REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501142342
Alessandro Damião Makvitz; Alessandro Liberalesso Irgang; Eliane Lurdes Kunkel; Igor Torres Dantas; Luciano Ceratti Cezar; Marcelo Lopes Cadaval; Priscila de Lima Teixeira; Roberto Boettier dos Santos; Rogério Olinto Pillat; Thamiris Geneci Frederich da Silva; Vanessa Guasso
RESUMO
O conformismo moderno reflete uma postura de passividade dos sujeitos diante das problemáticas sociais que caracterizam a sociedade contemporânea. Esse comportamento, marcado pela apatia e pela aceitação das normas e condições estabelecidas, dificulta a mobilização e a busca por soluções efetivas para os desafios sociais. Questões como desigualdade, degradação ambiental e injustiças sociais tendem a persistir quando os indivíduos adotam uma postura de conformismo, abdicando de seu papel como agentes de mudança. A passividade diante desses problemas é reforçada por diversos fatores, incluindo o excesso de informação, o cansaço mental e a sensação de impotência frente a questões de grande complexidade. Ademais, o papel das mídias sociais e da internet, embora ofereça um espaço para debates, muitas vezes resulta em ativismo superficial e em uma sensação de falsa participação. Assim, o conformismo moderno é sustentado por uma combinação de fatores psicológicos e sociais que inibem ações efetivas e transformadoras. Ao compreender essa dinâmica, é possível refletir sobre alternativas que incentivem a participação ativa e a responsabilidade social. A análise do conformismo moderno, portanto, oferece uma perspectiva crítica sobre a passividade dos sujeitos e abre caminhos para que a sociedade promova mudanças significativas frente aos problemas atuais.
Palavras-chave: Conformismo. Passividade. Problemas sociais.
ABSTRACT
Modern conformism reflects a posture of passivity among individuals in the face of social issues that characterize contemporary society. This behavior, marked by apathy and acceptance of established norms and conditions, hinders mobilization and the search for effective solutions to social challenges. Issues such as inequality, environmental degradation, and social injustices tend to persist when individuals adopt a conformist stance, abandoning their role as agents of change. Passivity toward these problems is reinforced by various factors, including information overload, mental fatigue, and a sense of helplessness in the face of complex issues. Additionally, while social media and the internet offer a platform for debate, they often result in superficial activism and a false sense of participation. Thus, modern conformism is sustained by a combination of psychological and social factors that inhibit effective, transformative actions. By understanding this dynamic, one can reflect on alternatives that encourage active participation and social responsibility. Analyzing modern conformism, therefore, provides a critical perspective on individual passivity and opens pathways for society to promote meaningful change in addressing current issues.
Keywords: Conformism. Passivity. Social issues.
1 INTRODUÇÃO
A passividade dos sujeitos diante dos problemas sociais contemporâneos caracteriza o fenômeno do conformismo moderno, um comportamento que reflete a aceitação das condições estabelecidas e a falta de iniciativa para mudanças. Em uma sociedade marcada por desafios como a desigualdade social, a degradação ambiental e o aumento das injustiças, o conformismo impede a mobilização e dificulta a busca por soluções eficazes. Essa postura de apatia e resignação é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e participativa, onde os cidadãos assumam seu papel como agentes de transformação.
Diversos fatores contribuem para o conformismo moderno, entre eles o excesso de informação e o cansaço mental, que reduzem a capacidade dos indivíduos de lidar com questões complexas. A quantidade massiva de informações disponíveis, frequentemente sem uma análise crítica, gera confusão e dificulta a compreensão dos problemas sociais. Esse cenário cria uma sensação de sobrecarga mental, levando as pessoas a adotar uma postura de passividade e indiferença, na qual deixam de se engajar com os problemas sociais que as cercam.
Outro elemento que reforça o conformismo é a sensação de impotência que os indivíduos sentem diante da magnitude dos problemas sociais. Diante de questões de grande escala e complexidade, como as mudanças climáticas e a pobreza, muitas pessoas sentem que suas ações individuais são insuficientes para promover mudanças significativas. Esse sentimento de incapacidade gera uma aceitação passiva das condições impostas, dificultando a mobilização para a transformação social.
