CONTRIBUTOS DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410221453


Valéria Gonçalves Vasconcelos1
Lara Sousa Santos2
Francirene do Carmo Ferreira da Silva3
Gracyette Bezerra Dias Folha4
Ijone Tiago Santana Coelho5
Wildeany de Souza Costa Castro6
Heronita Alves Patrício7
Genivanes Novais Lago8
Antonio Alves Martins Filho9
Jacira Sousa do Nascimento10
Rosivany de Oliveira Castro Patrício11
Rayssa Araújo da Conceição12
Fabrício Ferreira Carvalho13
Daniela Silva de Abreu14
Cleverli Pereira dos Santos15


Perante a realidade educacional atual, no qual tem se mostrado cada vez mais exigente no que diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem e, ainda, à inclusão social, o estudo sobre transtornos de aprendizagem se torna algo imprescindível.

Dentre os diversos transtornos trataremos nomeadamente do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que se trata de uma complexa desordem comportamental que leva a criança a graus variáveis de comprometimento na vida emocional, familiar, escolar e social. Esse transtorno caracteriza-se por distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais, expressando dificuldades globais do desenvolvimento infantil.

Antes tendo como principal convívio social a família, ao frequentar um novo ambiente, como a escola, a criança precisa de um período para se adaptar ao espaço, às pessoas e às novas relações que vão surgir; diante disso, a afetividade ajudará ela a ambientar-se e melhor relacionar-se com os colegas e com o professor.

Segundo Wallon (1986) “a educação se torna obrigatória e a criança não mais pertence unicamente ao grupo familiar, pois passa a fazer parte de grupos diferentes, o que caracteriza a fase da socialização”. Portanto, o professor tem função imprescindível para essas novas etapas de relações; desenvolvendo, na criança, o espírito de cooperação e socialização.

presente estudo visa a motivação na busca pela compreensão de como ocorre o procedimento de aprendizagem da criança com TDAH, tendo como auxilio nesse processo os contributos da afetividade.

Ainda segundo Wallon (1986, p.13) “no decorrer de todo desenvolvimento do indivíduo, a afetividade tem um papel fundamental”. Uma vez que, para tal autor, a afetividade, se apresenta como uma das dimensões da pessoa, sendo ainda uma antiga fase do desenvolvimento, no qual o homem, antes unicamente orgânico passa a ser afetivo, e paulatinamente após passa para uma vida racional. Sendo assim, a afetividade e a inteligência se misturam, havendo constantemente uma reciprocidade entre elas.

No que diz respeito à afetividade, no contexto escolar, o afeto do professor, a sua sensibilidade e a forma de se interagir vão influenciar nas atitudes de atuar dos educandos, ou seja, a relação afetiva faz diferença em meio ao trabalho docente.

portador do TDAH não pode passar despercebido dentro da sala de aulas, ele necessita de ter no ambiente escolar um acompanhamento específico, pois o hiperativo não consegue dominar seus instintos, perturbando a classe, dificultando ainda as relações com os colegas e o trabalho dos seus professores. É preciso, pois cultivar ações didático-pedagógicas direcionada para tais alunos, dispondo-se incitar sua autoestima, considerando a falta de concentração.

Dentro deste contexto o olhar afetivo proveniente do professor, permitirá um reconhecimento mais aprofundado de seus alunos, auxiliando assim na identificação de possíveis transtornos que estes possam apresentar em especial o TDAH, assimilando ainda a necessidade de acompanhamento e as melhores práticas pedagógicas a serem desenvolvidas.

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH E SUAS ESPECIFICIDADES AO LONGO DA HISTÓRIA

Podemos encontrar indícios de estudos descrevendo o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH desde 1798, e ao longo dessa história os sintomas e a nomenclatura da doença já sofreram diversas modificações, a medida que se aprofundava o conhecimento sobre tal.

TDAH, por um longo período, esteve integrado à disfunção cerebral, deficiências e até mesmo problemas morais, como desobediência e falta de educação. Entretanto, após estudos minuciosos e as mais estimadas ferramentas de diagnóstico, de acordo com o Manual de Estatística e Diagnóstico de doenças e Transtornos Mentais 5 (DSM – 5), este por sua vez foi desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria, utilizado para diagnóstico de doenças neurológicas e neuropsiquiátricas em muitos países.

Segundo o Dr. Gustavo Teixeira, médico especialista em Psiquiatria da infância e adolescência.

“A tríade sintomatológica do TDAH é composta por: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. Mas não há uma necessidade de que os sintomas se manifestam em conjunto – ou seja, pode haver predomínio desatenção, de hiperatividade ou, no maior grupo, um tipo de TDAH combinado, quando a criança apresenta tanto hiperatividade, quanto impulsividade e desatenção. Além de ser mais frequente, esse grupo de pacientes é também o que apresenta mais prejuízos.”

Para garantir uma boa qualidade de vida, das pessoas que sofrem desse transtorno, é necessário um diagnóstico correto.

Em Londres, por volta de 1798, um médico chamado Alexander Crichton descreveu as características de como consistiria o estado mental de um paciente de TDAH; no qual apresentou inquietação e falta de atenção como algumas das características; segundo Dr. Crichton, ainda, o desenvolvimento precoce deste transtorno afetaria significativamente seu desempenho escolar.

Em 1845, o médico psiquiatra alemão Heinrich Hoffmann, era um excelente desenhista e escritor; com isso, produziu um livro intitulado “Der Struwwelpeter” (na versão brasileira foi publicado com o título de “João Felpudo), com uma série de novas histórias escritas e ilustradas por ele em prol do entretenimento do próprio filho; entretanto, a personagem principal apresenta características de crianças com TDAH.

