse contexto. Os enfermeiros trabalham em estreita colaboração com outros profissionais de saúde, como médicos, agentes comunitários e autoridades locais, para garantir uma abordagem abrangente e coordenada no combate à malária. Juntos, eles podem desenvolver estratégias mais eficazes para prevenir, diagnosticar e tratar a doença, reduzindo assim seu impacto nas comunidades amazônicas (Ahmed et al., 2021).

3. MATERIAL E MÉTODOS

O modelo deste estudo baseia-se em uma abordagem qualitativa por meio de uma revisão sistemática da literatura. De acordo Sakyi et al. (2020) estão disponíveis 4 critérios que são essenciais para uma revisão sistemática da literatura: 1) é uma análise exaustiva, pois todos os estudos relevantes devem ser incluídos no estudo. 2) a metodologia deve ser seguida rigorosamente para obter as respostas necessárias do estudo. 3) Deve ser definido qual será a investigação a ser feita, pois é necessário escreve um protocolo de pesquisa das literaturas, onde poderá recolher e fazer uma boa triagem analítica de todas as obras encontradas. Pois uma revisão sistemática só é exaustiva quando tudo sobre o tema proposto é documentado. É se suma importância que a pesquisa seja realizada em plataformas relevantes e utilizada todos os recursos disponíveis.

As pesquisas foram realizadas no período de fevereiro a julho de 2024, com auxílio das bases de dados: National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), as quais apresentaram de forma plausível um bom conteúdo de pesquisas que relacione a negligência da malária na região Norte. Para seleção dos artigos serão utilizadas as palavras-chaves: Doenças negligenciadas; Malária; Assistência de enfermagem; Região Norte. No presente estudo foi abordado manifestações clínicas, epidemiologia enfatizando o aprimoramento do conhecimento sobre o tema. Os artigos em português, inglês e espanhol também será incluído nas buscas. Como critérios de inclusão serão selecionadas artigos, livros, monografias, revistas, nas bases de dados de domínio público, conteúdos de livre acesso, que foram publicados entro os anos de 2015 a 2024, nos seguintes idiomas: língua portuguesa, espanhola e inglesa. Serão também considerados para análise estudos observacionais, ensaios clínicos e protocolos terapêuticos oficiais.

A análise dos resultados e sua interpretação seguiu a sequência de uma leitura analítica com a finalidade de ordenar e relacionar as informações contidas nas fontes coletadas. Dessa forma será possível responder aos objetivos e problema da pesquisa, podendo assim separar por categorias os itens: autor, ano de publicação, título, objetivo, metodologia, conclusão e revista de publicação. Para extrair essas informações das obras pesquisadas, a análise dos dados seguirá a seguinte sequência. Será realizado uma leitura exploratória de todo material selecionado (leitura rápida); Leitura Seletiva (leitura aprofundada); Registro das informações extraídas das fontes que possam responder os objetivos propostos nesse trabalho.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 13.512 obras foi identificado, distribuído entre as seguintes plataformas: Scielo (7), Pubmed (1.358) e BVS (12.147). Os critérios de exclusão foram aplicados mediante a análise dos títulos, resumos, identificação de duplicatas e elegibilidade. Com base nessa triagem, foram selecionados 10 artigos para a revisão e compilação dos dados, visando atender aos objetivos específicos delineados neste estudo.

Figura 1. Fluxograma do número de artigos encontrados e selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.

Fonte: Construído pelos autores

Após o levantamento dos artigos selecionados para a revisão, a tabela 1 destacará os dados referentes aos 10 artigos selecionados.

Tabela 1. Dados dos artigos selecionados

AutorTítuloPeriódicoAnoVolumeMetodologiaResumo
Ferreira et alControle e Eliminação da Malária Baseada em Evidências na Amazônia: Contribuição da Rede Internacional de Pesquisa em Malária do Centro de Excelência no Peru e no BrasilAm. J. Trop. Med. Hyg2022107Revisão SistemáticaDiscutir o papel relativo das ferramentas e estratégias tradicionais e novas para um melhor controle e eliminação da malária em toda a Amazônia, incluindo métodos diagnósticos aprimorados, novos medicamentos anti-recidiva e larvicidas biológicos, e enfatizamos a necessidade de integrar a pesquisa e a formulação de políticas de saúde pública.
Douine et alSelf-diagnosis and self-treatment of malaria in hard-to-reach and mobile populations of the Amazon: results of Malakit, an international multicentric intervention research project.The Lancet Regional Health Americas20214Estudo de casoA estratégia poderia ser integrada aos programas de controle da malária dos países envolvidos e considerada em outras regiões onde a malária residual persiste em áreas isoladas.
Rocha et alAbordagens vetoriais para conter a transmissão da malária na Amazônia brasileira: uma visão geral dos desafios e estratégias atuais e futurosTropical medicine and infectious disiase20205Revisão da LiteraturaA eliminação da malária no Brasil e a erradicação mundial exigirão uma combinação de abordagens convencionais e novas que levem em conta as especificidades regionais das populações vetoriais e a dinâmica de transmissão da malária.
Souza et alAssistência de enfermagem à população amazônica: produção de conhecimento e desenvolvimento de recursos humanosRevista Brasileira de Enfermagem202175Revisão da LiteraturaA produção do conhecimento disciplinar e o desenvolvimento qualificado dos RHs em enfermagem na Amazônia precisam considerar o contexto regional para promover não só o desenvolvimento de boas práticas de saúde, como também a tradução do conhecimento produzido, a fim de responder aos desafios relacionados à assistência, à gestão e às políticas de saúde na região.
De Carvalho Monteiro e Da Silva RochaNotificações de malária na Amazônia Legal, Brasil (2003-2022): um conjunto abrangente de dados para pesquisa e vigilânciaResearch Square202313Levantamento de dadosA malária continua a ser uma ameaça significativa para a saúde global, com implicações económicas e de saúde pública substanciais.
Murta et alMisperceptions of patients and health workers regarding malaria elimination in the Brazilian Amazon: a qualitative studySpringer Link201918Estudo QualitativoNa Amazônia, as percepções culturais sobre a etiologia dessa doença podem influenciar os comportamentos e práticas que grupos sociais adotam em relação às diferentes formas de viver em um contexto endêmico de malária.
Nascimento et alAssessment of compliance with malaria treatment monitoring and cure verification activitiesRevista da Escola de Enfermagem da USP202054Pesquisa avaliativa realizada por meio de observação sistemáticaO Programa de Controle da Malária tem desempenho abaixo do recomendado, não atendendo ao padrão-ouro estabelecido, o que pode significar manutenção ou aumento dos casos de malária.
Gálvez Cortes & Pasato SáenzIntervenciones de enfermería en malariaUniversidad Católica de Cuenca20231Revisão bibliográfica com abordagem descritivaA malária continua sendo um importante desafio de saúde global.
Galdino et alDescriptive epidemiology of malaria in São Gabriel da cachoeira, amazonas – 2010 TO 2019Enfermagem em Foco202213Estudo epidemiológico, descritivo e ecológicoOs resultados apresentam importantes informações disponíveis publicamente sobre a epidemiologia da transmissão da malária nessa região.
Garnelo et alBarriers to access and organization of primary health care services for rural riverside populations in the AmazonSpringer Link202019Pesquisa qualitativa e etnográficaA organização de sua atividade replica acriticamente as rotinas adotadas no cotidiano dos serviços de saúde localizados em espaços urbanos, mostrando-se inadequada para prover estratégias de atenção à saúde capazes de mitigar as desigualdades sociais e de saúde enfrentadas pelos usuários.

