CONSEQUÊNCIAS DO USO NEGLIGENCIADO DO LEVONORGESTREL POR JOVENS E ADOLESCENTES

CONSEQUENCES OF THE NEGLECTED USE OF LEVONORGESTREL BY YOUNG PEOPLE AND ADOLESCENTS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202409081434


Debora Letícia Gonçalves Borges1
Isabela Sousa Perdigão2
José Roberto Barros Martins3
Talita Brito de Oliveira4
Dave Macklin Maia de Souza5


Resumo

Este estudo tem como objetivo geral avaliar as consequências do uso negligenciado do levonorgestrel em jovens e adolescentes. Para alcançar este objetivo, foi conduzida uma revisão crítica da literatura com procedimentos descritivos e comparativos. As fontes de dados incluíram bibliografias sobre o tema, acessadas por meio de bancos de dados como PUBMED, SCIELO e Google Acadêmico, além de livros e recursos disponíveis na biblioteca setorial da Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO). A metodologia envolveu a consulta a bases de dados renomadas e a utilização de descritores específicos em ciências da saúde, como Levonorgestrel, Pesquisa em farmácia e Adolescente. Foram considerados artigos científicos, capítulos de livros, dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso publicados em língua portuguesa entre 2020 e 2024. Concluiu-se este estudo, a partir da compreensão de que o uso negligente do levonorgestrel em jovens e adolescentes é complexo e traz consequências associadas a essa prática, abrangendo aspectos físicos, psicológicos e sociais. O estudo demonstrou que, embora o levonorgestrel seja uma ferramenta importante na contracepção de emergência, seu uso frequente e inadequado pode resultar em sérios impactos para a saúde e o bem-estar das usuárias.

Palavras-chave: Medicamentos; Farmacêutico; Gravidez; Desafios.

Abstract

This study aims to evaluate the consequences of the neglected use of Levonorgestrel, a com- monly used emergency contraceptive, among young people and adolescents. A critical literature review was conducted using descriptive and comparative methods, with data sourced from PUBMED, SCIELO, and Google Scholar, focusing on publications between 2020 and 2024. The findings indicate that frequent and improper use of Levonorgestrel can lead to significant physical, psychological, and social impacts on users. The study highlights the need for im- proved sexual education and professional guidance to prevent the misuse of this contraceptive and to promote the overall well-being of young women.

Keywords: Levonorgestrel, Emergency contraception, Adolescents, Health risks, Pharmacist intervention.

1 INTRODUÇÃO

A gestação é um processo complexo e fascinante que começa com a fecundação, quando o espermatozoide encontra o óvulo, formando um zigoto que se desenvolve em um feto ao longo de três trimestres, cada um com marcos específicos no desenvolvimento do bebê. Durante esse período, o corpo da mulher passa por muitas mudanças fisiológicas e hormonais, como o aumento do volume sanguíneo, crescimento do útero e produção de hormônios como progesterona e estrogênio. Conforme a gravidez avança, o corpo adapta-se para acomodar o bebê em crescimento, o que pode causar alterações posturais, inchaço nas pernas e tornozelos, e aumento da pressão sobre a bexiga (Cabral et al., 2022).

O uso de Levonorgestrel, um progestágeno sintético amplamente utilizado para a prevenção da gravidez, causa principalmente a inibição ou retardamento da ovulação, e também pode alterar o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides e, em alguns casos, prevenir a implantação do óvulo fertilizado. Este medicamento é altamente eficaz quando usado corretamente e dentro do período recomendado após a relação sexual desprotegida (Miranda et al., 2021).

Nos últimos anos, houve um crescimento significativo de gravidezes indesejadas por jovens e adolescentes, levando a uma grande busca pelo uso de medicamentos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte, levonorgestrel. No entanto, observa-se que a falta de informação sobre o uso adequado deste medicamento e suas consequências é negligenciada. É comum testemunhar jovens adquirindo o medicamento sem compreender completamente como utilizá-lo, ou mesmo sem estar cientes dos potenciais efeitos colaterais.

Adolescentes muitas vezes consomem o levonorgestrel sem conhecer os limites de seu uso anual, sem perceber a carga hormonal que estão introduzindo em seus corpos. Destaca-se que, essa falta de informação é acompanhada pela ignorância em relação a alternativas contraceptivas mais eficazes e menos agressivas ao organismo. Diante desse cenário preocupante, deve-se investigar e debater mais profundamente esse tema.

