REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202507092233
Angela Maria Lima de Oliveira1
Fábio Coelho Pinto2
RESUMO
Este artigo analisa “os desafios no processo de inclusão de crianças com TDAH”, com o objetivo de identificar subtemas, áreas e locais de produção, e as conjugações teóricas e metodológicas que se destacam nos textos, nos últimos cinco anos – 2021-2025. A metodologia empregada foi revisão de literatura (Echer, 2001; Bento, 2012), que analisou periódicos que integram a biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library Online, e teses e dissertações publicadas no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Os resultados apontam a relevância desse tema para educadores é inegável, pois os dados obtidos nesse trabalho e a literatura recente convergem para a urgência de uma prática docente mais reflexiva e informada. A inclusão efetiva de alunos com TDAH demanda não apenas recursos tecnológicos, mas também uma postura acolhedora e flexível, capaz de reconhecer as singularidades de cada aprendiz. Este estudo conclui que a necessidade de práticas docentes reflexivas e informadas, aliadas a políticas públicas eficazes, para promover a inclusão efetiva de alunos com TDAH, respeitando suas singularidades e garantindo equidade educacional. A articulação entre teoria, prática e multidisciplinaridade é essencial para superar desafios como a medicalização excessiva e a falta de formação docente.
Palavras-chaves: Educação. Inclusão. Desafios Docentes. TDAH. Metodologias Inclusivas.
ABSTRACT
This article analyzes “the challenges in the process of including children with TDAH”, with the aim of identifying subthemes, areas and places of production, and the theoretical and methodological combinations that stand out in the texts, in the last five years – 2021-2025. The methodology used was a literature review (Echer, 2001; Bento, 2012), which analyzed journals that are part of the Scientific Electronic Library Online, and theses and dissertations published in the Brazilian Institute of Information in Science and Technology. The results indicate the undeniable relevance of this topic for educators, since the data obtained in this work and recent literature converge on the urgency of a more reflective and informed teaching practice. The effective inclusion of students with TDAH demands not only technological resources, but also a welcoming and flexible attitude, capable of recognizing the singularities of each learner. This study concludes that reflective and informed teaching practices, combined with effective public policies, are needed to promote the effective inclusion of students with TDAH, respecting their singularities and ensuring educational equity. The articulation between theory, practice and multidisciplinarity is essential to overcome challenges such as excessive medicalization and lack of teacher training.
Keywords: Education. Inclusion. Teaching Challenges. TDAH. Inclusive Methodologies.
1 INTRODUÇÃO
A manifestação de comportamentos extremos, anteriormente interpretados como traços de personalidade em crianças, hoje é compreendida à luz de explicações neurológicas. No entanto, a presença dessas características na sociedade não é algo novo. Em seu estudo, Campos (2007) traça um histórico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que já era mencionado desde 1854 pelo médico alemão Heinrich Hoffman.
O TDAH afeta tanto meninos quanto meninas, sem discriminação de raça, classe social ou condição econômica. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA, 1999), esse transtorno tem uma origem neurobiológica, com causas ainda não completamente compreendidas, mas com uma forte influência genética. Geralmente, se manifesta na infância e tende a acompanhar o indivíduo ao longo da vida, impactando suas interações sociais, desenvolvimento e relacionamentos pessoais.
De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), o TDAH é caracterizado por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que prejudica o funcionamento psicossocial. A sua definição clínica, que se baseia em desatenção, hiperatividade e impulsividade, indica disfunções em circuitos cerebrais relacionados ao controle executivo, à regulação emocional e ao processamento de recompensas. “[…] O TDAH pode vir sozinha ou associada à outras condições como autismo, alterações de humor, depressão, ansiedade, síndrome de Tourette e transtorno bipolar. O TDAH é caracterizado por traços de desatenção, impulsividade, hiperatividade que dificultam a realização de tarefas no dia a dia” (TORRES, 2020, p, 12).
Barkley (2020) e Polanczyk et al. (2015), destacam que o TDAH é um transtorno neurobiológico que afeta funções executivas, como atenção, controle de impulsos e organização, exigindo adaptações específicas no processo de ensino. Muitas escolas ainda adotam métodos tradicionais, que não contemplam as necessidades desses alunos, resultando em frustração e evasão escolar.