Mais tarde, 1902, o pediatra britânico Sir George F. Still, renomado pelo seu trabalho, publicou na revista “The Lancet” um artigo caracterizando uma doença que ele chamou de “condições físicas anormais em crianças”. Tal publicação foi resultado de uma pesquisa onde avaliou 43 crianças com dificuldades de autocontrole e atenção. O médico observou que embora não tivessem problemas intelectuais, não aprendiam com seus erros e isso fez com que ele caracterizasse o transtorno como “defeito no controle mental”.

No período de 1915 a 1930, principalmente na Europa e América do Norte, aconteceu um surto de epidemia de encefalite letárgica, uma doença no qual provocava dores de cabeça, sonolência e letargia. Tal enfermidade causou danos físicos e mentais em muitos pacientes; os sobreviventes tiveram sequelas e, destes, algumas crianças apresentaram sintomas como antissociais, distraídas e hiperativas. Tal fatalidade inspirou estudos e o desenvolvimento aprofundado da atual TDAH.

Ainda na década de 30 a doença era nomeada como hipercinética. E no ano de 1932, dois alemães, Franz Kramer e Hans Pollnow fizeram a publicação de um artigo sobre a “doença hipercinética da infância”. Onde, além dos sintomas antes investigados e descritos por outros autores que enfatizavam sobre comportamentos morais, os alemães Kramer e Pollnow relatam mais características ligadas a impulsividade e agitação. Vale ressaltar que a nomenclatura da doença foi assim escolhida pelo fato de acreditarem que a medida que a criança ia crescendo a enfermidade desapareceria; todavia, mais uma vez os autores alemães discordavam e consideravam que o transtorno teria implicações da vida adulto.

Um psiquiatra americano em 1937 anunciou a descoberta de um medicamento a ser utilizado em crianças com problemas comportamentais. Charles Bradley era diretor de um hospital no qual atendia crianças debilitadas neurologicamente. Ao tentar tratar dores de cabeças em seus pacientes, com o medicamento Benzedrina, observou que não houve avanço para melhoras das dores, mas afetou significativamente o desempenho escolar e o comportamento de algumas crianças. o fato foi um avanço para os estudos psiquiátricos.

Embora a grande descoberta de Bradley tenha sido publicada mundialmente, não foi tão levada a sério, como deveria. E anos mais tarde apenas, em 1944, o químico italiano Leandro Panizzon sintetizou o composto metilfenidato, uma droga estimulante. Dez anos mais tarde, a empresa no qual trabalhava começou a comercializar a droga, com o nome o nome de Ritalina, em homenagem a esposa de Panizzon chamada Marguerite e com apelido de Rita. Hoje, o medicamento é o psicoestimulante mais indicado para o tratamento do transtorno.

médico Alfred Strauss organizou um estudo denominado “A organização mental da criança com lesão cerebral e deficiência mental”, em meados de 1947.

Em 1960, observou se que vários casos de transtornos estavam ligados à uma variedade de outras doenças, tais como infecciosas, intoxicações e epilepsia, por exemplo. Diante disso, gerou se um novo conceito: “Lesão cerebral Mínima”, ou seja, alguns transtornos eram causados por distintas lesões em graus de severidade diferentes.

Alguns anos seguintes, em 1966, houve a mudança deste nome para

“Disfunção Cerebral Mínima”, pois, alguns pesquisadores desacreditavam que todos os transtornos eram causados por uma lesão cerebral.

Por ser considerado um termo muito genérico, em 1968, a descrição do transtorno foi englobada ao Manual Diagnóstico e Específico de Transtornos Mentais, em sua segunda edição – DSM II, com o título de “Reação hipercinética da infância”. Sendo esta a primeira inclusão do transtorno no DSM.

Na terceira edição do Manual Diagnóstico e Específico de Transtornos Mentais – DSM 3, de 1970 – sugere a nomenclatura atual, Transtorno de Déficit de Atenção; tendo ainda dois tipos: com ou sem hiperatividade. Logo em 1986, David Woods reconhece que tal transtorno se estendia a fase adulta, se referindo ao mesmo como TDAH tipo residual. No ano seguinte, a edição do Manual DSM 3R destaca que os sintomas comportamentais poderiam ter motivos médicos, ou seja, não eram apenas causas emocionais.

Apenas há 23 anos, em 1994, a próxima edição, DSM 4 qualificou os sintomas em três divisões: Desatento, Hiperativo/impulsivo e combinado.

Recentemente, com a quinta versão a lista de sintomas se estendeu para dezoito.

transtorno conglomera uma tabela de 18 sintomas; no qual, destes, 9 tem relação com a desatenção, 3 com impulsividade e 6 à hiperatividade. Entretanto, para se chegar à conclusão de um diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH – não é necessária a manifestação específica de apenas um dos sintomas; mas, é preciso que a criança apresente ao menos um total de 6 sintomas de desatenção e/ou hiperatividade – impulsividade; resultado este que só deve ser dado após uma criteriosa avaliação.

paciente, geralmente, apresenta um sintoma em maior relevância do que os outros; todavia, este pode mudar conforme seu desenvolvimento em outras fases da vida.

QUE É AFETIVIDADE E QUAIS SEUS CONTRIBUTOS PARA O PROCESSSO

DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA TDAH

Na atual conjuntura educativa, se faz necessária uma ampla compreensão das mais diversas necessidades do educando, com o objetivo de facilitar seu processo de contínua construção do seu conhecimento. Assim, no que concerne a função social da escola de garantir o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de todos os seus alunos sem distinção, surge a ampla indigência de uma apurada análise da afetividade em face ao processo de ensino e aprendizagem especialmente do aluno TDAH que é o foco central deste estudo.

Uma vez que, a afetividade também é influenciada pela tríade de sintomas que caracteriza o TDAH (desatenção, hiperatividade e impulsividade), que varia constantemente de intensidade, como afirmam PERISSINI (2014) e SILVA (2009) deste modo, uma das necessidades primordiais do aluno TDAH é ter um convívio afetivo com as pessoas que o cercam. Todavia, as relações interpessoais geralmente, não são um dos pontos mais fortes do portador deste transtorno, visto que, tendem a sentir toas as emoções as emoções de modo muito mais intenso do que a maioria consegue até mesmo imaginar.

