POSTPARTUM DEPRESSION: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11370007
Lucas Rodrigues Barcelos1
Nathália Pascoal2
Adriana Karim de AraújoNogueira3
Matheus Antônio Oliveira Martins4
Douglas José Angel5
RESUMO
Introdução: A presente pesquisa aborda sobre um tema de grande relevância, mas que não é tão enfatizada como necessária, a depressão pós-parto, que acomete frequentemente as mulheres e que não têm a visibilidade necessária, ou seja, ações estratégicas eminentes as informações, conteúdos e demais preceitos que conscientizem as mulheres. Objetivo: apresentar as caracterizações e pressupostos sobre a depressão pós-parto. Métodos: o método aplicado para a realização deste estudo é uma revisão sistemática de literatura, na qual o autor, por meio de leituras em artigos e periódicos, revistas de medicinas, apresentou sua percepção acerca do tema, em ressalva que descritores foram aplicados para tal. Resultados: foram selecionados 9 (nove) artigos que deram sustentação literária, e todos mencionaram a importância do desenvolvimento de ações estratégicas para as mulheres, se atendo aos sinais e sintomas preexistentes. Conclusão: concluiu-se que não existem muitas literaturas sobre o tema, sendo necessário que haja maiores cuidados, apontamentos de meios que conscientizem as mulheres sobre a depressão pós-parto e seus efeitos, além de estabelecerem o tratamento adequado.
Palavras-chave: Depressão. Depressão pós-parto. Gravidez. Puerpério.
ABSTRACT
Introduction: This research deals with a topic of great relevance, but which is not as emphasized as necessary, postpartum depression, which often affects women and who do not have the necessary visibility, that is, strategic actions eminent information, content and other precepts that make women aware. Objective: to present the characterizations and assumptions about postpartum depression. Methods: the method applied to carry out this study is a systematic review of the literature, in which the author, through readings in articles and journals, medical journals, presented his perception of the subject, with the caveat that descriptors were applied for such. Results: 9 (nine) articles were selected that provided literary support, and all mentioned the importance of developing strategic actions for women, paying attention to preexisting signs and symptoms. Conclusion: it was concluded that there are not many literatures on the subject, requiring greater care, notes of means that make women aware of postpartum depression and its effects, in addition to establishing the appropriate treatment.
Keywords: Depression. Baby blues. Pregnancy. Puerperium.
INTRODUÇÃO
De acordo com Poquiviqui1 a gravidez é um período de grande significatividade na vida da mulher, um fenômeno que acarreta uma série de mudanças, sendo considerada delicada, com transformações biológicas, emocionais, sociais, dentre outras, que são capazes de envolver outras pessoas, no entanto, junto com essas mudanças vem as questões hormonais do período, fenômeno pelo qual poderá acarretar com a depressão pós-parto.
Com tantas modificações físicas e mudanças na vida da mulher, consequentemente, o fator psicológico é afetado, afinal, é uma fase de adaptação e de desarmonia entre o corpo e a mente, os hormônios alterados compactuam com o surgimento dos sentimentos de medo, angústia, desesperança, insegurança, dentre outros, sobrecarregando o emocional da mulher, em caso da gravidez não planejada, o que a torna mais vulnerável ainda2.
A depressão pós-parto é uma das grandes preocupações no caso em questão, problema de saúde pública que acarreta com transtorno a saúde materna e ainda o desenvolvimento do filho, de acordo com Pereira3 é considerada como um distúrbio psicológico condicionadas as gestantes e puérperas, o período de estabilidade emocional da mulher, provocando alterações de cunho emocionais, cognitivos, comportamentais, físicas e que levam até semanas após o parto.
Diante ao que vem sendo abordado, a mãe se depara com dificuldades, as transformações corporais e mentais e outras situações poderão contribuir para o desenvolvimento da depressão pós-parto. Qual a importância da equipe multidisciplinar de saúde no tratamento da depressão pós parto?
A importância da escolha e desenvolvimento da temática compete na situação de que a depressão pós-parto que é pouco discutida e, consequentemente, poucas ações na promoção de saúde, sem que seja dada a importância necessária as condições psicológicas da gestante/puérpera.
