CONSTRUINDO CONHECIMENTO: EDUCAÇÃO MAKER E O DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS DOCENTES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10988069


Lúcia de Melo Silva; Maria do Carmo Rocha Dutra Silva; Leandromar Brandalise; Lúcia Angélica da Cruz Barreto; Clesner Alexandre Menegoli; Maria Célia Monteiro de Sousa; Ueudison Alves Guimarães


RESUMO

O artigo que se pretende desenvolver aqui tem o propósito de analisar o impacto da Educação Maker no desenvolvimento de práticas docentes inovadoras. Desse modo, mediante uma metodologia de pesquisa bibliográfica, o estudo reflete a análise feita na literatura acadêmica sobre a abordagem Maker na Educação, focando em como ela influencia e transforma as metodologias de ensino. Nesse sentido, evidencia-se que o conceito central da Educação Maker é a aprendizagem prática e experiencial, que incentiva os alunos a criarem, experimentarem e explorarem, promovendo assim uma aprendizagem mais significativa e engajada. Não à toa, este trabalho destaca a importância da Educação Maker na promoção de competências como criatividade, resolução de problemas e pensamento crítico, tencionando investigar como essa abordagem pedagógica pode ser integrada às práticas docentes, oferecendo novas estratégias para facilitar o aprendizado ativo. Ademais, discute-se aqui a importância do educador como facilitador e mentor no ambiente Maker, bem como as mudanças necessárias em sua formação e desenvolvimento profissional para adaptar-se a este paradigma educacional.

Palavras-chave: Aprendizagem. Educação. Prática Docente.

ABSTRACT

The article intended to be developed here aims to analyze the impact of Maker Education on the development of innovative teaching practices. Thus, using a bibliographical research methodology, the study reflects the analysis carried out in academic literature on the Maker approach in Education, focusing on how it influences and transforms teaching methodologies. In this sense, the central concept of Maker Education is practical and experiential learning, which encourages students to create, experiment and explore, thus promoting more meaningful and engaged learning. Not surprisingly, this work highlights the importance of Maker Education in promoting skills such as creativity, problem solving and critical thinking, intending to investigate how this pedagogical approach can be integrated into teaching practices, offering new strategies to facilitate active learning. Furthermore, the importance of the educator as a facilitator and mentor in the Maker environment is discussed here, as well as the necessary changes in their training and professional development to adapt to this educational paradigm.

Keywords: Learning. Education. Teaching Practice.

INTRODUÇÃO 

A emergência da Educação Maker simboliza uma transformação paradigmática significativa no cenário educacional contemporâneo, influenciando profundamente o desenvolvimento de práticas docentes. Nesse sentido, busca-se investigar a convergência entre o movimento Maker, caracterizado pela cultura do ‘faça você mesmo’ e pela aprendizagem baseada em projetos, e sua influência na pedagogia moderna. Portanto, revela-se que por meio de uma metodologia de pesquisa bibliográfica, este estudo tem interesse em averiguar uma variedade de literaturas acadêmicas, abordando como a Educação Maker está reformulando as abordagens tradicionais de ensino e aprendizagem.

Nesse trajeto discursivo, o interesse deste artigo recai sobre a necessidade de compreender como a Educação Maker pode ser incorporada às práticas docentes para fomentar um ambiente de aprendizagem mais engajador, criativo e prático. Sendo assim, busca-se analisar a filosofia por trás do movimento Maker, destacando sua ênfase na inovação, na experimentação e na resolução prática de problemas, tendo em vista a pesquisa também contempla como esse método de ensino pedagógico estimula o desenvolvimento de habilidades relevantes, como o pensamento crítico, a criatividade e a colaboração, preparando os alunos para os desafios da modernidade.