Outro obstáculo significativo é o estigma social e a desinformação sobre o TDAH, que muitas vezes levam a interpretações equivocadas do comportamento da criança, como preguiça ou má educação. Mattos (2017) ressalta que a falta de conhecimento sobre o transtorno pode levar a práticas punitivas, em vez de intervenções positivas e apoio especializado. Além disso, a escassez de recursos, como profissionais de psicologia e psicopedagogia nas escolas, dificulta a implementação de planos de ensino individualizados, essenciais para o desenvolvimento acadêmico e social desses alunos.
Segundo Rohde e Halpern (2019), o sucesso na inclusão depende de uma abordagem multidisciplinar, incluindo acompanhamento médico, terapias comportamentais e adaptações curriculares. No entanto, a realidade brasileira ainda apresenta lacunas na articulação entre esses setores, deixando muitas crianças sem o suporte necessário. Investir em formação docente, políticas públicas e conscientização social é crucial para superar esses desafios e garantir uma educação verdadeiramente inclusiva.
A escola é fundamental no processo de adaptação social de crianças diagnosticadas de TDAH, para que isso aconteça, a inclusão é primordial para que as interações sociais e acadêmica tenham sucesso. Segundo Rangel (2020), no contexto das atuais discussões sobre inclusão educacional, é fundamental considerar a adequação dos ambientes, a acessibilidade, o apoio de mediação pedagógica, a utilização de materiais apropriados e o respeito às diferenças. No entanto, as questões curriculares, especialmente no que diz respeito à avaliação da aprendizagem, ainda representam um obstáculo, uma vez que exigem uma reestruturação das práticas pedagógicas para atender à diversidade.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) representa um desafio significativo no contexto educacional, exigindo estratégias pedagógicas adaptadas e uma abordagem inclusiva por parte dos docentes. Esta revisão de literatura tem como objetivo mapear os principais obstáculos enfrentados no processo de inclusão de alunos com TDAH, visando identificar as lacunas de pesquisa e identificar as ênfases temáticas, teóricas e metodológicas. Bem como destacar os resultados e lacunas encontrado nesses trabalhos, enfatizando os subtemas, datas e locais de produção, os primeiros estudos sobre o tema, as teorias e autores e as metodologias.
2 METÓDOLOGIA
Esta revisão adotou uma abordagem sistemática e analítica, baseada em critérios pré- definidos para seleção e avaliação de estudos. Serão incluídos artigos científicos, teses ou dissertações publicadas entre 2021 e 2025, abrangendo os principais obstáculos enfrentados por educadores e alunos com TDAH.
As publicações foram localizadas em bases de dados acadêmicas, como periódicos que integram a biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library Online, e teses e dissertações publicadas no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, utilizando combinações de palavras-chave como “TDAH and educação”, “desafios docentes and TDAH” e “metodologias inclusivas and TDAH”. A seleção priorizará estudos empíricos, revisões teóricas e relatos de experiência, excluindo trabalhos sem revisão por pares ou fora do contexto educacional.
Para a análise, será aplicada uma matriz de extração de dados contendo local de pesquisa, metodologia, principais resultados e lacunas identificadas. Será realizada uma análise cronológica para identificar a evolução das discussões sobre TDAH na educação, destacando os primeiros estudos e as mudanças nas abordagens ao longo do tempo. A interpretação dos dados considerará as teorias mais citadas, como a perspectiva neuropsicológica Barkley (1997) e as abordagens inclusivas Mantoan (2003). A discussão integrará os achados aos debates contemporâneos sobre educação inclusiva, reforçando a relevância do tema para educadores.
3 RESSULTADOS E DISCUSSÕES
Para a elaboração deste estudo, foram identificados 687 trabalhos, sendo 447 na SCIELO e 240 na BDTD, onde usando os filtros, de idioma e data, chegaram a um total de 56 trabalhos, que após análise dos resumos, foram selecionados 6 trabalhos que se apresentam relevantes para a temática investigada. A seleção dos artigos foi baseada em critérios de inclusão predefinidos, como recorte temporal, pertinência ao tema e qualidade metodológica.
