REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507041210
Ana Paula Simões de Farias1
Cleisla dos Santos Mendes1
Edevani Castro Alves1
Edson Alexandre Lima Barros1
Izadora Franciny1
João Pedro Silva Lima1
Rai da Silva1
Orientador: Prof. Ailson Almeida Veloso Junior2
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o advento do COVID-19, atribuído ao coronavírus SARS-CoV-2, delineou um cenário de crise de saúde pública de escala global desde sua irrupção em 31 de dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, China. Em 7 de janeiro de 2020 divulgaram a sequência genômica do vírus, e apenas cinco dias depois, em 12 de janeiro, a China compartilhou esses dados com a OMS e outros países por meio do banco de dados internacional Global Initiative on Sharing All Influenza Data (GISAID). A pandemia transcendeu fronteiras geográficas e socioeconômicas, impondo desafios inéditos à comunidade internacional e acarretando um impacto abrangente em múltiplos domínios.(PIRES BRENO etal.,OLIVEIRA ISAQUE et al., COELHO CAROLINA et al., VASCONCELOS AUGUSTA et al., TAKENAMIL LUKARY et al., )
Em nível global, os dados epidemiológicos revelam um quadro alarmante de aproximadamente 14,9 milhões de mortes associadas direta ou indiretamente à pandemia de COVID-19 entre 1 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021, segundo novas estimativas da (OMS). Esse número, descrito como “excesso de mortalidade,” varia entre 13,3 milhões e 16,6 milhões, refletindo o impacto devastador da pandemia mundialmente.
Este cenário, longe de estagnar, persiste em sua trajetória ascendente, apesar dos esforços concertados para conter a propagação do vírus e mitigar seus efeitos devastadores.(MURARO PAULA et al., ROCHA ROSEANY et al., CRISPIM ALEXANDRA et al., OLIVEIRA REGINA et al., NESELO FRANCINE et al., SOUZA AMANDA et al., 2021)
No contexto brasileiro, a gravidade da situação é igualmente notável. O país se viu confrontado com uma série de desafios desde o surgimento da pandemia, que vão desde as limitações estruturais do sistema de saúde até questões políticas e sociais que influenciaram a resposta à crise.(WERNECK GUILHERME et al.,2022) Este panorama de saúde pública tem sido marcado por uma interseção complexa de fatores, incluindo a dinâmica de transmissão do vírus, a capacidade de resposta dos sistemas de saúde, as políticas de saúde pública adotadas e o comportamento individual e coletivo da população.(WERNECK GUILHERME et al., 2022)
A disseminação do COVID-19 no Estado do Pará é um tema de extrema relevância que demanda análise cuidadosa e embasada em dados concretos. A cidade de Tucuruí, situada na região setentrional do Brasil, destaca-se devido à falta de estudos epidemiológicos abrangentes na localidade. As lacunas de dados referentes à epidemiologia da COVID-19 revelam as mais elevadas taxas de detecção do vírus nessa área geográfica. No início do surto pandêmico, a região Norte posicionou-se em terceiro lugar no país, apresentando cerca de 16% dos casos confirmados até a data de 5 de maio de 2020. (IBGE)
O acumulado de casos confirmados e fatalidades decorrentes do COVID-19 no estado do Pará totalizou 552.937 e 15.469, respectivamente, entre março de 2020 e junho de 2021. As taxas de detecção e letalidade nesse intervalo foram, consecutivamente, 6.407,9 e 179,3 por 100.000 habitantes, enquanto a proporção de óbitos em relação aos casos confirmados foi de 43,3%. No que diz respeito à avaliação da evolução diária das taxas no período mencionado, tanto a mortalidade quanto a incidência evidenciaram uma trajetória ascendente.