Os desafios e as oportunidades apresentadas pela Educação Maker para os docentes também serão discutidos, levando em consideração a necessidade de adaptação dos docentes a esse novo paradigma educacional, averiguando estratégias para integrar a cultura Maker em diferentes disciplinas e contextos educacionais. Por outro lado, revela-se que a importância da formação contínua dos docentes para se adequarem a essa abordagem inovadora é um ponto de extrema importância, assim como a necessidade de repensar os espaços de aprendizagem e os recursos disponíveis nas escolas.

Vale lembrar que toda a trajetória reflexiva aqui desenvolvida também dissertará acerca do impacto potencial da Educação Maker na transformação do ambiente escolar, objetivando compreender como os princípios do movimento Maker podem ser utilizados para criar experiências de aprendizagem mais significativas e memoráveis, estimulando os alunos a serem muito mais do que consumidores de conhecimento, em outras palavras, que se transforem em produtores e inovadores ativos.

Ressalta-se, pois, que este artigo pretende oferecer uma compreensão ampla de como a Educação Maker está influenciando o desenvolvimento de práticas docentes contemporâneas, tendo em vista que ao integrar a modalidade Maker na educação, os docentes podem proporcionar experiências de aprendizagem mais ricas e voltadas para as necessidades e expectativas do mundo moderno.

Quando se tem a intenção de invadir um pouco mais a essência do universo Maker na educação, descobre-se que ela pode revitalizar o currículo escolar, tornando-o mais adaptável e relevante para as realidades contemporâneas. Desse modo, é importante inserir nesse processo de averiguação a maneira como os projetos baseados na Educação Maker estimulam a interdisciplinaridade e a aprendizagem contextualizada, permitindo aos alunos vincularem o saber teórico com aplicações práticas. 

O fortalecimento da autonomia dos alunos através da Educação Maker é dos aspectos mencionados durante essa caminhada analítica, pois pretende-se compreender como essa metodologia promove uma postura ativa na aprendizagem, encorajando os alunos a tomarem iniciativas, explorarem seus interesses e engajarem-se em um processo de descoberta contínua. Nesse contexto, entende-se que essa autonomia está intrinsecamente vinculada ao desenvolvimento de uma mentalidade de crescimento e à capacidade de enfrentar desafios de forma criativa e inovadora.

Entendemos ainda que, segundo COHEN (2017) a Cultura Maker deve ser compreendida como parte de um movimento crescente no qual os indivíduos alavancam tecnologias digitais para produzir e compartilhar artefatos físicos com uma comunidade ampla.

Assim sendo, afirma-se que esse debate constitui o cenário para uma análise detalhada dos diversos aspectos da Educação Maker e sua integração nas práticas docentes, evidenciando que essa abordagem pedagógica não apenas potencializa a experiência educacional dos alunos, como também desafia e expande as habilidades e métodos dos educadores, favorecendo para uma evolução significativa no campo da educação.

METODOLOGIA

O estudo elaborado para a execução deste trabalho carrega consigo uma trajetória bibliográfica, utilizando como mecanismo de pesquisa autores da literatura que abordam em seus textos a respeito da temática desenvolvida, a qual foi selecionada para ser discutida e averiguada. 

Esse método de pesquisa foi escolhido porque é capaz de elaborar e contribuir para um processo de propagação de ordem científica que auxilia de maneira considerável para um entendimento mais amplo em relação ao tema abordado. 

Durante toda a caminhada de organização deste trabalho muitas informações foram recolhidas em relação ao mote questão, desse modo, conseguiu-se comparar determinados aspectos que ainda não haviam sido detectados no que concerne ao mote escolhido para a análise, assim como a relevância da “Educação Maker e o Desenvolvimento de práticas docentes” para o campo educacional.  

Objetivando adquirir as respostas adequadas que fossem capazes de atender as necessidades dessa temática, realizou-se uma sondagem a respeito de conceitos e suposições de âmbito teórico advindos de autores relevantes dentro desse campo de estudo, o que justifica de modo consciente a escolha de uma pesquisa de caráter teórico-bibliográfico para a construção deste trabalho, bem como a importância que ele possui para o processo.    

