CONTRIBUTIONS OF THE HTP TEST TO THE PSYCHOANALYTICAL CLINIC WITH CHILDREN
APORTACIONES DEL TEST HTP PARA LA CLÍNICA PSICOANALÍTICA CON NIÑOS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8044439
Nadja Cecília Beserra de Sena1
Elenise Tenório de Medeiros Machado2
Isabelle Cerqueira Sousa3
Resumo: O presente estudo visa investigar as possíveis contribuições do HTP: casa- árvore- pessoa, técnica projetiva de desenho para a clínica psicanalítica com crianças. Diante do crescente aumento das demandas da infância à clínica, busca-se aperfeiçoar o método de avaliação do sofrimento psíquico das crianças com o intuito de favorecer tanto o diagnóstico diferencial como o processo de alta do tratamento. Diante das peculiaridades do estabelecimento da transferência, das demandas e do modo como as crianças apreendem suas relações parentais, indaga-se o quanto os recursos projetivos podem contribuir para que o psicólogo ou psicanalista tenha mais clareza diante dos sintomas e das demandas apresentadas pelo infante, bem como o quão tal parâmetro pode contribuir para o processo de alta do tratamento. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de livros e periódicos referente ao tema, bem como a experiência clínica com crianças. Avaliou-se que na perspectiva do atendimento clínico com crianças, o recurso projetivo como o teste HTP pode contribuir para compreensão do sintoma da criança, de modo a propiciar uma avaliação fidedigna da contextualização apresentada pelo discurso dos adultos em relação ao infante atendido. Além de favorecer, juntamente com as entrevistas e a escuta clínica, a compreensão do diagnóstico diferencial clínico. O teste pode ser aplicado tanto nas entrevistas preliminares, quanto no processo de alta da criança como uma ferramenta de avaliação da evolução do tratamento, bem como averiguação da dissolução dos sintomas apresentados e diminuição do sofrimento psíquico da criança.
Palavras-chave: Clínica psicanalítica 1; Infância 2; HTP 3; Diagnóstico 4; Teste Projetivo 5.
Abstract: The present study aims to investigate the possible contributions of the House-Tree-Person (HTP) projective drawing technique to psychoanalytic clinical work with children. Given the increasing demand for childhood clinical services, it is necessary to improve the method for assessing children’s psychological distress to facilitate both differential diagnosis and the treatment discharge process. Given the particularities of transference establishment, demands, and the way in which children apprehend their parental relationships, it is worth considering how projective resources can contribute to giving psychologists or psychoanalysts greater clarity in the face of the symptoms and demands presented by the child, as well as how such parameters can contribute to the treatment discharge process. The methodology used was a literature review of books and journals related to the topic, as well as clinical experience with children. It was evaluated that, in the perspective of clinical care with children, projective resources such as the HTP test can contribute to understanding the child’s symptoms, to provide a reliable assessment of the context presented by the discourse of adults in relation to the child being treated. In addition to supporting, together with interviews and clinical listening, the understanding of differential clinical diagnosis. The test can be applied both in preliminary interviews and in the child’s treatment discharge process as a tool for evaluating treatment progress, as well as investigating the dissolution of presented symptoms and consequently providing relief for the child’s psychological distress.
Keywords: Psychoanalytic clinical work; Childhood; HTP; Diagnosis; Projective Test.
