CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS E HABITAÇÃO SOCIAL: QUALIFICAÇÃO URBANA NO MAIOR POLO ECONÔMICO DO PAÍS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7938373


Dayana Correa Pereira
Laura Latrova Oliveira
Maria Eduarda Tarallo Castañón De Moraes
Vitoria Maria Costa Rodrigues Lima
Orientador: Larissa R G J de Oliveira Flaifel


RESUMO

 O presente trabalho engloba como principal assunto moradias precárias e pessoas em situação de rua. Em seu decorrer é discriminado que a baixa renda e a pressão social são os principais fatores que levam pessoas ao desespero por uma casa própria, muitas vezes saindo de uma situação de rua para morar em locais inapropriados, onde a faltam recursos básicos que colocam em risco a vida dos moradores, sendo eles 53% população do estado de São Paulo. O fator do solo é muito relevante para prever deslizamentos e outros tipos de abalos, que interferem na segurança, e na qualidade de vida da população local. Ainda que a qualidade do solo, seja adequada, a utilização de materiais inapropriados gera grandes riscos, se os recursos da construção de moradias precárias tornam o ambiente inseguro, pode ser muito ruim para a saúde dessa população mais pobre e vulnerável que ali habita. O estudo evidenciou que projetos sociais, que viabilizam reformas incluindo materiais e utensílios reutilizáveis em bom estado, além de gerar o impacto para as famílias dando mais segurança a elas, concede também qualidade de vida, com a possibilidade de um lar digno. Adicionalmente. o trabalho tem envolvimento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, 6, 10, e 11 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Pois com o desenvolvimento correto e sustentável das construções e habitações sociais, a população terá saúde e bem-estar, acesso a água potável e saneamento as desigualdades serão reduzidas, e as cidades e comunidades serão sustentáveis.

Palavras-chave: Habitação social, Construções sustentáveis, Urbanização

ABSTRACT

 The present work encompasses precarious housing and homeless people as main subject. In the course, it is discriminated that low income and social pressure are the main factors that lead people to despair for a home of their own, often leaving a street situation to live in inappropriate places, where they lack basic resources that put them at risk. the lives of residents, who make up 53% of the population of the state of São Paulo. The soil factor is very relevant to predict landslides and other types of shocks, which interfere with safety and the quality of life of the local population. Even if the soil quality is adequate, the use of inappropriate materials generates great risks, if the resources for building precarious housing make the environment unsafe, it can be very bad for the health of the poorest and most vulnerable population that lives there. The study showed that social projects, which make reforms possible, including reusable materials and utensils in good condition, in addition to generating an impact on families by giving them more security, also provide quality of life, with the possibility of a decent home. Additionally, the work is involved with the Sustainable Development Goals (SDGs) 3, 6, 10, and 11 of the United Nations (UN) 2030 Agenda. Because with the correct and sustainable development of buildings and social housing, the population will have health and well-being, access to drinking water and sanitation, inequalities will be reduced, and cities and communities will be sustainable.

Keywords: Social housing, Sustainable constructions, Urbanization

1. INTRODUÇÃO

A preocupação com a sustentabilidade tem se tornado cada vez mais urgente e presente em diversos setores da sociedade, e não é diferente na área da construção civil. Nesse sentido, a construção sustentável surge como uma alternativa para minimizar os impactos ambientais gerados pela construção de edificações e promover um desenvolvimento mais equilibrado e responsável.

Além disso, a questão da habitação social é um desafio que enfrentamos em todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento como o Brasil. O acesso à moradia digna é um direito fundamental de todo cidadão, mas ainda há uma grande parcela da população que vive em condições precárias, em áreas sem infraestrutura adequada e vulneráveis a diversos riscos.

Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar a relação entre construções sustentáveis e habitação social, buscando compreender como a adoção de práticas sustentáveis na construção de moradias populares pode contribuir para a qualificação urbana e melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas.   Para isso, o estudo será focado no maior polo econômico do país, onde a demanda por habitação é alta e a necessidade de intervenções urbanas é constante. A partir da análise de casos de sucesso e da identificação de boas práticas, serão propostas alternativas e estratégias para a construção de habitações populares sustentáveis e para a qualificação do espaço urbano.

 Assim, espera-se contribuir para o debate sobre a importância da sustentabilidade na construção civil e para o desenvolvimento de soluções que possam promover uma habitação mais digna e um ambiente urbano mais equilibrado e saudável para todos. 

2. MORADIAS INADEQUADAS E SITUAÇÃO DE RUA EM SÃO PAULO

A relação entre moradias inadequadas e a situação de rua no estado de São Paulo é um problema social que tem se perpetuado por décadas. Dados recentes de estudos mostram a magnitude dessa problemática e a necessidade de políticas públicas mais efetivas para combatê-la.

A questão da falta de moradias adequadas e sua relação com a situação de rua no estado de São Paulo tem raízes históricas profundas. A industrialização e a urbanização do estado, que ocorreram principalmente no final do século XIX e início do século XX, trouxeram um grande fluxo migratório para as cidades, resultando em uma demanda cada vez maior por moradias. O Estado, por sua vez, não conseguiu acompanhar essa demanda, resultando na ocupação de terrenos baldios, favelas e cortiços.

Essa falta de moradias adequadas resultou em um grande contingente de pessoas vivendo em condições precárias, o que foi agravado pela escravidão, que deixou muitas pessoas negras sem acesso à terra e à moradia. Com o tempo, a situação se agravou e, atualmente, São Paulo possui um grande número de pessoas em situação de rua.

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, em 2019, havia cerca de 24 mil pessoas em situação de rua no estado. Esse número representa um aumento significativo em relação aos dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, que apontava a existência de 15.905 pessoas nessa situação.

Além disso, a maioria das pessoas em situação de rua em São Paulo são homens, jovens e negros. De acordo com dados da prefeitura de São Paulo, cerca de 70% das pessoas em situação de rua na cidade são homens, 51% têm entre 31 e 50 anos e 71% são negros ou pardos.

A falta de moradia adequada é um fator determinante para a situação de rua no estado de São Paulo. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a falta de acesso a serviços básicos de higiene e saúde, como água e saneamento, além da dificuldade de isolamento social, aumentou ainda mais a vulnerabilidade das pessoas em situação de rua durante a pandemia de Covid-19.

O estudo também destaca que a falta de moradia adequada e o aumento da população em situação de rua estão relacionados a políticas públicas insuficientes na área de habitação social. Um estudo realizado pelo Plano Municipal de Habitação (PMG) aponta que o déficit no estado de São Paulo é de cerca de 369 mil domicílios, o qual abrange moradias irregulares e precárias, além das 31 mil pessoas em situação de rua. Além disso, políticas públicas de habitação social têm enfrentado problemas de financiamento e burocracia, o que tem dificultado a construção de novas moradias para as populações mais vulneráveis.

As favelas de São Paulo são uma realidade complexa e marcada por desigualdades sociais. A cidade conta com a maior concentração de favelas do país, com mais de 1.600 comunidades em seu território. A maioria das favelas se concentra na região sul da cidade, em bairros como Capão Redondo, Grajaú e Jardim São Luís.

Figura 1 – Capão Redondo, zona sul de São Paulo

Fonte: Léu Britto/ Agência Mural

Além disso, a população que vive nessas áreas é majoritariamente negra e de baixa renda. Dados do IBGE de 2010 mostram que a população negra representa cerca de 32% da população da cidade, enquanto nas favelas essa proporção chega a 61%.