A importância da afetividade em função do processo de ensino e aprendizagem se dá em sua conceituação na psicologia como um termo que designa a suscetibilidade que o ser humano experimenta diante de determinadas alterações que ocorrem em seu meio ou em si mesmos WIKIPÉDIA (2016), assim, o afeto é um ato de apego, que gera carinho, confiança e intimidade com algo ou alguém. Assim, o termo afetividade é derivado da palavra afeto e se refere às diversas emoções que uma pessoa pode demonstrar diante de diferentes situações.

A afetividade pode ser definida como uma variedade de impulsos emocionais impossíveis de serem dominados e que constitui um substrato compartilhado por todas as pessoas, em decorrência de ser o terreno de estudo da psicologia e tem sido matéria de debate anteriormente com as primeiras abordagens filosóficas a respeito. Com o passar do tempo, houve importantes avanços que associam diferentes áreas do cérebro com as ações que uma pessoa pode ter; circunstância adquirida através de uma pesquisa metodológica.

Assim, o processo de desenvolvimento cognitivo e social gira em função da inerente necessidade de o indivíduo entender a situação que vivencia para então, agir afetivamente de acordo com os estímulos recebidos, assim, NETO (2012) argumenta que, sem a afetividade não existe pensamento, ao viés que é necessária uma interação com o objeto de estudo, ou com o professor, para assim, construir um conhecimento em função dos conceitos abordados em sala de aula.

É de fundamental importância que a criança, especialmente a TDAH seja incentivada a lidar com suas ações emotivas de forma afetiva e serena, pois a sua turbulência de sensações que oscilam aos seus dois extremos muito rapidamente a deixa confusa e facilmente irritada, assim, como fala ANTUNES (2005) que:

Nenhuma criança nasce sabendo controlar suas emoções, dessa forma, salta da frustração para o encantamento, da alegria para a tristeza em segundos, mas sua convivência com os adultos vai pouco a pouco modelando esse descontrole emocional, levando-a a se compreender melhor e a saber usar suas emoções de acordo com as circunstancias.(p.28)

Nesse contexto, o primeiro aspecto a ser considerado quando se fala de afetividade é que ela é impossível de decidir conscientemente. Na verdade, todas as pessoas podem perceber as emoções sem que haja um controle sobre elas, além disso, surgem ao longo da vida nas mais variadas situações da vida. Sendo que esta tomada de consciência das próprias emoções um campo ainda mais especificamente complexo quando se trata do TDAH.

No entanto, o que realmente se pode decidir é a atitude tomada diante desses momentos e das ações surgidas. A diferença entre vontade e afeto acontece desde os tempos antigos especialmente na Idade Média e no contexto da teoria desenvolvida por São Tomás FERRARI (2008). Na verdade, para o teólogo existe a clara diferença entre o que significa uma decisão livre e o que é uma simples inclinação afetiva. Esta circunstância se deve principalmente à elucidação de questões éticas.

Os afetos podem variar e estar incluso a fatos imorais, mas isso não significa que exista culpa em quem os experimenta na medida em que não se tomou uma decisão livre a respeito. Mais contemporaneamente, a psicologia se aprofundou em grande parte com estas considerações, como afirma FERRARI (2008). Por exemplo, a psicanálise se refere a impulsos que existem além da consciência e da liberdade. É por isso que se costuma dizer que a primeira etapa para resolver qualquer tipo de problema que se refere à desorganização de um afeto é tomar consciência dele. De fato, esta circunstância apenas se torna possível quando são tomadas as decisões necessárias para dar uma resposta aos inconvenientes, mobilizando assim, os recursos internos e externos.

Deste ponto de vista, é incontestável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência.

A afetividade ao se lidar especialmente com a criança TDAH é fundamental para seu processo de desenvolvimento social e cognitivo, essa gritante necessidade de afeto, carinho, paciência e compreensão, são decorrentes, como nos afirma MESSINA (2011), em face de sua constante conduta desorganizada, que muitas vezes paira em ser rotulada e representada assim, por projeção de introjeções negativos oriundos do meio do qual tem que se defender, do tipo: “Você é chato.

Você é desobediente. Você está sempre aprontando, fazendo coisas erradas”.

A AFETIVIDADE NA FAMÍLIA E A IMPORTANCIA DE SUA PARCERIA COM A

ESCOLA

Algo simplesmente indiscutível no processo de desenvolvimento social e cognitivo de toda criança, é a importância de um núcleo familiar bem estruturado orgânica e emocionalmente e suas contribuições para um bom e equilibrado desenvolvimento do indivíduo. Assim, a criança com TDAH – não é diferente neste aspecto, pelo contrário, como ressalta LIMA (2012), o TDAH é um dos mais frequentes casos em que essas crianças precisam ainda mais, do carinho, atenção e paciência no acompanhamento e auxilio dos pais. Visto que este distúrbio surge geralmente na primeira infância, fase da vida em que somos basicamente dependente afetiva, social e financeiramente dos pais.

A criança TDAH, assim como nos adverte SILVA (2009), apresenta

dificuldades na concentração, distraindo-se com facilidade, assim, esquece seus compromissos, perde ou esquece objetos, tem dificuldade em seguir instruções e em se organizar. Apresenta também, manipulação excessiva de objetos, fala excessivamente e a agitação de braços e pernas é constante. A impulsividade, outro sintoma, gera dificuldade em frear respostas ou comportamentos: respondem antes mesmo da pergunta ser formulada, não esperam sua vez, têm dificuldade em seguir regras, pois o impulso não lhes permite pensar antes de agir. Por tudo isso, são crianças que exigem muito de quem as orienta.

