COMPLICAÇÕES E SEQUELAS DE FRATURAS FACIAIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11217457


Douglas José De Souza Ribeiro
Prof. Orientador: Adson Diniz Barros


RESUMO

Fraturas faciais representam um desafio significativo devido à complexidade das estruturas envolvidas e às potenciais complicações e sequelas, tanto estéticas quanto funcionais. Este estudo buscou explorar as várias complicações e sequelas decorrentes de fraturas faciais, focando em melhorar o diagnóstico, o manejo clínico e as intervenções cirúrgicas para otimizar os resultados do tratamento e minimizar os impactos na qualidade de vida dos pacientes. A metodologia utilizada envolveu uma análise abrangente da literatura existente, bem como o estudo de casos clínicos detalhados para avaliar as diferentes abordagens de tratamento e suas eficácias. A pesquisa focou em identificar os fatores que contribuem para as complicações e em desenvolver estratégias para preveni-las ou minimizá-las eficazmente. As conclusões do estudo enfatizam a necessidade de um diagnóstico rápido e preciso, além de uma intervenção cirúrgica apropriada e um acompanhamento rigoroso. Esses elementos são essenciais não apenas para a recuperação funcional e estética, mas também para reduzir a carga socioeconômica associada a essas lesões complexas. O estudo ressalta a importância de abordagens multidisciplinares no tratamento das fraturas faciais, envolvendo diversas especialidades médicas para cobrir todas as necessidades dos pacientes.

Palavras-chave: Fraturas faciais; complicações; sequelas; diagnóstico; tratamento.

ABSTRACT

Fraturas metálicas representam um desafio significativo devido à complexidade das estruturas envolvidas e às possíveis consequências e sequelas, tanto estéticas quanto funcionais. Este estudo buscou explorar as diversas complicações e sequelas decorrentes de fraturas faciais, focando em melhorar o diagnóstico, o manejo clínico e as intervenções cirúrgicas para melhorar os resultados do tratamento e minimizar os impactos na qualidade de vida dos pacientes. A metodologia utilizada envolveu uma análise abrangente da literatura existente, bem como o estudo de casos clínicos detalhados para avaliar as diferentes abordagens de tratamento e suas eficácias. A pesquisa se concentrou em identificar os fatores que contribuem para as complicações e em desenvolver estratégias para preveni-las ou minimizá-las eficazmente. As conclusões do estudo enfatizam a necessidade de um diagnóstico rápido e preciso, além de uma intervenção cirúrgica específica e um acompanhamento rigoroso. Esses elementos são essenciais não apenas para a recuperação funcional e estética, mas também para reduzir a carga socioeconômica associada a essas lesões complexas. O estudo ressalta a importância de abordagens multidisciplinares no tratamento de fraturas ósseas, envolvendo diversas especialidades médicas para cobrir todas as necessidades dos pacientes.

Palavras-chave: Fraturas ósseas; complicações; sequelas; diagnóstico; tratamento.

1 INTRODUÇÃO

Fraturas faciais representam um desafio significativo na prática clínica, dada a complexidade das estruturas anatômicas envolvidas e as consequências funcionais e estéticas de suas complicações e sequelas. Este estudo tem como objetivo abordar as diversas complicações e sequelas que podem emergir após fraturas faciais, explorando aspectos de diagnóstico, manejo clínico e intervenções cirúrgicas, com o intuito de melhorar os resultados do tratamento e minimizar os impactos na qualidade de vida dos pacientes.

Fraturas faciais são predominantes em decorrência de traumas de alta energia, como acidentes de trânsito, agressões físicas e acidentes esportivos, sendo mais comuns em homens jovens, conforme relatado por Cassiano et al. (2021) e Silva e Ferreira (2013). A relevância de entender suas complicações transcende a imediata necessidade médica, alcançando implicações sociais e econômicas significativas, especialmente considerando que tais lesões podem levar a deformidades permanentes, deficiências funcionais e impacto psicológico profundo (Almeida et al., 2023).

As complicações de fraturas faciais podem ser imediatas ou tardias, incluindo infecções, perda de função sensorial ou motora, assim como problemas respiratórios e de fala devido ao envolvimento de estruturas anatômicas críticas (Faria, 2019). Por exemplo, fraturas do tipo Le Fort, como discutido por Almeida et al. (2023), podem levar a complexidades significativas no tratamento, especialmente quando o manejo é retardado. Este tipo de fratura envolve separações horizontais da maxila que, se não tratadas prontamente, podem resultar em alterações crônicas na oclusão e na estética facial.

A infecção é uma complicação comum e perigosa, frequentemente exacerbada por tratamentos tardios ou inadequados. Segundo Figueiredo (2020), a osteomielite é uma preocupação real nas fraturas mandibulares e maxilares não resolvidas adequadamente. A complexidade do tratamento das fraturas faciais é ampliada pela necessidade de restaurar a função estética e mecânica das estruturas afetadas, como destacado por Terán (2018), que aponta a necessidade de abordagens multidisciplinares envolvendo oftalmologistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e outros especialistas para um manejo eficaz.

A consolidação inadequada das fraturas pode levar a sequelas a longo prazo, como deformidades faciais e má oclusão, que podem exigir intervenções cirúrgicas complexas e prolongadas, como cirurgias ortognáticas. Estas são essenciais para corrigir discrepâncias esqueléticas que não só afetam a aparência, mas também comprometem funções básicas como a mastigação e a respiração (Figueiredo, 2020).