No contexto da pandemia de COVID-19, os povos ribeirinhos emergem como uma população de especial interesse epidemiológico, dada sua singularidade geográfica e sociocultural. Compreender o impacto do vírus entre essas comunidades remotas, muitas vezes de difícil acesso, é fundamental para implementar medidas eficazes de prevenção e controle da doença. (SALDANHA RICARDO; ALMEIDA RAFAELA; ANDRADE ERLON et al., 2023)
A cidade de Tucuruí, localizada no estado do Pará, Brasil, exemplifica bem os desafios enfrentados por populações ribeirinhas no contexto pós-COVID-19. Segundo o IBGE, Tucuruí tem uma população estimada em 116.605 habitantes, distribuída em uma área de 2.086,170 km² Essa região é caracterizada por sua significativa população ribeirinha, que vive ao longo dos rios e afluentes locais.( IBGE)
A infraestrutura de saúde em Tucuruí e nas comunidades ribeirinhas adjacentes é insuficiente, dificultando o acesso a serviços médicos essenciais. Isso é exacerbado pelas condições socioeconômicas desfavoráveis dessas populações, que muitas vezes vivem em áreas ambientalmente frágeis e com infraestrutura inadequada ( SOUZA NAZARÉ et.al., 2020)
Durante a pandemia de COVID-19, em Tucuruí, como muitas outras regiões, enfrentou desafios consideráveis. Os Dados nos anos de 2020 e 2021 indicam que a cidade, como outras no estado do Pará, teve uma alta incidência de casos de COVID-19 chegando a 11.606 casos e uma significativa taxa de mortalidade , com 289 óbitos associada à doença. A falta de acesso a cuidados médicos adequados e a escassez de recursos amplificaram os impactos do vírus nessas comunidades vulneráveis contribuíram para a elevada incidência de casos e a alta mortalidade observada na região ( SECRETARIA DE SAÚDE DO GOVERNO NO ESTADO DO PARÁ )
A persistência da negligência em relação ao COVID-19 mesmo após a diminuição dos casos é uma preocupação latente, especialmente entre esses povos ribeirinhos e comunidades remotas. Esta negligência se manifesta de várias maneiras, abrangendo não apenas a falta de busca por atendimento médico pós-COVID, mas também a negligência em relação aos cuidados farmacêuticos, psicológicos e nutricionais.
Essa negligência é multifacetada e reflete a interseção de vários fatores, incluindo aspectos socioeconômicos, culturais e estruturais. Entre os povos ribeirinhos, a falta de acesso adequado a serviços de saúde continua a ser uma barreira significativa, com a distância geográfica das unidades de saúde e a escassez de recursos médicos desempenhando um papel crucial na perpetuação da negligência pós-COVID.( FLOSS MAYARA et al., MENDES CASSIANO et al., MALVEZZ CECÍLIA et al., VIEIRA CAMILA et al., REIS BRUNA et al., SILVA NARUBIA et al., RAMOS DANUTA et al., 2020)
Além disso, a falta de conscientização e educação sobre os cuidados necessários após a infecção pelo vírus contribui para a negligência, levando muitos a subestimarem a importância do acompanhamento médico e do cumprimento das medidas preventivas. A negligência farmacêutica também é comum, com a interrupção prematura do tratamento ou a falta de adesão às prescrições médicas, o que pode resultar em complicações de saúde adicionais.( FREYTAS CAMILA et al., 2023)
No âmbito da saúde mental, a negligência psicológica após o COVID-19 é uma preocupação crescente, com muitos indivíduos enfrentando estresse pós-traumático, ansiedade e depressão relacionados à pandemia. A falta de acesso a serviços de apoio psicológico e a estigmatização associada aos problemas de saúde mental podem impedir a busca por ajuda profissional, tornando mais grave a situação.( SALDANHA RICARDO et al., ALMEIDA RAFAELA et al., ANDRADE ERLON et al., ATAÍDE IVANEIDE et al., VIDAL LAURA et al., PAIXÃO ELISA et al., 2023)
Quanto à nutrição, a negligência nutricional pós-COVID pode resultar em deficiências nutricionais, enfraquecimento do sistema imunológico e aumento do risco de complicações de saúde. A falta de orientação adequada sobre dieta e nutrição após a infecção pelo vírus pode levar a escolhas alimentares inadequadas e ao desenvolvimento de hábitos prejudiciais à saúde.( VALE EDUARDO et al., FERREIRA NAIR et al., 2020)
Em suma, a negligência pós-COVID entre os povos ribeirinhos e outras populações vulneráveis continua a representar um desafio significativo para os sistemas de saúde por diversos motivos. Primeiramente, essas comunidades enfrentam barreiras geográficas que dificultam o acesso a serviços médicos e de suporte psicológico. A infraestrutura de transporte limitada e a distância dos centros urbanos complicam ainda mais essa situação. Em Tucuruí, especificamente no Km 11, essas dificuldades são acentuadas devido à localização remota e às condições precárias de transporte.( FACUNDES ANANIAS et al., BARBOSA VICTOR et al., SILVA KAROLINE et al., SILVA MARIANA et al., SILVA HENRIQUE et al., GAMA ABEL et al., 2020)
Além disso, há uma escassez de recursos humanos e materiais, incluindo profissionais de saúde qualificados, medicamentos e equipamentos médicos, o que agrava a dificuldade de resposta eficiente às necessidades de saúde pós-pandemia. As condições socioeconômicas dessas comunidades, caracterizadas por baixos níveis de renda e educação, limitam a capacidade dos indivíduos de buscar e receber tratamento adequado. A falta de informação e educação em saúde contribui para a subutilização dos serviços disponíveis e para práticas de automedicação inadequadas.( SCHIMED SARAH et al., 2020)
Por fim, as políticas públicas frequentemente negligenciam essas populações, resultando em uma falta de programas de saúde direcionados e sustentáveis. Essa ausência de políticas efetivas perpetua o ciclo de vulnerabilidade e exclusão, exacerbando as consequências da pandemia. No Km 11 em Tucuruí, a combinação dessas barreiras geográficas, escassez de recursos, condições socioeconômicas desfavoráveis e políticas públicas insuficientes explica por que a negligência pós-COVID permanece um desafio premente.( FIGUEIREDO VANESSA et al., SCHWEICKARD CÉSAR et al., SOUZA ELIZABETH et al., SILVA GLENDA et al., 2022)
Portanto, abordar essas questões requer uma estratégia integrada que inclua melhorias na infraestrutura de transporte, aumento de recursos de saúde, educação em saúde para a comunidade e políticas públicas eficazes que atendam às necessidades específicas dos povos ribeirinhos e outras populações vulneráveis.