Resumen: El presente estudio tiene como objetivo investigar las posibles contribuciones de la técnica proyectiva de dibujo Casa-Árbol-Persona (HTP) en la clínica psicoanalítica con niños. Ante el creciente aumento de la demanda de servicios clínicos para la infancia, es necesario mejorar el método de evaluación del malestar psicológico de los niños con el fin de facilitar tanto el diagnóstico diferencial como el proceso de alta del tratamiento. Dadas las peculiaridades del establecimiento de la transferencia, las demandas y la forma en que los niños comprenden sus relaciones parentales, es importante considerar cómo los recursos proyectivos pueden contribuir a proporcionar mayor claridad al psicólogo o psicoanalista ante los síntomas y demandas presentadas por el niño, así como a la contribución de este parámetro en el proceso de alta del tratamiento. La metodología utilizada fue una revisión bibliográfica de libros y revistas relacionados con el tema, así como experiencia clínica con niños. Se evaluó que, desde la perspectiva de la atención clínica con niños, los recursos proyectivos como el test HTP pueden contribuir a comprender los síntomas del niño, a fin de proporcionar una evaluación confiable del contexto presentado por el discurso de los adultos en relación con el niño tratado. Además de favorecer, junto con las entrevistas y la escucha clínica, la comprensión del diagnóstico diferencial clínico. El test puede ser aplicado tanto en entrevistas preliminares como en el proceso de alta del niño como una herramienta para evaluar la evolución del tratamiento, así como la verificación de la disolución de los síntomas presentados y, por consiguiente, proporcionar alivio para el malestar psicológico del niño.
Palabras clave: Clínica psicoanalítica; Infância; HTP; Diagnóstico; Test Proyectivo.
1 INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido sobre o aumento da procura por atendimento de psicoterapias de um modo geral para crianças e adolescentes. Diante disto, ressalta- se a importância de discutir sobre a prática clínica com crianças e de como os instrumentos de avaliação psicológica projetivos podem contribuir com essa prática, no que diz respeito à compreensão dos sintomas apresentados. Estudar como o sofrimento psíquico implicado na criança e de como o contexto ambiental na qual ela está inserida contribui para o favorecimento das demandas relatadas, é de fato importante para minimizar os possíveis danos psicológicos na infância e na adolescência. Segundo exposto por Brito (2020, p. 16) “[…] um estudo realizado com 67 artigos constatou que a Psicoterapia Infantil vem se configurando como uma prática fundamental frente às demandas existentes, bem como um campo de produção científica voltada às demandas de cada cultura”. Diante disto, faz-se necessário uma permanente investigação e aprimoramento dos modos de intervenção da clínica com crianças.
A demanda pelo atendimento psicológico infantil raramente é uma solicitação do infante, ela é manifestada pelos pais ou cuidadores, sugerida pela escola ou por especialistas por quem a criança já está sendo atendida. Os motivos são os mais variáveis, vão desde o fato dela não está se desenvolvendo dentro do esperado para sua idade cronológica, porque vem apresentando dificuldade de aprendizagem, de socialização ou porque ela vem causando algum tipo de incômodo ao ambiente no qual ela está inserida. Então faz-se necessário investigar o sintoma da criança e sua relação com o contexto familiar, levando em consideração o efeito do discurso da psiquiatria descritiva, tão presente na atualidade, e que tende à psicopatologização da vida cotidiana, sem necessariamente atentar-se às implicações do diagnóstico na infância. Tendo como efeito as inferências severas, desde a medicalização precoce às rotulações que marcam a vida do sujeito ainda em desenvolvimento global.
As entrevistas preliminares com os pais, cuidadores, professores e com a criança vão esclarecer ao psicólogo/ psicanalista o lugar que a criança ocupa no desejo dos pais. Citam Prado Junior e Lima, mencionado por Bernadino (2021, p. 32), “A constituição do psiquismo é articulada às pessoas que asseguram o cumprimento das funções paterna e materna em suas acepções simbólicas”. O discurso dos adultos relacionados à criança geralmente apresenta-se de forma clara, tem algo que lhes assusta, incomoda ou preocupa naquela criança. Mas tanto a literatura quanto a prática clínica nos apontam que a criança manifesta sua demanda simbolicamente, não a associa livremente e a transferência vai se construindo lentamente. Porém, como o analista pode apreender, logo no início, a diferenciação entre a demanda dos pais e o sofrimento da criança? Será que dispor de recursos devidamente estudados e reconhecidos como os testes projetivos não podem auxiliar no diagnóstico diferencial? Como apreender concretamente, após o percurso terapêutico da criança, se houve uma dissolução dos sintomas, ou se apenas às demandas dos pais foram atendidas?
Neste cenário, a alta no processo terapêutico infantil tem suas especificidades. Muitas vezes, os pais optam por interromper assim que os sintomas são amenizados, mas isto não implica que o processo psicoterápico esteja concluído.