O objetivo deste estudo é apresentar as transformações que ocorrem na mulher diagnosticada com depressão pós-parto e as modificações que estão relacionadas aos distúrbios recorrentes no período puerperal.
MATERIAIS E MÉTODOS
A partir de então, serão discorridos as técnicas e procedimentos utilizados para o levantamento do estudo, caracterizado como uma pesquisa literária em que o autor por meio de estudos e leituras pode apresentar sua percepção sobre a temática.
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
O método aplicado no processo de conhecimento deste estudo corresponde ao dedutivo, pois com base em questões já elaboradas, esse estudo foi levantado e formulado, com argumentos gerais condizentes como verdadeiro, respaldando a lógica entre as premissas gerais e os particulares, aderindo à conclusão com meios alternativos para aprimoramentos a serem aplicados.
Além disso, o estudo é de natureza básica por ter objetivos expressos com o intuito de gerar conhecimento e com utilidade dentro da temática, de forma breve e sucinta apresentar um estudo direto e com a aplicação na obtenção de um modelo que produz uma vertente já abordada, mas inovadora, com a praticidade de compreender o que está sendo relatado.
Nesse segmento, a pesquisa aplica o conhecimento que já é sabido, isso indica que o autor por meio de seus estudos apresentará sua versão teórica acerca da depressão pós-parto, na busca de aumentar o saber de determinado assunto, que por meio de questionamentos foi sendo produzido, compactuando entre a comunidade científica junto a geral.
O objetivo metodológico é uma pesquisa descritiva que visa apresentação do tema como uma análise sucinta com informações necessárias e essenciais que contribuem com o conhecimento do leitor, assim como a descrição de suas características e funções, registrando e interpretando os fatos com o levantamento literário.
COLETA DE DADOS
Ao realizar a coleta de dados foi estabelecido o contato direto com a temática, como a familiarização e a busca para aprimoramento da temática, assim como a possibilidade de recolhimento das percepções sobre a depressão pós-parto com a abordagem relevante na busca de artigos em revistas médicas e ainda no Google acadêmico, utilizando o material literário com informações atualizadas.
A revisão sistemática de literatura foi utilizada com materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses, além de ser realizado com a constituição de uma pesquisa descritiva, o que enseja o registro de fatos sem a interferência, essa etapa é fundamental no que tange a influência das demais, pois dá embasamento teórico de como o assunto será desenvolvido.
É imprescindível, a auto explicação e a limitação da publicação, com as formas de acesso aos dados coletados, mas aderindo a cautela quanto à origem dos fatos, o autor aderiu estratégias na busca com disponibilidade e o aprimoramento dessa pesquisa.
ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo será elaborado de acordo com as normas e diretrizes da Lei que regula os Direitos Autorais de Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Desta forma, o conceito “direitos autorais” engloba tanto os direitos de autor propriamente dito como os direitos que lhe são conexos. Esta lei assegura a qualquer autor a segurança de sua obra, pois a violação dos direitos autorais é considerada crime, podendo pagar com detenção de três meses a um ano, ou multa4.
Conceitua-se Direitos Autorais como o direito e patrimônio pertencente a um autor sobre sua criação, podendo reivindicar a qualquer momento a autoria de sua obra, de ter o seu nome na obra, utilizar a obra para qualquer modalidade, tais como a reprodução parcial ou integra, edição, arranjo, adaptação, transformação e tradução para qualquer idioma. Sendo proibida qualquer reprodução sem permissão, indicação de nome e origem do autor da obra5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a sustentação teórica dessa pesquisa e com base na compreensão sobre o embasamento desenvolvido, serão apresentados os principais materiais que foram selecionados, corroborando com seus principais achados. A tabela abaixo compete a demonstração dos dados baseados em 9 (nove) artigos, seguindo com a título, o autor, ano e caracterizações.