As redes sociais e a internet, embora proporcionem um espaço para debates, também desempenham um papel na manutenção do conformismo moderno. As interações nesses meios, muitas vezes, limitam-se a um ativismo superficial, caracterizado pelo compartilhamento de conteúdos e opiniões sem um real engajamento ou ações concretas. Esse ativismo de superfície cria uma falsa sensação de participação, ao mesmo tempo em que perpetua a passividade frente aos problemas sociais, gerando um ciclo de inação e conformismo.
A análise do conformismo moderno permite refletir sobre as causas e os impactos desse comportamento na sociedade contemporânea. Compreender essa dinâmica é essencial para a busca de alternativas que incentivem a participação ativa e o desenvolvimento de uma responsabilidade social efetiva. Dessa forma, torna-se possível pensar em maneiras de superar a passividade e fomentar uma sociedade mais engajada, onde os cidadãos assumam seu papel de protagonistas na busca por soluções para os desafios sociais atuais.
2. DESENVOLVIMENTO
O conformismo moderno reflete uma postura de passividade que afeta profundamente o engajamento dos indivíduos com as problemáticas sociais da atualidade. A aceitação das condições impostas pela sociedade e a falta de mobilização para a transformação social são características que limitam o papel dos cidadãos como agentes de mudança. A passividade dos sujeitos, portanto, contribui para a perpetuação de desafios como a desigualdade, a injustiça e a degradação ambiental, impedindo avanços significativos em direção a uma sociedade mais equitativa e sustentável. Essa postura passiva torna-se um obstáculo à ação coletiva e à formação de uma sociedade mais participativa e transformadora. (HENRIQUE,2020)
Diversos fatores reforçam esse comportamento de conformismo e passividade, incluindo o fenômeno do excesso de informação e o cansaço mental que ele acarreta. A sociedade moderna é caracterizada por uma abundância de dados e notícias, que nem sempre são filtrados de maneira crítica. Essa sobrecarga informacional cria um estado de confusão e fadiga, dificultando que as pessoas compreendam os problemas de forma profunda e tomem ações efetivas. A sensação de estar sempre “atualizado” com o fluxo constante de notícias, paradoxalmente, pode levar à inação, pois os indivíduos sentem-se sobrecarregados e incapazes de agir frente a tanta complexidade. (DUARTE,2016)
Outro fator que intensifica o conformismo é a sensação de impotência diante da grandeza dos problemas sociais contemporâneos. Questões como a crise climática, a pobreza e as desigualdades de acesso a recursos parecem estar além do controle individual, gerando uma sensação de que qualquer esforço pessoal é insignificante frente à magnitude desses desafios. Essa percepção reforça o conformismo, ao desmotivar a participação ativa e induzir as pessoas a aceitar as condições estabelecidas sem questionamento ou tentativa de mudança. O conformismo, assim, surge como uma reação à percepção de que as ações individuais são insuficientes para enfrentar os problemas globais. (SANTARÉM,2013)
As redes sociais e a internet também desempenham um papel ambivalente na promoção do engajamento social. Embora essas plataformas ofereçam oportunidades para o debate e a disseminação de informações, elas também estimulam um tipo de ativismo superficial, onde os usuários compartilham conteúdos e expressam opiniões sem um verdadeiro compromisso com a ação concreta. Esse “ativismo de sofá”, como é popularmente chamado, gera uma falsa sensação de participação, onde os indivíduos acreditam estar contribuindo para mudanças, quando, na realidade, mantêm-se passivos e distantes das soluções reais. Assim, a internet contribui para perpetuar o conformismo, ao incentivar um engajamento que não exige ações efetivas. (HELOÍSA,2017)
Refletir sobre o conformismo moderno é fundamental para entender os desafios enfrentados pela sociedade contemporânea em sua busca por mudanças sociais significativas. Compreender os fatores que levam à passividade permite identificar alternativas e estratégias que promovam o engajamento ativo e a responsabilidade social. Ao questionar o conformismo, é possível pensar em formas de superar a passividade e incentivar a participação cidadã na solução de problemas sociais. Dessa maneira, a análise do conformismo moderno é um passo essencial para promover uma sociedade mais consciente, onde os indivíduos reconhecem seu potencial transformador e atuam como protagonistas na construção de um futuro mais justo e equilibrado. (HENRIQUE,2020)
2.1 Conformismo Contemporâneo: A Passividade Frente aos Problemas Sociais Atuais