Justamente por tratar-se de uma deficiência neurobiológica de origem genética, a criança TDAH apresenta características como descontrole motor acentuado que faz com que ela tenha movimentos bruscos e inadequados, mudanças de humor e instabilidade afetiva. E visto que, não existe uma única forma de TDAH e com o tempo pode sofrer alterações imprevisíveis. Afeta a criança em seu convívio em casa, na escola e social em geral, muitas vezes prejudicando seu relacionamento com professores, colegas e familiares. Daí a fundamental importância da união de forças entre a escola e a família, ambas buscando a melhor forma de garantir a essa criança as oportunidades que lhes são agregadas por direito, de inserção e permanência com qualidade no sistema de ensino, visando sempre seu avanço no desenvolvimento social e cognitivo.

Uma vez que o diagnóstico do TDAH baseia-se numa esfera da teoria e da análise minuciosa e uníssona dos das principais características que são a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade, este diagnóstico deve ser realizado por uma profunda e ampla investigação de uma equipe multidisciplinar, pois, segundo STROH (2010), não é plausível restringir-se ao estudo de psicopedagogos e professores, uma vez que se corre o risco de considerar perigosas generalizações e precipitações, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Assim, uma avaliação que conta com uma equipe multidisciplinar que se referencia especificamente na neurologia e psiquiatria conduz a diagnósticos mais seguros. Deste modo o diagnóstico acautelado poderá auxiliar muito na metodologia acertada a se utilizar com cada aluno, de acordo com suas reais patologias e necessidades específicas de aprendizagem, evitando julgamentos errados e até mesmo preconceituosos que rotulam o aluno TDAH, no cotidiano escolar.

Assim, como ressalta MESSINA (2011), encontra-se na família uma certa dificuldade no que se refere a compreensão do problema do filho, onde geralmente acreditam que seus filhos são preguiçosos, desinteressados e não que eles queiram trabalhar, chegando as vezes ao extremo colocando a criança a um ambiente desagradável, convivendo com a violência e subestimarão.

De tal modo, é fundamental que seja realizado um trabalho de orientação familiar, e que a partir do conhecimento e conscientização da real situação e limitações do seu filho, possa tornar-se possível o trabalho em conjunto com a família, facilitando assim, os avanços positivos e significativos no processo ensino e aprendizagem deste educando, respeitando assim, seus direitos de igualdade de acesso e permanência com qualidade no sistema educacional.

Portanto, entende-se que a afetividade e a determinação da família em compreender e auxiliar o processo de desenvolvimento de seus filhos, conferem grande importância ao campo psicoemocional da criança TDAH. Ao viés que, assim como nos destaca MESSINA (2011), a afetividade revela uma intensa sensibilidade e reatividade emocional.

Deste modo, a família deve estar estruturada psicologicamente para acompanhar a criança TDAH em seu processo de desenvolvimento, para tanto, os pais e/ou responsáveis, devem também munir-se dos conhecimentos básicos sobre as características e necessidades da criança TDAH, tanto na escola quanto no convívio familiar e social.

FORMAÇÃO DOCENTE O TRABALHO COM O TDAH EM SALA DE AULA

VERSUS E A AFETIVIDADE

No que se refere ao atendimento pedagógico da criança TDAH não se constitui numa tarefa fácil, especialmente em face a realidade de nossas escolas brasileiras que oferecem poucas condições de trabalho favoráveis a aprendizagem significativa, com salas superlotadas, falta de recursos pedagógicos suficientes e condições de buscar especializações na área. Porém, o trabalho com a criança TDAH em sala de aula requer o conhecimento específico deste transtorno e as metodologias mais acertadas para lidar com esse alunado tão peculiar. Visando evitar rotulações injustas e o abandono dentro da sala de aula, por muitas vezes recorrentes no cotidiano do aluno TDAH.

Assim, segundo MESSINA (2011), a criança com este transtorno vive um conflito interno entre os “não deverias” e aquilo que é originalmente seu modo de ser e agir, como se não pudesse aceitar os próprios sentimentos, pensamentos e ações. Por conseguinte, a criança cria um senso negativo oriundo de uma confusa imagem corporal.

Assim, as experiências em sala de aula devem conduzir e propiciar a resultados significativos, onde trabalhar as dificuldades dos alunos com TDAH, levando em conta a sua individualidade ao invés de tratá-los como bagunceiros, desinteressados, reforçando o lado negativo, essas características de sua personalidade devem ser trabalhadas de forma lúdica, consistente e respeitosa, ou seja, afetuosamente. Ou seja, procurando elogiá-los, para se acomodarem e sentirem confiantes, a cada conquista deve se aproveitar para mostrar a classe o quanto o aluno é capaz e inteligente, para que o grupo tenha um novo olhar, criando um conceito diferente deste aluno diante da turma melhorando assim, suas relações com o grupo criando um elo de confiança afetiva que contribui efetivamente para a formação social e cognitiva deste educando.

A formação continuada e o preparo afetivo do profissional da educação que lida diretamente com o aluno TDAH é fundamental para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem deste alunado, pois o estudo e aplicação de práticas clínicas psicopedagógicas com base na observação minuciosa de todas as dificuldades de aprendizagem, valorizando a intervenção através da aplicação de jogos e atividades lúdicas e arteterapêuticas, favorecem significativamente a progressão cognitiva e psicossocial.

Há uma intensa necessidade de estímulo correto em tempo integral para que a criança ou adolescente portador de TDAH mantenha sua atenção no que está fazendo ou estudando. Assim a preparação no que concerne a formação e preparação psicológica do professor para lidar com o cotidiano deste alunado, tem papel importante cabendo-lhe intervir no método cognitivo, junto à construção do saber, e fazer com que o paciente sinta-se capaz de ter um bom desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal.