REFERENCIAL TEÓRICO

Histórico e evolução do movimento maker

O Movimento Maker, uma cultura contemporânea que enfatiza o aprendizado prático por meio da criação, inovação e fabricação, tem suas raízes em diversas tradições e movimentos históricos. 

Assim sendo, evidencia-se que este movimento, o qual ganhou destaque no início do século XXI, é o produto de uma confluência de várias correntes culturais e tecnológicas que evoluíram ao longo de décadas.

Vale destacar que a origem do Movimento Maker pode ser traçada até a cultura do “faça você mesmo” (DIY, do inglês, Do It Yourself), que ganhou força nos anos 1950 e 1960 com a popularização de hobbies como a eletrônica e a carpintaria. A partir daí, percebe-se que essa cultura foi impulsionada pelo desejo de independência, criatividade e personalização, permitindo às pessoas criarem e repararem seus próprios objetos ao invés de dependerem de produtos industrializados.

Castañon (2015) afirma que com o advento da revolução digital nas décadas de 1970 e 1980, surgiram novas oportunidades para a inovação e a fabricação pessoal, fazendo com que o desenvolvimento de computadores pessoais e, posteriormente, da internet, abrisse caminho para uma comunidade global de entusiastas e inventores que compartilhavam conhecimentos e idéias. 

Por essa ótica, entende-se que este foi um período altamente satisfatório para o desenvolvimento da cultura maker, uma vez que as tecnologias digitais começaram a se integrar com as práticas tradicionais de DIY.

Por meio do surgimento do movimento Maker, surgiram os espaços Makers. Estes espaços são abertos e permitem que as pessoas se encontrem para trabalhar seus projetos utilizando as ferramentas ali disponibilizadas, com o auxílio de pessoas que conhecem tais ferramentas. Apesar da aprendizagem não ser o foco destes espaços e sim o compartilhamento do conhecimento, é bastante comum a realização de encontros para aprender a operar diferentes máquinas e dispositivos, sendo também comum que o produto tenha código aberto e disponibilizado em rede permitindo o acesso e a recriação. Dessa maneira, todo e qualquer usuário pode criar seus dispositivos a partir das trocas realizadas pelos diversos fabricantes ou Makers.

Nesse contexto, descobre-se que o Movimento Maker como as pessoas conhecem hoje começou a tomar forma no início dos anos 2000, marcado pelo surgimento de espaços de fabricação e inovação, conhecidos como “makerspaces” ou “fablabs”. 

Contudo, esses espaços ofereciam acesso a ferramentas avançadas como impressoras 3D, cortadoras a laser e kits de eletrônica, democratizando o acesso a tecnologias que antes eram restritas a ambientes industriais ou acadêmicos. Nota-se aqui, que a cultura maker foi ainda mais fortalecida pela emergência de plataformas como o Arduino, que facilitou a eletrônica para amadores e entusiastas.

Segundo Castañon (2015), esse movimento foi impulsionado pela proliferação de eventos como as Feiras Maker (Maker Faires), as quais começaram em 2006 na Califórnia, e foram com o passar do tempo se tornando eventos globais, que reuniam uma comunidade diversificada de makers, incluindo artesãos, engenheiros, educadores e artistas. Desse modo, as feiras ofereciam um espaço para compartilhar projetos, ideias e inovações, promovendo a colaboração e a aprendizagem entre os participantes.

De acordo com Silva (2019), na educação, o Movimento Maker encontrou um terreno fértil, pois os educadores reconheceram o valor do aprendizado prático e da resolução de problemas que o movimento sublinha. 

Diante disso, diversas escolas e instituições educacionais começaram a integrar práticas maker em seus currículos, estabelecendo makerspaces educacionais e incorporando conceitos como STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) em suas abordagens pedagógicas.