Após a seleção, os artigos foram submetidos a uma análise crítica, com extração de dados referentes aos objetivos, metodologias, resultados e lacunas. Os achados foram analisados de forma comparativa, permitindo a identificação de consensos, divergências e lacunas na literatura, fundamentando assim as discussões e conclusões deste trabalho.
O Quadro 1 apresenta a primeira parte dos resultados da revisão, onde apresentam os locais de pesquisa, os primeiros estudos sobre a temática e os subtemas abortados em cada pesquisa. Os principais estudos e temas relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), abrangendo desde suas primeiras descrições no século XIX até discussões contemporâneas sobre inclusão escolar e políticas públicas. A análise parte de fontes diversificadas, como a SCIELO e a BDTD, que reúnem pesquisas históricas, pedagógicas e críticas sobre o tema.
Os dados revelam não apenas a evolução do entendimento científico do TDAH, mas também os desafios práticos enfrentados no ambiente educacional, como medicalização, estratégias de ensino e formação docente. Essa compilação destaca a multidimensionalidade do transtorno, que exige abordagens interdisciplinares para promover autonomia, equidade e efetividade no processo de inclusão. Assim, o quadro serve como base para reflexões sobre como integrar teoria e prática no apoio a indivíduos com TDAH.
Quadro 1 – Resultados do levantamento – parte 1

Fonte: elaborado pelos(as) autores(as)
O Quadro 2 apresenta os resultados a segunda parte do levantamento sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no contexto educacional, destacando teorias, metodologias e lacunas identificadas em diferentes pesquisas. Com base em autores como Barkley, Vygotsky e Freire, os estudos abordam desde estratégias pedagógicas até críticas à medicalização excessiva, revelando desafios comuns na inclusão de alunos com TDAH.
As metodologias empregadas são majoritariamente qualitativas, utilizando análise de conteúdo, registros de campo e abordagens discursivas, o que evidencia a complexidade do tema. Esta análise busca explorar os principais achados e lacunas apontados no quadro, discutindo suas implicações para a prática educacional e a formação docente.
Quadro 2 – Resultados do levantamento – parte 2

Fonte: elaborado pelos(as) autores(as)
3.1 Primeiros estudos, locais onde o tema é mais pesquisado e os subtemas associados
O Quadro 1 apresenta um levantamento de estudos sobre o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e temas correlatos, destacando a evolução histórica e as abordagens pedagógicas. Os primeiros registros remontam a George Still (1902), que descreveu características do TDAH, enquanto Barkley (1997) aprofundou a compreensão sobre o autocontrole. A pesquisa também menciona Alexander Crichton (1798), evidenciando que o interesse pelo tema é anterior ao século XX. Esses estudos históricos são complementados por análises contemporâneas, como as de Araújo (2006) e Rodrigues (2019), que discutem políticas públicas e representações sociais. A linha do tempo demonstra uma trajetória de ampliação do conhecimento sobre o TDAH.
Os subtemas abordados revelam uma preocupação com a aplicação prática do conhecimento, especialmente no ambiente escolar. Tópicos como “TDAH no Ambiente Escolar” e “Estratégias Pedagógicas para Alunos com TDAH” destacam a necessidade de adaptações metodológicas para inclusão. A gamificação e a ludificação aparecem como estratégias inovadoras, enquanto questões como “Diagnósticos e Práticas Inclusivas” refletem os desafios da medicalização e da normatização. A teoria histórico-cultural de Vygotsky é citada como base para entender o desenvolvimento desses alunos. Esses subtemas ilustram a intersecção entre educação, saúde e sociedade.
As fontes utilizadas indicam a diversidade de perspectivas, desde artigos científicos até teses e dissertações. Ivan Illich (1975) contribui com uma crítica à medicalização excessiva, tema ainda relevante hoje. Já as discussões sobre “Normalidade e Diferença” e “Inclusão Escolar” mostram a complexidade do tema, que envolve aspectos éticos e legais. A presença de termos como “Promoção da Autonomia” e “Processo de Inclusão efetiva” sugere um enfoque no empoderamento dos indivíduos com TDAH. Essa variedade de abordagens enriquece o debate e orienta práticas mais inclusivas.