A passividade dos sujeitos diante dos problemas sociais é uma característica marcante do conformismo moderno, que impede uma mobilização efetiva em prol de transformações significativas. Esse comportamento manifesta-se na aceitação de normas e condições impostas pela sociedade, sem uma avaliação crítica ou uma tentativa de mudança. A inação diante de problemas como desigualdade, injustiça e degradação ambiental reforça o status quo, criando um cenário onde as questões sociais persistem. O conformismo, assim, limita a capacidade dos indivíduos de atuarem como agentes de mudança, inibindo a formação de uma sociedade mais justa e igualitária. (TERESA,2017)
A aceitação passiva das condições sociais vigentes é sustentada por uma série de fatores psicológicos e sociais que reforçam o conformismo. A busca pela estabilidade e pela segurança, por exemplo, leva muitas pessoas a evitarem ações ou atitudes que possam gerar conflitos ou instabilidade. Esse comportamento reflete uma aversão ao risco e uma preferência pela manutenção da ordem, mesmo que essa ordem seja injusta ou desfavorável para a sociedade como um todo. Dessa forma, o conformismo é alimentado por uma visão de mundo que privilegia a segurança individual em detrimento de uma postura ativa em relação às questões coletivas. (HELOÍSA,2017)
O conformismo também é reforçado pela falta de incentivo para a participação ativa na vida pública. A estrutura social contemporânea, com ênfase no individualismo e na busca pelo sucesso pessoal, acaba por desvalorizar o engajamento comunitário e a responsabilidade social. Esse enfoque no individualismo cria um ambiente onde a passividade é encorajada, já que a preocupação com o bem-estar coletivo é frequentemente substituída pela busca de realizações pessoais. Como resultado, o conformismo moderno torna-se uma resposta natural a uma estrutura que desestimula a ação coletiva e prioriza o interesse individual. (RANDON,2019)
Além disso, o conformismo moderno encontra suporte nas instituições e nas práticas que perpetuam a ideia de que os problemas sociais são inevitáveis e intransponíveis. Esse discurso de inevitabilidade faz com que os indivíduos enxerguem questões como pobreza, desigualdade e degradação ambiental como aspectos inerentes à sociedade, imutáveis e naturais. Quando os problemas são percebidos dessa forma, a tendência à passividade aumenta, pois os indivíduos sentem-se incapazes de promover mudanças. A resignação, assim, torna-se uma consequência do próprio sistema social, que desencoraja a ação e reforça o conformismo. (DUARTE,2016)
O conformismo moderno, portanto, é um fenômeno complexo que se sustenta em fatores psicológicos, sociais e institucionais. A aceitação passiva dos problemas sociais, longe de ser uma escolha isolada, é resultado de uma série de influências que moldam o comportamento dos indivíduos. Dessa forma, o conformismo limita o potencial transformador da sociedade, perpetuando as injustiças e os problemas que afetam o coletivo. Questionar e compreender essas dinâmicas é essencial para desenvolver estratégias que incentivem a participação ativa e a responsabilidade social, fundamentais para a construção de uma sociedade mais equitativa e consciente. (HELENA,2017)
O excesso de informação é um dos fatores que contribuem para o conformismo moderno e a passividade dos sujeitos frente aos problemas sociais. A sociedade contemporânea é caracterizada pela abundância de dados e notícias, muitas vezes sem filtros e com abordagens superficiais, o que dificulta a compreensão profunda das questões discutidas. Esse volume de informações, ao invés de incentivar a ação e o engajamento, muitas vezes gera confusão e leva ao cansaço mental. As pessoas sentem-se sobrecarregadas, o que reduz sua disposição para refletir criticamente sobre os problemas sociais e buscar soluções. (HERNANDES,2018)
Essa sobrecarga de informações frequentemente resulta em um fenômeno conhecido como “paralisia por análise”, em que a quantidade excessiva de dados dificulta a tomada de decisão e leva à inação. Com tantas opiniões, perspectivas e informações conflitantes, os indivíduos podem sentir-se incapazes de determinar qual curso de ação é o mais adequado. Esse cenário favorece o conformismo, pois a dificuldade em processar a informação leva os sujeitos a adotar uma postura de aceitação das condições existentes, evitando qualquer ação que exija um esforço adicional para a análise e a tomada de decisão. (DANTAS,2015)