O objetivo deste estudo, foi avaliar as consequências do uso negligenciado do levonorgestrel em jovens e adolescentes.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Gravidez

A gestação é um período fascinante e complexo que marca a formação de uma nova vida dentro do corpo da mulher. Começa com a fecundação, quando o espermatozoide encontra o óvulo, resultando na formação de um zigoto. Este zigoto se divide e se desenvolve, passando por diversas etapas até se transformar em um feto. O período de gestação é dividido em três trimestres, cada um com suas características específicas e marcos importantes no desenvolvimento do bebê (Rezende Filho, 2024).

Durante a gestação, o corpo da mulher passa por inúmeras mudanças fisiológicas e hormonais para suportar o crescimento e desenvolvimento do bebê. Essas mudanças incluem o aumento do volume sanguíneo, o crescimento do útero e a produção de hormônios como a progesterona e o estrogênio. Além disso, é comum que as mulheres experimentem sintomas como náuseas matinais, fadiga, aumento de peso e mudanças no humor. Com o avançar da gravidez, o corpo se adapta para acomodar o bebê em crescimento, o que pode levar a alterações posturais, inchaço nas pernas e tornozelos, e aumento da pressão sobre a bexiga (Pedraza; Lins, 2021).

Apesar de ser um processo natural, a gravidez pode apresentar alguns riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Esses riscos incluem complicações como a pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, e partos prematuros. É essencial que a gestante tenha acompanhamento médico regular para monitorar sua saúde e a do bebê, garantindo que quaisquer problemas potenciais sejam identificados e tratados o mais cedo possível (Magalhães et al., 2023).

2.2  Gravidez na Adolescência

A gravidez na adolescência é um fenômeno que tem implicações significativas para a saúde, a educação e o futuro das jovens. No Brasil, o número de adolescentes que engravidam anualmente é alarmante. Segundo dados do Ministério da Saúde (2023), cerca de 19% dos partos realizados no país são de mães adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos. Isso representa aproximadamente 400 mil nascimentos por ano. A gravidez precoce pode interromper a educação das jovens, limitando suas oportunidades de emprego e aumentando o risco de pobreza e dependência social (Damasceno; Cardoso, 2024).

Em âmbito global, a situação não é muito diferente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 16 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos dão à luz a cada ano em todo o mundo. As taxas de gravidez na adolescência são mais elevadas em regiões como a África Subsaariana, onde até 40% das mulheres se tornam mães antes dos 18 anos. No entanto, mesmo em países desenvolvidos, a gravidez adolescente continua a ser um desafio, com fatores como falta de educação sexual adequada e acesso limitado a métodos contraceptivos desempenhando um papel crucial (Amthauer; Cunha, 2023).

2.3  Problemas associados à gravidez na adolescência

Jovens gestantes têm maior probabilidade de sofrer complicações como hipertensão gestacional, anemia e pré-eclâmpsia, além de partos prematuros e bebês com baixo peso ao nascer. Seus corpos ainda estão em desenvolvimento, o que pode acarretar dificuldades durante o parto e maior risco de cesarianas de emergência. Além disso, a falta de maturidade biológica pode dificultar a recuperação pós-parto, aumentando as chances de infecções e outras complicações de saúde (Maldonato, 2017).

Os impactos sociais da gravidez na adolescência são profundos e duradouros. Jovens mães muitas vezes enfrentam estigmatização e discriminação, tanto na escola quanto na comunidade, o que pode levar ao abandono escolar. A interrupção da educação limita significativamente as oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional, perpetuando um ciclo de pobreza e exclusão social. As adolescentes grávidas também podem enfrentar o afastamento de amigos e familiares, resultando em isolamento social e dificuldades emocionais. A falta de apoio social e emocional agrava ainda mais os desafios já impostos pela maternidade precoce (Mattar; Souza; Sun, 2024).

Economicamente, a gravidez na adolescência tem implicações graves para as jovens e suas famílias. Muitas adolescentes não possuem estabilidade financeira ou um emprego fixo, tornando-se dependentes de familiares ou de assistência governamental. Os custos associados à gestação, parto e criação de um filho são altos, e sem uma educação completa, as jovens mães têm menos chances de conseguir empregos bem remunerados. A dependência financeira pode perpetuar a pobreza intergeracional, afetando negativamente o futuro das jovens e de seus filhos (Miura et al., 2023).

