MENTAL HEALTH CARE FOR WORKERS: AN EXPERIENCE REPORT IN THE FIELD OF ORGANIZATIONAL PSYCHOLOGY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202407312023
Késsia Lyra Batista1
Resumo
Este artigo trata-se de um relato de experiência no campo da psicologia organizacional que aborda a importância do cuidado em saúde mental dos trabalhadores. O objetivo central é descrever as experiências de realização de ações de promoção da saúde mental para os trabalhadores através da estratégia de conscientização e educação, priorizando a valorização da saúde mental e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Foram desenvolvidas três ações: “Treinamento de Inteligência Emocional”, “Workshop sobre Gerenciamento de Estresse” e “Campanha: equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, que foram realizadas nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2023. As ações desenvolvidas e descritas se mostraram como estratégias relevantes para promover a saúde mental no ambiente de trabalho, refletindo em um clima interno mais saudável e produtivo.
Palavras-chave: Psicologia organizacional. Cuidado em saúde mental. Educação.
Abstract
Este artículo es un relato de experiencia en el campo de la psicología organizacional que aborda la importancia del cuidado de la salud mental de los trabajadores. El objetivo central es describir las experiencias de realización de acciones de promoción de la salud mental para los trabajadores a través de la estrategia de concienciación y educación, priorizando la valorización de la salud mental y el equilibrio entre trabajo y vida personal. Se desarrollaron tres acciones: “Entrenamiento de Inteligencia Emocional”, “Taller sobre Gestión del Estrés” y “Campaña: equilibrio entre vida profesional y personal”, que se realizaron en los meses de octubre, noviembre y diciembre de 2023. Las acciones desarrolladas y descritas se mostraron como estrategias relevantes para promover la salud mental en el ambiente de trabajo, reflejándose en un clima interno más saludable y productivo.
Palabras clave: Psicología organizacional. Cuidado de la salud mental. Educación
1 INTRODUÇÃO
As empresas hoje se encontram em um cenário de crescente mudanças relacionadas à atualização tecnológica, acompanhar as transformações digitais que vem interferindo nos negócios, ruptura de modelos de gestão ineficazes, adequação das equipes a novas ferramentas de trabalho e um olhar mais sensível para a saúde mental de seus colaboradores. Essas mudanças interferem nos processos internos e na cultura da empresa, e que de certa maneira irão impactar os colaboradores, devido ao aumento das exigências organizacionais refletindo em sua saúde mental.
A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença”. Já a saúde mental “é um conceito complexo e multidimensional, que vai além da ausência de doença mental, incorporando aspectos culturais, sociais e individuais” (ALMEIDA, COELHO & PERES, 1999).
No contexto de trabalho, a saúde mental é afetada de modo marcante e não é possível separá-la da saúde de maneira integral. A falta de apoio físico, existencial e identitário, que atinge muitos trabalhadores em empresas, aumentam a exposição a múltiplas situações que favorecem o adoecimento. (FRANCO, DRUCK & SELIGMANN-SILVA, 2010). A busca contínua por eficiência e conquistas pode abrir caminho para o aparecimento do estresse, da preocupação e até mesmo do cansaço extremo.
A Saúde mental e trabalho podem aparentar ser completamente distintos, porém se conectam pela busca da compreensão entre as relações de trabalho, os transtornos psicológicos e a influência dos fatores pessoais no bem-estar psicológico das pessoas (LANCMAN & JARDIM, 2004). Desde modo Dejours (1992) afirma que as organizações do trabalho exercem uma grande influência no funcionamento psíquico e na vida mental do trabalhador. Para o autor, o trabalho consiste em divisão da tarefa e a divisão dos homens, sendo o primeiro relacionado a tarefa em si que será realizada, considerado o trabalho prescrito, e o segundo relacionados a conteúdos que vão além da tarefa que envolve a relação humana. Deste modo, essas características que envolvem o trabalho além da dinâmica da organização, podem gerar impactos negativos físicos e mental nos trabalhadores.
