DEPENDÊNCIA EMOCIONAL NA SOCIEDADE MACHISTA E SUAS INFLUÊNCIAS NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11047293


Geize Taiane Da Silva Barros[1]
Ingrid Santana De Andrade[2]
Maria Da Conceição Carvalho Maciel[3]
Diogo Rogério Carlos[4]
José Leandro Aleixo[5]
Luciana Neves[6]


RESUMO

A influência da sociedade machista e dos contos de fadas no desenvolvimento da dependência emocional é um tema complexo e multifacetado. A sociedade machista estabelece padrões de gênero rígidos que podem perpetuar a dependência emocional em algumas pessoas. Os contos de fadas, por sua vez, frequentemente apresentam narrativas em que uma personagem feminina busca a felicidade através da dependência em um relacionamento romântico. Estes contos de fadas tradicionais costumam retratar mulheres como frágeis, passivas e em busca de um “príncipe encantado” como salvação. Essa representação reforça a ideia de que a felicidade e a realização pessoal estão intrinsecamente ligadas a um relacionamento amoroso. Além dos contos de fadas, a sociedade machista reforça estereótipos de gênero que podem impactar o desenvolvimento tanto de homens quanto de mulheres. O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo, compreender como a sociedade machista influência na construção das relações afetivas.

Palavras-chaves: Dependência emocional; Sociedade machista; Relacionamento; Contos de fadas; Violência.

RESUMEN

La influencia de la sociedade sexista y los cuentos de hadas en el desarrollo de la dependencia emocional es um tema complejo y multifacético. La sociedade sexista estabelece estândares de género rígidos que pueden la dependencia emocional em algunas personas. Los cuentos de hadas, as su vez, suelen presentar narrativas em las que um personaje feminino busca la felicidade a través de la dependencia de una relación romántica. Estos cuentos de hadas tradicionales a menudo retratan a las mujeres como frágiles, passivas y em cusca de um “príncipe encantador” para la salvación. Estas representación refuerza la idea de que la felicidad y realización personal están intrinsecamente ligadas a uma relación amorosa. Además de los cuentos de hadas, la sociedad sexista refuerza los esterotipos de género que pueden impactar el desarrollo tanto de hombres como de mujeres. El objetivo de este trabajo de investigación fue comprender como la sociedad sexista influye en la construcción de relaciones afectivas.

Palabras-llaves: Dependencia emocional; Sociedad machista; Relación; Cuentos de hadas; Violencia

1 INTRODUÇÃO

As mulheres desde a infância sofrem influências dos contos de fadas, histórias estas contadas com o intuito de reafirmar a necessidade por um príncipe encantado, um homem perfeito e idealizador do cuidado e do protecionismo. Se fazendo crescer e permeando por todo contexto de busca por um amor que lhe gere segurança e bem-estar, trazendo na mulher conflitos consigo mediante seu autocuidado e valoração, conduzindo estas muitas vezes a relacionamentos abusivos. Relações que retratam muitas vezes o poder, a posse e o controle que o homem desempenha sobre a mulher reforçando assim no imaginário feminino que a partir desses fatores pode-se chegar ao amor ideal. Contribuindo assim para a romantização e naturalização dos relacionamentos abusivos.

Segundo Barretto (2018) o que permeia os relacionamentos abusivos, é a relação de poder e dominação que o abusador tem sobre a vítima. Podemos compreender este poder e dominação como algo característico de uma sociedade machista, que valoriza e incentiva a submissão da mulher para com o homem. Existindo assim um sistema hierárquico dominado por homens que são considerados seres superiores, enquanto as mulheres como seres inferiores, perante a ideologia de uma sociedade machista. Definindo assim o homem como detentor do poder e a mulher como ser passivo. De acordo com os conceitos ideológicos do machismo, ao homem é destinado a ocupação dos espaços públicos, e a mulher é destinada a ocupar os espaços privados do lar, favorecendo assim as diversas formas de opressão sofridas pelas mulheres.

Percebe-se como o modelo social patriarcalista possui bastante influência nos dias atuais, o que faz com que muitas mulheres permaneçam em relacionamentos abusivos e violentos por submeterem-se a uma ordem tida por muitos como natural. Veem-se homens ainda sendo colocados e se colocando na posição de detentor do poder e, consequentemente, do saber no que se refere às decisões a serem tomadas. O resultado visto é o aumento de violência nas relações amorosas e a retirada de direitos e liberdades de mulheres que vivenciam tal relacionamento. (Gomes; Assunção, 2021, p. 274).