Além disso, o cansaço mental gerado pela exposição contínua a informações também reduz a capacidade dos indivíduos de se engajarem ativamente com as questões sociais. A exposição constante às notícias, especialmente aquelas que retratam situações de crise e problemas de difícil solução, provoca um desgaste emocional que leva muitas pessoas a se afastarem dos temas. Esse afastamento, por sua vez, reforça a passividade e a indiferença, criando um ciclo em que os sujeitos preferem manter-se distantes das discussões e aceitar a realidade como ela é. (HENRIQUE,2020)
A ausência de uma análise crítica sobre o conteúdo consumido também contribui para a perpetuação do conformismo. A maioria das informações disponíveis é apresentada de forma rápida e sem aprofundamento, o que limita a capacidade das pessoas de formar opiniões bem fundamentadas. Sem uma reflexão crítica, os indivíduos tornam-se mais suscetíveis a aceitar a situação social vigente, sem questionar ou buscar formas de transformação. Essa falta de questionamento aprofunda o conformismo, criando um ambiente onde a passividade se torna uma resposta padrão aos problemas sociais. (VITOR,2016)
Assim, o excesso de informação e o cansaço mental associados a ele têm um papel central na promoção do conformismo moderno. A sobrecarga de dados e a falta de análise crítica não apenas impedem o engajamento ativo dos indivíduos, mas também reforçam a aceitação passiva das condições sociais. Superar esse desafio é essencial para desenvolver uma sociedade mais consciente e participativa, onde o acesso à informação promova a ação, e não à inércia. Dessa forma, torna-se possível transformar o conformismo em engajamento e a passividade em responsabilidade social. (HERNANDES,2018)
A sensação de impotência é um dos fatores centrais que alimentam o conformismo e a passividade dos sujeitos diante dos problemas sociais contemporâneos. Quando confrontados com questões de grande escala, como as crises ambientais, a pobreza e a desigualdade, muitos indivíduos sentem que suas ações individuais são insignificantes frente à magnitude desses desafios. Esse sentimento de incapacidade para provocar mudanças reais desmotiva a participação ativa e leva à aceitação das condições existentes, o que reforça o conformismo e inibe o potencial transformador dos indivíduos na sociedade. (HELOÍSA,2017)
Esse fenômeno de impotência é intensificado pela complexidade dos problemas sociais, que muitas vezes são apresentados de forma desproporcional ou fatalista, o que desencoraja o engajamento pessoal. Quando as questões sociais são tratadas como desafios insuperáveis ou como situações que apenas grandes instituições ou governos podem resolver, a tendência é que os indivíduos sintam que qualquer ação pessoal seria irrelevante. Esse tipo de narrativa contribui para a perpetuação do conformismo, criando uma visão de que os problemas estão fora do alcance dos cidadãos comuns e reforçando a aceitação passiva da realidade. (TERESA,2017)
A falta de exemplos concretos de sucesso em mudanças sociais também contribui para a sensação de impotência. Muitas pessoas não têm acesso a casos em que a ação individual ou comunitária tenha produzido resultados positivos. Essa ausência de referências dificulta a motivação para agir, pois a percepção geral é de que as tentativas de mudança são frequentemente frustradas. O conformismo, assim, se alimenta de uma visão negativa sobre a eficácia da ação social, limitando a disposição dos indivíduos para assumirem papéis ativos em questões coletivas. (VITOR,2016)
Outro aspecto que intensifica o sentimento de impotência é o isolamento social, que, mesmo em um mundo hiperconectado, ainda afeta muitas pessoas. Esse isolamento faz com que os indivíduos acreditem que estão sozinhos em seus ideais e preocupações, o que dificulta a formação de movimentos e redes de apoio. Sem o incentivo de uma comunidade ou de um grupo que compartilhe os mesmos objetivos, os sujeitos sentem-se ainda mais impotentes para promover mudanças, reforçando a aceitação passiva e o conformismo em relação às condições sociais. (HERNANDES,2018)
A superação desse sentimento de impotência é fundamental para quebrar o ciclo de conformismo e incentivar o engajamento social. Através do fortalecimento de redes de apoio, da divulgação de exemplos de transformação social e do incentivo à formação de coletivos, é possível restaurar a confiança dos indivíduos em seu potencial para realizar mudanças. Dessa forma, a sociedade pode criar um ambiente onde a ação e a participação são valorizadas, rompendo com a passividade e promovendo uma postura ativa frente aos problemas sociais. (HENRIQUE,2020)