Neste sentido, Bom Sucesso (2002) pontua que as empresas precisam proporcionar um ambiente de trabalho agradável e saudável, pois a produtividade e a qualidade da produção são influenciadas pelo ambiente internos de trabalho, permitindo que o funcionário execute suas atividades de forma produtiva, gerando impactos positivos e colaborando para o alcance das metas da organização.
O cuidado em saúde mental é um conceito abrangente e diversificado, que abarca uma diversidade de ações, métodos, processos, costumes e conhecimentos. Ele é produzido no encontro entre as pessoas, especialmente entre quem busca cuidados e quem é responsável por cuidar (CRUZ, 2022). Conforme esta perspectiva, o cuidado à saúde mental dos trabalhadores é essencial para promover o bem-estar e a felicidade no ambiente de trabalho. Trabalhadores com boa saúde mental tendem a ser mais comprometidos, motivados e eficientes, impactando positivamente na qualidade do trabalho realizado e na satisfação geral.
Dentro deste contexto, se enquadra o papel do psicólogo atuando no campo da organização e do trabalho, que conforme Gurka & Nogueira (2016) o papel do psicólogo organizacional e do trabalho é atuar de maneira ética visando criar um ambiente de trabalho saudável, que proporcione qualidade de vida aos colaboradores, promovendo um equilíbrio entre aspectos físicos, mental e social. É importante que as práticas realizadas pelo psicólogo organizacional considere a saúde e a subjetividade dos funcionários, e também dando atenção a dinâmica da empresa, pois a saúde e as condições adequadas de trabalho contribuem para um desempenho mais eficaz e para uma maior satisfação no ambiente de trabalho (ZANELLI, 2002).
Neste sentido objetiva-se com esse trabalho descrever as experiências de realização de ações de promoção da saúde mental para os trabalhadores realizados pelo psicóloga organizacional em parceria com técnico de segurança do trabalho, enfermeira do trabalho e coordenação de RH, em uma empresa do ramo de produção do papel ondulado marrom localizado no estado Amazonas, através da estratégia de conscientização e educação, priorizando a valorização da saúde mental e a disseminação dessa importância para todos os colaboradores.
2 METODOLOGIA
É um estudo descritivo, que segundo Gil (2002), visa descrever principalmente as particularidades de uma população específica ou fenômeno, ou ainda, identificar as conexões entre diferentes variáveis. Neste sentido, pretende-se descrever as práticas de cuidado em saúde mental de trabalhadores realizadas em uma empresa no estado do Amazonas, permitindo uma compreensão profunda do contexto e das práticas de cuidado à saúde mental, fornecendo uma base detalhada para futuras pesquisas e intervenções na área de saúde mental.
Trata-se de um relato de experiência que segundo Daltro & De Faria (2019) que visa elucidar de forma minuciosa e detalhada uma vivência profissional de um indivíduo ou de um grupo, de modo a demonstrar se a experiência foi vantajosa ou não. Desta maneira, oferece uma visão prática e detalhada das estratégias e intervenções aplicadas em um ambiente real.
Sendo assim, é um relato de experiência no campo de atuação da psicologia organizacional, sendo o diagnóstico das necessidades realizado no período de agosto e setembro de 2023, em uma empresa do ramo de produção do papel ondulado localizado no estado do Amazonas. A empresa é regional, com aproximadamente 49 anos de atuação no mercado e atende a clientes de todos os níveis na região e em alguns estados, possuindo na época aproximadamente 250 colaboradores, sendo a maioria auxiliar de produção.
A necessidade de intervir e realizar ações para a promoção da saúde mental surgiu, através das escutas psicológicas realizadas no âmbito da organização. A escuta visa estabelecer vínculos, criar conexões acolhedoras, valorizar a diversidade e a individualidade, no encontro entre quem cuida e quem recebe o cuidado (RAIMUNDO & CADETE, 2012). Sendo assim, é uma prática que auxilia o colaborador a lidar com os desafios e incertezas que vivencia no seu dia a dia, sendo um espaço em que possa expressar seus sentimentos, se sentir acolhido.
As escutas eram realizadas de maneira individual em um ambiente privado, por iniciativa do próprio colaborador, sendo os principais relatos: dificuldades nos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho; desmotivação; estresse; ansiedade; insônia e fadiga.