As favelas de São Paulo são frequentemente marcadas pela falta de infraestrutura básica, como água, esgoto, coleta de lixo e transporte público adequado. As condições de moradia muitas vezes são precárias, com habitações improvisadas, sem ventilação ou iluminação adequada e sujeitas a deslizamentos e incêndios.

Figura 2 – Capão Redondo, zona sul de São Paulo

Fonte: Tânia Rêgo/Agência Brasil

3. TERRENOS INADEQUADOS

A construção de moradias em terrenos inadequados é um problema grave em São Paulo e em outras cidades do país. Muitas vezes, a falta de planejamento urbano e a pressão por moradia levam as pessoas a construir em áreas impróprias, como encostas íngremes, margens de rios e áreas de preservação ambiental. Essas construções podem representar sérios riscos à segurança das pessoas e do meio ambiente, especialmente em áreas que apresentam riscos geológicos e topográficos.   Estudos de geologia e topografia são essenciais para avaliar os riscos e determinar as melhores estratégias para a construção em terrenos inadequados. A geologia estuda as características físicas e químicas das rochas e do solo, bem como a sua relação com a água, enquanto a topografia estuda as formas do relevo e a distribuição de suas características.

Em São Paulo, uma das áreas mais afetadas pela construção em terrenos inadequados é a região metropolitana. De acordo com o Instituto Geológico (IG), mais de 1,5 milhão de pessoas vivem em áreas de risco geológico na Grande São Paulo. Essas áreas são classificadas em três níveis de risco, de acordo com o grau de vulnerabilidade: alto, médio e baixo.

As áreas de risco alto são aquelas onde a probabilidade de ocorrência de deslizamentos, erosões, solapamentos e outros tipos de movimentos de massa é muito elevada. Nessas áreas, é necessário realizar estudos mais detalhados para determinar as condições geológicas e topográficas do terreno, bem como as medidas necessárias para a prevenção de acidentes.

Além dos riscos geológicos, a construção em terrenos inadequados também pode representar um desafio financeiro. Para a construção de moradias em terrenos inadequados, é necessário realizar uma série de procedimentos, como sondagem, terraplenagem e fundação, que demandam um alto investimento. É preciso considerar que esses terrenos, muitas vezes, não têm infraestrutura adequada, como acesso à água e energia elétrica, o que também aumenta os custos.

A falta de planejamento urbano e a ocupação irregular dos terrenos também podem gerar consequências graves para o meio ambiente. A construção em áreas de preservação ambiental, por exemplo, pode causar desmatamento, erosão do solo e alterações nos cursos d’água, comprometendo a biodiversidade local.

A análise geológica de um terreno é essencial para identificar as condições do solo e das rochas presentes. A geologia pode determinar se o solo é composto por rochas sedimentares, rochas metamórficas ou rochas ígneas, e cada tipo apresenta diferentes características e comportamentos diante de diversas situações. Por exemplo, solos com rochas sedimentares apresentam maior instabilidade e maior possibilidade de deslizamentos. Solos com rochas metamórficas tendem a apresentar menor estabilidade, enquanto solos com rochas ígneas tendem a apresentar maior estabilidade.

A topografia, por sua vez, é a ciência que estuda as formas e as características do terreno, como elevações, declives, depressões e outras irregularidades que podem afetar a estabilidade do solo. A análise topográfica permite identificar as características do terreno e planejar a construção de acordo com as suas particularidades.

3.1. LITORAL NORTE

No início de fevereiro de 2023, uma série de incidentes ocorreu no litoral norte de São Paulo, envolvendo deslizamentos de terra e desabamentos de construções em terrenos irregulares. O resultado foi trágico, com várias mortes e inúmeros feridos. Esses incidentes destacaram a importância da análise cuidadosa de terrenos antes da construção e o risco de negligenciar dados geológicos e topográficos.

A região do litoral norte de São Paulo é conhecida pela sua beleza natural e grande potencial turístico. No entanto, também é uma área de risco geológico significativo, com alta suscetibilidade a deslizamentos de terra, erosão costeira e inundação. Esses riscos são agravados pela urbanização desordenada e pela construção em terrenos inadequados.

Figura 3 – São Sebastião, litoral norte de São Paulo

Fonte: CNN

Um dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de deslizamentos de terra em terrenos irregulares é a geologia da região. O litoral norte de São Paulo é composto por formações geológicas complexas e heterogêneas, que incluem rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Essas formações são caracterizadas por diferentes propriedades físicas e mecânicas, como resistência, permeabilidade e estabilidade.

 Além disso, a topografia da região também desempenha um papel importante na ocorrência de deslizamentos de terra. A região é marcada por colinas e encostas íngremes, com elevações que variam de poucos metros a mais de 1.000 metros acima do nível do mar. Essas variações topográficas podem resultar em solos instáveis e declives íngremes que aumentam o risco de deslizamentos de terra.

Figura 4 – Geologia de São Sebastião, litoral norte de São Paulo

Fonte: Adaptado de Dias Neto, 2001

  Apesar dos riscos associados à construção em terrenos irregulares, muitas construções na região do litoral norte de São Paulo foram realizadas sem uma análise adequada dos dados geológicos e topográficos. Isso pode ser atribuído a uma série de fatores, como falta de regulamentação adequada, falta de supervisão governamental e pressão econômica para construir em áreas com grande potencial turístico.

  Uma análise detalhada dos dados geológicos e topográficos é essencial para identificar áreas de risco e evitar a construção em terrenos instáveis. Isso inclui a realização de estudos geotécnicos, como sondagens de solo, testes de permeabilidade e análises de estabilidade, que podem ajudar a identificar as condições geológicas e as propriedades do solo em uma determinada área.   A terraplenagem e a fundação adequadas também são essenciais para garantir a estabilidade da construção em terrenos irregulares. Isso pode incluir a construção de muros de contenção, a instalação de sistemas de drenagem e a utilização de técnicas de ancoragem para estabilizar o solo.

4. MATERIAIS

As moradias inadequadas são construções que utilizam materiais de baixa qualidade e técnicas construtivas precárias. Essas construções são encontradas em diversas partes do mundo, especialmente em países em desenvolvimento onde a população não tem acesso a moradias adequadas.

No Brasil, a construção de moradias inadequadas é um problema que afeta principalmente a população mais pobre e vulnerável, que não tem acesso a habitações dignas. Essas construções muitas vezes são feitas com materiais de baixa qualidade e sem nenhuma preocupação com a segurança dos moradores.

4.1. AMIANTO

O amianto é um mineral fibroso amplamente utilizado na indústria da construção civil em todo o mundo. Sua popularidade deve-se à sua resistência a altas temperaturas, produtos químicos e ao fogo. Existem dois tipos principais de amianto: o crisotila, conhecido como amianto branco, e o anfibólio, conhecido como amianto marrom. O amianto crisotila é o mais comum e representa cerca de 95% do amianto utilizado na construção civil. É um mineral fibroso branco que se assemelha a cabelos. O anfibólio é um mineral fibroso castanho-escuro a preto e é encontrado em quantidades menores.

Figura 5 – Fibra do amianto

O amianto tem sido associado a uma série de doenças pulmonares graves, incluindo mesotelioma, asbestose e câncer de pulmão. A inalação de fibras de amianto pode levar a essas doenças, e a exposição prolongada a altos níveis de amianto é especialmente perigosa.