2. OBJETIVOS
Promover a conscientização sobre as formas de negligência pós-COVID nas comunidades ribeirinhas do Km 11, destacando os desafios específicos enfrentados por essas comunidades.
Fornecer Informações sobre Estratégias Eficazes para Superar os Problemas Negligenciados Pós-COVID nas Comunidades Ribeirinhas do Km 11.
2.1 Objetivos específicos
1.1. Identificar as principais formas de negligência pós-covid enfrentadas pelas comunidades ribeirinhas.
1.2. Sensibilizar os moradores sobre os sinais e sintomas de negligência pós-covid e seus possíveis impactos na saúde.
1.3. Disseminar Conhecimento Sobre Estratégias Eficazes de Enfrentamento dos Problemas Negligenciados Pós-COVID.
3. METODOLOGIA
O presente estudo consiste em uma pesquisa de campo com abordagem quantitativa, realizada na comunidade ribeirinha do Km 11 durante o período de abril e maio de 2024. O público-alvo dessa pesquisa foi a própria comunidade ribeirinha, escolhida devido ao seu status de comunidade negligenciada, com limitado acesso a recursos e frequentemente esquecida em termos de políticas públicas e assistência social.
Para alcançar os objetivos propostos, foram utilizados dois questionários distintos.
Inicialmente, o primeiro questionário contendo 23 perguntas foi direcionado à comunidade, abordando questões relacionadas aos sinais e sintomas do COVID-19. As respostas obtidas foram analisadas e estruturadas, permitindo a identificação dos pontos-chave e a compreensão da sua aplicação na realidade local.
Em seguida, o segundo questionário contendo 15 perguntas foi aplicado com o objetivo de investigar as negligências cometidas pela comunidade durante o período pós CONVID e as consequências dessas negligências nos âmbitos psicológico, social, nutricional e de saúde. Os questionários foram previamente elaborados e aplicados em duas visitas à comunidade.
4. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
No dia 23 de maio, às 16:00, foi realizada uma ação extensionista no km 11, cujo objetivo principal era a entrega de 20 kits informativos voltados para o autocuidado e a orientação pós-COVID-19. A composição dos kits incluía um flyer detalhado que abordava práticas de autocuidado e orientações para a recuperação após a infecção por COVID-19.
Além disso, cada kit continha um vídeo educativo, acessível por meio de um QR code. Este vídeo contava com a participação de quatro profissionais especializados: um farmacêutico, um especialista em saúde pública, um psicólogo e um nutricionista. Eles discutiram as deficiências que surgiram após a COVID-19 e ofereceram dicas práticas e sustentáveis para superá-las. O QR code foi incorporado em um ímã decorativo, que também continha a mensagem “O peso da negligência”. Por fim, os kits incluíam uma embalagem com doces, com o intuito de tornar a entrega mais agradável e acolhedora.
A intervenção foi cuidadosamente estruturada em três momentos distintos. No primeiro momento, os extensionistas visitaram as residências dos moradores, realizando uma abordagem pessoal e direta. Durante essas visitas, foi explicado o propósito da ação e apresentados os resultados de iniciativas anteriores. Foi fornecido um conceito preliminar sobre as negligências pós-COVID-19, preparando os moradores para receberem e entenderem o material informativo que seria distribuído.
