CONSTRUINDO PONTES ENTRE O PROFESSOR E A CRIANÇA COM TDAH

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7845649


Marilene Pereira de Castro Freitas¹
Roselany Junger da Silva²


RESUMO

O presente trabalho aponta para a necessidade do aluno com TDAH como integrante de sala de aula regular. Por ter um transtorno hiperativo/impulsivo a relação aluno-professor-aluno torna-se um desafio constante, pois em boa parte do corpo docente não tem experiência com tais transtornos. A maior necessidade hoje é uma equipe de professores envolvidos com teoria e prática de inclusão escolar, conhecendo os sintomas e desenvolvendo um trabalho de interação, socialização, propiciando qualidade de vida a este aluno com transtorno. O principal objetivo é conhecer os sintomas, causas e possíveis aportes psicopedagógicos para nortear o trabalho pedagógico. Como referência teórica foi trabalhado o livro “Mentes Inquietas” de Ana Beatriz, Transtornos de TDAH de Russel. O método a ser usado é de pesquisa bibliográfica. A pesquisa desenvolvida adverte: “a escola precisa de professores bem preparados”. Que este trabalho possa contribuir para pesquisas futuras.

Palavras-chave:  Desatenção, Hiperativo, Impulsividade, Diagnóstico.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho em apreço tem por objetivo analisar questões fundamentais de aluno-professor-aluno que enfrenta o TDAH, no contexto de uma sociedade que se depara com um número significativo de crianças possivelmente com o TDAH. A primazia deste trabalho é conhecer o TDAH, colher informações sobre suas possíveis causas, sintomas, diferenciar os comportamentos patológicos, de uma agitação normal da infância. Será abordada também o diagnóstico e contribuições pedagógicas    para auxiliar o professor de alunos com TDAH.

O tema surgiu a partir da experiência em sala de aula com crianças que apresentavam um comportamento agitado parecendo está a todo vapor, pouca atenção. Esse trabalho propicia examinar o comportamento de crianças em idade escolar

É importante que as informações sejam claras, objetivas por parte da família  do professor (a), do coordenador (a),  para fechar um diagnóstico conciso a fim de que a equipe multidisciplinar entre em cena e através da investigação e dos sistemas classificatórios se tenha um resultado correto Em muitos casos é imprescindível o uso farmacológico, mas há uma necessidade de se ter um diagnóstico claro, pois os medicamentos são estimulantes, podem trazer prejuízos significativos na vida do infante se usado de forma errada. Além do tratamento medicamentoso é essencial que o TDAH seja acompanhado também com psicoterapia.

Contar com o apoio técnico fará toda a diferença, pois permite criar estratégias que organizarão a vida da criança, facilitando seu dia a dia propiciando o desenvolvimento das habilidades e comportamentos autônomos, uma vida de sucesso.

O trabalho em evidencia será conduzido por pesquisa bibliográfica. Tendo como construção o levantamento de referências bibliográfico já explorado, e publicado por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que propicia ao pesquisador aprender o que já se estudou sobre o assunto. Há, porém pesquisas científicas que se baseiam com exclusividade na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).

2 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

É um transtorno neurológico presente em algumas crianças com idade escolar e que pode permear por toda vida. Por não ser uma doença não existe cura e sim tratamento para uma vida mais saudável, mais social. Esse transtorno preocupa e desestabiliza a família, a escola e qualquer ambiente social. Essas crianças tem um comportamento inquieto, conforme explica sobre isso, Galvão (1995, p.103).

No cotidiano escolar são comuns as situações de conflito envolvendo professor e alunos. Turbulência e agitação motora, dispersão, crises emocionais, desentendimentos entre alunos e destes com o professor são alguns exemplos de dinâmicas conflitais que, com frequência, deixará a todos, desamparado e sem saber o que fazer. Irritação, raiva, desespero e medo são manifestações que costumam acompanhar as crises, funcionando como “termômetros” do conflito. (GALVÃO, 1995, p.103).

Vale salientar que o professor em sua maioria não tem formação prática voltada para educação especial, inclusiva e sempre se torna o alvo do insucesso da aprendizagem desse aluno. O processo de resgate da criança com TDAH é de fundamental importância e o professor precisa estar preparado para intervir na construção individual do conhecimento, atuando como mediador para que o aluno consiga construir significados e dar sentido ao conteúdo assimilado. Sobre esta questão, Vitaliano (2010 p. 52) analisa que:

A questão da responsabilidade do professor é uma questão muito séria, que percebemos necessitar de estudos específicos. Para que não recaía sobre ela, ou sobre a falta dela, a causa de todos os problemas escolares, é necessário pensar no professor, não só como elemento central do processo de ensino e aprendizagem, mas também, nas condições de trabalho que lhe estão sendo oferecidas para assumir suas responsabilidades.

O indivíduo com TDAH precisa de atenção, tratamento e acolhimento por ser indivíduo mais susceptível a se sentirem rejeitados, tem sua autoestima abalada devido aos sintomas causadores desse transtorno. Por ter um comportamento mais agitado tem dificuldade de brincar com seus pares, podem tirar notas mais baixas não mantendo foco em resultados. Isso pode afetar sua vida adulta no trabalhar em equipe, foco e rendimento.