2.4  Levonorgestrel

Levonorgestrel é um progestágeno sintético amplamente utilizado na prevenção da gravidez, especialmente em formas de contracepção de emergência. Este composto atua principalmente inibindo ou retardando a ovulação, prevenindo a fertilização do óvulo ou a implantação do óvulo fertilizado no útero. Além de seu uso em contraceptivos de emergência, levonorgestrel também é encontrado em dispositivos intrauterinos (DIUs) e em pílulas anticoncepcionais combinadas, devido à sua eficácia em doses menores e perfil de segurança relativamente favorável (Oliveira; Rocha, 2023).

Farmacocineticamente, levonorgestrel é bem absorvido após a administração oral, com pico de concentração plasmática ocorrendo cerca de duas horas após a ingestão. Sua biodisponibilidade é alta, e ele se liga fortemente às proteínas plasmáticas, principalmente à albumina e à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG). O metabolismo do levonorgestrel ocorre predominantemente no fígado, onde é transformado em metabólitos inativos que são excretados principalmente pela urina e, em menor extensão, pelas fezes. A meia-vida de eliminação varia entre 24 a 30 horas, o que permite uma ação prolongada adequada para seu uso em contraceptivos (Frias et al., 2021).

Embora o levonorgestrel seja geralmente bem tolerado, seu uso pode estar associado a alguns efeitos colaterais, sendo os mais comuns: náuseas, vômitos, dor abdominal, cansaço e dor de cabeça. Algumas mulheres podem experenciar alterações no ciclo menstrual, como sangramento irregular ou atrasos na menstruação. Em casos raros, o uso de levonorgestrel pode causar reações alérgicas graves, tromboembolismo ou problemas hepáticos (Amado et al., 2023).

2.5  Uso repetitivo de Levonorgestrel

O uso excessivo de levonorgestrel, especialmente como contraceptivo de emergência, pode levar a uma série de preocupações tanto para a saúde reprodutiva quanto para o bem-estar geral da mulher. Embora o levonorgestrel seja seguro e eficaz quando utilizado ocasionalmente para prevenir a gravidez após relações sexuais desprotegidas ou falhas de métodos contraceptivos, seu uso frequente pode resultar em irregularidades menstruais significativas. Estas irregularidades incluem sangramentos intermenstruais, ciclos menstruais mais longos ou mais curtos, e períodos menstruais imprevisíveis. Essas alterações podem causar desconforto físico e emocional, além de dificultar o acompanhamento do ciclo menstrual natural da mulher (Depes et al., 2023).

Além dos efeitos sobre o ciclo menstrual, o uso repetido e indiscriminado de levonorgestrel pode mascarar a necessidade de métodos contraceptivos mais eficazes e de longo prazo. Mulheres que dependem frequentemente de contracepção de emergência podem estar subestimando a importância do planejamento contraceptivo regular, expondo-se a riscos contínuos de gravidez indesejada. Ademais, o uso excessivo de levonorgestrel pode aumentar o risco de efeitos adversos, como náuseas, dores de cabeça e desconforto abdominal, além de possíveis impactos a longo prazo sobre a saúde hormonal e reprodutiva (Miranda et al., 2021).

2.6  Papel do farmacêutico no acompanhamento

O acompanhamento de pacientes que fazem uso de levonorgestrel por um profissional farmacêutico é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento. Farmacêuticos possuem a competência e o conhecimento necessários para orientar as pacientes sobre o uso correto da medicação, suas indicações, dosagens e possíveis efeitos adversos. Ao prestar aconselhamento adequado, o farmacêutico pode ajudar a prevenir o uso inadequado ou excessivo de levonorgestrel, reduzindo o risco de complicações e garantindo que a medicação seja utilizada apenas quando necessário. Esse acompanhamento também inclui a avaliação de possíveis interações medicamentosas que poderiam comprometer a eficácia do levonorgestrel ou aumentar a probabilidade de efeitos colaterais (Souza; Andrade, 2023).