A escolha do método de fixação durante o tratamento inicial de fraturas faciais também é crucial para evitar sequelas. A utilização de técnicas de fixação interna, como placas e parafusos, tem demonstrado melhores resultados em termos de estabilidade e redução de complicações pósoperatórias, conforme discutido por Cruz (2011). No entanto, a técnica cirúrgica deve ser cuidadosamente escolhida com base na localização e gravidade da fratura, a experiência do cirurgião e as condições específicas do paciente.

Portanto, este estudo pretende contribuir para a literatura existente, explorando profundamente as complicações e sequelas associadas a fraturas faciais, com o objetivo de destacar a importância de um diagnóstico rápido e preciso, uma intervenção cirúrgica adequada e um acompanhamento rigoroso. Isso não só melhora os resultados funcionais e estéticos para os pacientes, mas também ajuda a reduzir a carga socioeconômica associada a essas lesões complexas.

2 ANATOMIA DO ESQUELETO FACIAL

O esqueleto facial é uma complexa estrutura óssea que não apenas forma a base da expressão e da identidade visual do ser humano, mas também desempenha funções vitais relacionadas à respiração, mastigação e comunicação. A compreensão detalhada da anatomia facial é fundamental para o diagnóstico e tratamento eficazes das fraturas faciais, que podem ter implicações significativas na qualidade de vida e na função do indivíduo afetado.

De acordo com Figueiredo (2020), a face é composta por várias estruturas ósseas articuladas que incluem a mandíbula, maxila, osso nasal, zigoma e os ossos palatinos. Estes ossos estão configurados de forma a proteger os órgãos sensoriais e os inícios do trato respiratório e digestivo, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Estrutura óssea da face

Fonte: Sanar (2021).

– Mandíbula: O único osso móvel do crânio, crucial para a mastigação e articulação da fala.

– Maxila: Suporta os dentes superiores e forma parte da cavidade nasal e das órbitas.

– Osso Nasal: Localizado centralmente, forma a ponte do nariz e se articula lateralmente com os ossos zigomáticos.

– Zigoma: Conhecido como o osso da bochecha, contribui para a abertura da órbita e articula-se com a maxila, o esfenoide e o osso temporal.

– Ossos Palatinos: Formam parte do palato duro e das paredes da cavidade nasal.

Cada uma dessas estruturas contribui para a integridade física e estética da face, assim como também para funções vitais como a alimentação, respiração e comunicação sensorial.

O entendimento da anatomia facial é essencial para o diagnóstico preciso e a gestão eficaz das fraturas faciais. Fraturas podem afetar qualquer um dos ossos faciais, comprometendo tanto a estética quanto a função. O tratamento de fraturas, como as classificações de Le Fort nos ossos maxilares, requer uma compreensão detalhada de sua anatomia para uma correção adequada que restaure tanto a forma quanto a função (Almeida et al., 2023).

A localização e a gravidade das fraturas faciais podem ter um impacto substancial nas estruturas adjacentes, como nervos e vasos sanguíneos, aumentando a complexidade do tratamento (Cassiano et al., 2021). Por exemplo, fraturas do complexo zigomático-orbitário podem afetar a integridade do globo ocular e exigem uma abordagem cirúrgica precisa para evitar danos permanentes à visão e à aparência do paciente (Cassiano et al., 2021).

Além disso, complicações de fraturas mal tratadas ou não tratadas podem levar a deformidades permanentes, como desalinhamentos oclusais que afetam a mastigação e a fala (Figueiredo, 2020). Portanto, um entendimento aprofundado da anatomia facial permite aos cirurgiões planejar e executar intervenções que minimizam o risco de complicações e maximizam os resultados funcionais e estéticos.

3 EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS FACIAIS

As fraturas faciais representam um desafio significativo para os sistemas de saúde devido à sua frequência, complexidade e impacto substancial na qualidade de vida dos pacientes. Compreender a epidemiologia dessas fraturas é crucial para desenvolver estratégias preventivas eficazes e otimizar abordagens de tratamento (Maia et al., 2021).

As fraturas faciais são comumente associadas a acidentes de trânsito, agressões físicas, quedas e acidentes esportivos, com variações significativas em sua incidência dependendo de fatores geográficos, socioeconômicos e culturais (Maia et al., 2021; Minari et al., 2020). Em um estudo de Zanata et al. (2022), foi observado que a maior parte das fraturas faciais no Brasil está relacionada a acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motocicletas, que correspondem a uma proporção significativa dos casos (Figura 2).

Figura 2 – Etiologia do trauma facial

Fonte: Zanata et al. (2022).

Conforme observado na Figura 2, 60 (42%) pessoas experimentaram acidentes envolvendo veículos automotores, 38 (27%) foram alvos de agressão física, 18 (13%) sofreram quedas, 10 (7%) estiveram envolvidos em acidentes com bicicleta, 7 (5%) foram atropelados, 4 (3%) sofreram ferimentos causados por arma de fogo, e 4 (3%) foram afetados por outros mecanismos. Esses dados enfatizam que acidentes envolvendo carros e violência física são apontados como as principais origens dos ferimentos na face. Isso pode ser atribuído à significativa disparidade socioeconômica no Brasil, que persiste e aumenta, acompanhada por altos níveis de desemprego, baixa taxa de escolaridade e consumo excessivo tanto de substâncias permitidas, como álcool, quanto de substâncias ilícitas.