Para Silva (2019), o Movimento Maker continua a evoluir, na atualidade, influenciado pelo avanço contínuo das tecnologias e pela crescente ênfase na inovação e na aprendizagem prática. Afinal, ele constitui uma poderosa fusão de conhecimento tradicional e tecnologia digital, estimulando a criatividade, a colaboração e o pensamento crítico. 

Em meio a essa nova realidade, descobre-se que a promoção de uma cultura de “aprender fazendo”, o Movimento Maker está remodelando não somente o futuro da educação, como também o desenvolvimento de novas inovações e a maneira como as pessoas interagem com o mundo ao seu redor.

Nesse sentido, descobre-se que a evolução do Movimento Maker tem sido marcada, mais recentemente, pela sua crescente interseção com a educação formal e a pesquisa acadêmica, pois as universidades e escolas ao redor do mundo estão integrando os princípios do movimento em seus currículos, reconhecendo o valor da aprendizagem experiencial e da inovação aberta. 

Entende-se que essa prática, além de ser relevante para o enriquecimento da experiência educacional dos alunos, também os prepara melhor para as exigências de um mercado de trabalho em rápida mudança, onde a capacidade de inovar e resolver problemas de forma criativa é altamente valorizada.

Carvalho (2018) enfatiza que o Movimento Maker tem exercido um papel significativo no fomento do empreendedorismo e da inovação social, visto que muitos makers utilizam suas habilidades e conhecimentos para desenvolver soluções para problemas locais e globais, desde tecnologias sustentáveis até ferramentas educacionais inovadoras. Essa prática tem levado a um crescente reconhecimento do movimento como um catalisador de mudanças sociais positivas e desenvolvimento sustentável.

A expansão do movimento reflete de maneira significativa uma mudança considerável na percepção cultural sobre a fabricação e o artesanato, afinal, em uma época dominada pelo consumo de massa, o Movimento Maker revaloriza o ato de criar com as próprias mãos, enfatizando a importância da personalização, da sustentabilidade e do conhecimento prático. 

Com isso, entende-se que essa mudança cultural está promovendo uma nova apreciação pelo artesanato e pela manufatura local, bem como um interesse renovado em habilidades tradicionais e ofícios.

Levando-se em consideração esse contexto, Carvalho (2018) afirma que com o avanço contínuo da tecnologia, especialmente em áreas como inteligência artificial, robótica e nanotecnologia, o Movimento Maker está se posicionando na vanguarda da experimentação e da inovação, pois os Makers estão cada vez mais utilizando esses mecanismos tecnológicos avançados, criando projetos que estão na interseção da arte, da ciência e da tecnologia, que servem tanto para impulsionar a inovação técnica quanto para questionar e ampliar as fronteiras do que é possível criar e imaginar.

Valente e Blikstein encontram as raízes do Maker, do ponto de vista da difusão tecnológica e educacional, nos Institutos da Mecânica, criados em Edimburgo, na Escócia, no início do século XIX como oferta de ensino técnico para artesãos, profissionais e trabalhadores e chamam a atenção para o fato de que Espaços Makers têm sido introduzidos na educação básica como uma alternativa às abordagens tradicionais de maneira que permitam aos estudantes ter mais agência sobre seu aprendizado (VALENTE; BLIKSTEIN, 2019).

Desse modo, compreende-se que o Movimento Maker está contribuindo para uma maior democratização do conhecimento e do acesso à tecnologia, pois com a proliferação de recursos online, tutoriais, e comunidades de compartilhamento de conhecimento, tornou-se mais fácil do que nunca para pessoas ao redor do mundo participarem do movimento. Com isso, entende-se que barreiras geográficas e socioeconômicas estão sendo rompidas, permitindo que uma diversidade maior de pessoas contribua com suas idéias e talentos para a comunidade global de makers.