No segundo momento, cada residente recebeu um kit. Neste ponto, foi explicado como acessar o vídeo educativo através do QR code fornecido. O vídeo foi concebido como um complemento ao flyer, oferecendo uma visão multidisciplinar sobre as sequelas da COVID-19 e sugerindo medidas práticas e sustentáveis para enfrentá-las. A participação dos profissionais de diferentes áreas da saúde agregou credibilidade e profundidade às informações transmitidas.
No terceiro e último momento, os extensionistas expressaram seus agradecimentos aos participantes pela recepção e colaboração. Foi também solicitada a autorização dos moradores para registrar a experiência para fins acadêmicos, garantindo a possibilidade de documentar e analisar os impactos da ação de forma rigorosa.
A abordagem adotada, que combinou diálogo direto, informação prática e conscientização, mostrou-se altamente eficaz. A ação não apenas transmitiu conhecimento sobre as negligências pós-COVID-19, mas também ofereceu ferramentas práticas para que a comunidade pudesse tomar medidas preventivas e corretivas. Os materiais distribuídos foram bem recebidos, e a participação de profissionais de diversas áreas reforçou a credibilidade das informações fornecidas. O uso de tecnologia simples, como o QR code, facilitou o acesso ao conteúdo multimídia, tornando a mensagem mais acessível e engajante.
Essa ação extensionista teve um impacto significativo no empoderamento da população local na luta contra as deficiências deixadas pela COVID-19. A combinação de informações detalhadas, recursos práticos e uma abordagem pessoal e direta fortaleceu a conscientização e promoveu um ambiente de autocuidado e prevenção. Conclui-se que tais iniciativas são essenciais para a promoção da saúde pública e devem ser continuadas e ampliadas para alcançar um impacto ainda maior.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a análise do questionário um observamos que 56 % dos entrevistados apresentaram os sintomas iniciais da COVID-19, como tosse o que corresponde a 45% ,dispneia com 60% , e principalmente, a perda do paladar e olfato totalizando 73% dos casos, correspondendo a 13 ocorrências.
Além disso, 52%dos entrevistados relataram ter procurado ajuda médica, o que representa 15 ocorrências. Em relação aos sintomas respiratórios, 65%dos participantes mencionaram tosse , dificuldade respiratória somada em 6% e dispneia com a porcentagem de 7% , totalizando 15 ocorrências.
Quanto aos sintomas nasais, 65% dos entrevistados relataram dor de garganta e rinorreia, correspondendo a 15 ocorrências, seguidas de dificuldade para deglutir, com 9 ocorrências.
No que tange aos sintomas gastrointestinais, 39% dos entrevistados relataram vômitos, diarreia e dores abdominais, com 9 ocorrências, seguidos de perda de apetite, com 15 ocorrências.
Em relação aos sintomas neurológicos e musculares, 60% dos participantes mencionaram dores musculares, correspondendo a 14 ocorrências, seguidas de cefaléia, confusão mental e tontura, com 15 ocorrências.
No que se refere aos sintomas de febre e calafrios, 56% dos pacientes relataram ter experimentado febre e calafrios, o que corresponde a 13 ocorrências. Em relação aos sintomas de perda sensorial, 73% dos entrevistados relataram a perda de olfato e paladar, correspondendo a 17 ocorrências, sendo este o sintoma mais prevalente. Em termos de gravidade dos sintomas, 56% dos pacientes relataram sintomas graves como dores musculares dispneia e ageusia com 43% , correspondendo a 5 ocorrências, enquanto 7 relataram sintomas moderados como tosse , dor no corpo e dores de cabeça com 65% do total de casos
Com relação à busca por avaliação médica, 60% dos entrevistados indicaram que não procuraram avaliação ou tratamento para os sintomas da COVID-19, o que corresponde a 12 ocorrências. Quanto à testagem, 52% dos pacientes relataram ter realizado o teste, correspondendo a 12 ocorrências.
Nas perguntas específicas sobre a perda de paladar e olfato, 56% dos pacientes relataram perda gradual, com 9 ocorrências, e 21 % deles relataram perda imediata com 5 ocorrências . Adicionalmente, 21% dos pacientes notaram uma melhora desde a recuperação dos sintomas, com 3 ocorrências, enquanto 65% não notaram nenhuma melhora, com 5 ocorrências.
Ademais, 65% dos pacientes relataram que não consultaram um médico para avaliação da perda do paladar e olfato, totalizando 15 ocorrências, enquanto apenas 21% procuraram ajuda médica, totalizando 5 ocorrências . Finalmente, 60% dos pacientes relataram que não seguiram acompanhamento após a recuperação dos sintomas, com 14 ocorrências, sendo que somente 21% dos casos fizeram esse acompanhamento, com 5 ocorrências.