2.1 Diagnósticos do TDAH

 A tríade sintomatológica clássica da síndrome tem como características a desatenção, hiperatividade e impulsividade. A desatenção pode ser reconhecida como dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e de trabalho, dificuldades para manter foco em atividades lúdicas, aparenta não escutar quando lhe é dirigida a palavra, não segue instruções nem regras, relutam em executar tarefas que lhe exijam esforço mental, perde coisas por sua distração, tem facilidade de se distrair com estímulos alheios.

 A hiperatividade tem como característica frequente a agitação das mãos ou nos pés, sair da sua cadeira em sala de aula quando se espera que fique sentado, correr ou escalar excessivamente em momentos não apropriados parecendo está a todo vapor, fala demasiadamente.

Os sintomas da hiperatividade são: frequentemente responde precipitadamente antes das perguntas serem concluídas, não consegue esperar a sua vez, com frequência interrompe ou se mete em assuntos alheios. Quando a sintomatologia se apresenta isoladamente isso não caracteriza o transtorno do TDAH. Pode ser resultado de outros problemas vivenciados por essas crianças envolvendo os pais ou colegas, sistemas educacionais desajustados ou associação a outros transtornos.

O diagnóstico exato é a peça fundamental para o sucesso de quem tem o transtorno. Nem toda agitação pode ser considerada como TDAH é necessário não generalizar.  O diagnóstico do TDAH é muito complexo existe uma grande dificuldade pois muitas vezes é confundido com TOC (transtorno obsessivo compulsivo, Dislexia, são transtornos que informam as deficiências atencionais.

O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar composta pelo neurologista, pediatra, psicóloga, psicopedagoga e talvez uma fonoaudióloga tendo como base os critérios operacionais claros e histórico familiar e escolar.  Silva (2009) fala de uma visão global.

A visão global é que nos dará oportunidade de criar, de maneira empírica, porém bastante adequada, o critério para se estabelecer a necessidade de tratamento para essa alteração. Um DDA, na realidade precisa muito mais de um ajuste no seu comportamento do que um tratamento, e o que determina sua necessidade é o desconforto sofrido por ele na sua vivência diária. Em outras palavras, se um DDA vem sofrendo com seus esquecimentos, desorganizações, impulsos ou com sua agitação física 21 e mental, deve procurar ajuda, visando estabelecer um equilíbrio entre sua forma de ser e as obrigações e encargos impostos por sua vida, principalmente na fase adulta. (Silva, 2009 p. 224).

Uma das ferramentas primordiais é a anamnese por permitir através de uma conversa detalhada a história do paciente, desde a gestação até os dias atuais. Não se faz necessários exames como: ressonância, eletroencefalograma ou outro que avalie as características físicas. Assim como também não há exames para depressão, autismo, transtorno do pânico, esquizofrenia. Diante de UM quadro investigativo é necessário que se tenha uma ideia clara e formada para consolidar o diagnóstico. Para isso os sintomas devem estar presentes em diversos lugares, casa, escola ou outro lugar social. A avaliação diagnóstica envolve uma ação de coletar dados na escola e é extremamente importante a observação do professor, dos pais com o paciente. Nessa avaliação será pontuado o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e funcionamento escolar. Para ser caracterizado o TDAH o DSM-IV (2002) cita   alguns critérios diagnosticais que servirão de parâmetros e se estes permanecerem no indivíduo pelo menos durante seis meses em grau mal adaptativo e inconstante com o nível de desenvolvimento e em locais diferentes com seis ou mais sintomas.

2.2 Vertentes Terapeutica

O tratamento de crianças com TDAH é multidisciplinar, baseado na interação de profissionais de várias áreas como: psicólogo, neuropediatra, psicopedagogo, fonoaudiólogos e outros conforme a demanda de cada um. Como informa (BENCZIK), o profissional pode focalizar dificuldades especiais da criança, em termos de habilidades sociais, criando um espaço e situações para desenvolvê-las, por meio da interação com a criança por intermédio de atividade lúdica. (Benczik, 2000, pg. 92).

Portanto dentre as alternativas terapêuticas tem-se a Terapia Cognitivo Comportamental, psicofarmacológico feito com drogas psicoestimulantes aprovados pela Anvisa, a Ludoterapia, a Psicopedagogia e a Arteterapia pode ser trabalhado a expressão da arte, os jogos com regras, brincadeiras de representação, atividades corporal cenestésica, uso de sucatas, o trabalho com barro, o trabalho com o corpo, jogos de figura e fundo quem acha primeiro, jogos com movimentos e o mais recente tratamento lançado pela Alemanha  é o Neurofeedback é um treinamento que visa o autocontrole das ondas cerebrais, com a finalidade de treinar o paciente para controle da atenção e também da hiperatividade.