As redes sociais e a internet exercem um papel ambíguo na dinâmica do conformismo moderno, oferecendo tanto uma plataforma para o debate quanto reforçando o ativismo superficial. Embora esses meios permitam a disseminação de informações e a mobilização para causas sociais, muitas interações acabam limitadas ao que é conhecido como “ativismo de sofá”. Esse tipo de ativismo caracteriza-se pelo compartilhamento de conteúdos, comentários e reações que geram a ilusão de engajamento, sem um comprometimento real ou ações práticas que possam impactar de forma concreta as questões em pauta. Assim, o uso das redes, em vez de incentivar a ação, frequentemente perpetua a passividade. (HENRIQUE,2020)
O “ativismo de sofá” é impulsionado pela facilidade de interação virtual, onde a participação se limita ao ato de “curtir” ou compartilhar uma postagem, sem que haja um envolvimento mais profundo. Essa superficialidade não exige o esforço necessário para entender as causas e os desafios das questões sociais, o que enfraquece o impacto dessas ações. A sensação de ter participado ao realizar pequenas ações online cria uma falsa impressão de contribuição, o que inibe a busca por engajamentos mais significativos e reforça o conformismo. (HELENA,2017)
Outro aspecto relevante é a capacidade das redes sociais de criar bolhas de informação, onde os indivíduos interagem apenas com conteúdos e pessoas que compartilham suas visões de mundo. Esse isolamento em bolhas de opinião reduz a exposição a perspectivas diferentes e limita o entendimento crítico das questões sociais. Como resultado, os usuários tornam-se mais propensos a aceitar passivamente o que é compartilhado dentro de suas bolhas, sem questionar ou buscar uma compreensão mais ampla. Esse fenômeno aprofunda o conformismo, dificultando o desenvolvimento de uma postura ativa e engajada. (DANTAS,2015)
As redes sociais também incentivam a chamada “cultura do cancelamento”, que desestimula o debate saudável e crítico. O receio de represálias faz com que muitos usuários evitem expressar opiniões divergentes, adotando uma postura conformista para evitar o julgamento social. Essa pressão para a conformidade limita a troca de ideias e a possibilidade de desenvolvimento de soluções colaborativas para problemas sociais, consolidando ainda mais a passividade e o conformismo no ambiente digital. (HELENA,2017)
Desse modo, embora a internet e as redes sociais tenham o potencial de promover discussões e mobilizações, elas frequentemente reforçam a passividade por meio de interações superficiais e da criação de bolhas e padrões de comportamento que inibem o engajamento profundo. Superar esses desafios exige uma conscientização dos limites do ativismo virtual e a promoção de formas de engajamento que ultrapassem o espaço digital e contribuam para transformações reais na sociedade. (TERESA,2017)
As redes sociais e a internet exercem um papel ambíguo na dinâmica do conformismo moderno, oferecendo tanto uma plataforma para o debate quanto reforçando o ativismo superficial. Embora esses meios permitam a disseminação de informações e a mobilização para causas sociais, muitas interações acabam limitadas ao que é conhecido como “ativismo de sofá”. Esse tipo de ativismo caracteriza-se pelo compartilhamento de conteúdos, comentários e reações que geram a ilusão de engajamento, sem um comprometimento real ou ações práticas que possam impactar de forma concreta as questões em pauta. Assim, o uso das redes, em vez de incentivar a ação, frequentemente perpetua a passividade. (DUARTE,2016)
O “ativismo de sofá” é impulsionado pela facilidade de interação virtual, onde a participação se limita ao ato de “curtir” ou compartilhar uma postagem, sem que haja um envolvimento mais profundo. Essa superficialidade não exige o esforço necessário para entender as causas e os desafios das questões sociais, o que enfraquece o impacto dessas ações. A sensação de ter participado ao realizar pequenas ações online cria uma falsa impressão de contribuição, o que inibe a busca por engajamentos mais significativos e reforça o conformismo. (HERNANDES,2018)
Outro aspecto relevante é a capacidade das redes sociais de criar bolhas de informação, onde os indivíduos interagem apenas com conteúdos e pessoas que compartilham suas visões de mundo. Esse isolamento em bolhas de opinião reduz a exposição a perspectivas diferentes e limita o entendimento crítico das questões sociais. Como resultado, os usuários tornam-se mais propensos a aceitar passivamente o que é compartilhado dentro de suas bolhas, sem questionar ou buscar uma compreensão mais ampla. Esse fenômeno aprofunda o conformismo, dificultando o desenvolvimento de uma postura ativa e engajada. (VITOR,2016)