Os trabalhos destacam a importância de integrar conhecimentos históricos, teóricos e práticos para avançar na inclusão de alunos com TDAH. A recorrência de temas como legislação, formação docente e estratégias pedagógicas reforça a necessidade de políticas públicas eficazes. A pesquisa aponta para a valorização de saberes docentes e a superação de desafios como o diagnóstico preciso e a medicalização adequada. Em síntese, os dados destacam a multidimensionalidade do TDAH, exigindo ações interdisciplinares e comprometidas com a equidade educacional.
3.2 Principais teorias, metodologias, resultados e lacunas
O quadro 2 apresenta uma diversidade de teorias e autores que fundamentam as pesquisas sobre TDAH e educação, destacando-se Barkley, Mattos, Vygotsky e Freire, entre outros. As metodologias empregadas são predominantemente qualitativas, com ênfase em análise de conteúdo, abordagens discursivas e registros de campo, o que evidencia a complexidade do tema.
Os resultados apontam para desafios comuns, como a falta de capacitação docente e a superlotação de turmas, que dificultam a inclusão efetiva de alunos com TDAH. O que dialogam diretamente com UNESCO (2021), que destacam a necessidade de formação continuada e políticas públicas eficazes. Além disso, as lacunas identificadas revelam a necessidade de explorar os efeitos a longo prazo da gamificação e outras estratégias lúdicas no processo de aprendizagem. Pappas (2020), destaca o potencial da gamificação para engajar alunos com dificuldades de atenção, desde que integradas a um planejamento pedagógico consistente.
A formação docente emerge como um ponto crítico, com estudos apontando fragilidades na comunicação entre escolas, famílias e profissionais da saúde, além da pouca atenção a barreiras não médicas. Práticas bem-sucedidas não são compartilhadas entre os educadores, o que limita a disseminação de conhecimentos eficazes. A abordagem paternalista, focada no TDAH como um problema de saúde, também é criticada, destacando- se a necessidade de valorizar a autonomia e a dignidade dos alunos. Essas lacunas reforçam a importância de uma formação continuada que aborde as dimensões pedagógicas, sociais e emocionais do TDAH.
A medicalização excessiva e a rotulação de estudantes são problemas recorrentes, conforme evidenciado nas pesquisas que utilizam abordagens foucaultianas e nietzschianas. Há uma carência de práticas pedagógicas que respeitem as singularidades dos alunos, além de limitações no processo diagnóstico, como a escuta insuficiente das crianças. A interseccionalidade, que poderia enriquecer a compreensão do TDAH em contextos diversos, é pouco explorada. Esses achados sugerem a urgência de políticas e práticas que promovam a inclusão sem reducionismos biológicos ou normativos.
A crítica à medicalização excessiva e à rotulação de estudantes, presente no quadro, encontra eco em trabalhos como o de Ortega e Vidal (2023), que alertam para os riscos de patologizar diferenças cognitivas. Daniels (2021), defende práticas pedagógicas centradas no aluno, como as baseadas na teoria de Vygotsky, que enfatizam a mediação e o desenvolvimento de habilidades sociais. Além disso, a falta de articulação entre saúde e educação, destacada no quadro, vai de encontro com o que Mitchell (2023) aponta, o que é um obstáculo amplamente discutido, com autores defendendo a atuação multidisciplinar para evitar diagnósticos precipitados e promover intervenções mais holísticas.
O papel do psicopedagogo é destacado como fundamental para criar ambientes inclusivos e adaptar práticas pedagógicas, evitando diagnósticos precipitados. No entanto, a falta de regulamentação e a integração insuficiente entre diferentes áreas profissionais limitam sua atuação. A teoria Histórico-Cultural de Vygotsky (1987), e as contribuições de Freire ressaltam a necessidade de políticas específicas e formação continuada para os professores. A ausência de registros oficiais e a desarticulação entre saúde e educação são obstáculos significativos para a implementação efetiva das leis de inclusão.
