CONHECIMENTO SOBRE TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA EDUCAÇÃO SEXUAL DE PESSOAS COM  DEFICIÊNCIA VISUAL: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7957623


Hafra Kelly Pessoas Martins1 
José Victor da Costa Martins2 
Alexon Fernandes Alves Brandão3 
Conceição de Maria Costa4 
Ramon Nunes Santos5 
Kelúria Brito Honório Torres6
Luisa Crisdayla Macêdo Santos7


RESUMO 

OBJETIVO: Identificar na literatura o conhecimento sobre tecnologia assistiva para  educação sexual de pessoas com deficiência visual. MÉTODO: Trata se de uma revisão  integrativa com abordagem qualitativa, utilizando três bases de dados Scielo, BVS e  PUBMED nos meses de março e abril de 2023, utilizando três descritores associados  pelo operador booleano and. RESULTADOS: Dada à perspectiva dos estudos  encontrados, obteve-se como resultado 04 artigos, nos quais o nível de conhecimentos  gerais sobre uso da tecnologia assistiva na educação sexual foi considerado baixo.  CONCLUSÃO: É perceptível a vivencia e a exaltação do individuo na modernidade,  com ideário de inclusão, não descriminação e igualdade de gênero, raças e credos. Toda  via ainda existe fragilidade quanto à pessoa com deficiência, mais que acessibilidade  física é necessária perceber o outro como ser capaz de desenvolver questões  psicológicas, sexuais e emocionais. 

Descritores: Tecnologia assistiva. Educação sexual. Deficiente visual. Descriptors: Assistive technology. Sex education. Visually impaired. Descriptores: Tecnología de asistencia. Educación sexual. Deficiente visual. 

Introdução 

Tecnologia assistiva (TA) são os produtos, dispositivos, dispositivos, recursos,  métodos, estratégias, práticas e serviços utilizados para facilitar o funcionamento de pessoas com deficiência e melhorar a autonomia, independência, qualidade de vida e  inclusão social (PCD) (BRASIL, 2015). 

Segundo o censo de 2010, a deficiência visual apresenta a maior incidência  (18,6%) no Brasil e é classificada como perda total ou parcial da visão por fatores  congênitos ou adquiridos, irreversível mesmo após procedimentos clínicos, cirúrgicos  ou terapêuticos e usar recursos ópticos (OMS, 2016). 

Globalmente, mais de 1 bilhão de pessoas precisam de uma ou mais tecnologias  assistivas para atividades de vida diária, e espera-se que esse número aumente para 2  bilhões até 2030 (OMS, 2021). 

No entanto, as barreiras arquitetônicas impedem o acesso aos serviços de saúde e  a falta de profissionais treinados para comunicar adequadamente as necessidades do  público apresenta desafios para o atendimento eficaz, bem como para intervenções  instrucionais e educacionais. (ALVES, MAIA e PAGLIUCA, 2020).  

O acesso à informação é considerado um aspecto fundamental da promoção da  saúde, onde o acesso ao conhecimento capacita os indivíduos a intervir ativamente nos  fatores de risco para a própria saúde, capacitando-os para ações proativas de  autocuidado da saúde física, mental e emocional (AGUIAR ET AL., 2022). 

Tendo em vista a limitada assistência dedicada aos deficientes visuais em  relação à sexualidade, chama à atenção a ocorrência de infecções sexualmente  transmissíveis neste grupo específico, onde pode ser constatado no boletim  epidemiológico do Ministério da Saúde, que o Brasil em dados gerais teve 158.051  casos de sífilis e mais de 40 mil novos infectados pelo HIV só em 2019.  

Portanto este estudo objetiva identificar na literatura o conhecimento sobre  tecnologia assistiva para educação sexual de pessoas com deficiência visual, visto que  pouco se é abordado. Possuindo como questionamento norteador qual o conhecimento  sobre tecnologia assistiva na educação sexual de pessoas com deficiência visual? 

Métodos 

Trata se de uma revisão integrativa com abordagem qualitativa conduzida em  seis etapas de investigação: elaboração da questão de pesquisa; busca e amostragem na literatura; definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados;  avaliação crítica das evidências incluídas; interpretação dos resultados; síntese do  conhecimento e apresentação da revisão, mas conhecido como modelo teórico de  Whittemore e Knafl. 

A questão de pesquisa foi elaborada por meio da estratégia PICo, como  População foi definida os deficientes visuais, como Fenômeno de interesse o  conhecimento, e como Contexto educação sexual. 

 O levantamento bibliográfico ocorreu através das bases de dados Scientific  Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e plataforma  de busca da National Library of Medicine (PUBMED) no mês de Março e Abril de  2023. 

Para aprestar a busca de informações foram selecionados descritores indexados  nos vocabulários Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e sua combinação através  do operador booleano AND. Demostrado em gráfico em seguida, segundo sua base de  dados. 