Pode-se a partir destes conceitos entender como se dá a influência do machismo na manutenção de relacionamentos abusivos vivenciados por mulheres. Uma construção social que se dá desde a infância, onde as meninas são colocadas como seres passivos, e que devem obediência principalmente a figura masculina do pai, e após o casamento a obediência deve ser destinada ao marido. Contribuindo assim para a dependência emocional, que pode ser entendida como:

[…] pode ser uma condição que pode contribuir para a manutenção de relações abusivas, tal afirmativa é apontada nos mais variados tipos de relações nas quais envolve familiares, amizades, relacionamentos afetivos sexuais etc. (Carvalho; Freitas, 2022, p. 431).

As mulheres estão entre as principais vítimas da dependência emocional, uma vez que muitos dos comportamentos desenvolvidos pelas dependentes são esperados e reforçados no meio social, ao qual está inserida. Foi pensando neste contexto, a partir de experiências pessoais vivenciadas dentro de relacionamentos abusivos, se percebeu a importância de refletir sobre a temática, pois os relacionamentos afetivos permeiam a vida das mulheres, compreendendo assim como a sociedade machista influência na construção destas relações.

Levando em consideração o cenário descrito, inicialmente contextualizaremos a mulher na sociedade machista e as implicações desta para os construtos fantasiosos dos contos de fadas. Posteriormente refletiremos sobre a dependência emocional e as alusões desta para permanência nos relacionamentos abusivos. Em seguida, finalizaremos a comunicação elucidando compreensões possíveis acerca das dificuldades vividas no rompimento do ciclo de violência.

Desta feita, este estudo tem por interesse realizar uma análise sobre a influência da sociedade machista na dependência emocional. Visto que se trata de um tema pouco estudado dentro do meio social e acadêmico, no entanto com grande potencial gerador na construção das mulheres no desempenho destas por todas suas vidas. Discussão de grande valia para o construto do psicólogo e da sua ação clínica e social, frente ao ciclo de violência, e ao sofrimento de mulheres em situações de riscos.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA

O presente estudo traz uma abordagem qualitativa, tendo como metodologia o caráter descritivo. Com relação aos procedimentos estabelecidos realizamos revisões bibliográficas, visando compreender a relação da dependência emocional em mulheres e de que modo a sociedade machista influência a sua permanência nesse relacionamento.

“A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes.” (MINAYO, 2009, p. 21).

Foram utilizados livros e artigos científicos das bases Google Acadêmico, SciELO (Scientific Eletronic Library Online), PePsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia) e Periódicos CAPES, com descritores dependência emocional afetiva, dependência emocional relacionamentos, sociedade machista e patriarcal e dependência emocional relacionamentos abusivos, sendo selecionado 27 artigos, tendo sua publicação no período de 2006 a 2022 no idioma selecionado português, e 3 livros. Salienta-se as dificuldades em selecionar artigos que abordem a temática proposta neste trabalho, o que é reflexo da baixa publicação relacionada com o tema proposto. Destaca-se a relevância e importância de ampliação de estudo e pesquisa frente ao tema, em especial nas abordagens da psicologia, que possui como finalidade ressignificar a vivência destas mulheres.

3 CASTELO DE AREIA E A EXPECTATIVA DO FELIZES PARA SEMPRE

“Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão, meu bem
Quando acordou, estava sem ninguém”
(Erasmo Carlos, 1982)

Quem nunca sonhou viver uma história de amor como os dos contos de fadas, ser salva por um lindo príncipe, morar em um castelo e viver os tão sonhados “felizes para sempre”? Histórias como da Branca de Neve, A Bela Adormecida, A Bela e a Fera, Cinderela e tantas outras, são elementos marcantes da infância de muitas mulheres que cresceram cercadas destas histórias. De acordo com Amarante (2022), as crianças já nascem inseridas em uma sociedade machista, a partir do consumo destas narrativas.

As histórias infantis mais famosas do mundo desenvolvem-se em torno do amor. No geral, os enredos fantasiosos possuem uma personagem feminina que, depois de muito sofrer e superar conflitos, encontra no beijo do príncipe encantado a salvação que a garante o famoso “felizes para sempre”. Assim foi com A Branca de Neve, A Bela Adormecida, Rapunzel, A Pequena Sereia e também A Bela e a Fera. O que todas essas histórias têm em comum além do príncipe e do “felizes para sempre”? A felicidade dessas mulheres só foi atingida depois de encontrar o homem de suas vidas. (Sousa, 2018, p. 24).