Tabela 1 – Filtragem dos artigos segundo combinações dos DeCS
Nº | Título | Autor/ano | Principais Resultados | Desfecho |
01 | O papel da equipe de saúde no enfrentamento da depressão pós-parto | Nayara Torres Quintão – 2014 | O estudo sobre a depressão pós-parto (DPP), por esta causar grande impacto na vida das mulheres, devido as várias alterações nos aspectos fisiológicos, sociais, emocionais, psicológicos e culturais, e por ser compreendida como um problema de saúde pública. | A pesquisa foi primordial para o reconhecimento dos sintomas de DPP na puérpera, mostrando a importância do trabalho da equipe de saúde no papel do acompanhamento de mulheres que apresentam essa patologia, na realização de estratégias para atuar na promoção da saúde da mulher e de seus familiares, e na prevenção de agravos, visando a humanização pós- parto. |
02 | Depressão pós-parto: a importância do diagnóstico precoce | Tatiane Batista Pereira – 2013 | Identificar em literaturas sobre depressão pós-parto os conhecimentos científicos produzidos sobre o tema, como definição,sintomas e prevenção emorientações sobre o diagnóstico precoce e o período do puerpério. | O profissional de saúde tem papel importante,como observar os sinais e sintomas durante as consultas de enfermagem para que se possa ter condutas adequadas e também da família, apoiando e ajudando a mãe a se adaptar nessa importante fase de transição. |
03 | Depressão pós-parto em mulheres brasileiras: uma revisão sistemática da literatura | Susamari Candido Poquiviqui – 2021 | A partir das análises dos dados,observou-se que, embora os estudos sobre essa temática sejam escassos, os dados permitiram compreender que ao longo do período pós-parto as mulheres que apresentaram sintomas de DPP, algumas variáveis estavamassociadas, como falta de suporte familiar, baixo perfil econômico e falta de acompanhamento profissional especializado em questões de problemáticas,como a DPP, relacionadas a esse período. | Conclui-se que a DPP envolve várias questões, mas ainda são necessários mais estudos, inclusive com populações específicas como a comunidade indígena para melhor compreensão das questões relacionadas a DPP considerando o contexto cultural. |
04 | Prevalência e incidência de depressão pós-parto e sua associação com o apoio social | Rita de Cassia Acioli Barbosa – 2018 | Objetivou-se neste estudo de coorte prospectivo, estimar a prevalência e incidência de depressão pós-parto e verificar a sua associação com o apoio social. | Espera-se que estes dados contribuíam para o desenvolvimento de medidas nas políticas de atenção à saúde. |
05 | A depressão pós-parto e a sua influência na identidade feminina: uma revisão integrativa | Lorenna Velozo Nunes Fernandes Neiva – 2019 | O presente trabalho teve por objetivo identificar os fatores da depressão pós- parto e as influências desse processona identidade feminina, abordando os possíveis prejuízos no contexto familiar e social e na relação mãe e bebê. Tal discussão emerge como uma possibilidade de compreender os fenômenos que afloram neste período, bem como auxiliar e evidenciar a importância de um acompanhamento adequado durante o período puerperal. | Em toda abordagem que trouxe esta revisão integrativa, é possível perceber o quanto a temática é abrangente e oferece diversas possibilidades de compreensão sobre as sintomatologias, que podem influenciar a ocorrência da depressão pós parto e as influências psicológicas de mudanças identitária, pelas novas experiências no percurso da maternidade, na integralidade da saúde mental da mulher no período puerperal. |
06 | Tratamento da depressão pós-parto | Gabriel R. da Costa; Marcos J. R. Argobo – 2020 | Realizar uma revisão bibliográfica sobre o tratamento da depressão pós- parto e sua relação com a amamentação. | Ao longo desse trabalho, perante ao que foi escrito, podemos concluir que o quadro depressivo no período pós-parto é bastante frequente mesmo que, muitas vezes, subdiagnosticado. |
07 | Análise reflexiva: depressão pós-parto e suas consequências emocionais para o binômio mãe e filho no Brasil | Ana Larissa C. Gonçalves;Josimara Alves da Silva – 2020 | A depressão pós- parto (DPP) é um grave problema de saúde que atinge as puérperas. O objetivo deste estudo foi, através de uma revisão reflexiva, analisar quais as consequências da depressão pós-parto para o binômio mãe e filho no Brasil, destacando a importância do apoio psicológico. | Conclui-se que a equipe profissional fique atenta aos primeiros sintomas da depressão pós- parto para que os danos para o binômio mãe e filho possam ser menores. |