Educação maker e inovação pedagógica

A Educação Maker, enraizada no Movimento Maker, simboliza uma metodologia de ensino revolucionária na pedagogia moderna, redefinindo o ambiente educacional através da ênfase no aprendizado prático, na criatividade e na inovação. Assim sendo, descobre-se que esse conceito pedagógico, centrado na ideia de “aprender fazendo”, está transformando a maneira como alunos e docentes interagem com o conhecimento, promovendo uma cultura de experimentação, exploração e descoberta.

Nesse contexto, Althaus e Góes (2013) revelam que a essência da Educação Maker mora em sua capacidade de promover a inovação pedagógica, oferecendo um ambiente onde os alunos são incentivados a serem curiosos, a questionarem o status quo e a desenvolverem soluções criativas para problemas reais. 

Tendo em vista o contraste com os métodos tradicionais de ensino, que frequentemente se concentram na memorização e na repetição, a Educação Maker valoriza o processo de ensino-aprendizagem tanto quanto o resultado, estimulando os alunos a experimentarem, falharem e aprenderem com seus erros.

Dentro dessa perspectiva, os autores supracitados afirmam que um dos principais artifícios da Educação Maker é a integração de atividades práticas que abrangem uma variedade de disciplinas, desde ciência e tecnologia até artes e humanidades, pois é dessa maneira que os alunos interagem em projetos que requerem pensamento crítico, resolução de problemas e colaboração, habilidades essenciais para o sucesso na sociedade moderna. 

Assim, elucida-se que assa abordagem interdisciplinar, além de enriquecer o conhecimento acadêmico, também desenvolve competências importantes como a criatividade, a capacidade de inovação e a autoconfiança.

Segundo Silva (2018), a utilização de tecnologias emergentes, como impressão 3D, robótica e programação, é considerada um aspecto fundamental da Educação Maker, uma vez que que esses mecanismos oferecem aos alunos a oportunidade de transformar ideias em realidade, concretizando conceitos abstratos e proporcionando uma compreensão mais profunda dos princípios científicos e tecnológicos. 

Desse modo, elucida-se que a familiaridade com essas tecnologias contribui significativamente para preparar os alunos para as demandas de um mundo digitalizado, bem como capacitá-los para serem criadores e inovadores ativos.

Ademais, compreende-se que a Educação Maker promove uma mudança no papel do educador, que abonam a posição de meros transmissores de conhecimento para se tornarem facilitadores da aprendizagem, orientando e apoiando os alunos em suas jornadas de descoberta, pois esse novo modelo de  ensino exige que os docentes sejam adaptáveis, criativos e abertos a novas metodologias de ensino, criando um ambiente de aprendizagem onde os alunos se sentem empoderados para investigarem suas paixões e interesses.

Por outro lado, Silva (2018) aponta que a Educação Maker também contribui efetivamente para que ocorra tanto a colaboração quanto a comunicação entre os alunos. Assim, mediante a aplicação de projetos em grupo e atividades colaborativas, os alunos aprendem a trabalhar em equipe, compartilhar conhecimentos e habilidades, e apreciar a diversidade de perspectivas, que os preparam para um ambiente de trabalho cada vez mais conectado e interdependente.

Nesta concepção, é possível perceber que a Educação Maker é uma força poderosa para a inovação pedagógica, oferecendo um ambiente de aprendizado satisfatório e estimulante que prepara os alunos para enfrentarem os desafios e oportunidades do futuro. 

Assim sendo, entende-se que a Educação Maker está definindo novos caminhos para o desenvolvimento educacional e contribuindo para a formação de uma geração de pensadores inovadores e criativos, por isso, a importância de enfatizar a aprendizagem prática, a criatividade, a resolução de problemas e a colaboração.

