COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL II EM ESCOLAS RURAIS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOCENTES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505180149


Cristiane Targino Rodrigues
Bruna Carolina de Lima Siqueira dos Santos


Resumo

As competências socioemocionais têm se consolidado como um pilar essencial na educação contemporânea, especialmente após a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). No entanto, sua aplicação em contextos específicos, como o ensino fundamental II em zonas rurais, ainda enfrenta desafios significativos, muitas vezes relacionados à falta de formação docente e às particularidades do ambiente escolar. Este estudo buscou compreender sobre esses obstáculos, analisando o estado atual do conhecimento sobre o tema. Para contextualizar a discussão, realizou-se um levantamento no banco de dados da Capes, analisando teses e dissertações publicadas entre 2019 e 2023. Os resultados evidenciam lacunas na formação docente, a necessidade de adaptação das políticas educacionais a realidades locais e a importância de estratégias pedagógicas que considerem as especificidades do contexto rural. Conclui-se que investimentos em capacitação continuada, suporte institucional e metodologias adaptadas são fundamentais para a efetiva implementação das competências socioemocionais nesses espaços educativos.

Palavras-chave: Competências socioemocionais; ensino fundamental II; zona rural; formação docente; BNCC.

Introdução

As competências socioemocionais têm ganhado crescente destaque no cenário educacional, especialmente após a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), que as integra como um eixo fundamental no desenvolvimento integral dos estudantes. No entanto, sua efetiva aplicação no ambiente escolar, sobretudo em contextos específicos como o ensino fundamental II em zonas rurais, ainda apresenta desafios significativos. Este estudo busca compreender sobre esses obstáculos, analisando o estado atual do conhecimento sobre o tema.

Para tanto, realizou-se um levantamento sistemático no banco de dados da Capes, focando em teses e dissertações produzidas entre 2019 e 2023 – período que coincide com a consolidação da BNCC e permite uma análise atualizada das discussões acadêmicas sobre o assunto. A escolha por trabalhos acadêmicos rigorosos visa garantir uma base teórica sólida, capaz de identificar avanços, lacunas e tendências nas pesquisas sobre competências socioemocionais no contexto educacional.

Os resultados preliminares revelam tanto a urgência de capacitação docente quanto a carência de estudos direcionados a realidades rurais, destacando a necessidade de políticas educacionais mais inclusivas. Nesse sentido, este artigo não apenas sintetiza o conhecimento produzido nos últimos anos, mas também propõe uma reflexão crítica sobre os desafios enfrentados por professores no desenvolvimento dessas competências, contribuindo para um diálogo mais amplo sobre educação socioemocional no Brasil.

Metodologia

Para o desenvolvimento do presente estudo de natureza qualitativa, optou-se por uma pesquisa documental, viabilizada pela realização de buscas no banco de dados da Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior de Teses e Dissertações, para identificar o estado do conhecimento atual da temática central do presente estudo. Para maior aprofundamento, optou-se por pesquisas apenas pela seleção de teses e dissertações.

A escolha de limitar a pesquisa apenas a teses e dissertações é baseada em garantir uma análise profunda e confiável do tema. Esses trabalhos acadêmicos refletem uma variedade de perspectivas e abordagens, além de passarem por rigorosas avaliações de qualidade. Ao focar neles, evitamos redundâncias e acessamos informações originais que enriquecem nossa compreensão do assunto. Isso resulta em uma análise abrangente e confiável, contribuindo para o avanço do conhecimento no presente campo de estudo.

Inicialmente, fez-se uso apenas da palavra-chave “competências socioemocionais”, busca que resultou em 186 (cento e oitenta e seis) teses e dissertações. Considerando que o objetivo principal neste momento da pesquisa é realizar um levantamento sobre estado atual do conhecimento sobre o tema, aplicou-se como recorte temporal, os últimos cinco anos, considerando o período de pesquisas publicadas de 2019 a 2023, O ano de 2019 foi selecionado como ponto de partida por marcar o início da aplicação prática da BNCC nas escolas, permitindo que suas diretrizes começassem a se concretizar no ambiente escolar. Já 2023 corresponde ao início da pesquisa, viabilizando uma análise ampla e atualizada sobre o tema. Esse período possibilita a identificação de avanços, desafios e eventuais lacunas, desde a implementação até o desenvolvimento das competências socioemocionais nas instituições de ensino. Dessa forma, o recorte temporal de 2019 a 2023 proporciona uma visão consistente e contemporânea do assunto. Após aplicado este filtro, restaram 83 (oitenta e três) obras. 

Em uma segunda busca, utilizou-se o termo booleano “AND” juntamente com palavras-chave como: Competências socioemocionais – ensino fundamental – Escolas da zona rural – Currículo escolar – Contexto educacional, para melhor aproximação do objeto de pesquisa.

