CUIDADOS PALIATIVOS E SAÚDE: POTENCIALIDADES E DESAFIOS PARA A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL, EM PERÍODO DE PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10085819


Jaqueline Freire da Rocha Santos1
Aline Freire dos Santos2


RESUMO 

A Compreensão de Cuidados Paliativos foi modificada ao longo dos séculos.  A palavra “paliativo” deriva do vocábulo latino pallium, que significa manta ou coberta, e  o conceito de cuidados paliativos teve origem no movimento hospice, tendo como origem  no latim hospes, significando estranho e depois anfitrião; hospitalis significa amigável,  evoluindo para o significado de hospitalidade. Nessa perspectiva, as intervenções paliativista tem se tornado cada vez mais imprescindível, em todas as esferas de atenção  à saúde. Destacando o período pandêmico que vivemos, esse trabalho busca descrever  um apanhado histórico sobre o Cuidado Paliativo, evoluindo na apresentação desse cuidado no período de pandemia. Assim, faremos revisão da literatura, onde será possível apresentar conteúdos atualizados de tal temática. 

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Equipe multiprofissional. Saúde.

1. INTRODUÇÃO 

Cuidados Paliativos, está inserido no contexto de pacientes sem terapêuticas existentes, no sentido de reversibilidade do adoecimento e cura, mas pretende-se,  através de diversas formas, viabilizar possibilidades de cuidados e medida  de conforto, para o paciente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),  em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, 

Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos espirituais. 

Pesquisando sobre a origem da nomenclatura, percebeu-se a modificação de significado de cuidados paliativos, para a compreensão que temos hoje. A palavra “paliativo” deriva do vocábulo latino pallium, que significa manta ou coberta, ou proteção, usada pelos guerreiros, na antiguidade. E o conceito de cuidados paliativos teve origem no movimento hospice, a palavra hospice tem origem no latim hospes, significando estranho e depois anfitrião; hospitalis significa amigável, ou seja, bem vindo ao estranho, e evolui para o significado de hospitalidade (Chaves, et al, 2011). 

Dessa forma, percebe-se ainda no Brasil, que o conceito de tal prática de  cuidado ainda vem se estruturando, a partir das influências externas, desde a  nomenclatura, até nas práticas de cuidados para os pacientes e seus familiares. . 

2. DESENVOLVIMENTO 

Falar de cuidados paliativos é buscar a garantia da dignidade do ser humano, sua qualidade de vida e conforto da dor, produzindo sentido para sua vida. E isso  inclui aspectos importantes, como: abordagem da espiritualidade da família e do  paciente; cuidados com a família, bem como suporte à equipe de cuidado, tanto no  aspecto físico quanto emocional; se ater a aspectos Ético-Jurídicos, que vai dialogar  com a definição da conduta e procedimentos realizáveis.

Então, é essencial para que se possa estabelecer os cuidados paliativos- CP, que o processo de comunicação esteja ocorrendo de forma coesa, para a garantia de  que todas as partes do processo sejam compreendidas e desejas, processos de  cuidados esses que que vai desde o desejo do paciente, passando pela compreensão e respeito da família e execução dos profissionais. 

Dessa forma, é imprescindível o acompanhamento técnico e acolhimento aos  familiares que vivenciam esse processo de cuidado com seu ente querido, já que se  configura, muitas vezes, como uma temática desconhecida e/ou com informações contaminadas por muitos mitos e experiências não exitosa, sendo assim muito importante o acompanhamento da equipe multiprofissional, em todo o processo. 

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

A revisão bibliográfica, ou revisão da literatura, é a análise crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento. Sendo assim, utilizamos para obter os resultados dessa pesquisa, conteúdos publicados em artigos, a respeito dessa temática e traremos discussões das mesmas de forma a contextualizar com o advento a COVID 19. 

Estudos existentes sobre Cuidados Paliativos, destacam que essa abordagem pode proporcionar alívio de ansiedade e bem estar aos pacientes. Assim, no intuito de compreender melhor a temática que envolve o Cuidado Paliativo e os pacientes submetidos aos cuidados especializados e responsável, recolhemos informações e conhecimentos prévios a respeito do problema, buscando em artigos e protocolos, em português, existentes que discutem tais temáticas, bem como sua atuação no contexto da pandemia da COVID-19, onde iremos apresentar os resultados encontrados, através das pesquisas científicas realizadas.

2.2 METODOLOGIA 

Essa pesquisa pretende compreender de que forma a prática do Cuidado Paliativo pode  auxiliar no tratamento de pacientes terminais, durante o processo de cuidado na atenção primária, secundária e terciária. Para isso, foi feita uma Pesquisa Bibliográfica, a partir de  levantamento de artigos científicos já existentes de cunho qualitativo, visando  proporcionar maior entendimento sobre o problema da pesquisa, valorizando os aspectos  da expressão humana em suas relações e a subjetividade do indivíduo pesquisado. Dada a abrangência e complexidade desse objetivo, se inscreve no campo da investigação  qualitativa (MINAYO, 2014). 