Quando a criança ou adolescente estiver no processo de avaliação diagnóstica ou mesmo já fazendo o tratamento interventivo, junto ao acompanhamento da equipe multidisciplinar que objetiva auxiliar este profissional, possibilitará que a criança ou adolescente possa desenvolver habilidades como: Saber ouvir, iniciar uma conversa, olhar nos olhos para falar, brincar cooperando com o grupo, manter-se sentada ou quieta por um período, mesmo que seja curto, saber esperar sua vez para falar ou jogar, respeitar o outro como um ser diferente que possui sentimentos e diferentes opiniões. Ações que aparecem simples, porém para o TDAH são grandes conquistas.

Assim, STROH (2010) defende que há várias práticas pedagógicas voltadas ao atendimento do alunado TDAH, defendem alguns tipos de intervenções relacionadas à ludoterapia e à arteterapia que ao serem utilizadas durante o seu processo de ensino e aprendizagem tais como: Jogo com regras: uma vez que estes favorecem que a criança possa submeter-se às regras e normas, que possibilitarão seu desenvolvimento e habilidades, seu raciocínio, auto-imagem, administrar frustrações como saber ganhar ou perder, saber esperar sua vez, aprender a ouvir, assim como, planejar uma situação. Outro método eficaz são as brincadeiras de representação (psicodrama): que propiciam diálogos e troca de papéis, por meio dos quais a criança pode desenvolver algumas habilidades, de comunicação e também de cunho psicólogo que servirá como espelho, onde a criança poderá analisar e compreender com mais lucidez ser jeito de ser. Há também a atividade corporal cinestésica: que configura-se no relaxamento associado ao controle da respiração, ouvir silenciosamente uma música relaxante ou mesmo a massagem corporal são técnicas úteis para reduzir a tensão dos músculos do corpo e trazer a atenção da criança para si mesma, fixando-se em si mesma e promovendo maior centralização favorecendo a concentração. O uso de sucata também favorece o processo de desenvolvimento das crianças com TDAH, visto que podem utilizar sua criatividade, podem criar e formar novos materiais.

Outros autores como FAGALI (2010), também defendem algumas indicações de jogos e atividades que podem ser trabalhadas com uma criança ou adolescente que estejam num processo avaliativo/diagnóstico, ou de acompanhamento pedagógico em sala de aula da criança TDAH, como: O trabalho com o barro: visto que gera concentração, captando a energia excessiva promovendo o relaxamento. Assim como, atividades de construção criativa em que se usa a força com as mãos, liberando energia represada, alterna-se com atividades sutis, enfatizando a suavidade e delicadeza dos movimentos. Os instrumentos podem ser as próprias mãos, pincéis de várias texturas, giz de cera colorido (pintura e expansão da aquarela, guache e giz de cera, no movimento alternado de contensão e expansão). Também indica o trabalho com o corpo: Tensão alternada com relaxamento, diretamente associada ao movimentos corporais, imagens e elementos. Andar e contar histórias sobre situações de tensão e relaxamento, rápido e lento. Outro método bastante eficaz é o trabalho respiratório, com exercícios de Inspirar até o abdominal, bem lentamente, como se enchesse uma bexiga, e expirar como se soprasse pela boca tirando tudo que precisa sair desde o abdômen. (inspiração e expiração com vários ritmos e duração, em função das facilidades progressivas do aprendiz).

STROH (2010) também defende a arteterapia como uma metodologia muito eficaz no trabalho com o aluno TDAH, na qual a arte é utilizada como meio de expressão e exteriorização de sentimentos, consentindo que sejam confrontadas as angústias e potencializando a criatividade do aluno. Deste modo, permite que o aluno tenha a oportunidade de redimensionar a importância de sua aprendizagem e de seus valores. Assim, este método deve constantemente ser utilizadas intervenções mediadas por recursos técnicos de arteterapia, no desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes portadores de TDAH ou de outros problemas relacionados à atenção.

Deste modo, são inúmeras as possibilidades de metodologias a serem utilizadas para favorecer o processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluo TDAH, que devem ser empregadas pelo professor em sala de aula de forma eficaz e justa combinada a responsabilidade afetiva deste profissional e aliada ao acompanhamento psicopedagógico, neurológico e clínico, realizado em conjunto pela equipe multidisciplinar, visando a inserção deste aluno no convívio escolar e social.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA

Objetivando a validação desta pesquisa, que visa uma abordagem de cunho bibliográfica, documental e de campo, visto que, a junção destes três enfoques suscita uma técnica de pesquisa que possibilita a obtenção de grande quantidade de informações, condição fundamental para a realização de uma análise com profundidade, além do que, um dos traços diferenciadores desta técnica é a sua pertinência para tratar de especificidade de casos e a sua aplicabilidade, que visam a validação deste estudo.

Assim, foi realizado inicialmente um levantamento de dados teóricos e legislativos sobre o assunto abordado, seguido da análise de documentos acessíveis relacionados ao tema, além da observação de algumas aulas, foram utilizados também questionários objetivos e subjetivos, como forma de obtenção de dados, que serão aplicados para toda a equipe técnica e pedagógica da escola, os dados obtidos serão tabulados, triangulados e apresentados em forma de gráficos e argumentos complementares pertinentes.

Deste modo, foi realizada a pesquisa de campo na empresa de atendimento especial especializado (A.E.E.) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, localizada na Avenida Magalhães Barata, Nº 1250 Centro, no município de Conceição do Araguaia/PA, tendo como principal responsável o Presidente Renildo Alves dos Santos. Sendo essa ainda uma entidade filantrópica de grande porte, ou seja, sem fins lucrativos, mantida por meio de doações e eventos promovidos pela instituição em prol de arrecadação de fundos.