Com relação à distribuição por idade e gênero, o mesmo estudo de Zanata et al. (2022) identificou que a maioria das fraturas faciais ocorre mais em homens jovens, especialmente entre as idades de 20 e 40 anos, refletindo maior exposição a atividades de risco e comportamentos imprudentes no trânsito. O perfil de risco inclui a não utilização de equipamentos de proteção, como capacetes, e a influência do álcool e drogas, que são fatores comuns nos acidentes que resultam em traumas faciais (Figura 3).

Figura 3 – Fraturais faciais por gênero

Fonte: Zanata et al. (2022).

De acordo com a Figura 3, observa-se que o número total de fraturas faciais é significativamente maior no gênero masculino (270 casos) em comparação ao feminino (70 casos). Isso pode sugerir uma maior exposição dos homens a atividades ou condições que os predispõem a fraturas faciais, como esportes, trabalho físico, ou maior envolvimento em acidentes de trânsito ou violência.

Nas categorias de duas e três fraturas, os números absolutos entre homens e mulheres são mais próximos, mas quando observamos as porcentagens, vemos que cada caso representa uma parcela maior para as mulheres em comparação aos homens. Isto sugere que, enquanto as mulheres têm menos fraturas totais, quando ocorrem, elas representam uma proporção maior dentro de seu total de casos.

Há uma diferença notável nos casos de quatro fraturas, onde os homens apresentam uma quantidade significativamente maior de casos (25) em comparação com as mulheres (5). Isso reforça a ideia de que homens podem estar mais expostos a incidentes mais graves ou múltiplos traumas.

Embora o número total de casos seja menor para mulheres, a porcentagem que cada categoria representa dentro do gênero feminino é geralmente maior do que para os homens, indicando que as fraturas, embora menos frequentes, têm um impacto proporcionalmente significativo.

Entre as estruturas mais frequentemente afetadas estão a órbita e maxila (Figura 4), com fraturas nasais também sendo comumente relatadas devido à sua posição proeminente no rosto (Viana e Barros, 2022). O tratamento das fraturas faciais geralmente envolve a redução fechada ou aberta, dependendo da severidade e localização da fratura. A recuperação pode ser complicada pela necessidade de preservar a funcionalidade e estética facial, o que reforça a importância de um manejo cuidadoso e multidisciplinar.

Figura 4 – Estruturas frequentemente mais afetadas

Fonte: Zanata et al. (2022).

De acordo com o estudo realizado por Zanata et al. (2022), a partir da análise de tomografias dos ossos faciais pós-trauma, foi identificado o seguinte padrão de fraturas: 17 pacientes (12%) apresentaram fraturas no osso frontal; 95 pacientes (67%) tiveram fraturas na órbita, sendo 30 na órbita direita, 38 na esquerda e 27 em ambas; 46 pacientes (32%) sofreram fraturas no zigoma, com 17 fraturas no lado direito, 24 no esquerdo e 5 em ambos os lados; 38 pacientes (28%) apresentaram fraturas no osso nasal; 79 pacientes (56%) tiveram fraturas na maxila, com 22 no lado direito, 34 no esquerdo e 23 em ambos; 58 pacientes (41%) sofreram fraturas na mandíbula; 2 pacientes (1%) tiveram fraturas no osso esfenoide e outros 2 (1%) no osso temporal, ambos no lado direito.

A partir das informações fornecidas pelo estudo de Zanata et al. (2022), algumas conclusões importantes podem ser extraídas sobre a natureza das fraturas faciais após traumas:

1. Prevalência de Fraturas na Órbita: As fraturas na órbita foram as mais comuns, com 67% dos pacientes afetados. Isso sugere uma alta vulnerabilidade dessa área a traumas faciais. A distribuição das fraturas orbitais também mostra um equilíbrio entre as laterais direita e esquerda, mas com uma incidência significativa de fraturas bilaterais.

2. Fraturas Frequentes na Maxila e Mandíbula: Estas áreas também mostraram uma alta frequência de fraturas (56% na maxila e 41% na mandíbula), indicando que são pontos de impacto comum em traumas faciais. A distribuição das fraturas na maxila e na mandíbula sugere que ambas as laterais são quase igualmente susceptíveis.

3. Menor Incidência em Ossos Esfenoide e Temporal: Fraturas no esfenoide e no osso temporal foram muito raras (1% cada), o que pode ser devido à sua posição mais protegida dentro da estrutura craniana.

4. Distribuição das Fraturas no Zigoma e Osso Nasal: As fraturas no zigoma e no osso nasal também foram relativamente comuns (32% e 28%, respectivamente), com uma maior incidência no lado esquerdo para o zigoma. Isto pode indicar uma predisposição ou uma frequência maior de impactos nesta lateral, ou talvez uma diferença na metodologia de relato ou na natureza dos traumas enfrentados pelos pacientes.

    O entendimento da epidemiologia das fraturas faciais é fundamental para orientar políticas públicas de prevenção, especialmente no que tange à segurança no trânsito e medidas de redução de violência. A identificação de grupos de risco e a implantação de estratégias focadas nesses grupos podem ajudar a diminuir a incidência dessas lesões, melhorando os resultados de saúde pública e individual para os pacientes afetados.

    3.1 TIPOS DE FRATURAS FACIAIS

    Segundo Rocha, Andrade e Jayanthi (2011), os traumas faciais podem envolver uma gama variada de estruturas, desde a pele, camadas de gordura, músculos, componentes neurovasculares, ossos e até mesmo tecidos cerebrais, dependendo da força do impacto. A avaliação clínica combinada com exames de imagem é crucial para o tratamento adequado desses pacientes. 