Estás narrativas giram em torno de mulheres que vivem à mercê de suas famílias, ao qual são negligenciadas e consideradas como serviçais. As personagens são retratadas, por mulheres que demonstram uma figura infantilizada, sem autonomia, submissas, que necessitam da aprovação do outro, aceitam as ordens a qual são instruídas sem questionamentos, apresentam grande infelicidade. Inseridas nestes contextos de sofrimento, as protagonistas veem suas histórias serem modificadas a partir da chegada do seu “príncipe encantado”, na qual os seus conflitos familiares são resolvidos e encontram ao lado deste príncipe o seu “felizes para sempre.” Estes contos romantizam no imaginário feminino que só existirá felicidade completa após se deparar com seu próprio príncipe encantado. Associando assim a figura feminina como sexo frágil, totalmente dependente da figura masculina.

Para entender-se como se estrutura a sociedade machista ao qual a mulher encontra-se inserida e as implicações que esta estruturação influência em sua vida, faz-se necessário compreender o que seria machismo.

Pode-se compreender o machismo como uma oposição de diretos entre homens e mulheres, havendo assim um grande favorecimento do gênero masculino sobre o feminino. Destinando ao homem a ocupação de espaços de esfera pública, como mercado de trabalho, em contrapartida as mulheres subordinadas aos homens, assumem os cuidados com ambiente privados do lar. “O espaço público, dos homens, é o espaço social, que envolve educação, trabalho, política e literatura. Já o espaço privado, destinado às mulheres, é o espaço da produção e da sobrevivência doméstica e familiar.” (Balbinotti, 2018, p. 247-248). Essa distribuição de poder gera uma grande desigualdade entre os sexos, favorecendo assim os preconceitos e os estigmas destinados as mulheres, confirmando as crenças ideológicas de que o poder sempre pertence ao homem, pois assim como nos contos de fadas a figura central é destinada ao homem.

Estás conjunturas reafirmam a soberania do homem sobre a mulher, impossibilitando assim quebra deste ciclo, pois, são reafirmados desde sua infância, seja por meio das histórias dos contos de fadas que lhes eram contadas, ou por sua própria organização familiar. Sendo o contexto familiar o responsável pela fundação do machismo, propagando-o por meio de costumes, regras, pensamentos, frases e comportamento que sobrepõe o masculino sobre o feminino. É dentro deste cenário que as mulheres aprendem desde cedo qual seu lugar dentro da sociedade, e quais papeis sociais são esperados que desempenhem.

Historicamente, o homem sempre foi considerado o detentor único do poder, e as mulheres sempre se viram excluídas dele, isso condicionou o modo de pensar de ambos, desde o berço: é assim, porque sempre foi assim! Essa representação social, partilhada por todos, ainda mantém os estereótipos, apesar da evolução dos costumes. (Hirigoyen, 2006, p. 75).

Seja na infância por meio de narrativas, no âmbito familiar ou no meio social, todas estás influências pressupõem um modelo ideal de mulher que corresponda aos interesses dos homens, construindo assim um estereótipo de mulher dócil, frágil e submissa, que se perpetua atualmente, sendo reforçado pelas mídias sociais, literaturas, músicas, cinematografias, dentre outros. Apesar dos avanços dos movimentos feministas, ainda persistem dificuldades no rompimento desses ideais, pois, sua estrutura favorece a exploração do homem sobre a mulher, a colocando como uma figura secundária, sobre sua própria existência.

A influência dos contos de fadas não se encontra exclusivamente na organização social, nos papeis sociais desempenhados por homens e mulheres. No entanto, seu impacto estende-se ao campo das relações afetivas, românticas e amorosas. Estas narrativas conduzam-se em torno de mulheres que veem suas vidas modificadas a partir do momento que encontram seu “príncipe encantado”, tendo o casamento como objetivo de realização. Segundo Silva e Rodrigues (2021), as tramas direcionam o futuro das personagens ao casamento e submissão, reforçando assim no imaginário feminino que a felicidade está interligada ao homem e ao casamento.