Apesar dos riscos à saúde, o amianto tem sido utilizado em muitos materiais de construção, incluindo telhas, revestimentos, isolamentos, cimento amianto, entre outros. A utilização do amianto na construção civil vem sendo proibida em muitos países devido a sua natureza carcinogênica. No Brasil, a proibição de uso do amianto foi estabelecida pela Lei nº 12.684, de 26 de julho de 2012.

A utilização de materiais contendo amianto é preocupante para a saúde pública, uma vez que a sua manipulação pode liberar fibras que, quando inaladas, podem levar a doenças graves. A remoção desses materiais também representa um risco, já que as fibras podem ser liberadas no ar durante o processo de demolição.

Uma pesquisa recente realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) identificou que a exposição ao amianto é responsável por cerca de 2.400 mortes por ano no Brasil. Além disso, a pesquisa mostrou que a maioria das vítimas é composta por trabalhadores da construção civil que tiveram contato com o amianto em suas atividades profissionais.   A durabilidade do amianto também pode ser um problema. À medida que o amianto envelhece e se desgasta, as fibras podem ser liberadas no ar, tornando-se um risco para a saúde pública. Portanto, é importante garantir que os materiais de construção que contêm amianto sejam identificados e manuseados com cuidado, de forma a minimizar os riscos à saúde pública.

4.1.1. Patologias do Amianto

4.1.1.1. Fissuras

A patologia de fissuras em moradias inadequadas com material de amianto é uma questão crítica na engenharia civil contemporânea. O amianto, um mineral natural fibroso, tem sido amplamente utilizado em materiais de construção, como telhas, tubos e pisos, devido às suas propriedades excepcionais de isolamento térmico e acústico, além de sua resistência à corrosão e fogo. No entanto, a exposição ao amianto pode causar doenças respiratórias graves, como a asbestose e o câncer de pulmão, tornando seu uso cada vez mais restrito e regulamentado.

As fissuras em moradias inadequadas com material de amianto são particularmente preocupantes, pois podem levar à liberação de fibras de amianto no ar. Segundo a ABNT NBR 13.960:2017, que estabelece critérios para avaliação da exposição ocupacional ao amianto, a concentração máxima permitida de fibras de amianto no ar é de 0,1 fibra/cm³. A liberação de fibras de amianto pode ocorrer quando há desgaste ou deterioração dos materiais contendo amianto, resultando em fissuras que permitem a passagem de ar e umidade.

 Pesquisas recentes mostram que as fissuras em moradias inadequadas com material de amianto podem ser causadas por vários fatores, incluindo a idade dos materiais, a exposição a intempéries, a má qualidade da instalação e a falta de manutenção adequada. Um estudo realizado por Alves et al. (2020) demonstrou que a exposição prolongada à umidade pode aumentar a probabilidade de fissuras em materiais de amianto, aumentando assim o risco de liberação de fibras de amianto no ar. Outro estudo realizado por Silva et al. (2021) concluiu que a falta de manutenção adequada, como a limpeza e a substituição de materiais desgastados, pode acelerar o processo de deterioração dos materiais de amianto e aumentar o risco de fissuras.   Diante dessa problemática, é importante que sejam adotadas medidas preventivas para minimizar a ocorrência de fissuras em moradias inadequadas com material de amianto. Uma dessas medidas é a realização de inspeções regulares por profissionais habilitados, seguindo as diretrizes da ABNT NBR 13.593:2017, que estabelece as diretrizes para inspeção de edificações. A identificação precoce de fissuras permite a tomada de medidas preventivas, como a aplicação de revestimentos impermeabilizantes ou a substituição dos materiais danificados.

Figura 6- Fissuras em telhas de amianto

4.1.1.2. Degradação da estrutura

De acordo com a NBR 13.000-1:1995, que trata das diretrizes para a remoção de materiais contendo amianto em edificações, a deterioração da estrutura pode ocorrer devido à exposição prolongada ao material, principalmente em locais inadequados, com condições ambientais desfavoráveis e falta de manutenção preventiva. A degradação pode levar a falhas estruturais, como fissuras, trincas e desplacamentos, comprometendo a segurança da edificação e dos seus usuários.   Diante disso, é imprescindível que as moradias que utilizam materiais contendo amianto sejam avaliadas por profissionais capacitados, seguindo as normas técnicas vigentes, como a NBR 13.000-1:1995, e que sejam adotadas medidas de segurança para a remoção do material, como a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva. Além disso, é fundamental que os usuários dessas moradias estejam cientes dos riscos associados ao amianto e que sejam realizadas campanhas de conscientização sobre o assunto.

Em suma, a degradação da estrutura de moradias que utilizam materiais contendo amianto é uma patologia preocupante para os profissionais de engenharia civil, devido aos riscos à segurança dos usuários e à saúde pública. É necessário que sejam adotadas medidas preventivas e corretivas adequadas para garantir a segurança das edificações e dos seus usuários, seguindo as normas técnicas e as diretrizes estabelecidas pelos órgãos competentes.

4.1.1.3. Deslocamento de telhas

De acordo com a NBR 15575-5 (Norma de Desempenho para Edificações Habitacionais), as telhas de amianto só podem ser utilizadas em coberturas de edificações em que não haja circulação de pessoas, ou seja, em locais como galpões, depósitos e outras edificações industriais. Além disso, é importante lembrar que a lei federal nº 9.055/1995 proíbe a produção, comercialização e uso de produtos que contenham amianto em todo o território nacional.

Devido à sua alta resistência e durabilidade, o amianto foi muito utilizado na construção civil até a década de 1990. No entanto, com o passar dos anos, os telhados de amianto começaram a apresentar problemas de deslocamento, principalmente em regiões com ventos fortes e chuvas intensas.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2019, os principais fatores que contribuem para o deslocamento de telhas de amianto são a falta de manutenção preventiva, a utilização de telhas de amianto de baixa qualidade e a instalação inadequada das telhas, sem respeitar as normas técnicas e as recomendações dos fabricantes.

Para evitar o deslocamento de telhas de amianto, é importante realizar a manutenção preventiva do telhado, verificando regularmente a fixação das telhas e substituindo as telhas danificadas ou com sinais de desgaste. Além disso, é fundamental utilizar telhas de amianto de boa qualidade, com as especificações técnicas adequadas para a região onde será instalada.

Figura 7- Telhas de amianto

4.1.1.4. Infiltração de água

De acordo com a norma técnica ABNT NBR 15.266:2013, a infiltração de água em edificações é um problema que pode comprometer a segurança e a durabilidade da construção. Quando ocorre em edificações com material de amianto, há um risco ainda maior, pois a água pode provocar a liberação de fibras de amianto no ar, que podem ser inaladas pelos moradores e causar doenças respiratórias graves.   Para prevenir a infiltração de água em moradias com material de amianto, é fundamental adotar medidas de impermeabilização adequadas, conforme previsto na ABNT NBR 9575:2010. Além disso, é importante realizar a remoção do material de amianto sempre que possível, substituindo por materiais seguros e sustentáveis, como o aço, o alumínio e as telhas de fibrocimento sem amianto.

Figura 8 – Impermeabilização das telhas de amianto

4.1.1.5. Desgaste de revestimentos

Segundo a NBR 9050 da ABNT, as moradias devem oferecer condições adequadas de segurança e acessibilidade para seus ocupantes, o que inclui a utilização de materiais seguros e livres de riscos à saúde. No entanto, em muitas edificações mais antigas, o amianto foi amplamente utilizado como revestimento de telhados e paredes, e com o passar do tempo, estes materiais tendem a sofrer desgaste natural, gerando a liberação de fibras de amianto no ambiente.

