CONSUMO OU CONSUMISMO EIS A QUESTÃO! EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO

CONSUMPTION OR CONSUMERISM, THAT’S THE QUESTION! FINANCIAL EDUCATION FOR INTEGRATED HIGH SCHOOL 

CONSUMO O CONSUMISMO, ESA ES LA CUESTIÓN. EDUCACIÓN FINANCIERA PARA LA EDUCACIÓN SECUNDARIA INTEGRADA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505262120


Aline Aparecida da Silva Andrade1
Simone Aparecida Guimarães Costa Nascimento2
Hugo Leonardo Pereira Rufino3


Resumo: A Educação Financeira é uma temática necessária para ser discutida nos ambientes escolares, pois os conhecimentos adquiridos nessa fase, serão utilizados ao longo de toda vida. Esta pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional (ProfEPT) e para seu desenvolvimento levou-se em consideração o objetivo traçado inicialmente de:  estimular os estudantes à prática da Educação Financeira, por meio de uma Oficina educativa, com foco no Consumismo. Foi levado em consideração o crescente aumento do endividamento entre os adolescentes no Brasil. A metodologia adotada para a pesquisa foi de natureza aplicada, pois por meio dela é possível maior interação com a realidade. A pesquisa buscou soluções para problemas enfrentados pela prática de hábitos de consumismo, contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos estudantes em relação ao uso do dinheiro, no presente e no futuro quando estiverem inseridos no mercado de trabalho.  

Palavras-chave: Educação Financeira. Consumismo. Endividamento. Ensino Médio Integrado. Consumo. 

Abstract: Financial Education is a necessary topic to be discussed in educational environments, as the knowledge acquired during this phase will be used throughout one’s entire life. This research was conducted within the National Network of Professional and Technological Education Graduate Program (ProfEPT), and for its development, the initial goal was considered: to encourage students to practice Financial Education through an educational workshop focused on Consumerism. The research took into account the growing increase in debt among adolescents in Brazil. The methodology adopted for the research was of an applied nature, as it allows for greater interaction with reality. The research sought solutions to problems faced by consumerism habits, contributing to improving the quality of life of students in relation to their use of money, both in the present and in the future when they are integrated into the job market. 

Keywords: Financial Education. Consumerism. Debt. Integrated High School. Consumption. 

Resumen: La Educación Financiera es un tema necesario para discutir en entornos escolares, ya que los conocimientos adquiridos en esta etapa se utilizarán a lo largo de toda la vida. Esta investigación se llevó a cabo en el Programa de Posgrado en Educación Profesional y Tecnológica en Red Nacional (ProfEPT) y, para su desarrollo, se tuvo en cuenta el objetivo inicial de estimular a los estudiantes a practicar la Educación Financiera a través de un taller educativo centrado en el Consumismo. Se consideró el creciente aumento de la deuda entre los adolescentes en Brasil. La metodología adoptada para la investigación fue de naturaleza aplicada, ya que permite una mayor interacción con la realidad. La investigación buscó soluciones a los problemas enfrentados por la práctica de hábitos de consumismo, contribuyendo a mejorar la calidad de vida de los estudiantes en relación con el uso del dinero, tanto en el presente como en el futuro cuando se integren al mercado laboral.  

Palabras-clave: Educación Financiera. Consumismo. Endeudamiento. Educación Secundaria Integrada. Consumo.

1. Introdução  

A pesquisa desenvolvida nesta dissertação é sobre Educação Financeira (EF), um tema que ainda é tabu nos lares brasileiros, o que não é diferente no contexto de vida da pesquisadora. É possível perceber que muitas famílias associam que a EF deve ser tratada em lares “que se tem dinheiro sobrando”, então muitas crianças dentre elas a autora cresce acreditando que a falta de dinheiro é culpa de um sistema injusto que concentra muita renda em poucas pessoas, enquanto as outras passam dificuldade e não há o que fazer. 

Ao entrar no mercado de trabalho aos dezesseis anos de idade, ainda acreditando nessa cultura, parecia certo gastar todo salário do mês com roupas, festas e comida, pois de acordo com o que tinha aprendido com aquele salário jamais seria possível comprar um carro a vista ou uma boa casa, então a melhor escolha era fazer várias parcelas e gastar o pouquinho que restava do salário com itens supérfluos. 

Foi na faculdade de Administração que foi possível começar a compreender a necessidade de organização financeira, inclusive para pagar a mensalidade do curso, pois ali já era possível perceber os transtornos causados pela falta de planejamento financeiro: “Se não pagou as mensalidades não estuda no próximo semestre, simples assim!”, ou seja, não se tratava mais de economizar e ter recursos financeiros sobrando e sim de aprender a consumir de forma consciente e não endividar além do necessário.  

No entanto, foi somente ao se tornar empregada de um banco que a pesquisadora entendeu a necessidade de se praticar a Educação Financeira em todo seu contexto, seja poupando, tomando crédito ou simplesmente mantendo as contas em ordem.  Naquele momento entendia-se que a EF, diz mais que cuidar de dinheiro e sim ter liberdade de escolha, ter controle emocional, afinal a grande lição é que muitas das vezes não é o quanto se ganha e sim o quanto e como se gasta.  

Assim, ao praticar Educação Financeira a autora percebeu que grande parte do seu salário era gasto somente com situações relacionadas a manter o emprego como comprar roupas, almoços em restaurantes todos os dias, cuidados com a aparência e até remédios para cuidar da síndrome do pânico desenvolvida devido à intensa cobrança no trabalho. Como já havia o discernimento a respeito do uso consciente dos recursos financeiros, foi possível que a pesquisadora realizasse o grande sonho de se tornar servidora pública, ganhando menos da metade do salário do banco, mas tendo uma qualidade de vida muito maior e inclusive conseguindo gerir melhor os recursos financeiros que com o salário anterior e foi esta experiência que despertou a vontade de disseminar a prática da Educação Financeira entre os alunos do Ensino Médio Integrado (EMI), de forma que eles conquistassem autonomia financeira desde a formação básica.  

A Educação Financeira (EF) é uma temática abordada em diversos contextos, e, recentemente, também está sendo discutida no contexto escolar. Souza e Flores dizem que o conteúdo da Educação Financeira, nos moldes atuais, é relativamente novo nas escolas e na sociedade brasileiras, porém, na década de 50 já era possível ver tal conteúdo na aplicação da matemática financeira onde um dos temas abordados por exemplo era o sistema monetário brasileiro (Souza; Flores, 2018). 

A história no processo de construção da Educação Financeira pode ser dividida em três fases, a primeira é relacionada à orientação de investimentos apenas para consumidores com renda disponível. Com a estabilidade monetária no início dos anos 1990 e a melhoria nas condições econômicas a partir do ano 1999, houve um aumento na facilidade de acesso e na oferta de crédito à população. Nesse contexto, a segunda fase representa o crescimento no consumo, na obtenção de crédito e no aumento do endividamento e da inadimplência, por falta de conhecimento e de práticas financeiras. No intuito de solucionar esse problema, a terceira fase diz respeito à necessidade de educar financeiramente a população para promover o consumo consciente e uma relação saudável com o dinheiro. Nesse sentido, é importante realizar uma boa administração financeira, pois saber lidar empiricamente e emocionalmente com dinheiro influencia diretamente na qualidade de vida das pessoas e indiretamente na economia das nações (Araújo; Calife, 2014 p.1-11);   

Compreende-se a temática como um processo de conceitos e produtos financeiros, de forma que os seres humanos possam realizar boas escolhas e planejarem suas finanças pessoais (Ministério da Educação, 2023), ou seja, é importante criar hábitos que possibilitem que o consumo seja realizado de forma consciente, dentro do necessário, sem cometer exageros. 

Á partir de 2004, com o aumento das complexidades da economia global, a diversificação dos produtos financeiros e o crescimento da oferta de produtos e serviços de diferentes modalidades como por exemplo o surgimento de novas marcas de roupas e calçados e novas tecnologias de celulares e computadores, gerenciar os recursos financeiros se torna cada vez mais uma tarefa muito importante para os indivíduos e as famílias. Desta forma, entende-se, que a propagação da Educação Financeira é uma forma de capacitar os indivíduos para que tomem decisões de maneira responsável em relação aos seus recursos, de forma que se possa promover a estabilidade financeira, o que pode trazer diversos benefícios como: evitar o superendividamento e planejar a aposentadoria. Warren Buffett, um dos investidores mais bem-sucedidos que existe, escreveu a respeito do conceito da Educação Financeira a seguinte frase: “Não economize o que sobra depois de gastar, mas gaste o que sobra depois de economizar” (Buffett, 2022). 

Neste sentido, é importante ressaltar que o consumo faz parte da existência do ser humano e serve para atender as necessidades básicas, porém, o ato de consumir além do necessário, de forma descontrolada, gera o comportamento viciante, em que o consumismo pode afetar a vida de uma pessoa financeiramente e emocionalmente de forma negativa e até patológica.  

Nesta direção, Lindstrom (2009), descreve que os sentimentos são explorados pela indústria do marketing para induzir os comportamentos consumistas como as sensações de prazer, sucesso, felicidade, alívio e até mesmo o medo. Para o autor:  

“… gostando ou não, todos nós nos comportamos de maneiras que não têm nenhuma explicação lógica ou simples. Isso tem acontecido como nunca em nosso mundo cheio de tecnologia e estresse, no qual notícias de ameaças terroristas, atritos políticos, incêndios, terremotos, enchentes, violência e vários outros desastres nos acometem desde o momento em que sintonizamos o jornal da manhã até a hora em que vamos dormir. Quanto maior é o estresse a que somos submetidos, maior é o medo, a insegurança e a dúvida que sentimos — e maior é a probabilidade de nos comportarmos irracionalmente” (Lindstrom, 2009 p. 17). 

“…Como os marcadores somáticos se baseiam em experiências passadas de recompensa e punição, o medo também pode criar alguns dos marcadores somáticos mais poderosos, e muitos publicitários ficam bem felizes de tirar proveito de nossa natureza estressada, insegura e cada vez mais vulnerável.” (Lindstrom, 2009 p. 122). 

Corroborando com Lindstrom, Batista (2019), diz que somos estimulados o tempo todo por propagandas e mídias que procuram nos induzir ao consumismo, por meio de apresentação de produtos muitas vezes supérfluos, tentando nos fazer acreditar que para sermos bem-sucedidos precisamos seguir os padrões impostos pelo mundo consumidor. O autor também relata que na ânsia de aumentar os lucros, as empresas do ramo financeiro também tentam convencer as pessoas que estar endividado é normal e traz um exemplo citado por Bauman (2008), a respeito da Grã Bretanha e Estados Unidos, em que as pessoas são estimuladas a viver endividados ao invés de pouparem, sendo esse um grande problema, pois, muitos indivíduos tendem a seguir os padrões de comportamento dos estadunidenses. 

Neste sentido, acredita-se que o estímulo à Educação Financeira desde a infância e/ou adolescência, possibilita no auxílio da aquisição do discernimento entre o que é necessário e o que não é, na sociedade capitalista.  

Ressalta-se que o público alvo desta pesquisa são os estudantes adolescentes do Ensino Médio Integrado ao curso de Técnico em Administração do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). De acordo com (Papalia, Olds e Feldman, 2013, p.386), a adolescência é uma das sete fases da vida, sendo elas:  

  1. Infância:  é a fase que vai desde o nascimento até aproximadamente os 2 anos de idade. 
  2. Primeira infância (ou pré-escolar): De 2 a 6 anos de idade, a idade de explorar o mundo ao redor e ingresso no mundo acadêmico.  
  3. Segunda infância: 6 a 11, continua a adquirir atividades acadêmicas, sociais e emocionais, porém de forma mais complexa. 
  4. Adolescência: 11 aos 20 anos, fase marcada por mudanças físicas, cognitivas e sociais. Momento em que desenvolvem a identidade e exploram a independência. 
  5. Juventude: é o início da fase adulta, entre 20 a 40 anos, momento em que se estabelece na carreira, relacionamentos e definem seus papeis sociais. 
  6. Meia-idade: 40 a 65 anos, enfrentam desafios relacionados à família, carreira e saúde. 
  7. Velhice: por volta dos 65 anos de idade e além, fase de mudanças cognitivas, físicas e sociais devido ao envelhecimento.  

Ainda de acordo com os mesmos autores, deve-se atentar aos eventos de nascimento e morte, que são ciclos importantes da vida, uma vez que representam o início e o fim da existência humana (Papalia, Olds e Feldman, 2013, p 386.) 

Nesta continuação, esta pesquisa buscará proporcionar o conhecimento acerca da Educação Financeira de forma eficiente, que de acordo com o professor, escritor e economista brasileiro Eduardo Giannetti (2005), “é a capacidade de conectar teorias complicadas com a realidade cotidiana e tornar o conceito bem mais acessível de compreensão” (Giannetti, 2005). Para ele é essencial estimular a Educação Financeira desde cedo para que os indivíduos possam desenvolver habilidades financeiras sólidas ao longo da vida e também para que haja melhora na qualidade de vida e crescimento econômico.   

2. O Consumo e o Consumismo  

Define-se Consumo como o ato de adquirir produtos ou utilizar serviços de variadas formas, sendo esse ato a maneira como se movimenta a economia. O Código de Defesa do Consumidor, ratifica essa definição quando conceituou que o consumo é qualquer pessoa física ou jurídica do qual compra ou usa mercadoria ou serviço como sendo o destinatário final (BRASIL, 1990). Como, discorre Bauman (1999) “[…] consumir é atividade inerente à humanidade, conduta atemporal e pré-requisito de subsistência humana […]”, (Bauman 1999, p. 77). De acordo com o autor, o Consumo é tão antigo como os seres humanos (Bauman 2008, P. 37). 

Nessa direção, entende-se que Consumir de forma consciente é adquirir o hábito do pensamento crítico de quais necessidades são possíveis atender dentro da realidade e realizar o planejamento das próximas a serem atendidas. Sabe-se que é por meio do consumo que os indivíduos mantêm sua sobrevivência, como por exemplo a alimentação, moradia, transporte e saúde. Verifica-se então que não há como viver sem consumir em determinados momentos, pois é necessário a satisfação de pelo menos as necessidades básicas. o conceito consumismo foi criado por Thorstein Veblen, que o denominou de consumo conspícuo e refere-se ao hábito de fazer compras de produtos ou serviços em excesso, por impulso e baseado em emoções de satisfação imediata, sem refletir a real necessidade da aquisição, ocasionando a compra de itens supérfluos e gastos desnecessários. Para o autor o consumismo é quando se vai além do necessário sendo uma forma que o indivíduo utiliza para exibir algum status ou distinguir-se em um grupo social ensejando mostrar algum prestígio, momento em que perdem o foco nas aquisições que são essenciais a subsistência e passam a consumir itens além de sua capacidade financeira (Veblen,1899).  Como exemplo tem-se os indivíduos que gastam quantidade expressiva de dinheiro para adquirir itens de luxo (são produtos que possuem características como qualidade superior, design diferenciado e preço elevado) e de grifes (são aqueles que são vendidos atrelados a uma marca e que atende a um público específico o que faz que tenha agregado ao produto maior valor financeiro e emocional).  

Ao definir que o Consumismo é quando se extrapola na aquisição de bens ou serviços, Bauman (2008), cita que: “O Consumismo é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros” (Bauman 2008, p. 41). O autor também qualifica que a sociedade líquido-moderna é demasiadamente consumista, e que o comportamento falho do consumidor causa o superendividamento, (Bauman 2008). O mesmo também relata que:  

“Na sociedade de consumo, os consumidores são usados pelos objetos, e não o contrário. Eles se tornam meros instrumentos das mercadorias que adquirem, um meio para o objetivo da autovalorização das mercadorias(…) O consumo compulsivo e a dependência do consumidor são, portanto, como características mais visíveis e tangíveis de dependência do consumismo” (Bauman, 2007, p.17). 

No Brasil existe uma forte influência das classes sociais no Consumismo, pois infelizmente o país ainda é conhecido por suas disparidades econômicas de forma que o consumo afeta de forma diferente os indivíduos de acordo com a classe em que pertencem.  Abaixo serão demonstradas as classes sociais (em ordem definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e a maneira que o Consumismo afeta os indivíduos pertencentes a elas:  

  • Classe A: Alta renda que possui acesso a uma gama de produtos de luxo, nesta classe o consumismo é utilizado como forma de expressar status e pertencimento a um grupo seleto.  
  • Classe B1 e B2: Na classe média buscam-se aproximar do padrão de vida da classe de alta renda. Desta forma, consome-se muitos bens duráveis como automóveis e eletrônicos, além de um grande consumo de produtos de moda, almejando-se o reconhecimento social.  
  • Classe C1 e C2: Conhecida como a nova classe média no Brasil, sendo os indivíduos pertencentes a classe C1 os que possuem renda moderada como pequenos comerciantes e servidores públicos de níveis mais baixos. Os pertencentes a essa classe enfrentam em alguns casos, desafios econômicos em relação às necessidades básicas como moradia, alimentação e saúde.  
  • Classe D: Pertencem a ela pessoas de baixa renda com trabalhos informais e baixa qualificação profissional. Vivem em um ciclo de alto nível de endividamento difícil de romper.
  • Classe E:  É composta pelos desempregados, aposentados com renda mínima e possuem dificuldade até para atender as necessidades básicas, dependendo de programas sociais em muitas das vezes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2023).  

Para compreender melhor os conceitos do Consumo e Consumismo e a Educação Financeira, verificou-se a necessidade de pesquisar mais sobre a temática, por meio de uma Revisão Sistemática de modo a compreender o que os demais pesquisadores versam sobre o assunto em questão. 

3. Procedimentos Metodológicos  

A presente pesquisa é de natureza aplicada, segundo Nascimento (2015), esse tipo de estudo possibilita a busca de solução para uma situação em particular, pois possibilita maior interação com a realidade. Neste sentido, a pesquisa buscou soluções para problemas enfrentados pelos estudantes ao praticarem hábitos consumistas, contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos estudantes em relação ao uso do dinheiro, no presente e no futuro quando estiverem inseridos no mercado de trabalho. 

Existem diversas vantagens em utilizar a pesquisa aplicada aos discentes, do Ensino Médio Integrado sendo alguns deles: 

  • A metodologia que pode trazer insights valiosos para entender qual a compreensão do consumismo esses estudantes possuem; 
  • Como a pesquisa aplicada é voltada para encontrar soluções para problemas reais. Isso significa que os resultados da pesquisa serão diretamente aplicáveis no mundo real, em qualquer momento da vida; 
  • O conhecimento adquirido poderá resultar em novas ideias e tecnologias que poderão ser aplicadas na prática, levando a melhor qualidade de vida; (Nascimento, 2016) 

Para compor a pesquisa foi utilizada a abordagem quali-quantitativa, de modo que foi possível interpretar e compreender os fatos, sendo qualitativa pela análise do público alvo em relação ao universo em que estão inseridos, suas motivações, aspirações, valores e atitudes. Quantitativa pois será utilizado instrumento estatístico para análise. De acordo com Silva (2014)   

[…] a pesquisa quali-quantitativa é desenvolvida por meio de duas etapas: inicialmente, conduz-se a fase qualitativa no intuito de conhecer o fenômeno que se pretende compreender. Em seguida, procede-se à construção do questionário e sua aplicação. Por fim, realiza-se a tabulação e à análise dos dados com o auxílio de instrumentos (Silva 2014).   

A pesquisa foi desenvolvida por meio dos seguintes instrumentos: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. 

Neste sentido, inicialmente foi realizada pesquisa bibliográfica a fim de compreender o tema da pesquisa e o universo em que os estudantes estavam inseridos. Tendo como base a afirmação de Gil (2010) que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de publicações já tornadas públicas em relação ao tema de estudo: desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, dentre outras. Assim, esta fase verificou o que se encontrava disponível atualmente sobre o problema da pesquisa e de que forma os pesquisadores abordaram a temática. Com a pesquisa bibliográfica foi possível perceber que apesar de ser amplo e de grande importância para formação humana, o tema ainda é pouco explorado no universo acadêmico, principalmente entre adolescentes e também que quando analisado os estudantes se sentiram motivados a compreender mais acerca do tema.  

No segundo momento foi aplicada a pesquisa de campo que, conforme Marconi e Lakatos (1999, p.85), é a pesquisa utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta. Desse modo, nesta etapa aplicou a Oficina pedagógica. (Marconi e Lakatos 1999, P.85).  

4. Produto Educacional  

O PTT é uma Oficina pedagógica, produzida em formato de Cartilha Eletrônica, para que possa ser utilizada e consultada no futuro pelos que se interessam pela temática. Vieira e Volquind (2002), conceituam a Oficina como sendo um tempo e um espaço para aprendizagem, um processo ativo de transformação recíproca entre sujeito e objeto, um caminho com alternativas, com equilibrações que nos aproximam progressivamente do objeto a conhecer.  

A utilização de Oficinas pedagógicas na sala de aula permite que se trabalhem diversos conteúdos que devem ser passados no dia a dia pelo docente de forma mais dinâmica, reflexiva e interdisciplinar, na medida em que possibilita o desenvolvimento de atividades com várias temáticas diferentes, facilitando também o aprendizado, pois visa à articulação de conceitos teóricos com a realidade vivenciada do aluno. Além de promover o trabalho em equipe para a realização de tarefas, isto é, utilizar as Oficinas pedagógicas como prática de ensino significa fazer uma junção entre a ação, à reflexão e a interação (Vieira e Volquind, 2002, p. 6) 

Ainda, de acordo com os autores, realizar uma Oficina como forma de ensino provoca os estudantes à ação e a produção, já que utiliza metodologia na qual se realiza procedimentos experimentais e ainda citam como vantagem a possibilidade de selecionar e organizar conteúdos de acordo com critérios pré-estabelecidos e de acordo com os interesses dos estudantes. 

Assim, o PTT intitulado: CONSUMO OU CONSUMISMO EIS A QUESTÃO! EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO foi desenvolvido no Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional (PROFEPT) do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico, o qual tem como finalidade a promoção da Educação Financeira entre os estudantes do EMI do curso Técnico em Administração. 

Nesta perspectiva, o seu desenvolvimento foi embasado nos resultados da Dissertação intitulada CONSUMO OU CONSUMISMO EIS A QUESTÃO! EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO que teve como objetivo estimular os estudantes do Ensino Médio Integrado à prática da Educação Financeira, por meio de uma Oficina educativa, com foco no Consumismo. 

Dessa forma, de acordo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal Nível Superior – CAPES, o presente PTT se enquadra na categoria: “Proposta de ensino – Sugestões de experimentos e outras atividades práticas, sequências didáticas, propostas de intervenção, roteiros de Oficinas, etc.” (CAPES, 2017). 

Nesse sentido, com a intenção de contribuir com um recurso didático para trabalhar o tema Educação financeira, foi desenvolvida e aplicada a Oficina de Educação Financeira: CONSUMO OU CONSUMISMO EIS A QUESTÃO! EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO, elaborada e ministrada na disciplina de Dinheiro, Oportunidades e Negócios, sob a gestão da professora Luna, aos estudantes do 3º ano “D” e “E”, do Ensino Médio Integrado ao curso Técnico em Administração do Instituto Federal do Triângulo Mineiro no Campus Uberaba, com um tempo de 100 minutos (equivalente a duas horas/aulas da disciplina) A  

Para sua aplicação foram necessários a utilização dos seguintes recursos: Projetor, caixa de som, pincel atômico, cartolina, folha sulfite, caneta esferográfica ou lápis e bombons. Os materiais a serem utilizados foram levados pré-prontos: as cartolinas cortadas em formato de folha para dinâmica da árvore do conhecimento, as folhas sulfites cortadas em retângulos para o dinâmica carregando a carga do outro, além de dos bombons que serviram de brindes aos participantes. O detalhamento de como usar cada um destes itens e quando usá-los será detalhado no PTT, em link a ser disponibilizado após postagem no repositório do PROFEPT.   A Oficina foi dividida em 5 temas, conforme descrito no quadro 6: 

Quadro 6 – Temas abordados durante a realização da Oficina de Educação Financeira: CONSUMO OU CONSUMISMO EIS A QUESTÃO! EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO.

Temas Abordados Tempo despendido em média 
Tema 1 – A História da Educação Financeira Os assuntos abordados foram: A história da Educação Financeira no mundo e a história da Educação Financeira no Brasil. Falou-se sobre o período de surgimento, quais foram as motivações para que a temática fosse abordada nestes contextos e o local onde eram abordados.

Dinâmica: construindo uma árvore do conhecimento 
10 min.







15 min.  
Tema 2 – Consumo X Consumismo Os assuntos abordados foram: Diferença entre necessidade e desejo. A importância do consumo consciente. Necessidade do controle das emoções nos momentos de consumo.

Vídeo: O agir pelas emoções  
10 min.  





5 min. 
Tema 3 – Consumismo Os assuntos abordados foram: Crescimento do número de endividados no Brasil. Como evitar o endividamento. Consequências do Consumismo. Gatilhos para o Consumismo.  O que contribui para compras por impulso e como evitar essas atitudes.

Dinâmica: Carregando a carga do outro  
10 min.     






15 min.  
Tema 4 – Extremismo Financeiro Os assuntos abordados foram:  O que é o extremismo financeiro. Como evitar o extremismo financeiro.

Vídeo:  Extremismo Financeiro  
5 min.  



8 min.  
Tema 5 – Planejamento Financeiro Os assuntos abordados foram: Transforme seus sonhos subjetivos em objetivos. Definição de metas. O hábito de entender a Educação Financeira em sua dimensão.

Vídeo:  Educação Financeira  
10 min.   




15 min.  

Fonte: Elaborado pela autora (2023)

5. Desenvolvimento da Oficina:  

Acredita-se que a Oficina pressupõe criar coletivamente ao exigir uma soma de esforços, comprometimento e competência, como também empenho na realização das tarefas propostas. Pode-se afirmar que um componente indispensável para a consecução de uma Oficina é a participação responsável para a produção de um trabalho coletivo. Ander-Egg (2001) destaca que existem princípios pedagógicos para elaboração de uma Oficina, sendo alguns deles citados abaixo: 

  • A Oficina pedagógica deve ser um momento em que se aprende “fazendo”, buscando aproximar o aluno da prática concreta vinculada ao entorno de seu cotidiano e superando, portanto, a segregação do conteúdo estudado e a sua aplicação prática. Durante o processo de ensino e aprendizagem, o alunado desenvolve as habilidades necessárias à realização das tarefas propostas, portanto, a aquisição de técnicas, conhecimentos e métodos ocorre através da ação dos estudantes e não da transmissão do professor. Em nível de educação básica, esse “aprender fazendo” adquire a característica de aproximar o conhecimento científico da realidade do aluno.  
  • É uma metodologia participativa, portanto, devem ser trabalhadas técnicas que promovam a participação do (s) grupo (s). O autor destaca que o trabalho cooperativo não é algo que possa ser ensinado e também não é inato; assim, só se aprende a cooperar cooperando  
  • É uma metodologia pautada na pedagogia da pergunta e resposta, pois entende que o conhecimento não é transmitido, mas, sim, resultado das investigações científicas, pautadas na capacidade de interrogar. Para o autor, a ciência é feita de perguntas, para as quais se buscam respostas;  
  • É uma metodologia interdisciplinar com enfoque sistemático, pois a realidade nunca se apresenta fragmentada e se espera que o alunado desenvolva a capacidade do refletir científico, isto é, de resolver os problemas propostos à luz da ciência; 
  • É uma metodologia pautada na coparticipação tanto dos estudantes quanto dos professores, porém essa relação perde seu caráter dicotômico hierarquizado (onde o aluno é um mero espectador e o professor o protagonista), pois propõe uma visão integradora, na qual tanto os estudantes quanto os professores buscam, através das Oficinas, propor soluções para os problemas propostos. Nessa perspectiva, o professor não é o provedor de respostas corretas, mas, sim, o mediador do processo pelo qual os estudantes as buscam. Dessa forma, nas Oficinas, não se estimula a competição, mas, sim, a cooperação (Anderr-Egg, 2001, p. 39). 

Na mesma direção, Lima (2008), destaca que a Oficina proporciona:  

a) Reflexão e troca de experiências: Isso implica num repensar, num confronto de diferentes realidades e teorização sobre o vivencial, ou seja, confrontar a prática com a teoria e avançar na construção coletiva do saber;
b) Atuação efetiva dos participantes: Para se efetuar essa atuação, é fundamental participar com responsabilidade e compromisso da execução do trabalho coletivo;
c) Produção coletiva (LIMA, 2008). 

Assim, inovar é uma proposta tentadora e contemporânea e, muitas das vezes, cabe a nós, educadores, modificar a nossa metodologia para que, assim, saiamos de uma rotina que massifica o aprendizado (Freire, 2011). 

6. Considerações Finais: 

Nesta pesquisa buscou-se trazer a discussão sobre a Educação Financeira e algumas de suas temáticas, já que o conceito é amplo. Assim, buscou-se relatar sobre a história da Educação Financeira, alguns dos autores clássicos que versam sobre o assunto e suas obras e também quais pesquisas foram realizadas por outros pesquisadores, a fim de entender como o Consumismo estava sendo abordado para os adolescentes do Ensino Médio Integrado.  

Verificou-se durante o estudo que a realização de uma Oficina para promoção da Educação Financeira aos estudantes do Ensino Médio Integrado, impulsiona com a formação integral destes indivíduos, pois a Oficina proporciona momentos de interação e descontração o que facilita a compreensão da temática a ser abordada.   

A adolescência é uma fase muito importante da vida, pois nesta fase somos moldados para a vida adulta e os conhecimentos adquiridos neste momento da vida, podem ser fatores decisivos para evitar problemas ao nos tornarmos adultos. Desta maneira, entende-se que adquirir conhecimentos sobre a Educação Financeira, no ambiente escolar pode ser fator decisivo para o futuro desses indivíduos.  

Ao realizar a pesquisa, notou-se que o estudo além de auxiliar a promoção da Educação Financeira entre os estudantes do EMI, também serviu para o desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico da pesquisadora que utilizará os conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias.

REFERÊNCIAS

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PIRES, Célia Maria Carolino. Currículo de Matemática: da organização linear à ideia de rede. São Paulo: FTD, 2000.

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SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Tradução de Ernani Ferreira da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2000.

JANUARIO, Gilberto; LIMA, Katia; PIRES, Celia Maria Carolino. Uma análise da relação que os professores estabelecem com os materiais curriculares de Matemática. In: Anais do 4º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática. Ilhéus: UESC, 2015, p. 3208-3213

ALMEIDA, Dione Alves; ALMEIDA, Shirley Patrícia Nogueira de Castro; AMORIM, Mônica Maria Teixeira. As desigualdades de gênero na docência em Matemática no Ensino Superior: uma revisão de literatura a partir de estudos recentes no Brasil. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, São Paulo, v. 12, n. 3, maio/jul. 2021. 

MASOLA, Wilson de Jesus; ALLEVATO, Norma Suely Gomes. Dificuldades de aprendizagem matemática: algumas reflexões. Educação Matemática Debate, Montes Claros, v. 3, n. 7, p. 52-67, jan./abr. 2019

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1Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM – https://orcid.org/0000-0001-9357-1408 / E-mail: aline.aparecida@estudante.iftm.edu.br
2Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM – https://orcid.org/0009-0009-7842-6689 / E-mail: simoneguimaraesadm25@gmail.com
3Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM – https://orcid.org/0000-0001-7687-3375 / E-mail: hugo@iftm.edu.br