    Radiografias simples, principalmente nas vistas mento-naso (Waters) e fronto-naso (Caldwell), são frequentemente utilizadas para detectar inicialmente fraturas e deslocamentos. Contudo, essa técnica tem limitações devido à sobreposição de ossos e tecidos moles, que podem ser exacerbadas por edema e sangramentos causados pelo trauma. Por essa razão, a tomografia computadorizada (TC) está se estabelecendo como o método de imagem preferencial na avaliação de fraturas faciais, essencial não somente para o diagnóstico, mas também para determinar a extensão tridimensional da fratura, facilitando assim a definição do tratamento mais eficaz (Rocha; Andrade; Jayanthi, 2011).

    Silva, Zaccaro e Guatura (2020) dizem que as fraturas faciais podem ser classificadas em vários tipos principais. Primeiramente, as fraturas nasais (Figura 5) são as mais comuns e caracterizam-se pela fratura dos ossos nasais e do septo nasal, frequentemente diagnosticadas por crepitação e dor à palpação, e confirmadas por imagens que mostram o grau de desalinhamento e fragmentação. Sintomas incluem deformidade visível, edema e epistaxe. Imagens de TC ajudam a determinar desalinhamentos e a necessidade de intervenção cirúrgica.

    Figura 5 – Fratura nasal

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC imagem axial. Fratura dos ossos nasais (setas brancas) e do aspecto anterior do septo nasal (seta vermelha), com encurvamento e desvio para a esquerda dos fragmentos. (B) TC imagem axial. Fratura do processo frontal dos maxilares, com leve desvio para a direita à esquerda e desviado para a esquerda à direita (setas brancas). (C) TC imagem axial. Obliteração da porção anterior das cavidades nasais (asteriscos pretos). (D) TC em reformatação coronal em volume rendering 3D. Fratura nasal com acentuado desvio para a esquerda. 

    Em seguida, as fraturas mandibulares (Figura 6) são classificadas em simples, compostas, cominutivas e complicadas, afetando várias regiões da mandíbula, desde o côndilo até o processo coronóide, exigindo frequentemente intervenções cirúrgicas para correção e alinhamento. Caracterizadas por dor, desalinhamento dos dentes, e, em casos severos, dificuldade na abertura da boca. As imagens de TC são cruciais para detalhar a localização e extensão das fraturas (Silva; Zaccaro; Guatura, 2020).

    Figura 6 – Fratura mandibular

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC reformatação coronal. Fratura do processo condilar esquerdo (seta branca), com herniação superior do côndilo mandibular para a fossa craniana média (seta amarela). (B) TC axial. Fratura do corpo da mandíbula com desalinhamento. (C) TC em reformatação sagital oblíqua em volume rendering 3D. Fratura do corpo da mandíbula com desalinhamento e afastamento dos fragmentos.

    As fraturas de Le Fort I, II e III (Figuras 7, 8 e 9), nomeadas após os experimentos de René Le Fort, são divididas em três tipos que afetam diferentes níveis da maxila e da base craniana. Sintomas variam de acordo com o tipo, mas geralmente incluem mobilidade da maxila ou midface, maloclusão e, possivelmente, alterações na visão. O uso de imagens diagnósticas é essencial para planejar a abordagem cirúrgica apropriada (Silva; Zaccaro; Guatura, 2020).

    Figura 7 – Fratura de Le Fort I

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC reformatação coronal. Fratura do processo pterigóide bilateral (setas brancas). (B) TC reformatação em volume rendering 3D sagital oblíquo. Fratura transmaxilar (seta branca)

    Figura 8 – Fratura de Le Fort II

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC reformatação coronal. Fratura bilateral do processo pterigóide (setas brancas). (B) TC reformatação oblíqua em volume rendering 3D. Fratura do assoalho da órbita (setas brancas)

    Figura 9 – Fratura de Le Fort III

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC reformatação sagital oblíqua em volume rendering 3D. Fratura do teto da órbita (seta branca). (B) Fratura do arco zigomático (seta branca) e da parede lateral da órbita (seta amarela).

    As fraturas do complexo zigomaticomaxilar (Figura 10), comumente resultantes de traumas oblíquos, afetam áreas críticas como o arco zigomático e a parede lateral do seio maxilar. Geralmente resultam em alterações contornadas da face, dor na região malar e trismo. O diagnóstico por imagem é necessário para avaliar o impacto nos seios paranasais e a integridade do forame infraorbitário (Silva; Zaccaro; Guatura, 2020).

    Figura 10 – Fratura zigomaticomaxilar

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC imagem axial. Fratura do processo zigomático frontal direito (seta branca). (B) TC reformatação axial oblíqua. Fratura do arco zigomático (seta amarela) e da parede lateral do seio maxilar (seta vermelha). (C) TC reformatação em volume rendering 3D. Visualização tridimensional da fratura em tripé. (D) TC reformatação coronal. Extensão da fratura para o forame infraorbitário (cabeça de seta).

    Por último, as fraturas orbitárias (Figura 11) podem ser isoladas ou resultantes de extensões de outras fraturas faciais, afetando os ossos que compõem a órbita e frequentemente exigindo avaliação detalhada de possíveis herniações de tecido e compressão neurovascular (Silva; Zaccaro; Guatura, 2020).

    Figura 11 – Fratura orbitária

    Fonte: Rocha, Andrade e Jayanthi (2011).