Tendo como filosofia de trabalho a ideia de promover ações diferenciadas e a melhoria de qualidade de vida da pessoa com deficiência mental e múltipla, e a construção de uma sociedade mais justa e solidária, oferecendo – lhes programas educacionais que promovam a sua independência, liberdade e auto realização. A política da APAE é de acompanhamento e monitoramento das ações apaeanas, é o conjunto de princípios e normas de processos de melhoramento das instituições em suas atividades propostas das APAE’s. Tendo como missão de promover e articular ações de defesas de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços, apoio a família direcionadas a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência de uma sociedade justa e solidária.

A modalidade de ensino trabalhado é a educação especial através de oficinas de atendimento especial. As deficiências contempladas em atendimento são: deficiência intelectual, Deficiência múltipla, Autista, Síndrome de Down, Dislexia, Hidrocefalia, Microcefalia, Epilepsia e Tetraparesia.

A instituição realiza distintos eventos, dentre festivais, bingos, apresentações, dentre outros, em prol de arrecadação de fundos para manutenção da mesma, sendo sempre bem aceitos pela comunidade. E conta também com o apoio e doações do comércio local.

A equipe de atendimento da APAE é composta por oito pedagogos, três psicopedagogos, dois educadores físicos, um psicólogo, um assistente social, um fonoaudiólogo, um terapeuta ocupacional e um fisioterapeuta.

Uma das psicopedagogas trabalha na parte clínica da instituição, participando das triagens para o ingresso dos alunos, faz o acompanhamento dos alunos juntamente com a equipe multiprofissional e multidisciplinar, sempre orientando os professores em como trabalhar o estímulo das crianças. Sendo estas importantes atuações, consideradas até fundamental para o bom desenvolvimento das crianças atendidas. Ainda segundo esta profissional, o que atrapalha o bom funcionamento é a falta de recursos tecnológicos, para fazer a adaptação dos alunos à estes recursos.

espaço físico da instituição é amplo e adequado para as exigências, composto por um refeitório, um pátio, uma cozinha, uma quadra de esportes, um parque de areia, uma sala de direção administrativa, uma sala de atendimento ao público e oito salas climatizadas distribuídas em sala de estimulação precoce, sala de inclusão e – multiprofissional, sala de Oficina pedagógica (linguagem e comunicação), Sala de vídeo, sala de Produções profissionalizantes, sala de artes (papietagem) e sala de AVD’s e AVP’s. Tendo um planejamento de acordo com as necessidades de cada sala e deficiência dos alunos. A relação destes profissionais é harmônica e de fácil acesso, para seja possível realizar um bom trabalho.

A instituição possui um organograma organizado da seguinte maneira:

Quanto a contratação de profissionais, os funcionários administrativos ressaltaram que se dá por meio de indicação da Secretaria Municipal de Educação – SEMED, devido à uma parceria a instituição possui com esta. Além deste, o estado, por meio da Secretaria de Educação – SEDUC, também disponibiliza três profissionais.

É necessária uma constante capacitação destes profissionais uma vez que este precisam estar aptos a atender as necessidades dos alunos, portanto, sempre que possível, é feito formação continuada.

Para o atendimento à clientela é feita uma triagem, em busca de famílias que sejam da classe média ou baixa, que procuram pela instituição; sendo no máximo se trabalha com seis alunos em cada sala, organizados nas turmas conforme as deficiências que estes possuem.

A definição de metas é realizada à longo prazo, devido à necessidade de acompanhar o ritmo dos alunos, primando pela paciência e muita oração; esta última faz parte da rotina da instituição. As metas são definidas em reuniões periódicas, no qual são feitas análises do rendimento dos alunos e replanejamento de novas ações para a melhoria.

Os recursos materiais que a APAE disponibiliza é o necessário para o trabalho, mas precisa de ampliação em caráter eletrônico, com uma sala de informática. A dificuldade para adquirir recursos materiais é um fator que dificulta o desenvolvimento das ações da instituição.

A atuação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, é de grande relevância, pois, busca contribuir para a inclusão social das pessoas com deficiências, através do preparo desses alunos para que possam interagir na sociedade.

Ao iniciarmos o trabalho de observação na APAE de Conceição do Araguaia no Pará, fomos recepcionadas bem pela diretora que nos deixou a vontade para observamos a rotina dos alunos, que ao chegarem são organizados no pátio e os professores realizam um momento de recepção e oração e em seguida os alunos são encaminhados para as aulas, com pausa entre as mesmas para os intervalos do lanche e posteriormente para o jantar intercalados com as aulas e oficinas, após o jantar, que é servido as quatro, os alunos descansam por uma hora e são levados pra casa pelo ônibus da instituição.

Ao chegarmos para o estágio de observação de aulas fomos recepcionadas pela diretora que nos apresentou ao professor de Educação física e o informou que assistiríamos a sua aula, o mesmo foi receptivo e começou a aula, explicando com paciência e atenção a atividade proposta que era boliche, suas regras e as técnicas corretas para executar as atividades, durante a aula, contextualizou e dinamizou o assunto interdisciplinando com a matemática incentivando a contagem dos pinos derrubados em cada jogada. Os alunos eram adultos, com diferentes necessidades especiais de aprendizagem e desenvolvimento, ambos se mostraram tranquilos e bem animados ao interagir com a atividade proposta, os colegas e professor. O professor demonstrou domínio de turma, planejamento prévio do conteúdo a ser trabalhado e organização material didático necessário.