Portanto, tal obra apresenta um pensamento estereotipado da figura feminina, em que é abordado que se a personagem sofrer bastante conseguirá se casar e, consequentemente, ser muito feliz, como se o matrimônio fosse sinônimo de felicidade, como se não houvesse competência no gênero feminino para findar o sofrimento sozinho. (Silva; Rodrigues, 2021, p. 8).

As mulheres na infância ao terem contato com essas narrativas, almejam reproduzir em suas próprias vidas o encontro com seu “príncipe encantado”, ao qual se casarão e desfrutarão do seu “felizes para sempre”, existindo, assim, uma idealização do amor perfeito, onde precisam abdicar de suas vidas para viverem sua história de amor. A renúncia parte da personagem feminina, que abdica de suas origens, tendo como finalidade enquadrar-se nas normas do homem, reforçando assim a desigualdade sobre os gêneros, perpetuando no imaginário feminino que as abdicações realizadas ao longo de suas vidas serão sua prova de amor. Fortalecendo assim o ideal da mulher passiva, submissa e afável.

É perceptível como estás narrativas geram influência na construção social da identidade e do ideal feminino, ao qual desde sua infância são instruídas a obediência e servidão. Observa-se que estás histórias reproduzem interferência igualmente no ideal masculino que se caracteriza como dominador, viril, pois, “nas narrativas contemporâneas, como nas lendas antigas, o homem é o herói privilegiado.” (Beauvoir, 2019, p. 35). Favorecendo assim uma construção social denominada machista, que instiga a rivalidade entre os gêneros, acarretando uma significativa dificuldade de se debater novas possiblidades de construções sociais, que possibilite gerar novos significados de entender-se o papel da mulher na organização social e estruturação igualitária de direitos entre homens e mulheres.

A partir destes constructos fantasiosos dos contos de fadas, a organização de uma sociedade machista, que fundamenta-se no domínio do homem sobre a mulher, presume-se que isso possa afetar os relacionamentos afetivos, gerando dependência emocional, violência contra mulher e dificuldade na tomada de consciência sobre relacionamentos abusivos.

4 QUANDO AMAR DÓI A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL NOS RELACIONAMENTOS AFETIVOS

“Por quantas vezes, me da raiva te querer
Em concordar com tudo o que você me faz
Já fiz de tudo pra tentar te esquecer
Falta coragem pra dizer que nunca mais”
(Fagner, 1987)

As relações afetivas empreendem um papel importante na vida dos seres humanos, o sentimento que permeia estás relações é o amor. O amor é considerado o combustível principal para se estabelecer um relacionamento amoroso. Foi em nome deste sentimento que surgiram grandes obras-primas, que podem ser encontradas nas obras de artes, na cinematografia, na literatura como o clássico Romeu e Julieta de William Shakespeare, que narra a história de amor de um jovem casal que se apaixonam, mas são proibidos de vivenciar este amor, pois, existe uma rivalidade entre as famílias, tendo como escolha o sacrifício em nome deste amor. Estas narrativas geram influência sobre o que pode-se acreditar ser o amor, desencadeando relacionamentos disfuncionais, que tem como consequência a dependência emocional e relacionamentos abusivos, que são vivenciados em sua grande maioria por mulheres.

Faz-se necessário compreender o que seria dependência emocional, relacionamento abusivo, e quais fatores influenciam as mulheres há serem as principais vítimas, e as dificuldades que estão presentes no rompimento destes relacionamentos.

A dependência emocional é caracterizada por um medo e cuidado excessivo, direcionado ao outro, uma entrega intensa, com o objetivo de evitar o abandono. Segundo Riso (2018), a pessoa dependente emocionalmente do outro não sente segurança afetiva para lidar com as possibilidades de perda, pois, não encontra perspectiva de vida sem sua fonte de amparo emocional, sofrendo assim o que o autor denomina de despersonalização. A despersonalização dentro da dependência emocional pode ser compreendida, como o ser dependente se tornando uma extensão do seu objeto de dependência, a sua funcionalidade está interligada aos desejos e vontade do outro. “Depender da pessoa que se ama é uma maneira de se enterrar em vida, um ato de automutilação psicológica em que o amor-próprio, o autorrespeito e a nossa essência são oferecidos e presenteados irracionalmente.” (Riso, 2018, p. 25). Na dependência emocional à essa entrega exacerbada ao outro, há necessidade de suprir todas as necessidades do outro na relação.