    (A) TC reformatação coronal. Fratura do assoalho orbitário com herniação da gordura intra e extraconal e do músculo reto inferior (seta branca). (B) TC reformatação coronal. Fratura da parede medial e parte do assoalho da órbita com herniação da gordura extraconal e músculo reto lateral (seta vermelha).

    A tomografia computadorizada (TC) desempenha um papel crucial em todas essas categorias, permitindo uma visualização detalhada das estruturas comprometidas e facilitando a escolha do melhor tratamento (Silva; Zaccaro; Guatura, 2020).

    A compreensão dos diferentes tipos de fraturas, assim como suas manifestações clínicas e as ferramentas diagnósticas necessárias, é essencial para um tratamento eficaz e um planejamento cirúrgico adequado. Segundo Rocha et al. (2011) e Silva et al. (2020), cada tipo de fratura apresenta características únicas que influenciam diretamente na abordagem e nas técnicas utilizadas pelos profissionais de saúde.

    3.2 DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO CLÍNICA

    Os métodos diagnósticos para fraturas são essenciais para garantir a precisão do diagnóstico e o planejamento adequado do tratamento. Os exames de imagem desempenham um papel central, com destaque para radiografias, tomografias computadorizadas (TC) e ressonâncias magnéticas (MRI). As radiografias são frequentemente a primeira linha de investigação devido à sua disponibilidade e custo relativamente baixo. Elas são particularmente úteis para avaliar fraturas ósseas simples e complexas, permitindo uma visualização clara da interrupção cortical e dos desalinhamentos ósseos (Cassiano et al., 2021).

    Ainda segundo os mesmos autores, a tomografia computadorizada (TC) (Figura 12) oferece uma visualização detalhada das estruturas ósseas e é superior para a avaliação de fraturas complexas e sutis que podem não ser completamente visíveis em radiografias. A TC é especialmente valorizada em fraturas faciais e cranianas, onde a complexidade anatômica exige uma avaliação detalhada para planejamento cirúrgico preciso (Cassiano et al., 2021).

    Figura 12 – Imagem de tomografia computadoriza das estruturas ósseas da face

    Fonte: Cassianto et al. (2021).

    A ressonância magnética (MRI), embora menos comumente utilizada devido ao custo e menor disponibilidade, é particularmente útil para avaliar danos em tecidos moles e complicações de fraturas, como lesões de ligamentos, tendões e medula óssea. Esse método proporciona detalhes cruciais que podem influenciar o manejo terapêutico e o prognóstico do paciente (Almeida et al., 2023).

    De acordo com Cruz (2011), a avaliação clínica inicial de um paciente com suspeita de fratura inclui uma anamnese detalhada e exame físico. Informações sobre o mecanismo de lesão, sintomas associados como dor, deformidade, edema e a funcionalidade da área afetada são essenciais. O exame físico deve incluir a avaliação de sinais de comprometimento vascular ou neurológico e a extensão do dano aos tecidos moles.

    O seguimento de pacientes com fraturas é crítico para monitorar a cura e identificar possíveis complicações. Este inclui visitas regulares de acompanhamento durante as quais são realizadas avaliações clínicas e radiográficas para assegurar que a fratura está se consolidando adequadamente e que a função está sendo restaurada. A reabilitação, quando indicada, é ajustada com base na resposta do paciente ao tratamento e na progressão da cura óssea (Terán, 2018).

    A utilização adequada de métodos diagnósticos avançados e uma avaliação clínica detalhada são imperativos no manejo de fraturas. O diagnóstico preciso e uma compreensão completa da extensão da lesão são fundamentais para um tratamento eficaz e um bom resultado funcional. A integração de tecnologias de imagem com uma avaliação clínica cuidadosa facilita o planejamento terapêutico e melhora os resultados para os pacientes. Portanto, é essencial que profissionais de saúde mantenham-se atualizados sobre as melhores práticas e tecnologias emergentes no campo da diagnóstica e avaliação de fraturas.

    3.3 TRATAMENTO DE FRATURAS FACIAIS

    O tratamento das fraturas faciais pode ser dividido em conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade e tipo da fratura, bem como da condição geral do paciente. As técnicas cirúrgicas variam amplamente com base na localização e na complexidade das fraturas e frequentemente requerem uma abordagem multidisciplinar para otimizar os resultados. Cada método é selecionado com base na gravidade da fratura, necessidades estéticas e funcionais do paciente, e capacidades técnicas disponíveis (Quadro 1).