Ao término da aula de Educação Física os alunos foram encaminhados a sala de Artes, a professora já os aguardava. A Diretora novamente nos apresentou e informou que assistiríamos a sua aula, a mesma nos recepcionou dizendo que ficássemos a vontade, e aos alunos pediu que sentassem e aguardassem ela terminar de desenhar de recortar o material que usariam para a aula. Os alunos ficaram muito inquietos e um pouco nervosos porque a professora demorou muito tempo organizando o material da aula, e devido a grande inquietação dos alunos ela interrompeu e passou para outra atividade começando a explicar o que fariam para apresentar no natal e como já finalizava a aula as duas atividades propostas ficaram para terminar num outro momento. A professora demonstrou pouco domínio da turma e dos conteúdos trabalhados, não organizando o material necessário para a realização da atividade propostas, quando perguntamos porque ela achou melhor desenhar e recortar para os alunos apenas pintarem, ela disse que achava melhor dessa forma porque eles demorariam muito tempo para realizar essa atividade completa, porém ainda assim, a atividade não foi concluída durante a aula.

No dia Seguinte, observamos uma aula na sala de Estimulação Precosse que atende crianças na faixa etária de 3 a 7 anos, sendo este um espaço bem equipado com brinquedos pedagógicos, bonecos, piscina de bolinhas, televisão, tapete pedagógico, colchão para descanso, livros infantis, espelho grande. Fomos novamente recepcionadas pela diretora e apresentadas a professora que nos recepcionou muito bem e se mostrou bastante preparada e preocupada em lidar com os alunos da melhor forma possível, para que se desenvolvessem bem, apesar de ser seu primeiro dia, a mesma desenvolveu bem a aula.

Neste dia tinham apenas dois alunos, uma menina que mostrou ser bem tranquila e focada nas atividades propostas e um menino que pelo contrário, apresentou ser bem agitado e nervoso durante toda a aula, tendo que ser retirado da sala para passear um pouco no pátio na tentativa que o mesmo se acalmasse, embora não tenha surtido muito resultado. A professora desenvolveu inicialmente uma atividade de rasgar papel, para estimular a coordenação motora e depois a professora pediu para que juntos recolhessem os papéis utilizados e colocados no lixo, incentivando a organização. Em seguida, realizou atividades diversas como blocos de montar com as formas geométricas, dominó, contação de história imitando os animais com bastante ênfase e ânimo e por fim, jogos no computador, a aluna se manteve focada e concentrada em todas as atividades propostas, já o menino continuou muito agitado e só se acalmava por alguns segundos quando a professora começava a cantar com ele, embora por pouquíssimo tempo. A mesma disse que achava que ele estava mais nervoso também, pelo fato de não conhece-la, e mostrou-se um pouco insegura quanto a forma de lidar com ele, pois também não o conhecia e ainda não sabia a melhor forma de lidar com ele, mas que já tinha solicitado seu laudo para apropriar-se melhor de seu histórico e as metodologias mais indicadas para trabalhar com ele.

Embora tenha expressado verbalmente insegurança, a nosso ver, a professora foi extremamente dedicada utilizando diversas estratégias e mantendo a calma e paciência frente ao imenso desafio da inquietude e nervosismo do aluno. Observamos também, que apesar de ser seu primeiro dia com os alunos, a professora não recebeu todas as instruções e suportes necessários para lidar com este aluno, pois não foi informada de suas necessidades e quando solicitou o laudo o secretário foi ríspido com a mesma, insinuando não haver necessidade de que a mesma tomasse conhecimento dos dados deste documento.

Objetivando respaldar esta pesquisa utilizamos como método de coleta de dados a análise documental, e acordo com a análise realizada de um laudo médico apresentado a instituição pela mãe do aluno em questão, de cinco anos que é participante da oficina de estimulação precoce, passou por consulta com neuropediatra e segundo este profissional, o aluno encontra-se em acompanhamento com o seguinte histórico: Segundo filho do casal não consanguíneo, nascido a termo de parto cesáreo, teve atraso em DNPM, ao nascimento apresentava muita secreção pulmonar. Aos três meses iniciou a apresentar crises compulsivas e pneumonias de repetição ficando internado por várias vezes por BCP, porém, não tenha mais tido crises, somente com febre e tendo diarreia crônica com repetição e dificuldade em ganho de peso, tendo também intolerância a lactose. Apresentando também, atraso no desenvolvimento, pois, sentou com oito meses e andou com dois anos e meio.

Ainda segundo o laudo, atualmente o aluno comunica-se e verbaliza pouco, mantendo contato visual atende aos chamados da mãe, embora segundo a mesma, em alguns momentos ele não atende, quando quer pedir algo aponta para o objeto com o dedo e entende comunicação não verbal. O aluno gosta de brincar sozinho, não interagindo muito com outras crianças de sua idade. Tem alterações de comportamento quando sua rotina é alterada, ficando assim, muito agitado, tendo exteriotipias manuais e autoagressão, quando é contrariado. O aluno é dependente em todas as suas atividades cotidianas em casa e na escola, precisando de auxílio inclusive para se vestir e realizar sua higiene pessoal.

Passando por consulta também com oftalmologista em Belém, em função de problemas de P tose e estrabismo, este profissional descartou a necessidade de intervenção cirúrgica.

paciente foi diagnosticado com: Síndrome genética, Espectro Autismo, atraso na linguagem e desenvolvimento cognitvo, embora tenha apresentado RM normal e Triagem de erros inatos também normal. Faz uso de: CBZ 10ml e Neuleptil 1%.

Sendo recomendado pelo laudo médico uma avaliação com pediatra, manter a psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia e retorno em três meses. Consta como parecer psicológico do aluno informações que convergem com as fornecidas anteriormente, visto que apresenta que o aluno ouve bem, gosta de ouvir música, assistir TV, embora não tenha orientação de tempo, espaço e lateralidade. Já no que diz respeito ao retardo DNPM, diverge com as informações anteriores afirmando que o paciente não apresenta este retardo.

Por sua vez, o parecer pedagógico converge nas informações fornecidas pelo laudo médico e acrescenta que a intolerância a lactose pode acarretar problemas no desenvolvimento neuropsicomotor, caso haja a ingestão deste alimento. Quanto a fala afirma que, o aluno fala poucas palavras como o nome do irmão e chama pela mãe.