O estresse e a ansiedade no ambiente de trabalho são problemas prevalentes que podem ter sérias consequências para a saúde mental e física dos trabalhadores. Para Dejours (1992) as condições de trabalho, incluindo a pressão excessiva por resultados e a falta de controle sobre as tarefas, são fatores significativos que contribuem para o estresse e a ansiedade. Essas condições podem levar a um estado de alerta constante, afetando a capacidade do trabalhador de relaxar e recuperando-se adequadamente. A exposição prolongada ao estresse pode resultar em ansiedade crônica, manifestando-se em sintomas como preocupação excessiva, irritabilidade e dificuldade de concentração (REIS, FERNADES & GOMES, 2010).
A insônia e a fadiga são frequentemente consequências diretas de estresse e ansiedade no trabalho. Dejours (1992) destaca que a sobrecarga de trabalho e a pressão contínua para cumprir prazos impossíveis frequentemente levam à insônia, que por sua vez causa fadiga e diminui a capacidade de desempenho do trabalhador. A fadiga crônica pode resultar em erros, acidentes e uma redução significativa na qualidade do trabalho produzido (REIS, FERNADES & GOMES, 2010). A falta de sono adequado não só compromete a saúde física e mental do trabalhador, mas também sua eficiência e segurança nas atividades que realiza no trabalho.
3. INTERVENÇÕES
Após a crescente procura pela psicóloga organizacional e as evidências dos principais relatos dos colaboradores, respeitando os princípios éticos e sem identificar as pessoas foi realizado uma reunião com o técnico de segurança do trabalho, a enfermeira do trabalho e a coordenadora de recursos humanos, a fim de em parceria traçar ações para promoção a saúde mental e zelar pela segurança e saúde dos funcionários da empresa. Foram realizados 3 encontros e definidas as ações estratégias que seriam realizadas que contemplasse muitos colaboradores de diversas áreas.
As ações de promoção à saúde mental foram definidas com base em iniciativas educativas para ressaltar a importância do equilíbrio psicológico no ambiente de trabalho e na vida pessoal, foram realizadas três ações nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2023.
A primeira ação realizada foi o “treinamento de Inteligência Emocional” que ocorreu no mês de outubro de 2023, com duração de 2h. Foram realizados 2 encontros com cada turma de 30 colaboradores, no total participaram 120 colaboradores das áreas da produção, administrativa, lideranças, serviços gerais, cozinha, manutenção e logística. O objetivo era melhorar a comunicação, aumentar a empatia e desenvolver habilidades de gerenciamento emocional. Os participantes conheceram técnicas sobre autorregulação, como a respiração profunda, meditação, e reestruturação cognitiva para controlar reações emocionais impulsivas; técnicas de automotivação, como a visualização de objetivos, autocompaixão, e resiliência; exercícios de empatia através de práticas que incentivassem os participantes a se colocarem no lugar dos outros, desenvolvendo uma compreensão mais profunda das emoções e perspectivas alheias; comunicação eficaz, orientando técnicas de comunicação eficaz, incluindo a comunicação assertiva, o uso de linguagem corporal positiva, e a clareza na transmissão de mensagens.
A segunda ação realizada no mês de novembro, foi o “Workshop sobre Gerenciamento de estresse”, tendo como objetivo demonstrar técnicas de redução de estresse, aumentar a conscientização sobre os efeitos do estresse e promover o bem-estar geral, teve duração de 2 horas com dois encontros cada turma com em média 40 participantes, no total participaram 180 colaboradores. Os participantes realizaram uma autoavaliação do estresse, conheceram técnicas para o gerenciamento de estresse, como respiração profunda, visualização positiva e Mindfulness, além da importância de manter um estilo de vida saudável e praticar o autocuidado.