Diante das indagações, lançou-se a questão que nos levou a buscar um aprofundamento dos instrumentos de avaliação psicológica e sua contribuição para a psicoterapia com crianças, com o intuito de uma melhor apreensão dos sintomas e de suas implicações no contexto da criança atendida.
Ao utiliza-se um teste projetivo como HTP (Casa- Árvore- Pessoa Técnica Projetiva de Desenho) para auxiliar os profissionais da Psicologia a terem mais clareza do contexto clínico implicado, possibilitaria, inclusive, uma dimensão da evolução do tratamento ao final do processo, caso o teste seja reaplicado¿ Poucos estudos se expõem, na literatura, relacionados aos testes projetivos, inclusive ao HTP e não foram encontrados estudos clínicos práticos e quantitativos que comprovem o auxílio da proposta sugerida para o trabalho clínico com crianças. As bases utilizadas nos apresentam teoricamente a viabilidade e o favorecimento que tal método pode favorecer à escuta clínica e à compreensão do diagnóstico diferencial.
O objetivo é favorecer e aperfeiçoar as formas de avaliação clínica tendo como referência a Teoria Psicanalítica para favorecer o diagnóstico diferencial e poder se ter um parâmetro da evolução do tratamento. O método sugerido de aplicação do HTP no início do tratamento e no processo de alta do paciente também pode favorecer estudos e laudos periciais, visto que o teste, mesmo sendo projetivo, pode descrever parâmetros da situação emocional da criança e do modo como ela vivencia o ambiente na qual está inserida. Juntamente com a escuta clínica e a utilização de instrumentos, possibilita-se uma noção precisa dos aspectos emocionais e psicopatológicos implicados no paciente.
2 MÉTODO
O presente artigo é uma Revisão Bibliográfica tal como se propõe, destina-se à finalidade de aprimoramento e atualização do conhecimento através da investigação científica de obras já publicadas” (Souza, A.S;Oliveira,S; Alves, L.2021). Utilizou-se a base de dados Google Acadêmico, Plataforma Lattes e Sciello nos quais foram pesquisados periódicos referentes à temática estudada, bem como a literatura que fundamenta a teoria psicanalítica como Freud e teóricos afins e os autores que fazem uso do teste HTP como ferramenta de rastreio dos conflitos psíquicos. Considerando-se que como toda pesquisa relacionada à Psicanálise não pode ser dissociada da experiência clínica e da própria formação do psicanalista, ambas contribuíram tanto para as hipóteses levantadas como para as articulações teóricas realizadas. O estudo foi realizado de fevereiro a julho de 2022.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 A Clínica psicanalítica com crianças
Atualmente a clínica psicanalítica, de um modo geral, tem sido recorrida pelas demandas da infância. O normal e o psicopatológico, nesta fase, apresentam linhas muito tênues, principalmente porque o diagnóstico em tão tenra idade merece toda atenção e cuidado por parte dos profissionais da saúde mental .O aprofundamento nos estudos da Psicopatologia infantil têm apresentado subsídios para que os diagnósticos se deem de forma cada vez mais precoce, o que por um lado auxilia no êxito das intervenções, mas por outro implica em uma necessidade de rotulação dos pequenos sujeitos que tornam-se, muitas vezes, estigmatizados e reduzidos a uma nomenclatura. Para Landman (2019), o olhar da Psiquiatria sobre os sintomas também se modifica gradualmente, a ponto de a clínica tradicional baseada na observação e em hipóteses teóricas metapsicológicas, em especial aquelas oriundas da Psicanálise, vai dando lugar a outra clínica, uma clínica farmacologicamente induzida. O autor sublinha que cada vez mais, os sintomas repertoriados em função da ação dos medicamentos. E quando se trata do público infantil, isto se torna ainda mais preocupante.
A clínica psicanalítica com crianças é traçada no pressuposto de que “[…] a criança precisa ser respeitada em sua própria capacidade de viver e ser escutada a partir de seu próprio desejo” (Blinder, Knobel & Siquier, 2011, p.25). Mas de quem é a demanda que se apresenta na clínica com crianças? As entrevistas preliminares têm a função de fazer a investigação proposta por Freud para avaliar a pertinência do tratamento psicanalítico. Durante esse momento, o diagnóstico diferencial autêntico possibilita uma intervenção analítica.