Assim, após ter acesso as informações contidas no laudo médico deste aluno, foi possível compreender seu comportamento extremamente agitado, devido a presença da professora nova o que foi ainda mais intensificado pelo fato de terem mudado ele de sala neste dia o que contribuiu ainda mais para seu estado de inquietação constante durante toda a aula, isso sem mencionar o fato de que a professora deveria ter recebido estas informações importantíssimas sobre a situação clínica e psicológica deste aluno e as melhoras formas de lidar com ele, antes de ser encaminhada para a sala de aula.

Uma das maiores dificuldades em relação ao atendimento da criança TDAH, relatadas pelos professores da escola em foco, foi o fato de que nos laudos dos alunos dificilmente se relata a questão do TDAH, visto que, os alunos atendidos têm muitos tipos patologias e em sua maioria são mais severas que este, assim, os laudos nem mesmo citam esse transtorno, embora seja um fator visivelmente aguçado na maioria das crianças atendidas. Fato este que dificulta muito o atendimento especializado a esses alunos, impossibilitando aos professores um acompanhamento mais específico com relação a esta peculiaridade.

CONCLUSÃO

Sendo a escola uma extensão da sociedade, tem o papel de formar nossas crianças para o convívio social. Deste modo, deve primar pela excelência da qualidade da educação que fornece aos educandos, garantindo a todos eles o acesso ao conhecimento cognitivo e socioemocional.

Nesse viés, os profissionais educativos devem estar preparados para lidar com as diversas especificidades de seu alunado, incluindo a criança e o jovem TDAH. Visto que essas crianças, têm dificuldade em controlar sua atenção, sua impulsividade e sua hiperatividade. Configurando-se assim, a importância do afeto na relação entre aluno-professor, descobriu-se que a afetividade já foi bastante estudada e considerada como um dos fatores a ser desenvolvido nessa relação, pois é através das interações sociais que se constrói a aprendizagem

É indiscutível que o professor carece de desenvolver e dominar habilidades e conhecimentos teóricos para identificar e intervir de forma segura e efetiva, em situações que envolvam conflitos e crises emocionais, este deve ter consciência do poder do contágio emocional entre as crianças e atuar nessas situações, promovendo intervenções que possam ser administradas de forma significativa e benéfica para o bem-estar do grupo de um modo geral, especialmente do aluno TDAH em virtude de suas especificidades em se relacionar social e cognitivamente.

Deste modo, faz-se necessária uma renovação dos processos de ensino e aprendizagem e das estruturas organizacionais de ensino, objetivando aprimorar o acompanhamento dos educandos de acordo com suas especificidades e necessidades de aprendizagem. Assim, essa renovação dever ser pautada nos direitos humanos, e contemplar temas como estilo de direção, comunicação, sistema de relações, tratamento dos conflitos, avaliação institucional, normas disciplinares, com o intuito de promover através da garantia desses direitos, um clima mais harmônico e afetivo tanto na sala de aula como na escola, fortalecendo as relações de segurança, confiança e respeito a individualidade de cada indivíduo que, por consequência, trará liberdade de expressão emocional, física e criativa.

Nesse contexto, deve ser examinada criteriosamente, a separação entre racionalidade e afetividade, buscando a valorização dos sentimentos e necessidades emocionais que estão presentes em todas as relações humanas, e implicam diretamente no desenvolvimento cognitivo desses alunos. Desse modo, a educação escolar visando o cumprimento de sua função social, deve estar preparada para estimular e propiciar a construção equilibrada da personalidade como um todo, preparando seus alunos para o convívio social e profissional de forma saudável, consciente e crítico.

Ao passo que, preparar o cidadão para conviver em sociedade é um dos objetivos primórdios da educação escolar, é necessário ensinar a conciliar a relação igualdade e diferença, paz e violência, aceitação e preconceito, sendo que esse processo exigirá dos professores uma postura democrática e não autoritária onde trabalha a criatividade e liberdade de expressão, que são contrários ao modelo atual onde é esperado o mesmo comportamento para todos, como se fosse possível colocar uniformes no interior dos alunos, e sabemos que isso é impossível, especialmente quando se trata do aluno TDAH. Todos os processos de aprendizagem devem primar pelo respeito as diversidades, até mesmo o modelo de avaliação da aprendizagem deve ser revisto, pois não aprendemos da mesma forma e não nos comunicamos no mesmo nível de linguagem, o que não quer dizer que não somos capazes de aprender, mas sim que todo ser humano é único e especial pela sua particularidade.

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1 Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) – valeria.orientacao@gmail.com

2 Bacharel em psicologia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) – larasousasantos98@gmail.com

3 Licenciatura em Pedagogia pela Universidade     Estadual          do          Tocantins          (Unitins)    – Francirene.silva@professor.to.gov.br

4 Bacharel em Serviço social pela Universidade do Estado do Tocantins (Unitins) – gracyettebezerra@gmail.com

5 Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) – beirariouca@gmail.com

6 Licenciatura em História pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) – humanassjj@gmail.com

7 Licenciatura em matemática pela Universidade Federal do Tocantins (Unitins) – heronitaalvesh@hotmail.com

8 Bacharel em Serviço social pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) – vania-lago-12@hotmail.com

9 Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) – antoniomartins6227@gmail.com

10 Licenciatura em Pedagogia pela Fundação Univesidade do Tocantins (EDUCON) – jacirasousa682@gmail.com

11 Licenciatura em Matemática pelo Instituto Federal do Tocantins (IFTO) – annyocastro@gmail.com

12 Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Tocantins (Unitins) – rayssaa.araujoc@gmail.com

13 Licenciatura em Artes/teatro pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) – ferreirafabricio134@gmail.com

14 Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pelo Instituto Federal do Tocantins (IFTO) daniela.abreu@professor.to.gov.br

15 Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Centro Universitário ITOP – cleverlisantos9@hotmail.com