Além de fornecer orientação sobre o uso seguro de levonorgestrel, os farmacêuticos podem fazer o controle do uso da droga, sendo responsáveis por monitorar a frequência com que as pacientes utilizam contraceptivos de emergência, identificando padrões de uso que podem indicar uma dependência indevida da medicação. Caso o farmacêutico observe que uma paciente está recorrendo ao levonorgestrel de forma repetitiva, ele pode intervir, oferecendo alternativas de contracepção de longo prazo que sejam mais adequadas e eficazes (Cabral et al., 2022).

O papel do farmacêutico também inclui a educação das pacientes sobre a importância do planejamento contraceptivo e a promoção de práticas sexuais seguras. Ao fornecer informações claras e acessíveis sobre as diferentes opções contraceptivas disponíveis, o farmacêutico pode empoderar as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva. Além disso, o acompanhamento farmacêutico pode facilitar o encaminhamento das pacientes para outros profissionais de saúde, como ginecologistas, quando necessário. A competência do farmacêutico no controle do uso de levonorgestrel e na educação das pacientes é crucial para promover o uso responsável e seguro da medicação, assegurando melhores resultados para a saúde reprodutiva das mulheres (Mouro; Gonçalves, 2021).

3 METODOLOGIA

Trata-se de estudo de revisão crítica da literatura, com procedimento descritivo e comparativo, utilizando como fonte de dados a bibliografia sobre as consequências do uso negligenciado do Levonorgestrel em jovens e adolescentes.

O estudo foi realizado por meio da pesquisa em bancos de dados como PUBMED, SCIELO (Scientific Eletronic Libray Online) e Google Acadêmico, além da utilização de livros com complementação da busca no acervo da biblioteca setorial da Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO).

Foram utilizadas obras que possuam composição metodológica como artigos científicos, capítulos de livros (estilo e-book), dissertações, teses, trabalhos de conclusão de curso. Através da utilização dos descritores em ciências da saúde: Levonorgestrel; Pesquisa em farmácia; e Adolescente.

Para cumprimento desta pesquisa foram selecionados literaturas e artigos em língua portuguesa publicados no período de 2020 a 2024, que ofereçam informações sobre o tema do trabalho, sendo assim excluídos todos os dados com mais de 5 anos de publicação e que não proporcionam dados com relação à temática.

Será realizada nos meses de julho, agosto e setembro de 2024 através de levantamento de obras literárias já publicadas, destacando a ideologia dos mesmos.

Após a etapa de identificação das fontes, foi necessário analisar o material a ser descrito neste artigo, ocasionando uma seleção de ideias autorais, como também, observando e destacando o material necessário.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No estudo observacional de Silva et al. (2024), a utilização do levonorgestrel causa consequências severas na saúde das pacientes, sendo a maior reclamação a irregularidade do ciclo menstrual (46,73%), seguido por náuseas (17,89%) e sangramentos (8,69%) (Figura 1).

Figura 1 – Consequências da utilização de contraceptivo de emergência.

Fonte: Silva et al. (2024).

O levonorgestrel é um hormônio sintético utilizado em contraceptivos de emergência, como a pílula do dia seguinte. Ele atua prevenindo a ovulação ou impedindo a fertilização do óvulo, sendo uma opção importante em casos de falha contraceptiva ou relações sexuais desprotegidas. No entanto, o uso negligente ou inadequado deste medicamento, especialmente entre jovens e adolescentes, pode trazer uma série de consequências físicas, psicológicas e sociais. O uso frequente da substância pode desregular o ciclo menstrual, causando atrasos, sangramentos irregulares ou amenorreia, porque o medicamento altera temporariamente o equilíbrio hormonal do corpo (Borges et al., 2021).

Segundo Pêgo, Chaves e Morais (2021), os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, tonturas, dores de cabeça e dor abdominal são comuns durante a utilização, e em adolescentes, a falta de orientação pode levar ao uso repetitivo sem considerar esses desconfortos. Embora o uso ocasional do remédio não cause infertilidade, o uso frequente e sem orientação de um profissional pode levantar preocupações sobre a saúde reprodutiva a longo prazo, aumentando a ansiedade e outros problemas psicossomáticos.

Para Rabelo et al. (2023), o uso do levonorgestrel sem orientação adequada pode aumentar a ansiedade em jovens, especialmente devido à preocupação com uma gravidez indesejada e os efeitos colaterais do medicamento. Além disso, a dependência na pílula do dia seguinte pode refletir uma falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos regulares, levando a uma sensação de descontrole sobre a própria saúde sexual e reprodutiva.