08 | Depressão pós-parto: implicações no vínculo mãe- bebê e tratamento baseado em evidências | Bianca Araújo Fontenele; Pedro Henrique Barroso e Silva – 2022 | O presente estudo teve como objetivo geral realizar um levantamento bibliográfico acerca da depressão pós- parto e como ela pode afetar o vínculo entre a mãe e bebê. | Conclui-se que é necessário pensar em ações de saúde coletiva que revertam de forma significativa esse contexto. Uma equipe multidisciplinar deve realizar o tratamento que permita não se limitar ao uso de medicamentos antidepressivos, mas também acolher e escutar a paciente. |
09 | Prevalência da sintomatologia de depressão pós-parto e fatores associados | Bruna Katerine Godinho Gomes – 2023 | Identificar a prevalência de sintomas de depressão pós-parto e fatores associados em mulheres que tiveram filhos nos últimos 12 meses de 2019 na cidade de Montes Claros/MG. | Identificou-se, uma alta prevalência da sintomatologia, até maior que em estudos citados neste artigo, não obstante, caracterizou diversos fatores de risco que associados à mulher gestante ou com filho menor de um ano, colaboram para o desenvolvimento da depressão-pós parto. |
Fonte: Elaboração própria, 2022 Esses foram os principais achados diante a busca pelos descritores, julgados eficazes e complacentes com os objetivos que foram propostos. A partir de então, será discorrido os principais pontos sobre a temática abordada, enfatizando a depressão pós-parto, seus pressupostos e caracterizações até englobar os tratamentos e a importância da equipe multidisciplinar de saúde.
A depressão é uma doença que acarreta danos seja de cunho físico ou psicológico, e tem como consequência, o pensamento, ou seja, a doença afetiva ou de humor, não significa que é uma fraqueza como muitas pessoas atribuem ao fato, ou a falta de pensamentos positivos ou até mesmo a condição que possa ser superada apenas pela vontade e esforço3.
De acordo com os estudos de Camacho4 a Medicina define a depressão como o mau funcionamento cerebral, diferenciando da má-vontade ou de outras situações que são popularmente apontadas, ela pode se manifestar de diversas formas, constatando em todos os tipos, comprometimento de ânimo, inclusive das atividades que acarretam o prazer do indivíduo.
Com a gravidez, muitas mudanças ocorrem na vida da mulher, o corpo sofre alterações, o psicológico pode ser abalado de acordo com cada situação, e no caso das mulheres que não se prepararam para o momento, tem a maior probabilidade da depressão pós-parto, como sustenta Lai e Huang5 a mulher está sujeita as depressões nos primeiros três meses de gravidez, consequentemente, no quarto mês, essa possibilidade desaparece.
Para Barbosa6 a gravidez e o nascimento de um bebê competem ao período de transição no âmbito familiar, ou seja, possibilidade de que a mulher tenha inúmeros pensamentos, a responsabilidade, e o pós-parto é o período potencialmente de estresse em que ela precisa enfrentar as novas tarefas frente ao seu papel materno, as vivências dramáticas em relação ao seu corpo.
Roveri7 exemplifica que a depressão pós-parto é um transtorno de humor que pode ser iniciado geralmente, no período de até quadro semanas após o parto, tornando a situação mais complexa nos seis primeiros meses, podendo ser de leve intensidade e transitória, agravando ou até mesmo causar a desordem psicótica ou neurose.
Rang8 retrata sobre a depressão pós-parto ser considerada como um distúrbio com combinações de fatores biopsicossociais, dificilmente controláveis e que atuam de forma implacável com o surgimento, apontando pontos sobre a multifatorialidade que poderão desencadear a doença, tais como, a gravidez não desejada, o baixo peso ao nascer, a alimentação do bebê direto na mamadeira, pouca idade da mãe, o fato da mão não estar cansada, parceiro desempregado, grande número de filhos, desemprego após a licença maternidade, morte de pessoas próximas, separação do casal durante a gravidez, antecedentes psiquiátricos anteriores ou durante a gravidez, problemas de tireoide, dentre outras situações.
De acordo com os estudos de Rodrigues e Nogueira9 os transtornos mentais que decorrem no período do pós-parto são divididos em tristeza, depressão puerperal e psicose pós parto. Significa que está intrinsecamente relacionada com o puerpério que poderá ter início durante as seis primeiras semanas após o parto.