Figura 1. Percurso de seleção da amostra do estudo na base de dados Scielo.  Teresina, Piauí, Brasil. 2023. 

Fonte: autor (2023). 

Figura 2. Percurso de seleção da amostra do estudo na base de dados BVS.  Teresina, Piauí, Brasil. 2023.

Fonte: autor (2023). 

Os seguintes descritores foram agrupados pelo operador booleano como  representado nas figuras, tendo como filtros os anos de 2019 a 2023 e versão  completa dos trabalhos. Onde constatamos para Scielo 06 trabalhos sendo  utilizados apenas 03, BVS 38 artigos porem com utilização de 01 e a base de  dados PUBMED não foram encontrados nenhum artigo. A exclusão dos demais  textos deveu-se a duplicação e não possuírem relação com a temática objetivada,  decorrente da leitura dos títulos e resumos. 

Resultados 

Dada à perspectiva dos estudos encontrados, obteve-se como resultado 04 artigos dentre as plataformas, que foram expostos em quadro resumo observando seu  respectivo autor principal, ano de publicação, base de dados, nome da revista indexada,  títulos e resultados.

Quadro 1. Síntese dos estudos incluídos na revisão (n=04). Teresina, Piauí, Brasil, 2023.

Discussão 

Nesta revisão, os estudos se concentraram entre os anos 2019 a 2022, ou seja, apesar  de ser uma temática que surge em meados de 2014, com a Organização Mundial da Saúde  (OMS) lançando uma iniciativa, Cooperação global em tecnologia assistiva, para a qual foi  desenvolvida uma lista de 50 dispositivos de alta prioridade dentre os quais inclui 16  dispositivos para pessoas com deficiência visual, pouco se observa a publicação voltada à  educação sexual desta população (SENJAM ET AL., 2019). 

No Brasil, várias políticas públicas inclusivas para PCD têm sido elaboradas,  aumentando o acesso à educação regular, toda via a influência das tecnologias de informação  e comunicação nas práticas de saúde e na produção de informação em saúde, nem sempre é  acessível a todas as pessoas (BRASIL, 2015). 

Em estudo realizado por AGUIAR et al., intitulado tecnologias para educação em  saúde de pessoas com deficiência visual: revisão integrativa com objetivo de investigar as  evidências científicas acerca das tecnologias existentes e/ou que são utilizadas para educação  em saúde de pessoas com deficiência visual, com amostra de 931 artigos os estudos  mostraram adequabilidade e viabilidade das tecnologias desenvolvidas para deficiência visual,  oferecendo conhecimento sobre os temas propostos e igualdade de acesso a materiais  educativos para este grupo. 

Apesar da vasta abordagem de publicações traçadas por este estudo, ainda se constata que apesar de um debate sobre conhecimento, não foi percebido atitudes e práticas voltadas à  capacitação de profissionais e a utilização dos mesmos (AGUIAR ET AL., 2022).  

Já o estudo Recursos de Acessibilidade e o Uso dos Dispositivos Móveis como  Tecnologia Assistiva por Pessoas com Baixa Visão com uma amostra de 28 pessoas visou  caracterizar, a partir do ponto de vista dos usuários, o funcionamento e o uso de recursos de  acessibilidade de smartphones e / ou comprimidos no cotidiano de pessoas com baixa visão.  Este estudo demostrou que um dos grandes problemas voltados a não assistência das pessoas  com deficiência visual é a falta de profissionais qualificados para atendimento deste público  (BORGES e MENDES, 2021). 

Em contra partida o estudo de Nascimento, Torres e Ribeiro (2022), trata justamente  da analise da TA disponibilizada nos cursos de medicina no Brasil para apoiar os estudantes com diminuição de audição e/ou visão, concluindo que a maioria dos cursos de medicina  oferta TA para os estudantes com deficiência visual e/ou auditiva, mas de modo incompleto. Os profissionais da saúde que possuem alguma deficiência podem influenciar na  qualidade do cuidado de outras que são também pacientes, não só pela vivência e  compreensão de problemas e barreiras enfrentados por ambos, mas, sobretudo, por simbolizar  a realidade dessas pessoas, que desse modo pode ser experenciada por seus colegas de  trabalho (ALMEIDA e FERREIRA, 2018). 

Já Senjam et al., em seu estudo objetivou compreender a conscientização, o uso e as  barreiras no acesso à tecnologia assistiva entre pacientes jovens que frequentam a clínica de  reabilitação visual de um hospital oftalmológico terciário em Deli, Índia. Concluindo que a  conscientização e a utilização de tecnologias assistivas para deficiência visual foram ruins em  pacientes atendidos na clínica de reabilitação visual. Os hospitais poderiam adquirir  tecnologias assistivas e introduzir estratégias para melhorar a conscientização, bem como  promover a utilização. 