2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 

O senso comum e até profissionais de saúde, consideram a temática como um “  não fazer mais nada”, associando a paliação, como uma limitação no cuidado. Mas essa  concepção é errônea, pelo contrário, BERTACHINI; PESSINI, 2011, vão dizer que 

O foco no cuidar inclui reconhecer e responder às necessidades do  paciente e dos familiares através de uma visão ampla e transdisciplinar. Reconhecem-se as conquistas da moderna tecnologia médica, porém  realiza-se uma transição gradual e equilibrada entre tentativas legítimas  de manter a vida, quando se tem chances reais de recuperação, e a  abordagem paliativa, através do controle de sintomas sem nunca  desconsiderar a dimensão da finitude humana.  

Para garantir o processo de cuidado é importante conhecer o paciente e saber dos  desejos e modo que o mesmo deseja vivenciar seu processo de adoecimento, assim faz  parte da missão dos familiares e profissionais de saúde, favorecer os desejos e auxiliar no  modo de lidar com o sofrimento. Tratar o sofrimento e os sintomas do adoecimento é 

Reconhecer as limitações terapêuticas de cura e favorecer bem estar cuidar. Atendendo  ainda não só ao processo de cuidado do paciente, mas também em seu processo de finitude e no acompanhamento pós óbito, no processo de luto, vivenciado não só pela família,  como também pelos profissionais.

No final do ano de 2019 foi identificado o primeiro caso de adoecimento por pneumonia que posteriormente confirmou-se se tratar de um novo tipo de coronavírus,  identificado em humanos, na cidade de Wuhan- China. Tal descoberta, reverbera no  mundo uma alerta de um novo surto causado pelo coronavírus- 2019 (SARS-CoV-2) ou COVID-19. Assim, a Organização Mundial da Saúde- OMS, em 30 de janeiro de 2020 declarou situação de Emergência de Saúde Pública de Importância  Internacional (ESPII), que se trata do nível mais elevado de alerta, no intuito de divulgar e incentivar estratégias a nível mundial de combate a essa pandemia, admitindo a  

existência de surtos de COVID-19 em vários países e regiões do mundo. Nos dias atuais, vivenciando a pandemia causada pela COVID-19, os profissionais  da saúde estão sendo convocados a mudar seu processo de atuação a fim de alcançar seus  objetivos de cuidado aos pacientes adoecidos. A necessidade do uso de equipamentos de  proteção, sua escassez nos períodos iniciais da pandemia, emergiu importantes desafios  à equipe de saúde, bem como as restrições de acesso de familiares impostas pelo  distanciamento social. Na atuação do psicólogo há um destaque dessa atuação no que  tange às restrições de visita, e acompanhante no ambiente hospitalar. Destacou-se o uso das tecnologias como uma importante aliada, favorecendo a comunicação e sendo  utilizada como amenização de ansiedades e estresses, causadas pelo afastamento do  importante aliado no processo de hospitalização, que são as redes de apoio dos pacientes. Nesse contexto, a abordagem dos profissionais ao paciente em CP, exige mudanças necessárias diante do novo cenário e elencar desafios e potencialidades vivenciadas nesse tempo para atingir seu objetivo que é a busca do cuidado em saúde para paciente, familiares, em consonância com a equipe multiprofissional.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Dessa forma, podemos concluir que o processo no cuidar, de forma paliativista, ainda se insere enquanto desafio à ser superado em nosso país, tendo em vista o quão pouco se  sabe desse assunto, tanto entre a categoria profissional, quanto na população em geral. Os  mitos que envolvem o processo de finitude e a cultura de não dialogar sobre tal  temática, faz com que nos afastemos do ideal, pensando nos cuidados paliativos. Com a  pandemia da COVID-19, foi possível vivenciar o cenário do processo de perda e finitude  de forma mais próxima, emergindo reflexões da tanatologia dos indivíduos.  

O processo de Cuidado Paliativos caracteriza-se como uma terapêutica que auxilia no bem-estar do paciente, familiares inclusive dos profissionais, contribui também no processo de interação entre pacientes, profissionais e familiares. Tratando-se de uma temática importante e urgente, é importante os ambientes da saúde e da educação incluírem esse conhecimento, em seus contextos, a fim de disseminar tal compreensão de cuidar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

AGRELI, H.F; PEDUZZI, M; SILVA, M. C. Atenção centrada no paciente na prática interprofissional colaborativa. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 20, p. 905-916, 2016. 

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 

Brasil. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como  eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 

BERTACHINI, L.; PESSINI, L. Conhecendo o que são cuidados paliativos: conceitos fundamentais. In: BERTACHINI, L.; PESSINI, L(Orgs.) – Encanto e Responsabilidade no Cuidado da Vida: lidando com desafios éticos em situações  críticas e de final de vida. 1ª ed. São Paulo: Paulinas/Centro Universitário São  Camilo, 2011, p. 19-55. 

Chaves JHB, Mendonça VLG, Pessini L, Rego G, Nunes R. Cuidados paliativos  na prática médica: contexto bioético. Revista dor 2011;12(3):250. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdor/a/dJb7GGqhQVbVtkFqFJ8PXTw/?lang=pt