A habilidades nos “seres humanos de estabelecer fortes laços de afeição com pessoas específicas, pode explicar as muitas formas de aflição emocional.” (Bowlby, 1998, p.38). Existem diversos fatores que influenciam os comportamentos dos dependentes emocionais, como baixa tolerância a frustração, medo do abandono, baixa autoestima, questões relacionadas com a formação de vínculo na infância, estás razões podem influenciar a dependência emocional dentro dos relacionamentos afetivos, de acordo com Riso (2018), a dependência emocional pode ser entendida com um vício afetivo, assim como o vício por abuso de substância, jogo patológico, que causa dor, sofrimento a pessoa dependente, que necessita de um olhar mais atento e cuidadoso sobre como as relações estão sendo construídas.

O amor é um assunto difícil e escorregadio e, por isso, assusta. Uma grande porcentagem dos pacientes psicológicos ou psiquiátricos consulta devido a problemas derivados de uma dependência afetiva extrema que os impede de estabelecer relações amorosas adequadas. O vício afetivo tem características de qualquer outra adição, mas com certas peculiaridades que ainda precisas ser estudadas. Não existem campanhas de prevenção primária ou secundária, nem tratamentos muito sistematizados contra o mal do amor. (Riso, 2018, p. 19).

Segundo o Dicionário de Psicologia entende-se dependência como: “1. Tendência para procurar proteção e ajuda, associada a falta de capacidade de decisão, maturidade e autonomia. 2. Comportamento resultante da frustração.” (Mesquita; Duarte, 1996, p. 61). Estar dependente de algo desencadeia no dependente comportamentos que impossibilitam sua autonomia, e o faz recorrer de forma compulsiva ao desejo da substância estimulando assim o vício. Na dependência emocional o vício afetivo concentra-se na relação e no parceiro, desprezando quaisquer vínculos fora do relacionamento que se tem dependência, o dependente não consegue vivenciar suas experiências pessoais sem sua única fonte de apego.

Pode-se compreender que as mulheres apresentam de forma mais recorrente o perfil de dependentes, sendo as principais vítimas da dependência emocional. Elas dependem do outro para se sentirem amadas e felizes, exercendo sobre seus companheiros comportamento de cuidado e atenção excessiva, a fim de suprir as demandas do relacionamento. Podemos observar a influência que a sociedade machista opera sobre as mulheres e suas relações afetivas, se iniciando na infância por meio de narrativas fantasiosas de um amor permeado de dor e sofrimento, durante o processo de sua construção, inserindo-se em uma sociedade que demanda da mulher uma postura que seja de submissão, passiva e dócil, constituindo assim uma grande dificuldade na tomada de consciência por parte das mulheres, sobre o desenvolvimento da dependência emocional, os fazendo normalizar tais comportamentos.

“Dessa forma, a relação vai se mantendo, mesmo com a entrega desmedida, há ainda as coisas boas, que o indivíduo percebe como cômodas e que justificam permanecer nessa relação.” (Araújo, 2020, p. 12). A dificuldade no rompimento da dependência emocional, pode ser compreendida pelas justificativas que o dependente encontra para permanecer na relação, as situações negativas da relação são ocultadas, evitando-se assim o fim. Estes esforços para se manter o relacionamento é realizado apenas por um dos parceiros, sendo desempenhado principalmente pelas mulheres, pois devido a uma construção social o papel de cuidar e zelar pela relação é destinado principalmente a figura feminina.  Os esforços destinados para se manter o relacionamento, afeta significativamente as relações fora do vínculo amoroso, havendo o rompimento de outras vinculações e o afastamento do meio social. Contribuindo assim para as várias formas de violência sofridas por mulheres dentro dos relacionamentos.

A violência contra a mulher ocorre das mais diversificadas formas como violência física, violência sexual, violência patrimonial, violência psicológica e violência moral. De acordo com o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 (Brasil, 2006) são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

As agressões contra as mulheres se manifestam das mais variadas formas, tendo seu início principalmente pela violência psicológica. A violência psicológica inicia-se de forma sutil pelo controle de comportamentos e ações, posteriormente se inicia as ameaças, manipulações, constrangimento, isolamento, perseguição. “Entende-se que a violência psicológica pode tornar-se o primeiro passo para outros tipos de agressões, tais como: física ou até mesmo o feminicídio.” (Siqueira; Rocha, 2019, p. 13). Os comportamentos desempenhados no contexto de violência psicológica são normalizados e entendidos como demonstrações de afeto genuíno, gerando na própria vítima uma dificuldade de identificar que está sofrendo violência. “As marcas de uma agressão física acabam desaparecendo, ao passo que as ofensas, as humilhações deixam marcas indeléveis.” (Hirigoyen, 2006, p. 173). A violência psicológica provoca marcas profundas na vítima, que podem vivenciar o contexto de opressão durante anos ou perdurar por toda sua vida.