A terceira ação teve como temática “Campanha: equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, que foi realizada no mês de dezembro. Esta ação foi realizada através da divulgação de conteúdos diversos sobre a temática através dos canais de comunicação da empresa como e-mails corporativos, quadros de avisos e grupos de WhatsApp. Durante as segundas e quartas-feiras eram divulgados folhetos educativos com orientações para incentivar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal com assuntos diversos como: tenha um tempo para você, não descuide da sua saúde, divirta-se, não leve trabalho para casa, preencha seu tempo livre com atos significantes, não leve problemas pessoais para o trabalho, estabeleça limites no trabalho, invista em relacionamentos, conheça lugares diferentes e estimule sua capacidade de aprendizado. Nas sextas-feiras eram realizadas 2 rodas de conversas com duração de 1 hora e meia com aproximadamente 15 colaboradores para discussão e reflexão sobre o assunto divulgados. Para Costa et al. (2015) “Às rodas de conversa surgem como um espaço de escuta cuidadosa, que produzem o desenvolvimento de capacidade individual e coletiva”. É uma prática que possibilita a conversa, manifestação de vontades e desabafo, resultando em aprendizado e crescimento.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As ações de promoção à saúde mental desenvolvidas em parcerias com outras áreas trouxeram resultados significativos para a empresa. O bem-estar dos trabalhadores melhorou substancialmente, criando um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Essas ações não apenas beneficiam os funcionários a nível pessoal, mas também contribuíram para a eficiência e sucesso contínuo da empresa.
No lançamento da programação que seria desenvolvida ao longo dos três meses, já era possível observar os colaboradores animados, entusiasmados e empolgados, demonstrando desta maneira interesse em participar, visto que nunca tinha sido realizada uma ação com esse contexto na empresa.
Na realização da primeira ação, o qual foi o treinamento de Inteligência Emocional, os colaboradores foram participativos realizando todas as atividades e dinâmicas propostas. Alguns colaboradores contribuíram trazendo relatos vivenciados na empresa na qual em alguma situação foram expostos, como a comunicação ineficiente da liderança, falta de empatia e conflitos entre equipes, gerando naquele momento desconforto e até mesmo decisão em sair da empresa. Neste sentido, Dejours (2012) destaca que o mal-estar no Trabalho está relacionado ao sofrimento que os trabalhadores relatam devido às condições e organização do trabalho, e que também está relacionado a cultura organizacional como os valores, normas e práticas dentro em organização que podem influenciar a saúde mental dos trabalhadores. Abordar essa temática e permitir a participação dos colaboradores revela que a interação no ambiente de trabalho é essencial para o bom funcionamento da organização. Com relacionamentos saudáveis e construtivos, os colaboradores se sentem mais inspirados, comprometidos e contentes com suas atividades profissionais, além de estimular a colaboração, compartilhar experiências, a resolução eficaz de desafios e a união para alcançar objetivos e metas.
Em relação à segunda ação que foi o Workshop sobre Gerenciamento de estresse, os colaboradores tiveram participação ativa, e através do inventário de sintomas de stress de lipp (ISSL) aplicado para verificar o nível de estresse, foi identificado que 66,6% dos participantes se encontram em fase de alerta, apresentando sintomas como insônia, dificuldade de dormir, aumento súbito de motivação, tensão muscular (dores nas costas, pescoço, ombros) e taquicardia (batimentos acelerados do coração); 22,7% se encontram na fase resistência, apresentando os sintomas de cansaço constante, irritabilidade excessiva, sensação de desgaste físico constante e aparecimento de gastrite prolongada (queimação no estômago, azia) e 11,6% se encontram na exaustão (esgotamento), apresentando apatia, vontade de nada fazer, depressão ou raiva prolongada, irritabilidade sem causa aparente, angústia ou ansiedade diária, hipersensibilidade emotiva e insônia. Para Reis, Fernandes & Gomes (2010) o estresse é visto um fenômeno que ocorre devido à percepção individual de desajuste entre as exigências do ambiente e a capacidade de resposta da pessoa. Isso resulta em efeitos fisiológicos, psicológicos e comportamentais. Dentro do contexto de trabalho “é um fenômeno que afeta de maneira negativa a vida de trabalhadores e organizações” (FERREIRA et al., 2015). Com a ação realizada os colaboradores conheceram técnicas para gerenciar o estresse de forma eficaz, diminuindo os níveis de ansiedade e prevenindo o burnout, contribuindo para melhoria da saúde mental. Ao final de cada encontro os colaboradores eram convidados a falar suas percepções sobre os aprendizados e muitos revelaram sobre a importância do controle do estresse para uma melhor qualidade de vida, tanto no trabalho quanto fora dele, o que é essencial para o bem-estar mental geral, além da necessidade de reduzir as preocupações com situações que não dependem deles e sobre o autoconhecimento para reconhecer seus limites.