2.2.1 Contribuíçoes Pedagógicas para o professor de aluno com TDAH

O aluno com TDAH é desatento, agitado para ajustar essa situação é necessário que o professor crie um programa de ensino que acompanhe a aprendizagem do aluno, aceitando o seu ritmo e sua capacidade, nas pesquisas de Viecili e Medeiros (2002) revelam que os alunos com história de fracasso escolar e alunos sem fracasso escolar recebem diferentes tratamentos com história de fracasso escolar e alunos sem fracasso escolar recebem diferentes  tratamento pelos professores e consequentemente se comportam também de maneira diferente. Ou seja, um aluno diagnosticado com TDAH provavelmente receberá mais tratamento opressivo por parte do professor, estabelecendo-se assim um circulo vicioso. O bem-estar geral da criança vai exercer um papel fundamental para o bom desempenho escolar (Sternberg & Grigorenko, 2003). Como também informa (BANDURA).

A crença do indivíduo sobre sua capacidade de desempenho em atividades específicas. No que diz respeito ao desempenho acadêmico, o senso de auto eficácia afeta o que os estudantes fazem, influenciando suas escolhas de atividades, o estabelecimento de metas, o esforço despendido, a persistência e perseverança frente às adversidades e o nível de ansiedade que experimentam frente às atividades.

Dentro da perspectiva de uma escola inclusiva, um olhar aguçado para incluir a todos, sabe-se que é trabalhoso é desafiador. Há necessidade de um currículo aberto, flexivo e reflexivo com métodos ativos e interativos. Para atender a diversidade com vários tipos de necessidades, aos ritmos diferentes de aprendizagem dos alunos.

O Dr. Clair em seus artigos publicados pela Neurosaber divide em três as estratégias para trabalhar com alunos com TDAH que são: didática em sala de aula, meios de avaliação e apoio organizacional. A didática de sala de aula precisa encontrar meios que melhorem a concentração deste aluno; modifique o tom de voz conforme a necessidade realçando os momentos mais importantes; traga esse aluno para sentar-se próximo a você; comece a aula motivada, associe o assunto da aula a situações contextualizadas que seja do interesse do aluno ou uma aplicação prática, usar os estímulos audiovisuais, sensoriais. No quesito avaliação, pode usar variadas formas de avaliação como provas objetivas, pesquisas de campo, apresentações em sala de aula, as provas devem ser curtas e bem sucintas e objetivas, sempre que possível um tempo maior dado no final da avaliação.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no trabalho realizado, percebeu-se que o TDAH, é um tema de relevada importância e frequentemente visto na sociedade atual. Embora seja pouco divulgado.

Este estudo revelou a partir de um caminho trilhado pela literatura científica e Histórica que o TDAH é um transtorno de difícil diagnóstico, em sua maioria é associado à comorbidades. Para um diagnóstico mais preciso a criança deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar com: neuropediatra, psicólogo, psicopedagogo, professor e outros que o caso venha exigir.                                                                       

A família e até alguns professores não tem informações sobre o transtorno, as causas, os prejuízos e confundem com rebeldia usando punições absurdas como: gritos, isolamento, empurrões e com frequência os responsáveis agridem fisicamente chegando a espancar.  Para evitar tais situações que só complicarão, esse tema deve ser mais divulgado entre os meios de comunicação, a sociedade escolar.

Sabe-se que em muitos casos o tratamento farmacológico faz-se necessário. Para tanto deve ser acompanhado de tratamento psicológico       Através deste estudo pôde-se conhecer melhor o TDAH, suas implicações a conduta do diagnóstico, formas de tratamento e contribuições para o professor trabalhar com alunos com Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

REFERÊNCIAS

BENCZIK, E. B. P. Manual da escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: versão para professores São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000-2002. Pg. 92. 56.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon : uma concepção dialética do desenvolvimento infantil/Izabel. Galvão. – Petrópolis, RJ ; Vozes, 1995. P.103.https://www.scielo.br/pdf/pusf/v7n2/v7n2a12.pdf

OLIVEIRA, Daiane ,Moisés AVALIAÇÃO INTERVENÇÃO DIAGNÓSTICA TODA TDAH (Psiqueasy volume 01 2019) SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, hiperatividade e Impulsividade. 2° edição. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009, p. 214


¹Graduação em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú RN. Especialização em Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação, Supervisão e Gestão pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Leonardo da Vinci – Uniasselvi – Neuropsicopedagogia pela Faculdade Play – Mestranda em Educação pela UNEATLANTICO (Universidade Europa del Atlantico) E-mail do autor: autor.marilenecastro62@gmail.com
²Professora graduada pela UNILASALLE – Rio de Janeiro (2005),com pós-graduação em Educação Infantil e Desenvolvimento pela Universidade Candido Mendes, pós-graduação em Gestão Estratégica de Investimento da Educação Básica, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundacão Oswaldo Cruz-FIOCRUZ, Extensão A creche e o trabalho cotidiano com crianças de 0 a 3 anos, PUC-RIO. Formada em Coach Integral Sistêmico pela Febracis; Educadora Parental, pela Parent Coaching Brasil; pós-graduanda em Parent Coaching e Inteligência Emocional, pela Parent Coaching; e Mestranda em Educacão, pela Universidade Internacional Ibero-Americana. Facilitadora em Parentalidade Consciente; certificação internacional pela Academia da Parentalidade Consciente.E-mail: rosejungerjp@gmail.com