Existe uma série de pressupostos que afetam significativamente os pensamentos e psicológico da mãe, além da falta de conhecimento, o despreparo da mãe com os cuidados com seu filho, principalmente se for o primeiro, e em casos que não tem ajuda do pai, são situações que as tornam mais vulneráveis para o desenvolvimento da depressão pós-parto, levando o sentimento de tristeza, desespero, além de lidar com a sensibilidade e as variações hormonais.[1]10
Os estudos sustentados por Baptista11 cernem a Depressão Pós-parto como um distúrbio que possui as mesmas características da depressão habitual, sendo uma depressão difícil de ser diagnosticada e acomete entre 10% e 20% das mulheres, fato que é pouco comentado e não se tem muita literatura enfatizando a situação, pois se trata de um distúrbio que afeta o binômio mãe e filho, o desenvolvimento deste, o que enseja maior cuidado.
Tendo a melhor percepção sobre a depressão pós-parto e seus pressupostos, cabe englobar os fatores associados e os aspectos biopsicossociais, de acordo com Fontenele e Silva12 os fatores ambientais e genéticos são os maiores contribuintes para o desenvolvimento dos transtornos depressivos, porém apresentando causas desconhecidas, com a maior complexidade referente aos fatores genéticos, pois ao serem relacionados aos ambientais, aumenta o risco do desenvolvimento da depressão pós-parto.
Existem outros fatores que podem desencadear com o surgimento da depressão, como as alterações em níveis de neurotransmissores, como a modulação anormal dos neurotransmissores noradrenérgica, colinérgica, serotoninérgica e dopaminérgica, além disso, existem as suspeitas que indicam as possíveis alterações hormonais, conforme já mencionadas, que decorrem do período gestacional e no pósparto que podem contribuir com a ocorrência da Depressão pós-parto12.
De acordo com Coryell e Winukur13 a depressão pós-parto é correspondente ao quadro depressivo com a alta incidência e que poderá acarretar com consequências para as mães e consequentemente, o desenvolvimento do filho, como um importante problema que precisa de mais visibilidade, pois afeta a população feminina e como forma de intervir, criando meios que esclareçam e orientam as mulheres sobre suas causas e efeitos.
Com a sustentação literária do estudo, foi possível constatar os fatores determinantes da depressão pós-parto, relacionado aos biológicos, sociodemográficos, econômicos, antecedentes obstétricos e reprodutivos, antecedentes psiquiátricos, fatores psicossociais, além da importância de se ater aos modelos culturais de comportamento e as expectativas familiares no período de pós- parto2.
Gonçalves e Silva14 destacaram que a formação da identidade da mulher é uma caracterização própria, condicionando as perspectivas biopsicossociais da depressão pós-parto, os dados condicionantes aos critérios de diagnósticos de aferições psiquiátricas também servem como base para a compreensão do estado classificatório da depressão, em ressalva as descrições que poderão compor o campo topográfico dos sintomas, a possibilidade de discutir de forma crítica os processos comuns, sem deixar de considerar os aspectos subjetivos vivenciados por cada mulher.
Para Gomes15 os principais fatores de risco psicossociais condicionados a depressão no puerpério, de acordo com a literatura sustentada, com idade inferior a 16 (dezesseis) anos, história de transtorno psiquiátrico prévio, os eventos estressantes, conflitos conjugais, ser solteira ou divorciada, estar desempregada, dentre outras condições que poderão desencadear com a DPP.
Costa e Argolo16 acreditam na relação intrínseca das mulheres mais suscetíveis aos transtornos de humor no puerpério com o diagnóstico de transtorno disfórico pré- menstrual, que apresentaram sintomas depressivos no segundo ou quarto dia do pós parto, ou com histórico de sensibilidade aumentada para o uso de anticoncepcionais orais. Sendo predominantes o esclarecimento da doença e como colabora para a prevenção de forma que compactue com o tratamento e a recuperação.
Diante ao que vem sendo abordado, a depressão se apresenta de diversas formas, podendo variar de acordo com a personalidade e outros fatores condicionantes, além disso, no caso de mulheres mais vulneráveis e suscetíveis a depressão pós-parto, podendo apresentar os sinais como dores corporais ao invés dos sintomas emocionais, como tristeza, angústia e o medo, assim como os sintomas físicos que poderão proporcionar as sensações das dores vagas e imprecisas como as tonturas, cólicas, falta de ar, dentre outras queixas, o que poderá tornar o diagnóstico mais complexo10.