As redes sociais também incentivam a chamada “cultura do cancelamento”, que desestimula o debate saudável e crítico. O receio de represálias faz com que muitos usuários evitem expressar opiniões divergentes, adotando uma postura conformista para evitar o julgamento social. Essa pressão para a conformidade limita a troca de ideias e a possibilidade de desenvolvimento de soluções colaborativas para problemas sociais, consolidando ainda mais a passividade e o conformismo no ambiente digital. (HERNANDES,2018)
Desse modo, embora a internet e as redes sociais tenham o potencial de promover discussões e mobilizações, elas frequentemente reforçam a passividade por meio de interações superficiais e da criação de bolhas e padrões de comportamento que inibem o engajamento profundo. Superar esses desafios exige uma conscientização dos limites do ativismo virtual e a promoção de formas de engajamento que ultrapassem o espaço digital e contribuam para transformações reais na sociedade. (HENRIQUE,2020)
3. CONCLUSÃO
Portanto, a passividade dos indivíduos diante dos problemas sociais reflete um conformismo que limita o potencial de transformação na sociedade contemporânea. Esse comportamento de aceitação das condições impostas e de inação frente aos desafios coletivos é alimentado por fatores psicológicos e sociais que inibem a participação ativa. O conformismo moderno, assim, emerge como um fenômeno que dificulta a construção de uma sociedade mais justa e participativa, onde os cidadãos desempenham um papel ativo na busca por soluções para as questões sociais.
Diversos fatores contribuem para a manutenção desse conformismo, incluindo o excesso de informação, a sensação de impotência e a influência das redes sociais. Cada um desses elementos reforça a passividade e a aceitação, criando um cenário onde a inação se torna a resposta padrão aos problemas contemporâneos. Entender essas dinâmicas é fundamental para pensar em alternativas que rompam o ciclo de conformismo e incentivem uma postura de engajamento e responsabilidade social entre os cidadãos.
A superação do conformismo moderno exige uma abordagem integrada que inclua a educação para a cidadania, o fortalecimento de redes de apoio e a divulgação de exemplos de sucesso. Essas estratégias, ao promoverem a consciência social e o engajamento ativo, ajudam a reverter a passividade e a fomentar uma sociedade mais participativa. Assim, torna-se possível transformar o conformismo em ação e a apatia em responsabilidade, criando uma cultura de participação e transformação social.
Ao questionar o conformismo, a sociedade abre caminho para que os cidadãos reconheçam seu papel como agentes de mudança. Esse reconhecimento é essencial para a construção de um ambiente social onde a ação e o engajamento sejam valorizados. Dessa forma, o conformismo moderno, embora enraizado em fatores diversos, pode ser superado por meio de uma conscientização crítica e do incentivo à participação, promovendo uma sociedade mais justa e consciente.
Em conclusão, a análise do conformismo moderno revela a importância de repensar as práticas e os valores que moldam o comportamento dos indivíduos diante dos problemas sociais. Ao substituir a passividade pela ação e o conformismo pela responsabilidade, a sociedade pode avançar em direção a um modelo mais inclusivo e participativo, onde cada cidadão desempenhe um papel essencial na construção de um futuro mais equitativo e sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DANTAS, Henrique. Cidadania e Engajamento: Uma Nova Perspectiva sobre o Conformismo Social. São Paulo, 2015
DUARTE, Paulo. O Papel das Redes Sociais na Passividade dos Indivíduos. Curitiba, 2016
HELOÍSA, Maria. A Influência das Mídias no Comportamento Passivo dos Sujeitos. Campinas, 2017.
HELENA, Júlia. Excesso de Informação e Inação Social: Um Estudo sobre o Conformismo Moderno. Belo Horizonte, 2017.
HENRIQUE, Daniel. Cidadania e Engajamento: Uma Nova Perspectiva sobre o Conformismo Social. São Paulo, 2020.
HERNANDES, Marina. Cultura do Conformismo e Desafios da Sociedade Contemporânea. Salvador, 2018.
RANDON, Vinícius. A Sociedade da Passividade: A Influência do Conformismo nas Questões Sociais. Rio de Janeiro, 2019.
SANTARÉM, Márcio. Ativismo de Sofá e a Ilusão de Participação Social. Brasília, 2013.
TERESA, Ana. Conformismo e Modernidade: A Passividade Frente aos Problemas Sociais. Porto Alegre, 2017.
VITOR, João. A Educação para a Cidadania e a Superação do Conformismo. Florianópolis, 2016
1 Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de TCC.