Adaptação das práticas docentes ao modelo maker

Neste artigo, o qual aborda como temática “A adaptação das práticas docentes ao modelo Maker”, descobre-se que ela é considerada um processo dinâmico e inovador que está redefinindo o ensino e a aprendizagem nas diversas escolas do território nacional brasileiro. Nesse sentido, nota-se que essa modalidade, a qual se baseia na filosofia do “faça você mesmo” e na aprendizagem prática, provoca os docentes a repensarem suas abordagens pedagógicas, incentivando um ambiente de ensino mais colaborativo, experimental e centrado no aluno.

Ausubel (1982) evidencia que uma das mudanças fundamentais na adaptação ao modelo Maker é a transição do papel do docente de um transmissor de conhecimento para um facilitador da aprendizagem, visto que no modelo Maker, eles estimulados a orientarem e inspirarem os alunos, em vez de simplesmente fornecer informações, o que implica na criação de oportunidades para que os alunos explorem, experimentem e descubram por si mesmos, promovendo a autonomia e a autodireção no aprendizado.

No entanto, almejando implementar com sucesso o modelo Maker, os docentes devem integrar atividades práticas e projetos em seus planos de aula, introduzindo desde a construção de modelos e protótipos até a programação de robôs ou o desenvolvimento de soluções tecnológicas. É importante ressaltar que assas atividades práticas não somente reforçam os conceitos teóricos, como também desenvolvem habilidades imprescindíveis como pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe.

Ademais, sublinha-se ser primordial que os docentes criem um ambiente de sala de aula que estimule a criatividade e a inovação, mediante a configuração de espaços de aprendizagem flexíveis, estruturados com ferramentas e materiais variados, que incentivem os alunos a pensarem de forma criativa e a experimentarem livremente. 

Assim sendo, observa-se que um ambiente de aprendizagem maker bem projetado é um espaço convidativo e inspirador, onde os alunos se sentem à vontade para investigarem, criarem e colaborarem.

Para Raabe e Gomes (2018), o desenvolvimento de uma cultura de feedback e reflexão é entendido como um aspecto muito importante na adaptação ao modelo Maker, por conta disso, os docentes devem estimular os alunos a compartilharem suas ideias e projetos com os colegas e a refletirem sobre o processo de ensino-aprendizagem. 

Essa proposta de ensino, por usa vez, compreende a celebração do fracasso como uma oportunidade de aprendizado e a promoção de uma mentalidade de crescimento, onde o esforço e a perseverança são valorizados.

Cabe também acrescentar que, para Raabe e Gomes (2018),  a tecnologia exerce enorme relevância no processo de adaptação ao modelo Maker. Para tanto, elucida-se que os professores devem estar familiarizados com uma variedade de ferramentas tecnológicas e digitais que podem enriquecer o processo de aprendizagem Maker, incluindo desde softwares de design e programação até impressoras 3D e kits de eletrônica. Desse modo, afirma-se que o uso efetivo da tecnologia permite que os alunos tragam suas ideias à vida e examinem conceitos de forma interativa e envolvente.

Diante dessa nova realidade, é importante sublinhar que a adaptação das práticas docentes ao modelo Maker é um processo envolvente que requer uma abordagem pedagógica renovada, focada na aprendizagem ativa, na experimentação e na criatividade. 

Afinal, quando se coloca em ação o modelo Maker, especialmente no ambiente de sala de aula, os docentes podem proporcionar uma experiência de aprendizado mais significativa, a qual não fique presa à transmissão de saberes, mas que busque também inspirar os alunos a se tornarem pensadores inovadores e solucionadores de problemas.

Estratégias pedagógicas na educação maker

Neste artigo, salienta-se que as estratégias pedagógicas voltadas para a Educação Maker são fundamentais para o cultivo de um ambiente de aprendizagem onde a criatividade, a inovação e a experimentação são altamente valorizadas. 

Com isso, entende-se que mediante essa modalidade educativa, a qual está centrada na ideia de que os alunos aprendem melhor fazendo, as estratégias adotadas pelos docentes exercem enorme relevância na promoção de um espírito de descoberta e exploração, visto que essas estratégias, as quais são diversificadas e interativas, agem com o intuito de engajar os alunos de maneira significativa e prática.