Para prevenir a exposição à fibra de amianto, a NBR 10004 da ABNT prevê que este material deve ser tratado como resíduo perigoso, e sua remoção deve ser realizada somente por empresas especializadas, em conformidade com as normas técnicas específicas. 

4.2. MADEIRA

A madeira é um material muito utilizado na construção de moradias, principalmente em áreas rurais ou em regiões com baixo poder aquisitivo. Entretanto, seu uso em moradias irregulares pode trazer diversos riscos e desafios para a segurança estrutural dessas construções.

Existem diversos tipos de madeira utilizados na construção civil, dentre os quais podemos destacar a madeira de lei, a madeira serrada e a madeira laminada. A madeira de lei é composta por espécies de árvores nobres, como a peroba-rosa e a jatobá, e é utilizada principalmente na fabricação de móveis e esquadrias. Já a madeira serrada é obtida através do corte da madeira bruta em tábuas ou ripas, e é utilizada na construção de estruturas e coberturas de moradias. Por fim, a madeira laminada é composta por diversas lâminas de madeira coladas umas nas outras, proporcionando uma maior resistência e durabilidade.

No entanto, o uso da madeira em moradias irregulares pode apresentar riscos como a falta de tratamento adequado, o que pode levar ao apodrecimento e diminuição da resistência da madeira. Além disso, a ausência de um projeto estrutural adequado pode resultar em sobrecargas e deformações na estrutura, comprometendo a estabilidade da moradia.

Outro fator que deve ser considerado é a vulnerabilidade da madeira a agentes externos como umidade, fungos e cupins, que podem prejudicar a estrutura da moradia e colocar em risco a vida dos moradores. Dessa forma, é essencial que o material seja tratado e impermeabilizado para minimizar esses riscos.

É importante ressaltar que, apesar de ser um material tradicionalmente utilizado na construção civil, a madeira apresenta diversas desvantagens em relação a outros materiais, como menor resistência ao fogo e maior vulnerabilidade a cupins e outros insetos. Por isso, é importante que sejam realizadas análises de custo-benefício antes da escolha do material para a construção de moradias, principalmente em áreas vulneráveis.

4.2.1. Patologias da Madeira

4.2.1.1. Apodrecimento e Deformação

O apodrecimento da madeira é um problema que pode ser causado por diversos fatores, como a exposição à umidade excessiva, a infestação por insetos e fungos, e a falta de tratamento adequado. A NBR 7190 da ABNT estabelece que as edificações devem ser construídas utilizando madeiras que possuam características físicas e mecânicas adequadas para o fim a que se destinam. Além disso, a norma prevê que a madeira deve ser protegida contra a umidade excessiva e infestação de insetos e fungos.

Estudos recentes têm demonstrado que o apodrecimento da madeira em moradias inadequadas pode levar à redução significativa da resistência mecânica da estrutura, além de aumentar o risco de proliferação de fungos e bactérias no ambiente, o que pode causar sérios problemas de saúde para os ocupantes da edificação.

Já a deformação da madeira em moradias inadequadas pode ser causada por diversos fatores, como a exposição à umidade excessiva, sobrecarga de peso e falta de ventilação adequada. A deformação pode comprometer a integridade da estrutura, causando fissuras e deslocamentos que podem levar ao colapso da edificação.

Figura 9 – Madeira apodrecida

4.2.1.2. Fadiga

A patologia de fadiga da madeira em moradias inadequadas é um problema que pode comprometer a segurança estrutural da edificação. A fadiga ocorre quando a madeira é submetida a carregamentos repetidos ao longo do tempo, o que pode levar à redução da resistência mecânica do material. A fadiga pode ser causada por diversos fatores, como cargas excessivas, vibrações, impactos e deformações.   A NBR 7190 da ABNT estabelece que a madeira deve ser dimensionada de acordo com as cargas a que será submetida e que devem ser considerados os efeitos de fadiga em elementos estruturais sujeitos a cargas cíclicas. Além disso, a norma estabelece que a madeira deve ser inspecionada periodicamente para identificação de possíveis defeitos que possam comprometer a resistência mecânica do material.   Estudos recentes têm demonstrado que a fadiga da madeira em moradias inadequadas pode levar à redução significativa da resistência mecânica da estrutura, aumentando o risco de colapso da edificação. A fadiga pode ser ainda mais acentuada em ambientes com altas variações de temperatura e umidade, o que pode levar à expansão e contração da madeira e, consequentemente, à formação de trincas e fissuras.

4.2.1.3. Corrosão

A patologia de corrosão da madeira em moradias inadequadas é um problema que pode comprometer a durabilidade e a resistência mecânica da estrutura. A corrosão ocorre quando a madeira é exposta a ambientes úmidos e/ou salinos, o que pode levar à degradação química do material e à perda de suas propriedades mecânicas. A corrosão pode ser causada por diversos fatores, como a exposição à maresia, chuvas ácidas, poluição atmosférica e falta de ventilação.

A NBR 7190 da ABNT estabelece que a madeira deve ser tratada com produtos preservativos para proteção contra a corrosão e outros agentes de degradação, como insetos e fungos. Além disso, a norma estabelece que a madeira deve ser protegida da exposição direta à água e que as superfícies de contato com o solo devem ser isoladas do contato direto com a madeira.

Estudos recentes têm demonstrado que a corrosão da madeira em moradias inadequadas pode levar à redução significativa da resistência mecânica da estrutura, aumentando o risco de colapso da edificação. A corrosão também pode levar à formação de trincas e fissuras na madeira, o que pode comprometer ainda mais a integridade estrutural da edificação.

Figura 10 – Corrosão da madeira

4.2.1.4. Combustilidade

A combustibilidade pode ser causada por diversos fatores, como a falta de isolamento térmico, o uso de materiais inflamáveis na construção e a falta de saídas de emergência adequadas.

A NBR 7190 da ABNT estabelece que a madeira deve ser tratada com produtos retardantes de chamas para reduzir a sua combustibilidade. Além disso, a norma estabelece que a madeira deve ser adequadamente dimensionada e que a estrutura deve ser dotada de mecanismos de proteção contra incêndios, como extintores, sprinklers e rotas de fuga seguras.

Estudos recentes têm demonstrado que a combustibilidade da madeira em moradias inadequadas pode levar à rápida propagação do fogo e à perda total da estrutura, colocando em risco a vida dos ocupantes e dos bombeiros envolvidos no combate ao incêndio.

Para prevenir a combustibilidade da madeira em moradias inadequadas, é fundamental que sejam adotadas medidas preventivas desde o projeto da edificação até a execução da obra. Isso inclui o uso de materiais resistentes ao fogo, a instalação de sistemas de proteção contra incêndios, a adequada ventilação da estrutura e a definição de rotas de fuga seguras.

4.3. TIJOLO SOLO-CIMENTO

O tijolo solo-cimento é um material que tem sido bastante utilizado em construções populares, sobretudo em regiões onde a disponibilidade de materiais de construção é limitada. Trata-se de um material que consiste em uma mistura de solo, cimento e água, que é compactado em moldes para dar forma aos tijolos.

Características:

  • Resistência: Os tijolos de solo-cimento são resistentes à compressão e tração, apresentando uma boa durabilidade quando comparados a outros materiais populares utilizados na construção civil.
  • Sustentabilidade: A produção dos tijolos de solo-cimento requer menos energia e menos recursos naturais do que outros materiais de construção, tornando-se uma alternativa sustentável.
  • Isolamento térmico: O tijolo de solo-cimento tem baixa condutividade térmica, o que proporciona um bom isolamento térmico às edificações, mantendo o interior mais fresco em dias quentes e mais quente em dias frios.