Ferreira et al. (2022), destacam a importância de integrar ferramentas e estratégias tradicionais e novas para combater a malária na Amazônia. Isso inclui métodos diagnósticos aprimorados, medicamentos anti-recidiva e larvicidas biológicos. A integração da pesquisa com políticas de saúde pública é fundamental para maximizar os esforços de controle e eliminação da doença.

Douine et al. (2021), sugerem que a estratégia proposta pode ser incorporada aos programas de controle da malária dos países envolvidos e adaptada para outras regiões onde a malária persiste em áreas isoladas. Isso ressalta a necessidade de abordagens flexíveis e adaptáveis para lidar com a complexidade da doença.

Rocha et al. (2020), enfatizam que a eliminação da malária no Brasil e a erradicação global exigirão uma abordagem combinada de métodos convencionais e inovadores, levando em consideração as características regionais das populações vetoriais e a dinâmica de transmissão da malária. Isso destaca a importância de estratégias personalizadas para cada contexto.

Souza et al. (2021), ressaltam a importância de considerar o contexto regional ao promover o desenvolvimento de boas práticas de saúde e a tradução do conhecimento produzido para enfrentar os desafios relacionados à assistência, gestão e políticas de saúde na Amazônia. Isso destaca a necessidade de uma abordagem holística e contextualizada para promover mudanças eficazes na região.

De Carvalho Monteiro e Da Silva Rocha (2023), alertam para o fato de que a malária continua sendo uma ameaça significativa para a saúde global, com implicações econômicas e de saúde pública substanciais. Isso ressalta a urgência de ações efetivas para enfrentar o problema.

Murta et al. (2019), destacam que as percepções culturais sobre a etiologia da malária na Amazônia podem influenciar os comportamentos e práticas dos grupos sociais em relação à doença. Isso destaca a importância de abordagens culturalmente sensíveis no controle da malária.

Nascimento et al. (2020), revelam que o Programa de Controle da Malária tem um desempenho abaixo do recomendado, o que pode resultar na manutenção ou aumento dos casos da doença. Isso ressalta a necessidade de revisão e melhoria contínua dos programas de controle da malária.

Gálvez Cortes & Pasato Sáenz (2023), reiteram que a malária continua sendo um desafio significativo para a saúde global, destacando a importância de continuar os esforços para combatê-la.

Galdino et al. (2022), fornecem informações importantes sobre a epidemiologia da transmissão da malária na região amazônica. Isso destaca a necessidade de monitoramento contínuo e compartilhamento de dados para informar as estratégias de controle da doença.

Garnelo et al. (2020), destacam a necessidade de reavaliar a organização das atividades de saúde para enfrentar as desigualdades sociais e de saúde na região amazônica. Isso ressalta a importância de abordagens mais inclusivas e adaptadas às necessidades locais para garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde.

CONCLUSÃO

A partir das diversas perspectivas apresentadas pelos estudos analisados, fica evidente a complexidade do desafio representado pela malária na região amazônica e globalmente. Os autores enfatizam a necessidade de uma abordagem integrada que una tanto ferramentas tradicionais quanto inovadoras, ressaltando a importância da pesquisa em conjunto com políticas de saúde pública para alcançar um controle eficaz da doença. As estratégias de intervenção de enfermagem devem abordar esses desafios de forma multifacetada, incluindo educação comunitária, diagnóstico precoce, tratamento eficaz, monitoramento epidemiológico e colaboração interdisciplinar. Ao enfrentar esses desafios de maneira integrada e proativa, os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial na redução do impacto da malária e na melhoria da saúde das comunidades amazônicas.

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¹Aluna do Curso de Enfermagem da Universidade Nilton Lins – Email: lengwhiteviana@gmail.com
²Aluna do Curso de Enfermagem da Universidade Nilton Lins – E-mail: meriansantos10@gmail.com
³Professora Especialista da Universidade Nilton Lins