    Quadro 1 – Diferentes formas de tratamento de fraturas faciais

    ProcedimentoForma de Abordagem
    Redução aberta e interna (RAI)Nessa abordagem, o cirurgião realiza uma incisão na pele para acessar diretamente a fratura e realinhar os fragmentos ósseos em sua posição anatômica adequada. A fixação interna é feita com placas, parafusos, fios ou outros dispositivos para manter a estabilidade dos ossos durante o processo de cicatrização.
    Redução fechadaNessa técnica, os fragmentos ósseos são realinhados sem a necessidade de uma incisão cirúrgica direta. É frequentemente utilizada em fraturas menos complexas ou em casos onde a redução aberta não é viável.
    Cirurgia reconstrutivaEm casos mais graves de fraturas faciais complexas, a cirurgia reconstrutiva pode ser necessária para restaurar a anatomia e a função. Isso pode envolver a transferência de enxertos ósseos, como da crista ilíaca, para preencher defeitos ósseos ou a utilização de implantes personalizados para reconstruir áreas afetadas.
    Fixação rígidaO uso de placas e parafusos de titânio ou outros materiais de fixação rígida é comum no tratamento de fraturas faciais complexas. Estes dispositivos fornecem estabilidade aos ossos durante o processo de cicatrização e permitem uma recuperação mais rápida e precisa.
    Abordagem interdisciplinarEm muitos casos, é necessário o trabalho colaborativo entre especialidades, como cirurgiões maxilofaciais, otorrinolaringologistas, ortodontistas e fisioterapeutas, para alcançar resultados funcionais e estéticos ótimos.
    OsteotomiasEm alguns casos, a realização de osteotomias, que são cortes cirúrgicos intencionais nos ossos, pode ser necessária para reposicionar as estruturas faciais e corrigir deformidades após a consolidação da fratura.
    Osteossíntese endoscópicaTécnicas minimamente invasivas podem ser empregadas usando a ajuda de endoscópios para visualizar e fixar as fraturas. Essa abordagem pode reduzir as cicatrizes e o tempo de recuperação.
    Terapias conservadorasEm alguns casos selecionados, especialmente em fraturas menores ou em pacientes com condições médicas que impedem a cirurgia, a terapia conservadora pode ser adotada. Isso pode envolver o uso de dispositivos de contenção, como splints ou elásticos, para auxiliar na cicatrização das fraturas.
    Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Oliveira Net et al. (2023).

    Cada uma dessas abordagens tem suas indicações específicas e deve ser escolhida com base na complexidade da fratura, na condição geral do paciente e nos recursos disponíveis. A escolha do tratamento ideal depende de uma avaliação cuidadosa por parte dos profissionais de saúde envolvidos.

    Sobre isso, Silva e Ferreira (2013) dizem que o tratamento conservador é muitas vezes reservado para fraturas menores que não apresentam deslocamento significativo e não comprometem funções estéticas ou operacionais. Isso pode incluir medidas como imobilização, uso de bandagens ou talas, e monitoramento regular para garantir a cicatrização adequada sem intervenção cirúrgica.

    Já o tratamento cirúrgico, segundo Almeida et al. (2023) e Cassiano et al. (2021), é indicado para fraturas deslocadas, cominutivas, ou aquelas que afetam áreas funcionais importantes como a mandíbula, a órbita ou o complexo zigomático. As técnicas incluem a redução aberta com fixação interna rígida, utilizando placas e parafusos de titânio para estabilizar os fragmentos ósseos. Em casos complexos, como fraturas do tipo Le Fort, intervenções mais invasivas e técnicas de reconstrução podem ser necessárias para restaurar a funcionalidade e a estética.

    Fraturas Le Fort, por exemplo, requerem uma avaliação cuidadosa e uma abordagem cirúrgica meticulosa para garantir a restauração adequada da oclusão e da estética facial. As fraturas do tipo Le Fort I podem ser tratadas com técnicas que focam no realinhamento do maxilar superior, enquanto que as do tipo Le Fort II e III, que envolvem uma maior complexidade, podem exigir múltiplos pontos de fixação e colaboração entre especialistas (Almeida et al., 2023).

    Cassiano et al. (2021) afirmam que as fraturas orbitais e do complexo zigomático-orbitário muitas vezes necessitam de abordagens cirúrgicas que restauram a integridade do assoalho orbital para prevenir complicações a longo prazo, como a diplopia ou enoftalmia. Isso pode envolver o uso de enxertos ou implantes para suportar tecidos moles e manter a posição normal do globo ocular.

    A colaboração entre diversas especialidades é crucial no tratamento das fraturas faciais. Cirurgiões bucomaxilofaciais, oftalmologistas, otorrinolaringologistas e outros especialistas podem precisar trabalhar juntos, especialmente em casos que envolvem lesões complexas ou múltiplas estruturas faciais. Esta abordagem multidisciplinar garante que todas as questões funcionais e estéticas sejam abordadas, melhorando os resultados funcionais e estéticos para o paciente (Sales et al., 2021).

    Além disso, de acordo com Figueiredo (2020), o acompanhamento interdisciplinar ajuda a identificar e tratar complicações precocemente, garantindo uma recuperação mais rápida e eficaz. A integração de cuidados também pode facilitar a reabilitação do paciente, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional e, quando necessário, suporte psicológico para lidar com o impacto emocional das lesões faciais.

    Assim sendo, o tratamento das fraturas faciais é um campo complexo que exige uma compreensão detalhada das estruturas anatômicas envolvidas, bem como uma abordagem cirúrgica precisa e a colaboração entre diversas disciplinas médicas para alcançar resultados ideais tanto em termos funcionais quanto estéticos.

    3.4 COMPLICAÇÕES DE FRATURAS FACIAIS

    As complicações das fraturas faciais podem ser imediatas ou tardias e envolvem uma variedade de problemas funcionais e estéticos que podem afetar profundamente a qualidade de vida dos pacientes. A abordagem para o tratamento destas fraturas, e a prevenção de suas complicações, é uma área de constante pesquisa e desenvolvimento.

    As complicações imediatas das fraturas faciais incluem hemorragia, lesões de tecidos moles, danos aos nervos cranianos, e problemas oculares como a diplopia (visão dupla) e enoftalmia (retração do globo ocular). A hemorragia pode ser significativa, especialmente em fraturas que envolvem os seios paranasais e as fossas nasais, devido à rica vascularização dessas áreas (Almeida et al., 2023).