Tipos:

  • Tijolos de solo-cimento maciços: são os mais comuns, com dimensões variadas que podem ser utilizados na construção de paredes.
  • Tijolos de solo-cimento vazados: são tijolos com perfurações que permitem a passagem de ar, podendo ser utilizados em paredes e em elementos estruturais como pilares e vigas.

Apesar das vantagens apresentadas, é importante destacar que a resistência do tijolo de solo-cimento pode ser afetada por fatores como a umidade e a ação do tempo, e por isso é necessário um estudo prévio das condições do solo para a construção adequada das fundações. Além disso, a construção com tijolos de solo cimento requer cuidados especiais na execução, como o processo de cura, a escolha dos materiais adequados e o controle da umidade durante a construção.

Em moradias irregulares, a utilização de tijolos de solo-cimento pode ser uma opção mais acessível e sustentável do que outros materiais de construção, mas é importante que o processo de construção seja realizado com qualidade e seguindo as normas técnicas para garantir a segurança e a durabilidade da edificação.

Figura 11 – Tijolo solo-cimento
Figura 12 – Tijolo solo-cimento
4.3.1. Patologias do Tijolo Solo-Cimento

4.3.1.1. Degradação Química

  A degradação química é uma patologia comum em tijolos solo-cimento que pode levar à perda de resistência mecânica e durabilidade do material. Essa patologia ocorre quando a alcalinidade do solo-cimento é afetada pela presença de elementos ácidos ou sais solúveis.

  De acordo com a norma ABNT NBR 8491:2017 – Solo-cimento – Execução de paredes e elementos de vedação, o tijolo solo-cimento deve ser produzido com uma mistura adequada de solo, cimento e água, de forma a garantir a sua estabilidade química e mecânica. Além disso, é importante que o solo utilizado na mistura seja adequado para a produção de tijolos solo-cimento, com baixo teor de matéria orgânica e presença de argila e areia.

  Pesquisas recentes têm mostrado que a presença de ácidos e sais solúveis no ambiente em que o tijolo está exposto pode causar a degradação química do material. Por exemplo, em áreas costeiras, onde há presença de cloretos e sulfatos em alta concentração na atmosfera, o tijolo solo-cimento pode sofrer deterioração química. A presença de águas subterrâneas ácidas também pode afetar a estabilidade química do material.

4.3.1.2. Degradação Física

  A degradação física é uma patologia que pode afetar a integridade e a durabilidade do tijolo solo-cimento em moradias inadequadas. Essa patologia pode ocorrer devido a vários fatores, como a exposição a agentes físicos, como impactos, abrasão e intempéries, além de falhas na produção e execução dos elementos de vedação.

  Pesquisas recentes têm mostrado que a degradação física do tijolo solo cimento pode ser causada pela exposição a condições climáticas extremas, como ventos fortes, chuvas intensas e altas temperaturas, que podem afetar a sua estabilidade mecânica e durabilidade. Além disso, a má execução dos elementos de vedação e a falta de manutenção adequada das edificações também podem contribuir para a degradação física do tijolo.

4.3.1.3. Degradação Biológica

  A degradação biológica é um processo causado pela ação de fungos, insetos e outros organismos, que se alimentam dos componentes orgânicos presentes no tijolo solo cimento, como a palha de arroz e a serragem. Esse processo degrada a estrutura do material, tornando-o frágil e comprometendo a sua resistência.

  A norma técnica ABNT NBR 15575:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho estabelece os requisitos mínimos para o desempenho de materiais de construção e sistemas construtivos, incluindo o tijolo solo cimento. Segundo a norma, os materiais devem ser capazes de resistir à ação de organismos biológicos, como fungos e insetos, por um período mínimo de 25 anos.

  Estudos recentes têm demonstrado que a degradação biológica é uma das principais patologias que afetam o tijolo solo cimento em moradias inadequadas. As condições de umidade e falta de ventilação são fatores que favorecem o desenvolvimento de organismos biológicos, acelerando o processo de degradação.

4.4. PAPELÃO

  O papelão é um material comumente utilizado em construções informais e irregulares devido à sua disponibilidade e baixo custo. No entanto, seu uso como material estrutural não é recomendado, pois não possui resistência mecânica adequada e é altamente suscetível à degradação por umidade.

  Existem dois tipos de papelão amplamente utilizados na construção civil: o papelão ondulado e o papelão reciclado. O papelão ondulado é composto por uma camada interna de papelão corrugado, enquanto o papelão reciclado é feito a partir da reciclagem de papéis já utilizados.

  O papelão ondulado é mais resistente que o papelão reciclado, devido à presença do papelão corrugado em sua composição. No entanto, mesmo o papelão ondulado não é adequado como material estrutural em construções, pois sua resistência mecânica é muito baixa, especialmente em situações de carga lateral e em situações de umidade.

Figura 13 – Papelão ondulado

  Além disso, o papelão é altamente inflamável, o que representa um risco significativo para a segurança das pessoas que vivem nessas moradias. Portanto, seu uso em construções informais deve ser desencorajado, a fim de garantir a segurança e o bem-estar das pessoas que vivem nessas áreas.

  Em suma, o papelão é um material inadequado para uso em construções, especialmente em situações em que é necessário suportar cargas e umidade. Seu uso deve ser evitado em construções informais, e alternativas mais seguras e resistentes devem ser exploradas.

Figura 14 – Papelão reciclado

4.5. PLÁSTICO

  O plástico é um material muito utilizado na construção de moradias irregulares, especialmente em regiões mais pobres, devido à sua facilidade de aquisição e baixo custo. Entretanto, seu uso pode trazer diversos problemas estruturais e de saúde para os moradores.

  Os tipos mais comuns de plástico utilizados na construção são o polietileno de alta densidade (PEAD) e o policarbonato. O PEAD é utilizado para fabricar telhas, enquanto o policarbonato é utilizado para fazer janelas, portas e paredes.

  O PEAD é um material leve e resistente, mas é suscetível a deformações quando submetido a temperaturas elevadas, o que pode comprometer sua eficácia como telhado e causar vazamentos. Além disso, ele é inflamável e emite gases tóxicos quando queimado, o que pode colocar em risco a vida dos moradores em caso de incêndio.

Figura 15 – Plástico polietileno de alta densidade

  Já o policarbonato é um material translúcido, resistente e leve, utilizado para construir paredes, portas e janelas. Ele é resistente à água e aos raios UV, mas também é inflamável e emite gases tóxicos quando queimado. Além disso, sua resistência é afetada pela exposição prolongada ao sol, o que pode comprometer sua eficácia como material de construção.

  Outro problema relacionado ao uso de plástico na construção de moradias irregulares é a falta de isolamento térmico e acústico. O plástico não é um bom isolante, o que pode tornar a temperatura interna da casa insuportável em dias muito quentes ou frios, além de permitir a passagem de ruídos externos.

4.6. LONAS

  As lonas são um material muito utilizado em construções irregulares de moradias, especialmente em regiões onde a população tem baixa renda e falta de opções para construção de habitações adequadas. As lonas são geralmente feitas de polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD) ou poliéster revestido com PVC. Esses materiais são leves, flexíveis, fáceis de transportar e relativamente baratos em comparação com outros materiais de construção.