Na análise de crianças é importante escutar os pais, pois são eles que apresentam uma demanda em relação à criança. Para Petri (2008), a criança constitui sua neurose na relação com o Outro simbólico, mas, como fórmula Melman (1997) é com os pais como outros reais que ela se relaciona na vida cotidiana. Jorge (2010) enfatiza que a educação é um incentivo ao controle do princípio do prazer pelo princípio da realidade. A recompensa para a criança pela renúncia do prazer pulsional está no ganho do amor dos educadores. Para o autor, “[…] a educação falha quando a criança mimada sente que o amor dos pais não é de modo algum passível de ser perdido, pois, numa verdadeira dialética entre amor e gozo, a criança pequena só abre mão do gozo por medo de perder o amor dos pais” (Jorge, 2010, p. 59).
Raramente as crianças chegam ao tratamento em nome próprio e sim pela queixa de um terceiro, sejam eles: pais ou responsáveis legais; escola e outros profissionais de saúde, os quais estão incomodados com algum tipo de situação relacionada à criança. Ao chegar ao psicólogo ou psicanalista, é frequente um pedido velado para “consertá-la”, incluindo-a em um ideal de saúde física e mental: saber falar; escrever; contar perfeitamente; ser dócil e simpática, sair-se bem na escola, está dentro do esperado em todas as fases do desenvolvimento e não causar nenhum tipo de incômodo ou angústia àqueles que estiverem à sua volta. (Leitão & Cacciari, 2017). A demanda para o atendimento psicológico surge quando a criança não corresponde a esse ideal imposto pela família e pela cultura.
Para Ferreira (2000), mencionado por Leitão e Cacciari (2017), na perspectiva da Psicanálise, são esses pontos de “falha” que constituem uma resposta à alienação que recobre o ideal, preservando a condição subjetiva daquela criança.
O tratamento da criança requer uma delicadeza especial, que deve atentar- se a uma estrutura psíquica ainda não totalmente efetuada, um sujeito ainda em constituição. Diante disto, aprecia-se o diagnóstico e o sintoma como sendo cruciais para serem analisados nas entrevistas preliminares que serão fundamentais para nortear todo tratamento. Freud chama a atenção para os riscos e a responsabilidade do analista na tarefa do diagnóstico diferencial, ressaltando todas as dificuldades implicadas neste. Ele já o considera como um marco no início do tratamento. Freud (1913). Como já visto, a escuta dos pais é fundamental para precisar a leitura do analista, “[…] já que toda criança ao nascer, é um objeto para o Outro, e é a construção da neurose infantil que permite separá-la desses outros” (PETRI, 2008, p. 12). Compreender o lugar da criança no desejo dos pais é uma tarefa primordial para o analista, visto que é esse lugar simbólico que irá manifestar-se na sintomatologia do infante. A associação livre como técnica fundamental da Psicanálise proporciona que esses conteúdos simbólicos se manifestem no relato dos pais, seja de forma latente, seja de forma manifesta. E a transferência dos pais com o analista também se coloca como essencial para o tratamento.
Mas como o analista pode apreender todas as implicações referentes ao sintoma da criança no seu discurso nas entrevistas preliminares? A criança se associa livremente? Na Conferência XXXIV (1932), Freud (1932/2006 p. 54) fez algumas considerações sobre as condições para o exercício da Psicanálise com crianças: “Verificou-se que a criança é muito propícia ao tratamento analítico, os resultados são seguros e duradouros. Porém, a técnica utilizada com adultos deve ser modificada para sua aplicação em crianças, já que uma criança é um objeto psicologicamente diferente de um adulto”. Com o superego em formação, a associação livre não se aplica rigorosamente. As resistências internas pelas quais lutamos enquanto adultos, são na maior parte, substituídas nas crianças pelas dificuldades externas. Diante do exposto, aprendemos o quanto se faz necessário os recursos como brinquedo, desenho e jogos para o tratamento com crianças.
A criança é capaz de manifestar seus conflitos em um ambiente lúdico. Para Dolto (1971), o método da associação livre não seria possível com a criança, razão pela qual emprega o método do brinquedo, do desenho espontâneo e da conversação, entendida como uma provocação de discursos diversos da criança. A transferência seria a base da relação terapêutica que permitiria à criança ligar-se ao analista confiando-lhe o seu mundo interno. A autora define a transferência como “[…] uma situação de adesão afetiva ao psicanalista que se converte em um personagem, e dos mais importantes do mundo interior da criança, durante o período do tratamento” (Dolto, 1971 p. 131-133). A referida autora propõe, a partir de seu conceito de imagem inconsciente do corpo, além do desenho, a modelagem como meio de transposições da imagem, o que faz parte de sua técnica com maior incidência do que o brinquedo, considerando-a a matéria- prima mais apropriada à legítima expressão da criança” (Petri, 2008).
Apresenta-se como inquestionável a utilização de recursos projetivos na clínica psicanalítica com crianças. Indaga-se de que modo esses recursos podem servir de mecanismos de investigação tanto no início como ao final do processo, de modo que se possa avaliar qualitativamente a evolução do tratamento da criança. Sabe-se que a Psicanálise é a teoria utilizada para fundamentação teórica de muitos testes projetivos e propõe-se que estes sejam utilizados como ferramenta capaz de contribuir tanto para o diagnóstico diferencial quanto para o processo de alta da criança.
No que tange ao fim do processo de análise, quando se trata da clínica infantil, ele tem suas especificidades. Para Freud (1937/2006), o tratamento será finalizado quando os parceiros deixarem de se encontrar, mas há duas condições para que se considere o término do processo psicoterápico analítico satisfatório. A primeira é que o analisando não esteja mais apresentando os sintomas em função dos quais ele buscou o tratamento e que tenha superado a parcela restritiva de suas angústias e inibições; além disso é necessário que o analista julgue que o grau de elaboração atingido justifique a não necessidade de temer uma repetição do mesmo processo que originou o sofrimento e que trouxe o sujeito para análise. Quando trata-se de criança e adolescente, como sublinha Kupermann (2007), os tratamentos podem ser interrompidos pelos responsáveis antes que as condições ideais sejam atingidas , isto não implica que o tratamento tenha sido concluído. Mesmo com tantas divergências metodológicas e teóricas com relação ao manejo do tratamento com crianças, tanto Anna Freud quanto Melanie Klein concordam sobre a importância e o manejo dos conflitos, angústias, expectativas e culpabilidade dos pais, sobretudo das mães. Klein mencionada por Kupermann (2007, p. 12), indica que “o término do tratamento deve propiciar, além da possibilidade de brincar e elaborar situações traumáticas, que a criança possa restabelecer uma boa convivência com seu ambiente e com seus pais”.
Lacan, mesmo não tendo atendido crianças, indica que a sintomatologia da criança está referida ao lugar que ela ocupa na família, primordialmente no fantasma materno. Sua primeira hipótese de prognóstico mais favorável é que o sintoma da criança expressa a “verdade” do casal parental. Esses pressupostos lacanianos influenciaram a escola francesa de Psicanálise que tem como referências Françoise Dolto e Maud Mannoni. Ambas tendem a escutar o sintoma da criança como efeito de uma constituição do laço parental, privilegiadamente do desejo da mãe. Tal compreensão tornou-se passível de muitas críticas, pois sugere uma passividade radical da criança frente ao desejo do Outro, representado pela família a qual ela pertence. Ainda com relação ao final de análise, Dolto (1971) considera a cura assegurada quando há um desaparecimento duradouro do sintoma e o surgimento de um estado de “viver interiormente em paz”, reagindo às dificuldades da vida sem angústia exacerbada. Ela enfatiza que a cura propriamente dita só se concretizará na fase adulta desde que o analista que está conduzindo o processo também tenha sido submetido à análise e tenha alcançado a dissolução dos seus sintomas.
De toda forma é de crucial relevância que se investigue o modo como a criança vivencia e aprende suas relações parentais e o ambiente ao qual ela está inserida, impreterivelmente no começo do tratamento e a configuração que ela conseguiu elaborar ao final do trabalho de análise. A comparação dos resultados dos recursos projetivos no começo e ao final do processo poderá nos ilustrar com mais clareza se houve uma evolução e se ainda há aspectos a serem trabalhados.
3.2 O Teste HTP e a Avaliação.
O HTP é um teste projetivo de fácil aplicabilidade, individual, sem limite de tempo, que objetiva avaliar características da personalidade com base na interpretação das teorias de Freud. Pode ser aplicado em crianças e adultos, com idade mínima de 8 anos. Segundo seu autor, “O HTP é mais bem adaptado para o uso como uma técnica de estabelecimento de rapport durante entrevistas terapêuticas” (Buck, 2009, p. 12).
O teste possui a mesma fundamentação dos outros recursos projetivos, os quais baseiam-se na suposição de que o desenho do indivíduo inclui aspectos de seu mundo interno. Considera-se que os desenhos avaliam predominantemente processos expressivos, enquanto um teste de resposta verbal como o Rorschard avalia processos reativos.
Zucker descobriu que os desenhos são os primeiros indicadores clínicos a mostrar sinais de psicopatologia e os últimos a perder os sinais da doença à medida que o indivíduo se recupera, e conclui que os desenhos são mais fortemente sensíveis a tendência psicopatológica que as outras técnicas projetivas (Buck, 2009, p. 35).
A relevância da técnica projetiva do desenho foi considerada útil isoladamente porque os conflitos profundos são mais prontamente percebidos durante o desenho do que em outro recurso projetivo. O teste possui uma fase cromática e uma fase cromática, seguida de um questionário estruturado contendo perguntas referentes aos desenhos.
Pede-se que a criança desenhe uma casa, seguidamente uma árvore e depois uma pessoa, em folhas separadas.( Buck, 2009). O desenho da árvore é considerado menos suscetível a mudanças em retestes do que o da pessoa. Compreende-se que psicoterapias com um objetivo mais pontual apresentam melhora no desenho da pessoa, enquanto supõem-se que somente trabalhos analíticos mais aprofundados possam produzir mudanças no desenho da árvore, visto que é mais difícil o sujeito considerar a árvore como autorretrato. Por isto, este desenho vem mais carregado de elementos do inconsciente. A casa situa-se entre a pessoa e a árvore nesse contínuo.
O resultado mais preocupante é quando ambos os desenhos vêm carregados de indicadores psicopatológicos. Tardivo (2017) considera que o desenho da figura humana é uma técnica projetiva gráfica, sendo um instrumento de avaliação psicológica caracterizada por apresentar instruções de aplicação mais amplas e estímulos menos estruturados que resultam em uma maior liberdade de associação por parte do examinando, juntamente a inúmeras possibilidades de resposta. Tais respostas manifestam aspectos da sua subjetividade e características não observáveis em sua personalidade. “Os desenhos projetivos expressam necessidades pessoais, na medida em que, o homem tende a ver o mundo segundo a sua própria imagem” (Tardivo, 2017, p. 65). Essa revisão antropomórfica do mundo tem como núcleo a projeção dos conteúdos inconscientes, recalcados, não reconhecidos pelo sujeito e atribuídos à sua realidade externa (Hammer, 1981).
É relevante abarcar o conceito de projeção para apreender-se como este conceito corrobora com o acesso aos conteúdos produzidos pelo inconsciente. Freud (1911/2006) desenvolve melhor tal conceito quando examina a biografia do presidente Schreber, até então, a projeção era um conceito limitado apenas ao deslocamento de sentimentos hostis sobre outra pessoa. Foi na produção de sintomas da paranoia que Freud designou a projeção como uma percepção interior que foi reprimida e como sua substituição, seu próprio conteúdo, depois de sofrer uma deformação, vai surgir na consciência como uma percepção vinda do exterior. Em “Psicopatologia da vida Cotidiana” (1901/2006), Freud aborda a projeção na vida cotidiana e normal, dando-lhe outra qualidade. Além do significado de expulsão paranóica, passa a representar também, o simples desconhecimento, por parte do sujeito, de desejos e emoções que não são bem aceitos pela consciência e passam a ser atribuídos à realidade externa. De todo modo, pode-se apreender que tantos os desenhos como as histórias e brincadeiras partilhadas na clínica apresentam conteúdos inconscientes que podem estar diretamente relacionados ao sintoma da criança.
Para Sandozz e Tardivo (2018), a criança e o adolescente tendem a mostrar seus principais conflitos e suas fantasias de cura e enfermidade com mais facilidade através do desenho do que da comunicação verbal. Para Grassano (1996), a produção projetiva é uma criação que expressa o modo de estabelecer contato com a realidade interna e externa, sendo o produto de uma síntese pessoal. Tendo como referência as contribuições de Tardivo (2018) e Grassano (1996), os conteúdos apresentados nos desenhos correspondem a aspectos da imagem corporal, do registro imaginário do corpo e tem como base a afetividade. Para Arzeno, citado por Sandoz e Tardivo (2018, p. 9), “[…] a linguagem gráfica assim como a lúdica é quem mais se aproxima do inconsciente e do ego corporal, consequentemente oferece mais confiabilidade que a linguagem verbal, a qual se dá como uma aquisição tardia e consequentemente mais submetida ao controle inconsciente do indivíduo”. A autora faz uma comparação entre os sonhos e os desenhos, ambos são submetidos a mesma formação e estruturação pois o desenho também apresenta conteúdos manifestos e latentes que podem ser observados tanto nos sonhos como nos próprios desenhos pelos mecanismos de regressão, fragmentação, condensação e deslocamento. Esses mecanismos são utilizados com o objetivo de camuflar conteúdos que representem sofrimento para o sujeito.
No que se refere ao que é representado no HTP, a figura humana representa a pessoa e o papel. De acordo com as hipóteses de Tardivo (2017), várias sensações, percepções e motivações estão localizadas em certas partes do corpo representado no desenho. Em consequência é desenvolvida uma imagem corporal. Hammer (1981, p. 63) estabelece pressupostos básicos que fundamentam a visão projetiva da figura humana, estes desenhos são determinados por fatores psicodinâmicos nucleares, os quais surgem como resultado da imagem corporal.
3.3- Contribuições do HTP para a Clínica.
Em uma pesquisa realizada com o objetivo de apresentar indicadores mais frequentes no HTP em vítimas de violência doméstica com 634 participantes, Tardivo (2017) encontrou trinta categorias com diferenças significativas, que indicam dificuldades emocionais, pela presença do traçado grosso e apagado; e sinais de impulsividade e insegurança; presença de transparência, que possivelmente está ligada à imaturidade ou ansiedade. Outros sinais relevantes como cabeça e braços deteriorados que podem expressar as dificuldades de estruturação da personalidade.
Silva, Avoglia e Castro (2010) realizaram uma pesquisa com vinte e oito crianças e aplicaram o Questionário de Depressão Infantil juntamente com o HTP e foi possível obter informações que permitiram identificar elementos da personalidade e conflitos, assim como indicadores de diversos transtornos.
Jacob, A. V (1997) realizou uma pesquisa através das técnicas de avaliação psicológica utilizando o HTP e o teste das Pirâmides Colorodas de PFISTER em vinte e cinco crianças com queixa de atraso escolar, com nivel correspondente ao nível médio de inteligência. As técnicas permitiram a compreensão do perfil afetivo em cada sujeito envolvido, bem como a diferenciação entre estes. Observou-se, nas referidas técnicas, indicadores de conflitos afetivos nas crianças com dificuldade de aprendizagem e baixo rendimento escolar. Denotou-se, nestas crianças, a perpetuação de sentimentos de fracasso e processo de constituição da identidade com aspectos de fragilidade. Deduziu-se que o baixo rendimento escolar também pode estar associado a variáveis afetivas.
Um outro estudo realizado por Rosa, S e Batista A. P (2014), no qual foi avaliado a importância que um teste projetivo como o HTP teve no fechamento de diagnóstico de dificuldade de aprendizagem em crianças entre nove e doze anos. Apontou-se que todas as crianças submetidas ao teste não apresentavam déficit cognitivo aferidos nos instrumentos de inteligência e o HTP indicava que as dificuldades apresentadas eram mediadas pelo ambiente no qual as crianças estavam inseridas e não por qualquer atraso no desenvolvimento cognitivo. No referido trabalho, concluiu-se que o teste projetivo foi o diferencial para saber o que estava acontecendo com as crianças que não conseguiam aprender, ressaltou-se a importância do teste para a investigação e diagnóstico da dificuldade de aprendizagem.
Diante das pesquisas discorridas, observa-se que os sintomas apresentados pelas crianças nem sempre coincidem com as demandas que lhes levam aos consultórios. As dificuldades que convocam às famílias ou a escola a buscarem ajuda profissional podem estar associadas a inúmeros fatores psicossociais implicados no desenvolvimento da criança. Esses fatores manifestam-se nos quadros psicopatológicos comuns à contemporaneidade. Visualiza-se o quanto os indicadores observados nos testes projetivos como o HTP podem nos dar clareza do que está implicado nos sintomas, sejam questões emocionais, sejam questões cognitivas. A partir disto, o diagnóstico e a intervenção poderá ser mais precisa e eficaz e nos servirá de parâmetro para avaliar postumamente o processo psicoterápico, o quão as fragilidades apresentadas evoluíram com o processo, o que poderá contribuir ou não para a alta do paciente.
4 CONCLUSÃO
Diante do exposto, avalia-se que na perspectiva do atendimento clínico com crianças, os recursos projetivos como o teste HTP podem contribuir para compreensão do sintoma da criança, de modo a propiciar uma avaliação fidedigna da contextualização apresentada pelo discurso dos adultos em relação à criança atendida. Além de favorecer, juntamente com as entrevistas e a escuta clínica, a compreensão do diagnóstico diferencial clínico. O teste pode ser utilizado tanto nas entrevistas preliminares realizadas com a criança que devem ocorrer após as entrevistas com os pais, quanto ao processo de alta da criança como uma ferramenta de avaliação da evolução do tratamento, bem como a averiguação da dissolução dos sintomas apresentados e consequentemente um alívio para o sofrimento psíquico da criança.
Embora, na revisão literária não tenhamos encontrado muitos trabalhos realizados com a proposta apresentada na clínica com crianças na faixa etária entre oito e 12 anos, encontramos artigos referente ao auxílio do HTP na avaliação de crianças com dificuldade de aprendizagem, também para a compreensão diagnóstica de adolescentes institucionalizados e para investigar violência doméstica em crianças e adolescentes. Os estudos realizados ressaltaram a contribuição do HTP tanto na compreensão do diagnóstico diferencial no que se refere aos indicativos psicopatológicos, dos efeitos do ambiente e na avaliação dos efeitos da psicoterapia na reestruturação psíquica do sujeito. Sendo assim, acredita-se que o uso do HTP pode ser muito útil na clínica com crianças e adolescentes, podendo ser utilizado tanto na compreensão do diagnóstico diferencial como na avaliação no processo de alta da psicoterapia ou análise.
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1Psicóloga (Unifor 2007), Mestra em Psicologia (UFC-2018), Especialista em Neuropsicodiagnóstico( Unichristus-2023). Rua Pedro Rufino 100, bl A 403- Varjota. Cep;60175-100 (85) 999635508. ceciliabsena@gmail.com. Orcid:000-0001-6716-2803
2Psicóloga, Neuropsicóloga, Mestre em Educação, Doutoranda em Psicologia. .Av. Candido Portinari 81, Lago Jacareí. Cep:60822170. (85) 987571590. elenisetmmachado@gmail.com . Orcid: 0000-0001-6570-2853.
3Especialização em Psicopedagogia, Especialização em Neuroaprendizagem, Mestrado em Educação, Doutoranda em saúde Coletiva. Rua Manuel Jacaré, 136 apto 801. Mucuripe. Cep:60175-110. (85)999957977. isabellecerq17@gmail.com. Orcid:0000-0002-5131-3395