    As complicações tardias podem ser ainda mais problemáticas e incluem infecção, maloclusão, deformidades estéticas, e a síndrome da articulação temporomandibular (TMJ). A infecção é uma preocupação constante, especialmente se houve contaminação inicial ou se os dispositivos de fixação interna falharem em prevenir a movimentação dos fragmentos ósseos (Cassiando et al., 2021).

    A perda da função normal e as deformidades estéticas são, talvez, as complicações mais impactantes para os pacientes. Estas podem resultar de cicatrizes inestéticas, desalinhamento dos ossos faciais, ou de uma reconstrução insatisfatória. Almeida et al. (2023) discutem que o tratamento tardio das fraturas do tipo Le Fort pode levar a uma má oclusão grave, mudanças na estética facial, e dificuldades em funções básicas como mastigação e fala.

    Silva e Ferreira (2013) evidenciam que a infecção após uma fratura facial pode ser exacerbada por vários fatores, incluindo a presença de corpos estranhos, como vidro ou sujeira, ou por uma redução e fixação inadequada dos fragmentos ósseos. Além disso, fraturas abertas, que comunicam com o ambiente externo ou com a cavidade oral, são particularmente suscetíveis a infecções, que podem complicar o processo de cicatrização e resultar em osteomielite, uma infecção óssea graves.

    Já Faria (2019) diz que a perda de função, especialmente a mastigatória e a articulação da fala, é frequentemente resultado de maloclusão e desalinhamento dos arcos dentários. Isso não só afeta a habilidade de comer e falar, mas também pode levar a dor crônica e problemas de TMJ. A importância de um diagnóstico precoce e de um plano de tratamento eficaz é sublinhada por Almeida et al. (2023), que destacam a necessidade de tratamento precoce para prevenir tais desfechos.

    As deformidades estéticas são outra consequência grave das fraturas faciais mal tratadas. Estas deformidades podem variar desde discrepâncias sutis na simetria facial até deformações graves que requerem intervenções cirúrgicas adicionais para correção. A aparência física tem um impacto significativo na autoestima e na interação social do paciente, fazendo da reconstrução estética uma parte crucial do tratamento das fraturas faciais (Antunes, 2020).

    A compreensão e o manejo das complicações associadas às fraturas faciais são essenciais para a recuperação eficaz dos pacientes. Um tratamento precoce e apropriado, juntamente com uma abordagem multidisciplinar, são fundamentais para minimizar as complicações imediatas e prevenir as consequências a longo prazo dessas lesões.   

    3.5 SEQUELAS DE LONGO PRAZO

    As sequelas de longo prazo das fraturas faciais são extensivas e podem impactar significativamente a qualidade de vida e a saúde mental dos pacientes. Além das sequelas estéticas e funcionais, a gestão dessas complicações exige uma abordagem multidisciplinar e estratégias de reabilitação e correção bem planejadas.

    Fraturas faciais podem resultar em deformidades estéticas duradouras e perda significativa de função, afetando áreas críticas como mandíbula, maxila, e complexo zigomático. Deformidades como assimetria facial, maloclusão e alterações na projeção facial são comuns e podem requerer intervenções cirúrgicas complexas para correção. Cassiano et al. (2021) descrevem que as fraturas do complexo zigomático-orbitário, por exemplo, podem levar a enoftalmia (retração do globo ocular) e diplopia (visão dupla), se não forem adequadamente tratadas.

    As sequelas de fraturas faciais não se limitam a problemas físicos. A aparência facial é fundamental para a identidade pessoal e as interações sociais, fazendo com que deformidades faciais tenham um impacto profundo na saúde mental dos pacientes. Estudos mostram que pacientes com deformidades significativas podem sofrer de depressão, ansiedade e diminuição da autoestima. Almeida et al. (2023) salientam que o tratamento tardio de fraturas tipo Le Fort pode acarretar graves complicações estéticas e funcionais, intensificando o impacto psicológico e emocional sobre o paciente.

    A reabilitação de pacientes com fraturas faciais complexas envolve uma combinação de tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos. A correção cirúrgica pode incluir osteotomias para realinhar os ossos faciais e a utilização de enxertos ósseos ou implantes para corrigir defeitos. A fixação rígida com placas e parafusos de titânio é frequentemente empregada para garantir a estabilidade das estruturas reparadas e permitir uma cicatrização adequada (Minari et al., 2020).

    Lima e Silva (2017) reiteram que, além das intervenções cirúrgicas, a reabilitação também pode envolver terapia física para restaurar a função mandibular e suporte psicológico para ajudar os pacientes a lidar com o impacto emocional das mudanças em sua aparência e função. A abordagem interdisciplinar, incluindo cirurgiões bucomaxilofaciais, ortodontistas, fisioterapeutas e psicólogos, é essencial para abordar todas as facetas das sequelas de fraturas faciais.

    As sequelas de longo prazo das fraturas faciais representam um desafio significativo tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. A complexidade das deformidades e das disfunções resultantes exige uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar para alcançar os melhores resultados estéticos e funcionais, minimizando o impacto na qualidade de vida e na saúde mental dos pacientes. A conscientização sobre a importância do tratamento precoce e eficaz é crucial para evitar complicações a longo prazo e promover uma recuperação completa e satisfatória.

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    O estudo revelou uma variedade de resultados associados às complicações imediatas e tardias das fraturas faciais. Como mencionado por Almeida et al. (2023), as complicações tardias como maloclusão e deformidades estéticas são frequentemente exacerbadas por um tratamento inadequado ou tardio, enfatizando a necessidade de uma intervenção precoce e adequada. Cassiano et al. (2021) complementam esse ponto, discutindo como a fixação interna com técnicas modernas pode mitigar muitas das complicações pós-operatórias e melhorar os resultados estéticos e funcionais.