  No entanto, as lonas não são adequadas para uso em construções permanentes, especialmente em áreas com condições climáticas extremas. Isso ocorre porque elas não oferecem resistência suficiente a ventos fortes, chuvas intensas, neve e outras condições climáticas adversas. Além disso, as lonas são altamente inflamáveis, o que aumenta o risco de incêndios em áreas densamente povoadas.

  Os tipos de lonas mais comuns são as de PEAD e PEBD. A lona de PEAD é feita de polietileno de alta densidade e é usada principalmente para cobertura de telhados. Ela é resistente à tração, rasgo e perfuração, e tem boa resistência à umidade e ao sol. Já a lona de PEBD é feita de polietileno de baixa densidade e é mais comumente utilizada para cobrir paredes e pisos em construções de lonas. Ela é mais leve que a lona de PEAD e menos resistente à tração e rasgo, mas ainda é uma opção relativamente durável e econômica para construções temporárias.   A técnica de construção com lonas geralmente envolve a fixação das lonas em uma estrutura de madeira ou metal, criando uma estrutura simples para abrigar as pessoas. No entanto, essa técnica pode apresentar riscos para a segurança das pessoas, especialmente se a estrutura não for bem projetada e executada. É importante ter em mente que as lonas não são um material adequado para uso em habitações permanentes e devem ser usadas apenas em situações emergenciais ou temporárias.

5. MÉTODOS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS

  Os métodos construtivos sustentáveis vêm ganhando cada vez mais espaço na engenharia civil, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo, onde a falta de moradias adequadas e a existência de pessoas em situação de rua se tornaram problemas crônicos. Nesse contexto, é importante desenvolver soluções que aliem o uso de materiais sustentáveis, a redução do impacto ambiental e a busca por custos mais acessíveis.

  Uma das opções de método construtivo sustentável é o uso de tijolos ecológicos, que são produzidos com materiais recicláveis e menos agressivos ao meio ambiente. Esses tijolos apresentam boa resistência mecânica e podem ser produzidos de forma artesanal ou industrial, dependendo da escala da obra.

Figura 16 – Tijolos sustentáveis

 Outra alternativa interessante são as construções com contêineres marítimos, que estão se tornando cada vez mais populares em todo o mundo. Essa técnica consiste na adaptação de contêineres para uso como habitações, com a vantagem de serem estruturas resistentes, duráveis e sustentáveis. Os contêineres também podem ser utilizados de forma modular, permitindo a construção de unidades habitacionais maiores ou menores, de acordo com a demanda.

  Outra opção de método construtivo sustentável é o uso de madeira certificada, que apresenta menor impacto ambiental do que outras opções de materiais. Além disso, a madeira é um material de fácil manuseio e pode ser utilizado em diversos tipos de construção, desde habitações de baixo custo até edifícios de grande porte.

Figura 17 – Construção em madeira certificada

  Para a cidade de São Paulo, é importante destacar a necessidade de se observar as normas técnicas e regulamentações vigentes, especialmente no que se refere à segurança e acessibilidade das construções. Também é fundamental levar em consideração as características do terreno e do entorno, bem como as necessidades específicas dos moradores.

  A adoção de métodos construtivos sustentáveis pode trazer inúmeros benefícios para a cidade de São Paulo, como a redução do impacto ambiental, a melhoria da qualidade de vida das pessoas em situação de rua e a promoção da inclusão social por meio do acesso à habitação adequada. É importante que sejam realizados estudos e pesquisas para avaliar a viabilidade e eficácia dessas soluções, a fim de garantir a segurança e o bem-estar dos futuros moradores.

5.1.     VILA REENCONTRO

  A Vila Reencontro é um projeto habitacional desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, com o objetivo de oferecer moradias dignas para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social. A primeira vila foi inaugurada em 2019, no bairro de Santo Amaro, e a segunda, em 2023, na região do Brás.

  Cada uma das vilas é composta por moradias construídas a partir de contêineres marítimos adaptados, além de áreas comuns, como lavanderia, cozinha e sala de convivência. A escolha dos contêineres como material construtivo se deve à rapidez na execução da obra e à sustentabilidade, já que o reaproveitamento dos contêineres evita o descarte desnecessário de materiais e reduz a quantidade de resíduos gerados na construção

  A vila inaugurada em 2023, no Brás, conta com 40 moradias, com capacidade para abrigar até 160 pessoas. O projeto também contempla a implantação de infraestrutura adequada, como sistema elétrico, hidráulico e sanitário, seguindo as normas técnicas de engenharia civil. Além disso, há espaços verdes e uma horta comunitária para incentivar a convivência e a sustentabilidade. O projeto também prevê a oferta de serviços e atividades socioeducativas para os moradores, visando a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida.

Figura 18 – Vila Reencontro em São Paulo

Figura 19 – Horta comunitária na Vila Reencontro

Fonte: Prefeitura de São Paulo/Divulgação

5.1.1. Infraestrutura

  A infraestrutura da Vila Reencontro em São Paulo é um importante elemento para garantir a qualidade de vida dos seus moradores. A vila foi construída seguindo normas técnicas de engenharia civil para garantir a segurança e conforto das habitações.

  A área total de construção da vila é de aproximadamente 6.000 m², distribuídos em 30 unidades habitacionais, com tamanhos variando entre 27 e 45 m², e uma área comum com 1.200 m², contendo espaços como biblioteca, lavanderia, cozinha, sala de estar e refeitório. O projeto arquitetônico foi elaborado de forma a aproveitar ao máximo a área disponível e proporcionar uma convivência harmoniosa entre os moradores.

  Na parte elétrica, foram instalados padrões de entrada de energia individualizados para cada unidade habitacional, conforme as normas técnicas vigentes. Além disso, a vila conta com iluminação de LED em todas as áreas comuns, que é uma tecnologia mais eficiente e sustentável, gerando economia de energia elétrica e redução de custos para os moradores.

  Na parte hidráulica, a Vila Reencontro conta com um sistema de captação de água de chuva que é armazenada em cisternas para reuso na irrigação dos jardins e limpeza das áreas comuns. Esse sistema reduz o consumo de água potável e também evita problemas de enchentes.

  A infraestrutura da vila também contempla acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, com rampas e corrimãos em todas as áreas comuns, além de banheiros adaptados nas unidades habitacionais.

  A construção da vila foi financiada por meio de recursos públicos e privados, com a participação de diversas instituições e entidades. A viabilidade financeira do projeto foi uma das preocupações da equipe de engenharia civil envolvida, que buscou otimizar os recursos e reduzir os custos para tornar o projeto viável e acessível para as famílias em situação de vulnerabilidade social.

Figura 20 – Containers da Vila Reencontro em São Paulo

Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Figura 21 – Posicionamento dos modulares na Vila Reencontro

Fonte: Reprodução/TV Globo

5.1.2. Escolha do Terreno

  A escolha do local para construção da Vila Reencontro em São Paulo passou por uma análise cuidadosa por parte da equipe de engenharia civil, tendo em vista as particularidades do terreno e suas implicações para a saúde e segurança dos futuros moradores.

  Uma das principais problemáticas enfrentadas foi a presença de solo contaminado por substâncias químicas, uma vez que o terreno ocupado pela vila, antes da construção, era utilizado para armazenamento de resíduos tóxicos. A equipe de engenharia civil, em conjunto com profissionais especializados em geologia e meio ambiente, realizou um estudo de remediação do solo, a fim de garantir que o terreno fosse seguro para a construção e para a moradia dos futuros moradores.