No ano de 2018, o Ministério da Saúde17 apresentou alguns elementos considerados como sintomatológicos, com a variedade e sua nitidez, sendo sentido na espécie de esgotamento emocional, manifestado nos primeiros meses após o pós- natal, seguindo abaixo:
Humores e sentimentos17
- Sentir-se acabada e triste a maior parte do tempo.
- Sentir-se assustada, em pânico e ansiosa sem motivo.
- Incapaz de apreciar a vida (incluindo a perda de interesse por sexo).
- Incapaz de desejar coisas e rir.
- Sentir-se inútil ou sem valor, um fracasso, e culpar-se sem necessidade quando as coisas dão errado.
- Ter ideias de se ferir e até pensamentos suicidas.
- Incapaz de desejar coisas e rir.
- Tudo parece ser um peso insuperável.
- Incapaz de tomar as menores decisões.
- Dificuldade para concentrar-se e lembrar das coisas.
- Evitar os amigos e o contato social
Sintomas físicos17
- Incapaz de dormir ou comer ou, alternativamente, ter vontade de dormir ou comer o tempo todo.
- Ter sintomas físicos como dores diversas, dores de cabeça e maior vulnerabilidade a infecções.
Figura 1 – Sinais de depressão pós parto
Fonte: Brasil17
Dessa forma, as modificações biológicas e psicológicas da mulher em período puerperal poderão acarretar com diversos distúrbios psiquiátricos, dentre elas, a depressão pós-parto, sentimentos espontâneos que retêm a mulher nos primeiros dias após o parto, expondo com as variações no estado de humor.
Um instrumento utilizado como diagnóstico é a Escala de depressão pós-natal de Edinburg. Essa escala possui dez questões de múltipla escolha às quais é atribuída uma dada pontuação (0-3), é a forma de rastreio mais utilizada, com um valor psicométrico elevado. Posteriormente, essa pontuação é somada e traduz a sintomatologia da paciente durante a última semana. O questionário aborda tanto os sintomas depressivos, quanto a ansiosos. Um valor maior ou igual a 12 é capaz de identificar as mulheres com maior risco de depressão pós-parto. Tal questionário é aplicado geralmente nas 4 a 6 semanas pós-parto16.
De Castro18 em sua pesquisa atenua que a gravidez e o puerpério representam momentos marcantes na vida da mulher, sendo períodos que estão sim relacionados com a saúde mental, precisando de avaliação e atenção especial para cada caso, pois o nascimento do bebê, principalmente em casos de primeiro filho, é um evento propício para desencadear problemas emocionais, principalmente na mãe.
No que compete ao sentimento de insuficiência da mãe, Greinert e Milano19 discorrem sobre o desenvolvimento e a compreensão do sentimento de despreparo, da incapacidade de lidar com a situação em geral, as pressões culturais sofridas pelas mulheres, aumentam os riscos de depressão pós-parto, as complicações obstétricas gestacional.
São muitas as consequências atribuídas pela depressão pós-parto, com a tendência de melancolia, tristeza, apatia e o sentimento de incapacidade de não conseguir cuidar da criança que afeta os primeiros contatos, sendo primordiais nas relações futuras da criança, principalmente condicionada a comunicação e ao desenvolvimento linguístico18.
De acordo com Calesso, Sousa e Moraes20 a depressão pós-parto tem consequências importantes para a criança em diversas áreas do desenvolvimento que afetam a formação do vínculo entre a mãe o bebê, além do desenvolvimento neurológico, cognitivo, psicológico na infância e o desenvolvimento socioemocional na adolescência, aumentando a possibilidade de transtornos emocionais na infância da criança, em que as mães apresentaram depressão com maior gravidade e significatividade.