De acordo com Cordova (2016), existem várias estratégias pedagógicas voltadas para a Educação Maker, portanto, dentre elas está a aprendizagem baseada em projetos, a qual permite que os alunos trabalhem em projetos reais e tangíveis, aplicando o conhecimento teórico em contextos práticos. 

Por essa ótica, afirma-se que o trabalho desenvolvido por meio de projetos, possibilita que os alunos desenvolvam uma compreensão mais densa dos conceitos, ao mesmo tempo em que aprimoram habilidades como pensamento crítico, solução de problemas e colaboração. 

Com isso, revela-se que os projetos Maker repetidamente envolvem a construção de objetos físicos, mas também podem incluir programação, design gráfico, fabricação digital, entre outros.

A integração de tecnologias digitais e fabricação também é denominada como uma estratégia considerável, pois a partir de mecanismo como impressoras 3D, cortadoras a laser, kits de robótica e softwares de design, os alunos passam a receber oportunidades inovadoras que auxiliam no processo de criação e experimentação. 

Assim sendo, Dewey (1979) destaca que, com a familiaridade com esses mecanismos tecnológicos, os alunos se tornam mais preparados, bem como capacitados, para refletir de forma criativa e prontos para desenvolverem soluções inovadoras para problemas complexos.

Além disso, cabe aqui apontar que a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos também são aspectos importantes na Educação Maker, poisa aplicação de estratégias que promovem o trabalho em equipe e a aprendizagem colaborativa ajudam a construir uma comunidade de aprendizado onde os alunos podem compartilhar ideias, recursos e habilidades. Com isso, torna-se fundamental a inserção de atividades em grupo, discussões em sala de aula, e o uso de plataformas online para colaboração e o compartilhamento de ideias. 

Levando em consideração os conceitos de Dewey (1979), salienta-se que tanto a abordagem reflexiva quanto iterativa também é decisiva no que concerne à Educação Maker, desse modo, afirma-se ainda que os docentes devem encorajar os alunos a refletirem a respeito de seus processos de aprendizagem e projetos, entendendo os erros e falhas como oportunidades valiosas de crescimento e aprendizagem. 

Isto posto, evidencia-se que a mentalidade de “testar e refinar” auxilia os alunos a desenvolverem uma atitude resiliente e adaptável, a qual é primordial para a inovação e o sucesso a longo prazo.

Conforme Dewey (1979) explica, na Educação Maker, é importante reconhecer e suprir as necessidades e especificidades dos alunos, assim sendo, busca-se explanar neste capítulo que personalização da aprendizagem também é imprescindível para o processo, especialmente se pretende adaptar projetos e atividades que supram a diferentes estilos de aprendizagem, habilidades e interesses. 

Nesse sentido, afirma-se que ao oferecer escolhas e desafios personalizados, os docentes podem garantir que cada aluno se sinta valorizado e motivado à aquisição de novos saberes.

Com isso, ressalta-se que as estratégias pedagógicas na Educação Maker são projetadas para criar um ambiente de aprendizagem dinâmico e inspirador, mediante a utilização da aprendizagem baseada em projetos, integração de tecnologias, colaboração, reflexão e personalização, com as quais os docentes podem estimular a curiosidade, a criatividade e a paixão pelo aprendizado, preparando os alunos para serem inovadores e solucionadores de problemas no mundo moderno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A construção deste estudo recaiu sobre a importância de abordar a Educação, a qual vem, ao longo dos anos, redefinindo o panorama da prática docente. Desse modo, mediante a aplicação de uma análise de literaturas relevantes, constatou-se que o movimento Maker na educação simboliza, por sua vez, uma transição significativa para um modelo de ensino-aprendizagem mais prático, criativo e amplamente voltado para o aluno. 