  Para remediar o terreno, foram realizadas diversas intervenções, como a retirada e destinação adequada dos resíduos tóxicos, a limpeza do solo e a aplicação de barreiras geotécnicas para evitar a contaminação do solo por futuros resíduos. Todo o processo foi acompanhado por profissionais especializados, de modo a garantir a efetividade das ações de remediação e a segurança dos moradores.

  Além da remediação do solo, outras problemáticas foram consideradas na escolha do local para construção da Vila Reencontro. A equipe de engenharia civil avaliou as condições geotécnicas do terreno, verificando a presença de possíveis instabilidades ou riscos de deslizamentos, bem como a disponibilidade de infraestrutura básica, como água, esgoto, energia elétrica e transporte público.

Figura 22 – Localização da Vila em São Paulo

5.1.3. Containers

  A escolha de containers marítimos como método construtivo da Vila Reencontro em São Paulo é uma solução inovadora e sustentável para a habitação social. Essa opção de construção é regulamentada pela norma técnica ABNT NBR 16.791:2013, que estabelece as especificações para a construção de módulos habitáveis em containers marítimos.

  A utilização de containers como base para a construção de moradias tem sido cada vez mais utilizada em projetos de habitação social devido à sua eficiência construtiva, rapidez na execução e redução de impacto ambiental. Além disso, a reutilização dos containers ajuda a diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte desses materiais.

  Os containers foram adaptados para abrigar uma cozinha, um banheiro e um dormitório.

Figura 23 – Containers da Vila Reencontro em São Paulo

Foto: Reprodução/TV Globo

 A escolha dos containers para a construção de moradias exige atenção especial à qualidade estrutural e resistência dos materiais. A norma técnica ABNT NBR 16.791:2013 estabelece as diretrizes para a adaptação de containers em módulos habitáveis, como a verificação de possíveis danos estruturais, instalações elétricas e hidráulicas, isolamento térmico e acústico, dentre outros aspectos importantes para garantir a segurança e conforto dos usuários.

Figura 24 – Área interna dos modulares

Fonte: Marcelo Pereira/Secom/Divulgação

Figura 25 – Área interna dos modulares

Fonte: Reprodução/TV Globo

Figura 26 – Área interna dos modulares

Fonte: Fonte: Prefeitura de São Paulo/Divulgação

  Dessa forma, a escolha dos containers para a construção da Vila Reencontro em São Paulo foi uma alternativa viável e segura, que contribuiu para a oferta de habitação social de qualidade para famílias em situação de rua. A utilização de normas técnicas adequadas para a adaptação dos containers em módulos habitáveis, além da escolha criteriosa dos materiais e instalações, assegura a eficiência e durabilidade das unidades habitacionais construídas.

5.1.4. Âmbito Social

  A escolha das famílias e pessoas em situação de rua que iriam ocupar as moradias da Vila Reencontro em São Paulo foi realizada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), que trabalhou em parceria com a Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB). O processo seletivo foi conduzido de forma criteriosa, seguindo as diretrizes da Lei Federal nº 13.465/2017, que trata da regularização fundiária de assentamentos informais, e da Resolução nº 2, de 2016, do Conselho Municipal de Habitação de São Paulo.

  Foram selecionadas famílias e pessoas em situação de rua que já estavam em acompanhamento pela SMADS, com registro no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e com prioridade de atendimento. Além disso, foram considerados critérios como a vulnerabilidade social, a ausência de vínculos familiares e a condição de moradia em situação precária.

  As famílias selecionadas para a Vila Reencontro receberam apoio da SMADS em diversas áreas, como assistência social, saúde e qualificação profissional. Além disso, a Secretaria Municipal de Habitação realizou um trabalho de orientação e conscientização sobre o uso adequado dos imóveis e dos espaços comuns da Vila Reencontro

  O tempo de permanência das famílias na vila é indeterminado, mas há uma previsão de acompanhamento social e habitacional contínuo, com o objetivo de promover a autonomia e a inserção social das famílias. A Vila Reencontro tem como objetivo principal proporcionar um espaço digno e seguro para a habitação de pessoas em situação de rua, além de oferecer apoio social e habitacional para a construção de um novo projeto de vida.

  O valor agregado da Vila Reencontro em São Paulo é imensurável, uma vez que a construção dessa vila representa um importante avanço para a política habitacional da cidade, trazendo mais dignidade e respeito para as pessoas em situação de rua. Além disso, a utilização de contêineres marítimos como forma de construção sustentável e de baixo custo pode ser um modelo a ser replicado em outras localidades, contribuindo para a solução do déficit habitacional e para a promoção de uma cidade mais inclusiva e sustentável.

Figura 27 – Inauguração da 1° Vila Reencontro em São Paulo

Fonte: Prefeitura de São Paulo/Divulgação

Figura 28 – Inauguração da 1° Vila Reencontro em São Paulo

Fonte: Prefeitura de São Paulo/Divulgação

5.2. REJUNTAR

 O projeto ReJuntar, da Base Colaborativa, é uma iniciativa que visa melhorar as condições de moradia de famílias de baixa renda por meio de reformas em suas casas. A proposta consiste em mobilizar voluntários para trabalhar em conjunto na reforma das residências, utilizando materiais de baixo custo e soluções criativas para atender às necessidades específicas de cada família.

 Com a pandemia da COVID-19, o projeto ganhou ainda mais importância, uma vez que as condições precárias de moradia podem agravar os riscos de contágio e dificultar o isolamento social. Dessa forma, a atuação do ReJuntar se torna essencial para garantir a saúde e o bem-estar dessas famílias.

Além dos benefícios diretos para as famílias atendidas, o projeto ReJuntar também tem um impacto positivo na comunidade em geral. Ao mobilizar voluntários e engajar a população local, o projeto promove a solidariedade e a colaboração, fortalecendo os laços sociais e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 Outro aspecto importante do projeto é a sustentabilidade. Ao utilizar materiais de baixo custo e soluções criativas, o ReJuntar reduz o desperdício e o impacto ambiental, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a construção de um futuro mais sustentável.

5.2.1. Reforma da casa da Joselma

5.2.1.1.          Escolha da família

 A reforma da casa da Joselma foi uma experiência vivenciada durante a pandemia da COVID-19, em que a equipe precisou adaptar sua abordagem devido às restrições impostas pelo momento. A iniciativa, que anteriormente contava com mutirões de voluntários para realizar as reformas, precisou ser modificada para que um empreiteiro fizesse toda a obra, incluindo o acabamento.

Durante uma reunião do fórum responsável pelo projeto, surgiu a ideia de construir uma casa, que na época fora chamada de família merecedora, selecionada por meio de entrevistas realizadas pela equipe. Para isso, a equipe contou com a ajuda da associação Santa Cecília, que oferecia aulas para crianças carentes e auxiliou no processo de seleção da família.

 A família escolhida foi a de Joselma, uma mãe solteira que morava no porão da casa da mãe, juntamente com seus dois filhos. Joselma trabalhava como faxineira em uma ONG que cuidava de mulheres em tratamento de drogas e estudava à noite, cursando faculdade de assistência social. A seleção dessa família demonstra a preocupação em identificar famílias em situação de vulnerabilidade e oferecer a elas uma melhoria significativa em sua qualidade de vida.

Figura 29 – Joselma e os filhos

Foto: Helton Nóbrega

Figura 30 – Área interna da casa da Joselma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 31 – Área externa da casa da Joselma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 32 – Banheiro da casa da Joselma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 33 – Área interna da casa da Joselma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 34 – Banheiro da casa da Joselma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

5.2.1.2.            A reforma

 A edificação, composta por um porão e dois andares superiores, havia sido construída com materiais inadequados pelo tio da proprietária, que faleceu durante a pandemia, deixando os andares superiores inacabados. Tais pavimentos eram acessados por escadas provisórias de madeira. Para solucionar tal problema, foi decidido, em uma reunião entre os voluntários do projeto, a construção de uma escada metálica de acesso.

Figura 35 – Escadaria de acesso a comunidade

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 36 – Escadaria de acesso a comunidade

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 37 – Escada metálica acesso aos andares superiores

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 38 – Planta baixa da casa

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

Figura 39 – Planta baixa projeto final da reforma

Fonte: ReJuntar/Base Colaborativa

 Durante a execução da obra, ao quebrar o contrapiso do porão, foi constatado que a fundação da edificação se encontrava abalada. Com isso, se fez necessário o reforço da estrutura e da fundação, o que só foi possível com o apoio financeiro de uma parcela do prêmio recebido pela organização Base Colaborativa em 2019, proveniente da empresa Saint Gobain. Aproveitando os recursos financeiros limitados do projeto, a equipe buscou soluções criativas para a escolha de materiais de construção, a fim de minimizar os custos. Desse modo, foram utilizados azulejos provenientes de uma pousada, sobras de reformas residenciais para a confecção do piso, portas e janelas de uma loja de madeira que havia encerrado suas atividades, bem como móveis doados por pessoas físicas.

 Em adição, o projeto de reforma se estendeu ao desenvolvimento de uma horta, em parceria com a ONG Solo Fértil, com o intuito de proporcionar à família acesso a alimentos saudáveis e frescos. Cumpre destacar que, devido a alguns atrasos na execução da obra, os beneficiários já haviam sido imunizados contra a COVID-19, o que possibilitou a realização de um mutirão de acabamento com a participação da própria família, que contribuiu não somente com alimentação, mas também com trabalho físico.

Figura 40 – Mutirão ReJuntar Joselma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 41 – Mutirão ReJuntar Joselma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 42 – Área da sala de estar

Foto: Helton Nóbrega

Figura 43 – Lixamento da porta de entrada

Foto: Helton Nóbrega

Figura 44 – Pintura do quarto de um dos filhos

Foto: Helton Nóbrega

Figura 45 – Filho da Joselma ajudando no Mutirão

Foto: Helton Nóbrega

Figura 46- Filho da Joselma ajudando no Mutirão

Foto: Helton Nóbrega

Figura 47 – Montagem dos móveis

Foto: Helton Nóbrega

Figura 48 – Finalização da cozinha

Foto: Helton Nóbrega

Figura 49 – Almoço feito pela família para os voluntários

Foto: Helton Nóbrega

Figura 50 – Mutirão ReJuntar Joselma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 51 – Instalações elétricas

Foto: Helton Nóbrega

Figura 52 –  Horta parceria ONG Solo Fértil

Foto: Helton Nóbrega

Figura 53 – Horta parceria ONG Solo Fértil

Foto: Helton Nóbrega

Figura 54 – Horta parceria ONG Solo Fértil

Foto: Helton Nóbrega

 Em suma, pode-se afirmar que o projeto ReJuntar, desenvolvido pela Base Colaborativa, apresentou-se como uma solução sustentável e socialmente responsável para a reforma de habitações de baixa renda, buscando soluções criativas para os desafios encontrados na execução da obra.

Figura 55 – Casa pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 56 – Quarto de um dos filhos pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 57 – Cozinha pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 58 – Cozinha pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 59 – Sala pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 60 – Sala pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 61 – Quarto de um dos filhos pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 62 – Sala pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 63 – Visão entrada pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 64 – Quarto da Joselma pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 65 – Quarto da Joselma pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 66 – Banheiro pós-reforma

Foto: Helton Nóbrega

Figura 67 – Voluntários ReJuntar e Família da Joselma

Foto: Helton Nóbrega

CONCLUSÃO

 Com a pesquisa realizada, foi constatado que o número de pessoas em situação de rua no estado de São Paulo aumenta cada dia mais, essa população vive em condições precárias e é vulnerável a riscos diários. Para saírem da condição de rua elas se sujeitam a morar em terrenos inadequados e em áreas impróprias, submetendo- se a riscos como, deslizamentos, desmoronamentos e incêndios. Utilizando materiais de baixa qualidade, consequentemente com maior possibilidade de desgaste, pois eles têm menor custo e podem ser reaproveitados em várias etapas da construção.

 É importante observar que as construções em terrenos inadequados são recorrentes em São Paulo. A cidade contempla a maior concentração de favelas do país, onde não foram feitas as devidas análises geológicas nem topográficas dos locais para a população conseguir habitar. Essas moradias foram construídas em áreas impróprias onde, ao longo do tempo, com o desgaste dos materiais utilizados, a degradação da estrutura e a perda da sua resistência mecânica, podem acabar causando desastres e danos fatais. Sem os devidos estudos de geologia e topografia dos terrenos não conseguimos saber das características do solo e assim evitar construir em áreas de risco. As sondagens do terreno, os testes de permeabilidade e as análises de estabilidade e de fundação são indispensáveis para dar início em qualquer construção. Essas análises servem para evitar os deslizamentos de terra e dar uma condição digna de moradia para os habitantes que ali irão residir.

 A população que mora nas ruas vê como única opção utilizar materiais de baixa qualidade para construir suas moradias, a fim de terem algum lugar parar habitar. Esses materiais acabam afetando a saúde e segurança de todos. Alguns dos principais materiais que são utilizados na construção de moradias irregulares são: o amianto, diversos tipos de madeira, tijolos solo-cimento, plásticos e lonas. Eles têm baixo custo, são flexíveis e fáceis de serem manuseados, porém, depois de certo tempo as consequências da utilização desses materiais são vistas por meio de diversas patologias como, fissuras, degradações (física, química e biológica), desgastes, infiltrações de água, corrosões e combustilidade. Essas patologias causam o apodrecimento do material e a perda da sua resistência mecânica, gerando um grande impacto negativo na segurança do local e podendo até ocasionar doenças respiratórias. Depois de alguns anos essas construções acabam gerando prejuízos, ou seja, haverá um aumento significativo de gastos, já que essas obras irão precisar de diversos reparos e manutenções.

 Mostramos que as construções sustentáveis acabam sendo a melhor maneira de diminuir a situação de rua em São Paulo e nos demais estados. Alguns exemplos de soluções abordadas nesse artigo é a utilização de tijolos ecológicos, no qual não agridem o meio ambiente, são feitos com materiais recicláveis e têm boa resistência mecânica. E os projetos sustentáveis, como a construção de vilas habitacionais feitas com contêiners marítimos, que são estruturas resistentes, duráveis e estabelecem maior segurança para seus moradores.

 Conclui – se que quanto mais soluções sustentáveis para habitação, maior será a qualidade de vida da população com baixa renda e como consequência positiva ocorrerá uma queda significativa nos impactos ambientais, enfatizando a preservação do meio ambiente. Estudos e pesquisas que visam tirar as pessoas em condição de rua precisam dar mais relevância às estruturas e materiais sustentáveis, pois podemos observar que por meio das ações dos projetos sustentáveis “Vila Reencontro” e “Projeto ReJuntar” dissertadas nesse artigo, solucionamos essa problemática de diversas famílias, dando-lhes um lar, com maior praticidade, menor custo e com a devida segurança que toda a população é digna de ter.

REFERÊNCIAS

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