Nos levando a compreender alguns fatores que influenciam a permanência das mulheres nestes relacionamentos, mesmo que lhes gerem grandes sofrimentos. Entendendo inicialmente a influência de questões sociais que naturalizam comportamentos violentos por parte dos homens como demonstração de amor, ao passo que compreender o contexto familiar e as construções destes vínculos ainda na infância traz uma grande importância pois está relacionado diretamente como os adultos irão se relacionar futuramente.

Bell Hooks (2021) em seu livro Tudo Sobre o Amor Novas Perspectivas, traz uma ideia da naturalização do abuso na infância, e como isso reverbera na forma como estabeleceremos nossos vínculos afetivos, pois os abusos e agressões são entendidos como uma demonstração de afeto.

A maioria das crianças abusadas física e/ou psicologicamente foi ensinada pelos adultos responsáveis que amor pode coexistir com abuso. E, em casos extremos, que o abuso é uma expressão de amor. Esse pensamento defeituoso com frequência molda nossas percepções adultas do amor. Então, assim como nos apegamos à ideia de que aqueles que nos machucaram quando éramos crianças nos amavam, tentamos racionalizar o fato de sermos machucados por outros adultos, insistindo que eles nos amam. (Hooks, 2021, p. 46).

Partindo deste pressuposto, pode-se compreender a dificuldade que homens e mulheres enfrentam na tomada de consciência sobre a violência, dependência emocional, relacionamentos abusivos. Pois acreditam que comportamentos violentos são uma comprovação do seu afeto, fazendo assim serem produzidas críticas direcionadas em sua grande maioria as mulheres por permanecerem nestas relações, sem serem levados em consideração questões pessoais, familiares e socais. Frente a isso é possível compreender as dificuldades enfrentadas no rompimento do ciclo de violência.

5 POR QUE ELAS NÃO VÃO EMBORA? DIFICULDADES NO ROMPIMENTO DA VIOLÊNCIA

“Quando você gritou mengo
No segundo gol do Zico
Tirei sem pensar o cinto
E bati até cansar”
(João Bosco e Aldair Blanc, 1976)

Atualmente as discussões sobre os tipos de relação estão se ampliando, trazendo assim uma compreensão sobre relacionamento abusivo e como essas vinculações implicam em casos de violência sofrida em sua grande maioria por mulheres, que naturalizam comportamentos abusivos de seus companheiros como demonstrações de afeto. Compreender os motivos que levam as mulheres a permanecerem nestes relacionamentos se torna algo complexo, pois, sentimento de culpa, medo do julgamento, dependência financeira, falta de rede de apoio, crença na mudança do comportamento violento do companheiro, são fatores que influenciam a permanência de mulheres em relações em que são violentadas. O processo de violência não ocorre de formas repentina, o que dificulta o processo de conscientização.

A dificuldade na tomada de consciência sobre a violência vivenciada em seus relacionamentos pode ser compreendida por fatores que associam as agressões sofridas como um processo de ciclo. Este ciclo dificulta a percepção da violência experimentada, reforçando no imaginário feminino a crença de mudança do seu companheiro, e a auto responsabilização pelos episódios de violência sofrida, amenizando assim a situação. Segundo o Instituo Maria da Penha, o ciclo de violência e dividido em três fases, sendo, aumento da tensão, ato de violência e arrependimento e comportamento carinhoso:

Fase 1 AUMENTO DA TENSÃO: Nesse primeiro momento, o agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos.
A mulher tenta acalmar o agressor, fica aflita e evita qualquer conduta que possa “provocá-lo”. As sensações são muitas: tristeza, angústia, medo e desilusão são apenas algumas.
Em geral, a vítima tende a negar que isso está acontecendo com ela, esconde os fatos das demais pessoas e, muitas vezes, acha que fez algo de errado para justificar o comportamento violento do agressor ou que “ele teve um dia ruim no trabalho”, por exemplo. Essa tensão durar dias ou anos, mas como ela aumenta cada vez mais, é muito provável que a situação levará a Fase 2.
Fase 2 ATO DE VIOLÊNCIA: Esta fase corresponde à explosão do agressor, ou seja, a falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial.
Mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de controle e tem um poder destrutivo grande em relação à sua vida o sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Aqui, ela sofre de uma tensão psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade) e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesmo, vergonha, confusão e dor.
Nesse momento, ela pode tomar decisões -as mais comuns são: buscar ajuda, denúncias, esconder-se na casa de amigos ou parentes, pedir separação e até mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento do agressor.
Fase 3 ARREPENDIMENTO E COMPORTAMEBTO CARINHOSO: Também conhecida como “lua de mel”, esta fase se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento diante da sociedade, sobretudo quando o casal tem filhos. Em outras palavras: ela abre mão de seus direitos e recursos, enquanto ele diz que “vai mudar”.
Há um período relativamente calmo, em que a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando também os momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor.
Há um período relativamente calmo, em que a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando também os momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor.
Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte dos sentimentos da mulher. Por fim, a tensão volta e, com ela, as agressões da Fase 1. (Instituto Maria da Penha).
As vítimas por vezes não percebem que estão inseridas neste ciclo, podendo vivenciar este processo durante anos ou a vida toda. Neste processo de término e reconciliação constante, as vítimas podem sentir-se desamparadas, isoladas, abandonadas por seus familiares e amigos, que em tentativas frustradas de apoiar a vítima no processo de término definitivo da relação, irritam-se quando a veem se reconciliar novamente com seu agressor, pois, não compreendem o processo de ascensão dos atos violentos, a responsabilizando assim pela violência sofrida. O processo de culpabilização recai sobre a mulher, culpa por não romper o relacionamento, culpa pelos comportamentos violentos, pois acreditam que está sobre a responsabilidade da mulher a mudança tanto da relação quanto do companheiro, isentando o homem de quaisquer responsabilidade por seus atos.
A mulher assume a culpa que seus parceiros não sente. Ela se torna responsável pelas dificuldades do casal. Na verdade, a culpa se inverte porque a vítima não consegue expressar o que sofreu e censura seu homem por isso. As faltas a que não se dá nome são “carregadas” pelas vítimas, à espera de que sejam reconhecidas por seu autor. Com isso, é dupla a ferida, da qual as vítimas não serão aliviadas. A culpa mascara a agressividade que elas não conseguem sentir (Hirigoyen, 2006, p. 108).
O processo de culpabilização é experienciado pela vítima em todos os âmbitos, internamente sentindo-se responsável pela violência sofrida e externamente quando exponha-se publicamente seu sofrimento, sua vivência. Sente-se desencorajada por amigos e familiares de romper com a relação, pois, podem considerá-lo “alguém acima de qualquer suspeita”, “como ficariam os filhos nessas situação”, “isso e só uma fase”, “você está exagerando”, essas e outras frases as vítimas podem ouvir, e sentirem-se invalidadas diante de seu sofrimento. E preciso considerar que os atos de violência ocorrem em sua grande maioria no âmbito privado do lar, raramente o agressor expõem publicamente seus atos, podendo assim ser descredibilizado o discurso da vítima, quando se pretende efetuar denúncia. As acusações podem ser contestadas, pois, no ambiente público seu companheiro expressa comportamentos que são considerados socialmente aceitos.
As formas de dependência estão associadas as dificuldades vivenciadas por mulheres no rompimento dos ciclos de violência, a dependência financeira reforça a submissão da vítima perante seu agressor. A dependência financeira pode ser entendida como um dos fatores que corroboram para a resistência do rompimento da relação abusiva, onde a vítima não encontra recursos próprios para sua existência, pois, em meio ao processo de violência os homens podem impedir que suas companheiras realizem atividades remuneradas fora do ambiente privado do lar, deixando-a cada vez mais dependentes de si, onde podem exercer sobre suas companheiras total domínio, isto pode tornar-se ainda mais evidente quando se há filhos na relação, dificultando assim o processo de rompimento da relação.
Os motivos que mantêm as mulheres inseridas nos contextos do relacionamento violento são: a convivência com o medo, a dependência financeira e a submissão, até o momento em que decidem realizar a denúncia, e passam por cima do sentimento de pena do marido, do tempo de vida juntos e da anulação durante o relacionamento. (Souza; Ros, 2006, p. 513).O processo de violência inicia-se de modo sútil e impreciso, acarretando a vítima habituação dos comportamentos violentos. De acordo com Hirigoyen (2006) as mulheres vítimas de violência desenvolvem um mecanismo de adaptação à violência, que visam protegerem-se. Neste processo a vítima minimiza os comportamentos que ela compreende poder de alguma forma provocar atitude violenta do seu companheiro, isolando-se de familiares, evitando roupas que o companheiro não se agrada, evitando contato com amigos do sexo oposto, tornado uma luta constante por sua sobrevivência, pois, ao se opor à vontade de seu companheiro, suas atitudes podem gerar consequências que colocam sua integridade física em perigo.