A má orientação ou educação sexual, também pode aumentar os repetidos “sustos” com a possibilidade de gravidez indesejada, e isso pode afetar a autoestima e a percepção da própria sexualidade da mulher em formação, influenciando o bem-estar emocional desta paciente (Pantoja et al., 2023).

De acordo com Rosaneli, Costa e Sutile (2020), a percepção errada de que o levonorgestrel é um substituto eficaz para métodos contraceptivos regulares pode levar a um aumento no comportamento de risco, como a prática de sexo desprotegido, e elevando o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Ainda assim, o uso frequente pode criar uma falsa sensação de segurança e normalizar o uso da pílula do dia seguinte como método contraceptivo de primeira linha, algo que não é recomendado devido à sua menor eficácia comparada a outros métodos, como a utilização de preservativos, utilização de DIU ou demais métodos contraceptivos menos invasivos.

Em muitos casos, o uso negligente é agravado pela falta de diálogo aberto com pais, educadores ou profissionais de saúde, resultando em decisões impulsivas e mal-informadas sobre a contracepção. Essa dinâmica familiar pode levar a jovem ou adolescente à utilização exagerada ou de forma errada dos contraceptivos de emergência, e infelizmente trazendo os riscos da utilização na vida dessa mulher, e consequentemente diminuindo a sua qualidade de vida (Manchila; Covis, 2024).

Segundo Bonfim et al. (2022), para minimizar o uso negligente, é crucial investir em programas de educação sexual que abordem os métodos contraceptivos de maneira acessível e sem tabus, enfatizando a importância da escolha informada. Além de ser essencial, o acesso a métodos contraceptivos regulares, como pílulas anticoncepcionais, preservativos e orientações sobre seu uso, para assim, reduzir a dependência no levonorgestrel. Oferecer suporte psicológico e aconselhamento para jovens pode ajudar a abordar medos e dúvidas sobre sexualidade, promovendo decisões mais seguras e conscientes (Lordelo; Costa, 2020).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente revisão de literatura sobre o uso negligente do levonorgestrel em jovens e adolescentes evidenciou a complexidade das consequências associadas a essa prática, abrangendo aspectos físicos, psicológicos e sociais. O estudo demonstrou que, embora o levonorgestrel seja uma ferramenta importante na contracepção de emergência, seu uso frequente e inadequado pode resultar em sérios impactos para a saúde e o bem-estar das usuárias.

Uma das principais lacunas identificadas ao longo da revisão é a insuficiente educação sexual e o acesso limitado a informações claras e precisas sobre o uso do levonorgestrel. Esse cenário é agravado por tabus presentes na sociedade brasileira, que dificultam o diálogo aberto sobre contracepção entre pais, educadores e adolescentes. O medo de julgamentos, a desinformação e a ausência de orientação profissional, principalmente farmacêuticos, enfermeiros ou ginecologistas, adequada acabam por levar as jovens a tomarem decisões impulsivas, muitas vezes baseadas em mitos e informações incorretas.

Este estudo também apontou que a sociedade brasileira ainda carrega uma forte estigmatização sobre o uso de contraceptivos de emergência. Esse tabu é perpetuado pela falta de educação sexual abrangente nas escolas e pela resistência de muitos pais e responsáveis em discutir questões de saúde reprodutiva. Consequentemente, a pílula do dia seguinte é muitas vezes vista como uma “solução rápida” e não como um método que deve ser utilizado em situações de emergência, o que gera uma falsa sensação de segurança entre as jovens.

Além das barreiras educacionais e culturais, a pesquisa revelou que as implicações psicológicas do uso negligente do levonorgestrel são subestimadas. Jovens que recorrem repetidamente a esse método podem desenvolver sentimentos de culpa, ansiedade e insegurança quanto à sua saúde reprodutiva. As complicações físicas, como a desregulação do ciclo menstrual e os efeitos adversos imediatos, foram claramente delineadas, confirmando os impactos negativos no organismo de jovens e adolescentes. Além disso, o levantamento evidenciou a necessidade urgente de programas de educação sexual que combatam a desinformação e abordem o uso de contraceptivos de emergência de forma transparente e sem preconceitos.

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