O que vem sendo enfatizado pelos autores é sobre os impactos causados pela depressão na relação e interação entre a mãe e o bebê, e muitos pesquisadores, como base no estudo sustentado, aponta algumas perdas, que não é física, quando a mãe vai à óbito ou desaparece, mas a emocional, pois, na medida que a mãe, muda suas atitudes negativamente, altera o comportamento de uma boa relação, o que está sendo apontado aqui, não é como se agisse em sã consciência para tais condições, muito pelo contrário, se trata de um distúrbio, de uma doença que precisa de mais visibilidade, de maiores cuidados3.
Para Theme21 a depressão materna em período de pós-parto é apresentada com frequência e afeta a interação da mãe com o bebê, prejudicando pelo fato de não estar sendo criado aquele vínculo inicial, as mães se encontram deprimidas com inseguranças diante as capacitadas maternas, interferindo na relação com o bebê e causando impacto na atenção da criança.
Esses impactos causados pela depressão pós-parto, vão além do que se pode repercutis, de acordo com Scarzello22 o recém-nascido é totalmente dependente de sua mãe, da relação que é criada com ela, configurando o papel primordial para o seu desenvolvimento, sendo indispensável entender a forma como pode ser influenciada, no entanto, cada mãe tem suas próprias manifestações clínicas, ou seja, as posturas diversificadas que afetam a relação com o filho, como no caso da rejeição, maior hostilidade, agressividade e a negligência, apresentando altos níveis de estresse e estabelecendo interações intrusivas com o bebê.
Para Machado e Nasr23 a depressão pós-parto gera efeitos indesejáveis sobre a relação mãe e bebê, podendo influenciar negativamente em seu desenvolvimento, pois em seus primeiros dias de vida, os bebês têm a capacidade de percepção da proximidade do cuidador, o afeto, ou seja, a primeira pessoa, consequentemente, sua mãe, no qual oferece cuidados frágeis, gerando maior insegurança devido ao atual estado.
As mães depressivas não conseguem desenvolver o processo de comunicação, a interação, conversando menos com o bebê, e consequentemente, com menos contato físico, podendo apresentar as dificuldades quanto a amamentação, repercussões para os filhos, apresentando dificuldades no processo de amamentação, a falta dos cuidados iniciais adequados, a desordem emocional, cognitiva e comportamentais, os distúrbios do sono, atrasos no desenvolvimento da linguagem e do crescimento24.
Diante a consideração e compreensão acerca da Depressão pós-parto, algumas mulheres não preencher os critérios que consolidam a doença, mas apresentam sintomas, o que não pode ser confundido, pois se tratam de transtornos mentais comuns, que provocam apenas alterações habituais, enquanto que a primeira é bem frequentemente, mas pouco diagnosticada16.
Sendo assim, os profissionais da saúde são fundamentais nessa situação, desempenhando o papel fundamental da percepção de indícios do surgimento da depressão pós-parto em puérpera, a fim de amenizar as consequências para a mãe, o recém-nascido e a família como um todo, sendo necessário conhecer os sinais e sintomas que permeiam a doença para que consigam detectar mais precisamente o problema e alcançar o tratamento necessário.
CONCLUSÃO
Diante ao que foi apresentado, com os resultados dos estudos que foram selecionados, a depressão pós-parto predispõe as mulheres, acarretando uma série de doenças físicas e mentais, e consequentemente, as alterações na relação entre a mãe e o bebê, os resultados apontam a necessidade de identificação precoce da doença e o acompanhamento da mulher logo após o parto, dando apoios e ainda com intervenções psicossociais e médicas que poderão aprimorar a saúde mental e física da mãe.
Portanto, existe a necessidade de mais estudos sobre os motivos e entendimento sobre a depressão pós-parto, sendo necessário elaborar planejamentos estratégicos necessários com ações da saúde coletiva que revertam a forma significativa da contextualização, além de realizar o tratamento adequado de acordo com cada caso, acolhendo e escutando a paciente.
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[1] Os hormônios são amiúdes que implicam na oscilação de humor das mulheres e podem estar associados ao desenvolvimento de pensamentos que compactuam com o surgimento da depressão pós-parto. O teor do estrogênio e de progesterona declina após o parto, o que pode variar de mulher para mulher, o que explica o fato de apenas um grupo desenvolverem a doença abordada nesta pesquisa.
1Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Ac, Brasil.
2Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Ac, Brasil.
3Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Ac, Brasil.
4Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Ac, Brasil.
5Orientador e Docente do Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, AC, Brasil.