Quanto a terceira ação que foi a “Campanha: Equilíbrio entre Vida Profissional e Pessoal”, como foi realizado as rodas de conversas a princípio os participantes apresentavam certa resistência em participar, mas conforme a condução eles percebiam que era um local seguro e que ele poderia falar sem medo aumentava a participação. Os participantes recebiam um papel e escreviam o que tinham entendido dos folhetos educativos divulgados e colavam em um mural, na sequência era estabelecido um tempo para que todos fossem ao mural e realizassem as leituras e depois dava-se início a roda de conversa. A roda de conversa é vista como uma estratégia importante na área da educação em saúde. De acordo com Abreu et al. (2019), a educação em saúde busca estimular a conscientização dos profissionais e levá-los a refletir sobre sua responsabilidade no processo contínuo de aprendizado, assim como a importância de priorizar a preservação de sua saúde. Ao final de cada encontro eles se reuniam em duplas e elaboravam uma frase sobre a temática em questão e escreviam no mural de ideias que ficava sala de treinamento para que outros colaboradores pudessem ler.
Após a realização das ações que movimentou bastante a empresa ao longo dos três meses, era perceptível que os funcionários passaram a se sentir mais compreendidos e valorizados, além de capacitados para realizar suas tarefas de forma eficiente e equilibrada. No geral, a empresa se tornou um lugar onde os trabalhadores se sentiram apoiados e motivados, refletindo em um clima interno mais saudável e produtivo.
5. CONCLUSÃO
As ações descritas neste relato de experiência revelaram-se estratégias significativas para promover a conscientização e debate sobre o cuidado em saúde mental dos trabalhadores, enfatizando a importância do cuidado próprio em relação à saúde e a relevância de estratégias de apoio à saúde mental. É importante que mais iniciativas sejam apoiadas e implementadas de maneira consistente e em parcerias com outras áreas e incluído as lideranças, a fim de se tornarem rotina para esses trabalhadores que lidam diariamente com demandas psicológicas e físicas no ambiente de trabalho.
É fundamental que o papel do psicólogo nas organizações seja pautado na capacidade de adotar uma postura que possibilite o trabalho com outras áreas, visando a interdisciplinaridade e estabelecendo diálogos ativos com outros profissionais. Além disso, deve sempre alicerçar suas práticas no olhar sobre a saúde do trabalhador, vendo este como sujeito integral.
Por outro lado, percebe-se que a maneira como o trabalho na empresa é organizado, com jornadas longas, problemas de gestão, conflitos internos e falta de estrutura e treinamento adequado, resulta em um aumento do número de funcionários adoecidos. Esses elementos são próprios do ambiente de trabalho atual, que está ligado ao sistema econômico em vigor, requerendo a implantação de novos modelos de gestão.
Diante do que foi apresentado, é possível afirmar que trabalhar os aspectos pessoais, embora ajude na transformação da saúde mental dos funcionários e no aprimoramento da qualidade de vida desse grupo, não é o bastante para diminuir os índices de problemas de adoecimento, os quais são influenciados principalmente por questões estruturais e de organização, que requer vários ajustes e melhorias nas políticas internas.
É imprescindível que as empresas deem prioridade à saúde mental dos funcionários no ambiente de trabalho, visto que a saúde mental em dia impacta de forma positiva, tornando o ambiente de trabalho mais produtivo e engajado. Além disso, é fundamental buscar um equilíbrio saudável entre a saúde mental e a vida profissional, visto que não se trata apenas de uma jornada pessoal, mas sim de uma responsabilidade coletiva. Compreendendo a relação entre mente e trabalho, é possível criar espaços de trabalho mais saudáveis e aplicar de forma eficaz práticas e estratégias que promovam o bem-estar mental.
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1Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho, Faculdade de Minas Gerais (Faceminas). kessialyra@yahoo.com.br