Esta reflexão sinaliza ainda que a Educação Maker é principalmente sobre pessoas, sendo assim, é também sobre protagonistas, as inúmeras experiências pedagógicas, de criação de atividades de pensamento e compartilhamento de saberes pautada em aprendizagens que podem acontecer de formas diversas, lúdicas, criativas, experimentais e inovadoras. 

A partir desta caminhada reflexiva, compreendeu-se que a integração da Educação Maker nas práticas docentes, além de potencializar o processo educativo, também tem como premissa preparar os alunos para enfrentarem os desafios e as exigências do mundo contemporâneo com maior confiança e competência.

Diante deste estudo foi possível compreender que a Educação Maker promove um ambiente de aprendizagem onde a experimentação, a inovação e a resolução de problemas são valorizadas, afinal, essa abordagem pedagógica estimula os alunos a serem criadores ativos de conhecimento, desafiando o modelo tradicional de ensino passivo. Ademais, observou-se que o papel do educador cresce continuamente dentro deste contexto, possibilitando que eles se tornem facilitadores e mentores, os quais impulsionam a curiosidade e a autonomia dos alunos.

Além disso, buscou-se analisar também os desafios associados à implementação da Educação Maker, incluindo a necessidade de recursos adequados, a formação de docentes e a integração desta abordagem no currículo existente. 

Nesse sentido, compreende-se que apesar desses desafios, os benefícios de incorporar uma metodologia Maker na educação são significativos, propiciando uma experiência de aprendizagem mais relevante e envolvente para os alunos.

Não à toa, ressalta-se com este estudo que a Educação Maker é uma abordagem pedagógica de grande importância na era atual, oferecendo oportunidades únicas para o desenvolvimento de habilidades essenciais como pensamento crítico, criatividade e colaboração. Diante desse entendimento, sublinha-se que com a adoção de práticas de ensino inspiradas no movimento Maker, os docentes podem transformar a experiência educacional, tornando-a mais adequada aos interesses do século XXI e mais alinhada com um mundo em constante mudança. 

Todavia, a cultura Maker traz consigo uma nova perspectiva acerca da avaliação educacional, afirmando que a ênfase dada a projetos práticos e soluções criativas requer uma abordagem de avaliação que reconheça o processo criativo, a inovação e o pensamento crítico, além do produto. 

Com isso, afirma-se a necessidade de uma mudança voltada para métodos de avaliação mais formativos, que avaliam o desenvolvimento contínuo e o progresso do aluno, em vez de se concentrarem somente em resultados quantitativos.

É importante acrescentar, pois, que a conexão entre a Educação Maker e a preparação dos alunos para o futuro mercado de trabalho é imprescindível, pois ao promover habilidades como a adaptabilidade, a resolução de problemas e o trabalho em equipe, a abordagem Maker está alinhada com as competências exigidas em muitas profissões modernas. 

Desse modo, mostra-se que essa sintonia com as necessidades da sociedade contemporânea torna a Educação Maker muito mais do que uma abordagem pedagógica relevante, mas sim uma preparação fundamental para os desafios profissionais futuros dos alunos.

Desta forma, cabe aqui clarificar que a Educação Maker é considerada um passo muito importante para uma educação mais significativa e engajadora, afinal, quando se pretende promover uma abordagem de ensino-aprendizagem que valoriza a curiosidade, a experimentação e a construção ativa do conhecimento, a Educação Maker tem o potencial de transformar profundamente a prática docente e potencializar a experiência de aprendizagem dos alunos. 

Assim sendo, salienta-se que este estudo teve como premissa trazer à tona uma ponderação em torno da necessidade de uma contínua reflexão e adaptação das práticas educacionais para incorporar eficazmente os princípios da Educação Maker, garantindo dessa maneira uma educação que seja verdadeiramente preparatória, relevante e inspiradora para os desafios do futuro.

REFERÊNCIAS

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