Em síntese, os dados do quadro revelam um cenário multifacetado, onde as lacunas na formação docente, a medicalização excessiva e a falta de políticas articuladas são desafios centrais na rotina do educador e do aluno. As pesquisas analisadas apontam na direção da necessidade de abordagens multidisciplinares, valorizando práticas lúdicas, a autonomia dos alunos e a escuta ativa de suas vivências. A gamificação e outras estratégias inovadoras mostram potencial, mas carecem de estudos longitudinais que avaliem seu impacto. Armstrong (2020), destaca que uma mudança de paradigma que valorize a neurodiversidade passa também pela articulação entre teoria e prática, bem como entre educação e saúde, é essencial para avançar na inclusão efetiva de alunos com TDAH.
A relevância desse tema para educadores é inegável, pois os dados obtidos nesse trabalho e a literatura recente convergem para a urgência de uma prática docente mais reflexiva e informada. A inclusão efetiva de alunos com TDAH demanda não apenas recursos tecnológicos, mas também uma postura acolhedora e flexível, capaz de reconhecer as singularidades de cada aprendiz. Assim, a discussão sobre TDAH e educação inclusiva transcende o âmbito pedagógico, configurando-se como uma questão ética e social essencial para a construção de escolas verdadeiramente equitativas.
4. CONCLUSÃO
Este trabalho buscou mapear os principais desafios enfrentados pelos docentes na inclusão de crianças com TDAH, identificando lacunas na pesquisa e analisando as abordagens teóricas e metodológicas mais relevantes. Os resultados demonstraram que, embora haja avanços nas discussões sobre estratégias pedagógicas inclusivas, como gamificação e ludificação, persistem obstáculos significativos, como a falta de capacitação docente, superlotação de turmas e medicalização excessiva. Esses fatores comprometem a efetividade da inclusão, reforçando a necessidade de políticas públicas mais robustas e formação continuada para os educadores.
A análise revelou ainda que as práticas educacionais muitas vezes negligenciam a autonomia e as singularidades dos alunos com TDAH, priorizando uma abordagem paternalista ou centrada no diagnóstico médico. Teorias como as de Vygotsky e Freire destacam a importância de metodologias que valorizem a mediação pedagógica e o desenvolvimento integral, enquanto críticas à medicalização excessiva, baseadas em Foucault e Nietzsche, alertam para os riscos da rotulação e da padronização. Essas perspectivas apontam para a urgência de um modelo educacional mais flexível e acolhedor, capaz de integrar saúde, educação e sociedade.
Por fim, conclui-se que a inclusão efetiva de alunos com TDAH exige uma ação multidisciplinar, articulando conhecimentos teóricos, práticas inovadoras e políticas públicas consistentes. A gamificação e outras estratégias lúdicas mostram potencial, mas carecem de estudos longitudinais que comprovem seu impacto a longo prazo. Além disso, é essencial ampliar o diálogo entre escolas, famílias e profissionais da saúde, garantindo que as singularidades desses alunos sejam respeitadas. Assim, este trabalho reforça a importância de repensar as práticas educacionais, visando não apenas à inclusão, mas à construção de um ambiente verdadeiramente equitativo e transformador.
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1 Discente do Curso de Mestrado em Ciências da Educação, pela Facultad de Ciências Sociales interamericana/FICS; Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico: Supervisão, Orientação, Inspeção e Administração Escolar – FACUMINAS; Especialista em Educação Especial – FACUMINAS; Graduada em Letras com Habilitação em Língua Inglesa – UNAMA; Graduada em Licenciatura em Pedagogia – UFRA; e- mail: jvjn48@gmail.com.
2 Doutor em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação da Faculdade Interamericana de Ciências Sociais – FICS; Mestre em Educação e Cultural pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura pela Universidade Federal do Pará – UFPA; Mestre em Ciências da Educação – FICS; Especialista em Gestão e Planejamento da Educação – UFPA; Especialista em Gestão Financeira e de Projetos Sociais – Faculdade de Patrocinio -FAP; Graduado em pedagogia – UFPA; Graduado em Letras Habilitação em Língua Inglesa – UFPA; Graduado em Sociologia – UNIASSELVI; Acadêmico de Direito pela Faculdade Estratego. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7169-2716.