Diante do exposto se percebe que os estudos apesar de poucos tratam de um  enquadramento das necessidades voltadas à pessoa com deficiência, a distribuição com afinco  às tecnologias assistivas e a formação de profissionais capacitados a atender essa população  são essenciais. Para uma melhor assistência e não negligencia de um público tão comum  dentro da sociedade. 

Conclusão 

Os achados desta revisão mostraram evidências científicas acerca das tecnologias assistivas utilizadas para educação em saúde de pessoas com deficiência visual, em âmbito da  comunidade como dentro de instituições de ensino e saúde.  

É perceptível a vivencia e a exaltação do individuo na modernidade, com ideário de  inclusão, não descriminação e igualdade de gênero, raças e credos. Toda via ainda existe  fragilidade quanto à pessoa com deficiência, mais que acessibilidade física é necessária perceber o outro como ser capaz de desenvolver questões psicológicas, sexuais e emocionais. 

Pouco se é abordado às questões de sexualidade com esta população que por falta de  um sentido, se torna alvo de doenças e agravos, susceptível ao adoecimento fruto da falta de  orientação. 

Os textos observados abordam o conhecimento, poucas contemplaram a verificação da prática exatamente. Sugere-se aos pesquisadores que a verificação das praticas em ambientes  escolares e de saúde sejam avaliados. Ademais, recomenda-se a verificação do  desenvolvimento de tecnologias para educação em saúde de pessoas com deficiência visual  acerca de variados temas da área da saúde e dos efeitos destas em longo prazo. 

Referências 

1. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: Lei nº 13.146, de 6 de julho  de 2015 [Internet]. Diário Oficial da União; 2015 Jul 06. Estatuto da Pessoa com Deficiência;  [cited 2023 Mar 02]; Available from: http:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm 

2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. [place unknown]; 2010. censo  demografico 2010; [cited 2023 Apr 02]; Available from: https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/censo2010

3. Organização Mundial da Saúde [Internet]. Genebra; 2021. Classificação Estatística  Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde: CID 11; [cited 2023 Apr 3];  Available from: https://icd.who.int/icdapi/. 

4. Síntese de evidências para políticas: Acesso à tecnologia assistiva [Internet]. Organização  Mundial da Saúde; 2020. Tecnologia assistiva: fatos importantes; [cited 2023 Mar 22];  Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/332222/9789240011045- por.pdf 

5. Alves MJH, Maia ER, Pagliuca LMF. Avaliação das habilidades de comunicação verbal do  enfermeiro na consulta ao paciente cego após treinamento. Enfermeiras Ciências da Saúde  [Internet]. 2020. Disponível em: http://doi.org/10.9790/1959-0901053135 

6. Aguiar, ASC de et al.,. Avaliação das habilidades de comunicação verbal do enfermeiro na  consulta ao paciente cego após treinamento. Enfermeiras Ciências da Saúde [Internet]. 2020  [cited 2023 Mar 20];31(20210236) Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE 2021-0236pt 

7. JGA Almeida, EL Ferreira. Entidos da inclusão de alunos com deficiência na educação  superior: olhares a partir da Universidade Federal de Juiz de Fora. Psicol Esc Educ [Internet].  2018 [cited 2023 Mar 14];:67-75. DOI 10.1590/2175- 3539/2018/047. Available from:  https://www.scielo.br/j/pee/a/ktwZW6gvH8bH8xqfkyS7rtm/abstract/?lang=pt 

8. BORGES WF, MENDES EG. Recursos de Acessibilidade e o Uso dos Dispositivos  Móveis como Tecnologia Assistiva por Pessoas com Baixa Visão. Rev bras educ espec  [Internet]. 2021 [cited 2023 Mar 14];(0036) Available from: https://doi.org/10.1590/1980- 54702021v27e0036

9. Brasil. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 [Internet]. Diário Oficial da União; 2015.  Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: Estatuto da Pessoa com  Deficiência; [cited 2023 Mar 15]; Available from:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm 

10. Nascimento MI do, Torres RC, Ribeiro KGF. Tecnologias assistivas para deficientes  visuais e auditivos oferecidas a estudantes de medicina no Brasil. Rev bras educ med  [Internet]. 2022 [cited 2023 Mar 15];(037) Available from: https://doi.org/10.1590/1981- 5271v46.1-20210264.ING


1https://orcid.org/0000-0001-6342-3367
Mestranda em Ciências e Saúde-UFPI

2Acadêmico de Medicina-UNIC

3Analista de desenvolvimento de sistemas – IFPI

4Mestranda em Ciências e Saúde – UFPI

5Médico Pediatra Hospital Infantil Lucidio Portela – HILP

6Enfermeira-UFPI 

7Residente em Alta Complexidade-UFPI