Para ter paz, ela procura não desagradá-lo, antecipa suas reações violentas, faz-se de surda, renuncia às minissaias, à maquiagem, mesmo que logo venha a receber reclamações pelo fato de não ser suficientemente sexy. Ao mesmo tempo, a auto-estima se reduz, a mulher perde toda a segurança, torna-se mais frágil e mais vulnerável. Vivendo em um clima de tensão contínua, habitua-se a isso e o tolera cada vez mais, porque duvida das próprias emoções e até mesmo de sua capacidade de compreender o que está acontecendo. (Hirigoyen, 2006, p. 105).

Mulheres que vivenciam processo de violência se veem solitárias, desamparadas, desacreditadas, invalidadas, resistentes em procurar ajuda adequada. A psicoterapia se torna um ambiente seguro e acolhedor para as vítimas expressarem anos de sofrimento, podendo ser iniciando quando a vítima ainda está dentro do relacionamento ou quando a o rompimento da relação. É de suma importância a procura por ajuda especializada, pois, a psicoterapia vem com o objetivo de ressignificar, reabilitar os fatores emocionais e psicológicos afetados da vítima. Trazer a consciência seu processo de violência reconhecê-lo e nomeá-lo, identificar que tais comportamentos são inaceitáveis, isentar-se da culpa, restaurar a autoestima, estabelecer limites. A fim de auxiliar em novos sentidos a sua existência.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo relacionar a influência da sociedade machista, na dependência emocional, violência contra a mulher e a dificuldade enfrentada pelas mulheres no rompimento do ciclo de violência. Os conceitos ideológicos do machismo se encontram presentes, na literatura por meio dos contos de fadas, na cinematografia, nas músicas que reforçam comportamentos abusivos e violentos, dentre outros.

No desenvolvimento da dependência emocional em mulheres, precisa ser levado em consideração a sociedade ao qual se encontra inserida. A sociedade machista traz no seu desenvolvimento ideológico conceitos criados socialmente, que as mulheres tenham comportamentos de submissão perante a figura masculina, comportamento esse desempenhado pelas dependentes. A sociedade machista pode ser entendida como um mecanismo para a construção da dependência emocional. Dificultando assim a tomada de consciência sobre a violência sofrida por mulheres em seus relacionamentos.

A dependência emocional, a sociedade machista e a violência contra a mulher apresentam influências que precisam serem levadas em consideração quando se pretende elaborar políticas públicas, no enfrentamento da violência sofrida por mulheres. Mas é de grande valia o entendimento destes contextos em principal para o psicólogo tanto na atuação clínica como social, que trazem como objetivo, ressignificar a vivência destas mulheres que permanecem em situação de violência.

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[1] Bacharel em Psicologia (2024) pelo Centro Universitário Mauricio de Nassau.

[2] Professora do Centro Universitário Maurício de Nassau – Caruaru-PE, graduada em Bacharelado em Psicologia pela UPE, especialista em Psicologia Hospitalar pela FAVIP.

[3] Doutora em Educação Contemporânea (2022) pela UFPE; Mestre em Saúde Coletiva e Gestão Hospitalar (2015); Especialista em Saúde Pública. Graduação em Serviço Social pela Universidade Católica de Pernambuco (1995). Professora do Centro Universitário Maurício de Nassau, Caruaru.

[4] Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau – Caruaru PE, Mestrando em Psicologia Social – UFLO, Buenos Aires – ARG (2024), Especialista em Análise Existencial e Logoterapia (2021). Graduação em Psicologia pela Unifavip (2012).

[5] Psicólogo pela Universidade Estadual de Pernambuco – UPE (2010), Especialista em Atenção Básica e Saúde da Família, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau – Caruaru PE

[6] Estudante de Psicologia do Centro Universitário Maurício de Nassau, Caruaru-PE.