    Os achados obtidos permitem uma compreensão mais abrangente das nuances no tratamento de fraturas faciais. Por exemplo, enquanto Almeida et al. (2023) focam na gravidade das complicações resultantes do tratamento tardio, Cassiano et al. (2021) proporcionam uma visão sobre as técnicas cirúrgicas que podem prevenir essas complicações. Essa discussão é de suma relevância, pois destaca a importância de abordagens multidisciplinares que envolvem oftalmologistas e cirurgiões bucomaxilofaciais, como sugerido por Terán (2018), para tratar complexidades associadas a fraturas que impactam áreas sensíveis como a órbita.

    Faria (2019) e Silva e Ferreira (2013) levantam pontos importantes sobre a infecção e os desafios de manter a funcionalidade após as fraturas. A infecção é um tema recorrente que, se não for gerenciada adequadamente, pode levar a complicações graves como osteomielite e, por isso, é primordial para entender as prioridades no manejo das fraturas faciais, onde a prevenção de infecções deve ser uma prioridade imediata.

    A literatura revisada reforça a ideia de que a gestão eficaz das fraturas faciais não é apenas sobre o tratamento inicial mas também sobre a prevenção de sequelas a longo prazo. A capacidade de cada técnica de tratamento para restaurar a função e estética é um ponto crucial que todos os autores concordam ser essencial para a recuperação do paciente. Os dados de Minari et al. (2020) e Lima e Silva (2017) sobre a reabilitação funcional e o suporte psicológico são integrados na discussão para enfatizar a necessidade de uma abordagem holística no tratamento de fraturas faciais.

    Uma convergência clara entre os autores é a necessidade de tratamento precoce e uso de técnicas de fixação adequadas para minimizar complicações. No entanto, uma divergência pode ser notada na ênfase que cada autor coloca em diferentes complicações ou técnicas. Por exemplo, enquanto Almeida et al. (2023) se concentram nas complicações estéticas e funcionais, Cassiano et al. (2021) detalham técnicas cirúrgicas específicas para mitigar esses riscos.

    Os resultados alcançados por meio desta pesquisa sublinham a importância de estratégias de tratamento integradas e baseadas em evidências para gerenciar fraturas faciais. Sugerem também a necessidade de mais pesquisas sobre técnicas cirúrgicas inovadoras e materiais de fixação que possam oferecer melhores resultados a longo prazo. A promoção de treinamento interdisciplinar e workshops para cirurgiões em técnicas emergentes pode ser uma direção valiosa para futuras iniciativas educacionais.

    5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

    As fraturas faciais representam um desafio significativo para os sistemas de saúde devido à complexidade das lesões e aos múltiplos aspectos da recuperação que devem ser geridos. A importância de um tratamento integrado, que combina técnicas cirúrgicas precisas, diagnóstico rápido e acompanhamento eficaz, é fundamental para garantir os melhores resultados possíveis para os pacientes.

    Primeiramente, a prevenção e a educação sobre riscos são essenciais para reduzir a incidência de fraturas faciais. Isso inclui iniciativas de segurança no trânsito, uso de equipamentos de proteção em esportes e ambientes de trabalho, e educação pública sobre os riscos de atividades potencialmente perigosas. A implementação de políticas mais rigorosas de segurança pode diminuir significativamente os casos de traumas faciais decorrentes de acidentes de trânsito e agressões físicas.

    No tratamento de fraturas faciais, a escolha da técnica cirúrgica deve ser cuidadosamente planejada. O uso de tecnologias avançadas, como a tomografia computadorizada, facilita um planejamento cirúrgico mais preciso e a escolha de uma abordagem que minimize as sequelas estéticas e funcionais. Além disso, a fixação interna utilizando placas e parafusos de materiais biocompatíveis como o titânio oferece melhores resultados em termos de estabilidade e recuperação.

    O tratamento de fraturas faciais não deve ser limitado à esfera cirúrgica, envolvendo também ortodontistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros especialistas para um tratamento holístico que aborde tanto as necessidades físicas quanto emocionais dos pacientes. Esse suporte integrado é essencial para a recuperação da funcionalidade e para ajudar os pacientes a lidar com o impacto emocional que frequentemente acompanha as lesões faciais.

    Por fim, o acompanhamento de longo prazo é imprescindível para monitorar a cicatrização, a função, e a adaptação dos pacientes após o tratamento de fraturas faciais. Consultas de seguimento regulares permitem a detecção precoce de complicações como infecções, maloclusão e outras sequelas que podem surgir. Além disso, a avaliação contínua oferece oportunidades para ajustes no plano de tratamento, garantindo que qualquer desvio ou complicação seja prontamente abordado.

    Desse modo, verificou-se que as fraturas faciais exigem uma abordagem multidisciplinar e integrada que enfatiza a prevenção, o tratamento cirúrgico apropriado e o suporte de longo prazo. Isso não só melhora os resultados estéticos e funcionais para os pacientes, mas também reduz o impacto socioeconômico associado a essas lesões. A colaboração entre especialistas e a adoção de novas tecnologias e materiais são fundamentais para avançar no tratamento dessas complexas condições.

    REFERÊNCIAS

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    CASSIANO, Gaya Bertoldo et al. Fratura do complexo zigomático-orbitário: uma abordagem cirúrgica. Arch Health Invest, v.10, n.8, pp.1299-1304, 2021.

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