No estudo do segundo questionário observou-se que 85% dos entrevistados, correspondente a 14 indivíduos, apresentaram sinais de estresse pós-traumático. Entre esses sintomas, o de menor prevalência foi o flashback de memórias intensas, com 6 ocorrências correspondente a 26% dos casos . A dificuldade para dormir, frequentemente acompanhada por pensamentos recorrentes, foi o segundo sintoma mais comum, com 8 ocorrências com 34% dos casos . Por fim, situações de estímulos que remetem à pandemia foram relatadas com 12 ocorrências com 52% dos casos .
Em relação à síndrome do pânico, 85% dos entrevistados relataram ter tido ataques de pânico e dificuldades respiratórias, correspondendo a 10 ocorrências. Preocupações constantes sobre contrair o vírus foram mencionadas por 9 entrevistados. Por último, 12 indivíduos relataram evitar sair ou interagir com outras pessoas devido ao medo de adoecer.
No tocante à ansiedade generalizada, 78% dos entrevistados indicaram uma preocupação excessiva com várias áreas da vida, totalizando 11 ocorrências. Tensões musculares persistentes e irritabilidade foram relatadas por 8 indivíduos, assim como dificuldades de concentração ou relaxamento devido a pensamentos ansiosos, também com 8 ocorrências.
Sobre o isolamento social, 64% dos entrevistados indicaram sentir-se solitários ou isolados, correspondendo a 9 ocorrências. Além disso, 8 indivíduos relataram evitar interações sociais ou sentir-se desconfortáveis durante as mesmas.
Em termos de acesso a recursos de saúde mental, 78% dos entrevistados relataram dificuldades em acessar serviços de saúde mental, totalizando 10 ocorrências. Necessidades de suporte emocional não atendidas foram mencionadas por 9 entrevistados, e a dificuldade em encontrar tratamento ou terapia foi relatada por 11 indivíduos. Por fim, na questão da automedicação,71 % dos entrevistados afirmaram ter recorrido à automedicação para tratar sinais e sintomas, evitando buscar orientação médica, totalizando 10 ocorrências.
A análise dos questionários revelou importantes insights sobre o impacto da COVID19 na saúde física e mental dos entrevistados.
Os resultados mostraram que uma alta porcentagem dos participantes apresentou sintomas iniciais da COVID-19, com uma prevalência significativa de perda de paladar e olfato. A busca por ajuda médica foi moderada, com uma parcela relevante dos entrevistados relatando sintomas respiratórios, nasais, gastrointestinais, neurológicos, musculares e sensoriais. A dificuldade em acessar serviços de saúde mental e a automedicação foram comportamentos comuns entre os participantes.
Em relação aos sintomas pós-COVID, os dados indicaram que muitos entrevistados ainda sofrem de estresse pós-traumático, síndrome do pânico e ansiedade generalizada. O isolamento social e a sensação de solidão foram prevalentes, destacando a necessidade de suporte emocional e social para essas comunidades. Além disso, a dificuldade em acessar recursos de saúde mental foi uma barreira significativa para a recuperação completa.
Os dados sobre a automedicação indicam uma tendência preocupante de evitar a busca por orientação médica, o que pode agravar os problemas de saúde e atrasar a recuperação.
Em conclusão, os resultados sugerem a necessidade urgente de melhorias no acesso a serviços de saúde física e mental, campanhas educativas sobre a importância de buscar ajuda médica e intervenções específicas para lidar com os efeitos persistentes da pandemia na saúde mental. A implementação de estratégias eficazes para oferecer suporte emocional e social, especialmente para aqueles que se sentem isolados ou solitários, é essencial para mitigar os efeitos a longo prazo da COVID-19.



Fonte: Elaborado pelo autor Cleisla dos Santos Mendes (2024)
6. CONCLUSÃO
Tendo em vista o exposto, compreende-se que a realização das ações no km 11 foi fundamental para a promoção da saúde e disseminação de conhecimento sobre as negligências pós-COVID-19. Através de uma abordagem estratégica e bem-estruturada, foi possível alertar a população sobre os riscos associados ao período pós-infecção e a importância de cuidados contínuos. A alta participação e o engajamento da comunidade evidenciam o sucesso da iniciativa, demonstrando que os objetivos estabelecidos foram plenamente alcançados. Conclui-se, portanto, que tais ações desempenharam um papel crucial na elevação do nível de conscientização e na prevenção de complicações, contribuindo significativamente para a saúde pública local.
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Orientações sobre as condições pós-covid – Radis Comunicação e Saúde (fiocruz.br)
1Acadêmico(a) de Enfermagem; Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel.; Tucuruí, Pará.
2Professor(a), orientador(a)); Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel.