CONSUMO, IDENTIDADE E SOCIEDADE EM REDE: UMA ANÁLISE CRÍTICA DA COMPLEXIDADE E CONTRADIÇÕES NA CULTURA CONTEMPORÂNEA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10955561


Agda Zampieri Stroebele


Resumo

O presente artigo empreende uma exploração crítica da complexa intersecção entre consumo, identidade e valores sociais na contemporaneidade. Utilizando como arcabouço teórico as contribuições de Zygmunt Bauman, Thorstein Veblen e Manuel Castells, o trabalho investiga como o consumismo não apenas redireciona os desejos individuais, mas também influencia a cultura social e política. A análise se estende para as consequências psicossociais de viver em uma “sociedade em rede”, destacando tanto as oportunidades quanto os riscos associados a essa organização social. Enquanto Castells sugere que a interconexão na era digital democratiza o acesso à informação e a formação da identidade, o artigo levanta questões éticas e ontológicas, argumentando que tal configuração também pode reforçar câmaras de eco e minar a autonomia individual. Utilizando conceitos de outros estudiosos, como Sartre e Hegel, o texto problematiza a tensão existente entre autonomia e determinismo, individualidade e coletividade. Em última análise, o artigo posiciona o consumo e a sociedade em rede como fenômenos que impactam os valores e as relações humanas de maneira ambígua e contraditória. Conclui-se que, enquanto tais dinâmicas oferecem novas formas de socialização e autoexpressão, elas também introduzem novos mecanismos de controle e homogeneização que merecem escrutínio e reflexão crítica.

Palavras-chave: Identidade, Valores, Consumo, Contemporaneidade.

Introdução

O artigo em questão tem o intuito de sondar os interstícios da complexa relação entre o consumo e os valores sociais que norteiam a vida contemporânea. Assentados sobre alicerces teóricos construídos por Zygmunt Bauman, Thorstein Veblen, Manuel Castells, entre outros, este trabalho busca lançar luz sobre as implicações multiformes do consumismo na diluição dos valores comunitários e na emergência de uma cultura individualista que se tem cristalizado em diversas sociedades ao redor do mundo. Bauman aborda o consumo como um fenômeno que vai além da simples aquisição de bens, representando uma força que regula as ações sociais, políticas e cotidianas, redirecionando e reorientando constantemente os desejos individuais. Já Veblen oferece uma análise perspicaz sobre o deslocamento do consumidor do campo da necessidade para o domínio do desejo e da emulação, instigado por um incessante anseio de ascensão social. 

Esta investigação acadêmica se justifica pela necessidade de entender como a cultura do consumo tem afetado as relações sociais, incutindo uma lógica que enfatiza o indivíduo em detrimento do coletivo. Ela também responde à premência de analisar criticamente as contradições inerentes a uma sociedade que, embora preconize a liberdade de escolha como um valor supremo, apresenta estruturas que condicionam essas escolhas de formas nem sempre aparentes ou conscientes. Portanto, ao examinar os mecanismos sociais, psicológicos e até mesmo políticos que embasam o consumo contemporâneo, esta pesquisa pretende contribuir para uma compreensão mais robusta dos processos que estão em jogo, desde a formação da identidade individual até os impactos dessas escolhas na coletividade e no ecossistema de valores sociais que nos cercam.

A abordagem metodológica empregada se caracteriza por uma análise crítica dos textos dos autores citados, bem como de estudos de caso e pesquisas empíricas que possam corroborar ou desafiar suas teorias. Com isso, busca-se construir um arcabouço conceitual que permita tanto a aplicabilidade prática das ideias debatidas como a formulação de questões e dilemas que instiguem novas investigações e reflexões. Este artigo, portanto, almeja ser mais do que uma mera exposição de conceitos e teorias; ele se propõe a ser um vetor de questionamentos e reflexões que enriqueçam o debate acadêmico e social sobre os desafios e as contradições do mundo contemporâneo no que tange ao consumo e seus impactos nos valores e relações humanas.

A Fragmentação da Identidade e a Sociedade em Rede: Entre Oportunidades e Consequências Psicossociais

Castells (2006) é preciso ao apontar que a rede não é apenas um componente da sociedade; ela é a própria sociedade, especialmente em um mundo impulsionado por fluxos de informação e capitalismo globalizado. No entanto, é fundamental questionar se essa visão celebra demasiadamente a suposta democracia e a interconectividade das redes, sem considerar suficientemente as implicações psicológicas e sociais negativas de tal configuração.

Ao adentrarmos no que Kaufman (2010) denomina “sociedade do conhecimento”, observamos uma aparente liberdade na forma como os indivíduos podem buscar informação, relacionar-se e até construir suas identidades. Essa liberdade, contudo, muitas vezes mascara a volatilidade das relações e a fragilidade do conceito de identidade pessoal. As redes sociais, potencializadas por algoritmos, atuam como câmaras de eco, reforçando visões de mundo e potencialmente estreitando, ao invés de expandir, nossa compreensão e tolerância para com o “outro”. Nesse contexto, as teorias de Castells necessitam de um contraponto crítico, em particular no que tange à qualidade dos relacionamentos sociais e à construção da individualidade.

Quanto à questão da personalidade fragmentada apontada por Castells, é necessário invocar Sartre (2014) e seu conceito existencialista de liberdade e responsabilidade pessoal. Sartre argumenta que o indivíduo é inteiramente responsável por suas ações e, portanto, por sua identidade. Contudo, em uma sociedade em rede, onde os algoritmos têm um papel ativo na formação da identidade, até que ponto essa noção sartreana se mantém? O determinismo algorítmico e a programação da personalidade tornam difusa a fronteira entre a escolha pessoal e a influência externa, levantando questionamentos éticos e ontológicos sobre a autonomia do indivíduo em formar sua identidade.

Nesse sentido, Silva (2020) e Comer (2016) lançam uma perspectiva interessante ao comparar o funcionamento das redes digitais com sistemas biológicos, como a comunicação celular. Tal analogia permite refletir sobre como as redes sociais, embora moldadas para se autopreservarem, podem promover disfunções, como a disseminação de informações falsas e polarização social. Esse aspecto da autopreservação da rede confronta com a ideia de uma sociedade globalizada e dinâmica apresentada por Kaufman (2010). A busca pela autopreservação pode, na verdade, atuar como um mecanismo que inibe a tão celebrada flexibilidade e dinamismo dessas novas formas de socialização, levando a padrões de comportamento mais homogêneos e a uma maior suscetibilidade a manipulações.

Hegel, citado por Kotz e Pinheiro (2020), traz a visão dialética do “ser”, que sugere uma constante negociação entre a individualidade e a coletividade, a liberdade e a estrutura, o interno e o externo. Essa perspectiva hegeliana oferece uma lente para olhar para a sociedade em rede. Não podemos abordar a rede simplesmente como um fenômeno que habilita uma participação mais ativa do indivíduo sem reconhecer que ela também impõe novas formas de controle e determinismo que precisam ser problematizadas.

No drama existencial em que nos encontramos ao desenfreadamente buscar sentido para nossa identidade e o movimento que dá vitalidade a nossa existência é que encontramos as constantes contradições da vida. Outrossim, estas contradições do ser e não-ser é que ascentivamente constroem a identidade do sujeito. Só podemos ver esta construção num processo dialético de luta entre oposições para a síntese da própria identidade que, constantemente entra em conflito com outrem. Este conflito é fato dentro da finitude humana, necessário para o crescimento do humano e, consequentemente, para o seu fim (KOTZ. PINHEIRO, 2020, p.4).

Assim, o universo de discussão que envolve a sociedade em rede, como discutido por Castells, e as complexas dinâmicas de consumo, elaboradas por autores como Bauman e Hessen, oferece uma reflexão crítica sobre a individualidade na sociedade contemporânea. Castells (2006) focaliza na transformação da sociedade com o advento das redes sociais digitais, posicionando o indivíduo como um agente central dessa metamorfose. Ele destaca a importância da informação e a fragmentação das relações sociais e individuais nesse novo cenário. De maneira similar, Bauman (2007a) propõe o conceito de “modernidade líquida”, onde tudo é efêmero, inclusive os valores e relações.

Entrelaçando essas perspectivas com as ideias de consumo propostas por Hessen (2001), Bauman observa que a individualidade contemporânea é alimentada e modelada tanto pelas estruturas de rede quanto pelas lógicas de consumo. Bauman nos provoca a considerar como a sociedade de consumo molda constantemente nossos desejos e necessidades, colocando em foco a satisfação imediata em detrimento de visões de longo prazo. A cultura de consumo atual, sob essa lente, oferece uma individualidade preenchida por desejos e necessidades efêmeros, constantemente reconstruídos por novos produtos e experiências.

Douglas e Isherwood (2009) levantam que o consumo não é apenas uma atividade econômica, mas também uma prática de construção e comunicação social, uma forma de demonstrar poder aquisitivo e, consequentemente, status social. Isso nos leva a pensar que, na sociedade em rede, a individualidade também se constrói e se comunica através do consumo, o que fica evidente, por exemplo, nas redes sociais onde a exibição de bens e estilos de vida é comum.

Essa rede de interações entre o digital e o consumo faz com que a construção da identidade esteja em constante mutação, em sintonia com o que Bauman chama de “modernidade líquida”. Não apenas as relações sociais são fragmentadas, como aponta Castells, mas a própria noção de individualidade se torna fluida e instável. Nesse cenário, a ideia de Sartre (2014), que coloca a responsabilidade da existência nas mãos do próprio indivíduo, encontra limitações. É como se os indivíduos estivessem navegando em um mar de possibilidades infinitas, mas esse mar estivesse também, paradoxalmente, restringindo sua capacidade de auto-definição consistente.

A questão de valores, como discutida por Hessen e Spranger (2001), entra em cena para complicar ainda mais esse panorama. Em uma sociedade onde a informação e o consumo estão em constante fluxo, definir valores consistentes se torna um desafio. Spranger categoriza tipos de valores que poderiam guiar a individualidade; no entanto, na fluidez da sociedade contemporânea, essas categorias podem não mais servir como ancoradouros estáveis. A liberdade individual para definir o que é valioso, proposta tanto pelo existencialismo de Sartre quanto pela categorização de Spranger, confronta-se com uma realidade em que as estruturas sociais e de consumo estão constantemente moldando e remodelando o que é considerado valioso.

A identidade contemporânea como fator que amplifica as relações efêmeras

O panorama conceitual traçado por Bauman (2007a) sobre a modernidade líquida evidencia um cenário no qual as estruturas tradicionais se desintegram e o indivíduo é confrontado com uma realidade volátil. Nesse contexto, onde a liquidez parece ditar a dinâmica, a lógica do consumo e a construção da identidade se tornam elementos chave para se entender as transformações da contemporaneidade. Ao longo desse processo, a análise de Hegel (2016) sobre a construção da identidade do “eu” frente a um “outro” não perde a sua relevância; pelo contrário, ela se intensifica à luz dos fenômenos sociais descritos por Bauman.

Na verdade, a ideia de Hegel que coloca a formação do “eu” em uma relação dialética com o “outro” pode ser vista como a matriz epistemológica que justifica a busca constante de identidade em uma sociedade consumista. Se considerarmos os bens de consumo, como Douglas e Isherwood (2009) apontam, como portadores de significados sociais, então é evidente que a forma como consumimos e nos apresentamos ao mundo são dimensões de nossa identidade que estão em constante negociação com o “outro”. Este “outro”, contudo, não é estático, mas mutável, condicionado pelas variações do mercado e pelas inconstâncias sociais descritas por Bauman.

Para Bauman (2007a), o medo e a insegurança emergentes desse mundo líquido intensificam a busca de uma identidade sólida. Isso ressoa nos problemas de saúde mental em ascensão, como ansiedade e depressão. Mas é importante questionar se esse ambiente de incerteza e instabilidade é uma condição intrínseca da contemporaneidade ou uma construção social alimentada por um sistema capitalista que se beneficia da precariedade.

[…] o colapso do pensamento, do planejamento e da ação a longo prazo, e o desaparecimento ou enfraquecimento das estruturas sociais nas quais estes poderiam ser traçados com antecedência, leva a um desmembramento da história política e das vidas individuais numa série de projetos e episódios de curto prazo que são, em princípio, infinitos e não combinam com os tipos de sequências aos quais conceitos como “desenvolvimento”, “maturação”, “carreira” ou “progresso” (todos sugerindo uma ordem de sucessão pré-ordenada) poderiam ser significativamente aplicados. Uma vida assim fragmentada estimula orientações “laterais”, mais do que “verticais” (BAUMAN, 2007a, p. 9). 

No mesmo contexto, o que a sociologia nos mostra, conforme a visão de Hegel (2016), é que a identidade individual é uma construção socialmente mediada, embora não seja reduzida a ela. Ou seja, a sociedade liquida de Bauman nos orienta sobre os contextos nos quais essas identidades são moldadas, mas não define os contornos da individualidade de forma absoluta. Aqui, a classificação de valores proposta por Spranger (1972) se revela altamente pertinente. A liberdade individual de cada sujeito para definir o que é valioso para si, dentro de um espectro que pode ir do teorético ao religioso, é um ato de resistência contra a homogeneização e a mercantilização da identidade.

Essa resistência é ainda mais necessária quando consideramos que o mundo líquido de Bauman não somente liquida as estruturas sociais, mas também as próprias subjetividades. Ao fazê-lo, ele intensifica o isolamento social e catalisa uma série de problemas psicológicos. Nesse sentido, o espaço para o “eu” se torna cada vez mais apertado, sufocado por uma lógica de consumo voraz e uma sociedade que valoriza a individualidade apenas enquanto ela puder ser quantificada e comercializada. A lição que se depreende é que na busca por uma identidade em meio ao caos, a afirmação do “eu” não pode se dar à custa da negação do “outro”. Pois como Heráclito nos ensina, são os opostos que dão movimento à vida, e em um mundo que flui, a possibilidade de ancoragem pode estar justamente no equilíbrio dessas relações.

Não obstante, ao dialogar com as ideias de Bauman (2007a), Byung-Chul Han (2017) e Hegel (2016), o universo complexo da identidade na modernidade líquida se apresenta como uma colcha de retalhos teóricos, indicando como as interações humanas tornaram-se mais incertas e efêmeras. No âmago desta discussão, existe um paradoxo penetrante: a liquidez e transitoriedade da vida moderna parecem, em princípio, oferecer uma liberdade sem precedentes para a autoinvenção, mas na realidade resultam frequentemente em formas de subjugação, estresse e alienação que são psicologicamente debilitantes.

Byung-Chul Han (2017) aponta para o excesso de positividade como uma fonte de doenças mentais na sociedade contemporânea. O que Han nos faz perceber é que essa incessante busca pela positividade, muitas vezes alimentada pelo consumismo e pela cultura de desempenho, cria uma pressão psicológica avassaladora. A positividade torna-se uma forma de violência simbólica, uma espécie de ditadura que nos obriga a ser felizes, bem-sucedidos e em constante atividade, mesmo que isso nos esgote mentalmente. É um movimento que alinha muito bem com as observações de Bauman (2007a; 2007b) sobre uma sociedade onde as relações se tornam mercantilizadas e os indivíduos se transformam em produtos a serem consumidos e descartados.

Essa ‘tirania da positividade’ está umbilicalmente ligada ao enfraquecimento das estruturas sociais, também apontado por Bauman. A ideia de Hegel (2016) de que o “eu” só pode ser afirmado em relação a um “outro” é crucial aqui. O “outro” parece estar desaparecendo nas nuvens da modernidade líquida, dando lugar a um narcisismo coletivo onde cada “eu” é o centro de seu próprio universo. Este isolamento autofocado destrói a capacidade da sociedade para a empatia e solidariedade, fundamentos para qualquer forma de comunidade genuína.

As observações sobre a crescente atomização social na era digital, onde cada indivíduo se torna uma “ilha” em sua própria “bolha social”, são particularmente incisivas. Algoritmos de redes sociais, apontados por Castells (2006), não apenas reforçam nossas visões de mundo preexistentes, mas também exacerbam a tendência humana para o tribalismo. A tecnologia, longe de ser uma ferramenta neutra, torna-se um amplificador das nossas piores tendências, incitando polarização e hostilidade.

Carlos Drummond de Andrade (1984) captura poeticamente essa transformação do “eu” em “coisa”. A objetificação do humano, seja através do consumismo ou da desumanização do “outro”, reflete uma sociedade que valoriza mais os artefatos do que as relações humanas. Essa é a consequência de uma sociedade orientada para o mercado e o individualismo exacerbado, onde a competição substitui a comunidade.

No entanto, não podemos descartar o papel da agência individual e coletiva nesse cenário. Se as estruturas da modernidade líquida contribuem para formas de alienação e estresse, elas também podem ser palcos para resistência e reconfiguração social. Pode haver espaço para maneiras alternativas de pensar a identidade e a comunidade que contrariem essa lógica desumanizante. O desafio é saber se podemos reconstruir os espaços sociais e as narrativas culturais de tal forma que permitam o surgimento de formas mais sustentáveis e empáticas de interação humana. É aqui que as contribuições interdisciplinares da filosofia, sociologia e literatura podem fornecer vislumbres cruciais para caminhos possíveis.

Considerações Finais

O cenário da modernidade líquida, conforme desenhado por Zygmunt Bauman tornam-se ferramentas valiosas para entender a complexa construção da identidade e das relações sociais na contemporaneidade. O pensamento hegeliano sobre a formação do “eu” em relação dialética com o “outro” acrescenta uma dimensão filosófica importante, fornecendo um modelo para a constante negociação de identidades em uma era marcada pela incerteza e transitoriedade.

O paradoxo central que emerge desse conjunto teórico é a ambivalência entre liberdade e subjugação na sociedade contemporânea. Se, por um lado, a liquidez social parece oferecer uma liberdade sem precedentes para a autoexpressão e a formação de identidades, por outro, essa mesma liquidez pode levar ao isolamento, à mercantilização da existência e a formas de controle social e psicológico. Byung-Chul Han e sua crítica à ‘sociedade do cansaço’ acentuam essa problemática, mostrando como a incessante busca pela positividade pode tornar-se uma forma de subjugação, de uma tirania psicológica.

A interação entre essas diversas correntes teóricas aponta para a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para entender a complexidade do cenário contemporâneo. A identidade, cada vez mais fluida e negociada em termos efêmeros, não pode ser completamente compreendida sem considerar as estruturas sociais e econômicas, os dispositivos tecnológicos e as relações de poder que a condicionam. Mas, assim como estas estruturas podem servir para limitar e oprimir, elas também oferecem espaços para resistência e reconfiguração. A questão permanece: como podemos utilizar essas ferramentas teóricas não apenas para diagnosticar os problemas da modernidade líquida, mas também para propor formas mais humanas e sustentáveis de socialidade e identidade?

Deste modo, o grande desafio que se coloca para a sociedade contemporânea, imersa em relações efêmeras e sob a égide de uma liquidez que pode ser tanto libertadora quanto opressora, é encontrar maneiras de reinventar as relações sociais e a construção da identidade de forma mais ética e solidária. Esse esforço exige uma articulação crítica e criativa entre diferentes campos do saber, da filosofia à sociologia, da literatura à psicologia, para criar um entendimento mais integrado e nuanciado dos dilemas que nos confrontam.

Referências

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VEBLEN, T. A teoria da classe ociosa. São Paulo: Pioneira, 1965.


AGRADECIMENTOS

Este trabalho é reflexo de um percurso pessoal marcado por desafios, aprendizados e apoio incondicional. Nesse sentido, é imprescindível expressar minha profunda gratidão a Deus, por oferecer direção nos momentos mais desafiadores, e à minha família, pilar fundamental dessa construção. A base sólida proporcionada por minha família foi essencial para a perseverança e a fé nos meus sonhos, mesmo diante das adversidades.

A memória de meu pai, que embora não esteja mais entre nós, continua a inspirar-me com suas palavras sábias, onde sempre enfatizou a importância da resiliência e do aprendizado. Sua metáfora da borracha, simbolizando a capacidade de corrigir erros e prosseguir, foi uma lição valiosa na minha trajetória. À minha mãe, cujo apoio inabalável e aplausos solitários foram o incentivo para nunca desistir, minha eterna gratidão.

Meu agradecimento estende-se também aos mestres que, com dedicação, contribuíram significativamente para minha formação intelectual e pessoal. A metamorfose provocada por suas orientações foi determinante para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional.

Dedico este artigo a todos os cidadãos frequentemente marginalizados e esquecidos por nossa sociedade. Este trabalho é um chamado para uma reflexão sobre a importância do respeito e da consideração por todos, visando uma sociedade mais justa e inclusiva.