A partir desse levantamento, foram identificadas 14 (quatorze) pesquisas, sendo 1 (uma) tese e 13 (treze) dissertações. Após a leitura dos resumos e introduções, excluímos uma dissertação por não apresentar relação relevante com a pesquisa proposta. 

Desenvolvimento

Dentre essas pesquisas, destacam-se os estudos de Leite (2021) e Prado (2020). Leite (2021) analisa o Documento Curricular da Rede de Ensino de Santo André – SP, que, junto com a BNCC, direciona as formações dos professores nas competências socioemocionais, repassadas pelos assistentes pedagógicos do município estudado. Observar-se que o entendimento dos professores mostrou – se superficial evidenciando a necessidade de um maior aprofundamento no tema. Isso aponta para uma carência significativa de aprofundamento no tema e ressalta a importância de uma formação mais robusta e direcionada.

Paralelamente, Prado (2020) ecoa essa preocupação, destacando a necessidade premente de uma formação abrangente para os educadores em relação às competências socioemocionais. Sua pesquisa destaca ainda o despreparo dos gestores municipais na condução dessas formações, apontando para uma lacuna crítica na capacitação dos profissionais responsáveis por guiar e apoiar os professores neste aspecto essencial da educação.

Esses estudos evidenciam a urgência de intervenções eficazes e abrangentes no campo da formação de professores, visando fortalecer suas habilidades no desenvolvimento socioemocional dos alunos. Diante dessas considerações, torna-se imperativo que políticas educacionais e programas de desenvolvimento profissional abordem de forma proativa essa lacuna, garantindo que os educadores estejam devidamente capacitados para enfrentar os desafios socioemocionais em sala de aula e além.

Dentre as pesquisas identificadas, destaca-se também, o estudo de Hamburg (2019), que afirma a possibilidade de medir o desempenho acadêmico dos alunos em avaliações em larga escala, utilizando o modelo de Big Five, com competências como: neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e abertura a novas experiências, esse modelo oferece uma visão mais abrangente e holística do desenvolvimento dos estudantes além do tradicional foco em habilidades cognitivas.

No entanto, diante do estudo, considera-se que é importante reconhecer que a aplicação prática desse modelo pode apresentar desafios significativos, incluindo questões éticas, técnicas e culturais. A avaliação e mensuração de traços de personalidade complexos como os propostos pelo modelo de Big Five exigem cuidado e consideração para garantir a validade e confiabilidade dos resultados.

Além disso, é essencial lembrar que o desempenho acadêmico dos alunos é influenciado por uma variedade de fatores além das competências socioemocionais, incluindo o contexto socioeconômico, cultural e educacional. Portanto, qualquer abordagem de avaliação deve ser complementada por outras formas de medição e avaliação que capturem a totalidade da experiência educacional e do desenvolvimento do aluno.

Apesar desses desafios, a proposta de Hamburg (2019) oferece uma perspectiva valiosa sobre a importância de considerar as competências socioemocionais no contexto da educação e do desenvolvimento dos alunos. À medida que avançamos, é crucial continuar explorando e refinando abordagens inovadoras que promovam uma educação mais inclusiva, holística e centrada no aluno.

Já Carias (2020), problematiza as relações entre as competências socioemocionais e o desempenho contextual dos docentes do ensino fundamental, utilizando as propriedades psicométricas do EMODOC (Medida de competências socioemocionais de docentes de ensino fundamental) como instrumento de avaliação, o estudo lança luz sobre a importância dessas competências no ambiente educacional e sua influência no trabalho dos professores.

Ao considerar as competências socioemocionais dos docentes, como empatia, autorregulação emocional e habilidades de comunicação, a pesquisa de Carias (2020), destaca a complexidade e a multidimensionalidade do papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. Essas competências não apenas impactam a eficácia do ensino, mas também têm o potencial de influenciar o clima da sala de aula, a relação com os alunos e até mesmo o ambiente escolar como um todo.

Ao reconhecer a importância das competências socioemocionais dos professores, a pesquisa de Carias (2020) ressalta a necessidade de desenvolvimento profissional contínuo e apoio institucional para promover essas habilidades entre os educadores. Investir na formação e no suporte dos docentes nessas áreas pode não apenas melhorar sua própria satisfação no trabalho e bem-estar emocional, mas também beneficiar diretamente o desempenho acadêmico e socioemocional dos alunos.

No entanto, é importante ressaltar que a avaliação das competências socioemocionais dos docentes apresenta desafios metodológicos e práticos. A utilização de instrumentos como o EMODOC (Instrumento de Competências Socioemocionais de Docentes do Ensino Fundamental) pode fornecer ideias valiosas, mas é essencial considerar sua validade e confiabilidade, bem como sua adaptação cultural e contextual para diferentes contextos educacionais, bem como as considerações realizadas sobre a possibilidade do uso do modelo de Big Five, apontado na pesquisa de Hamburg (2019), para avaliações em larga escala.

A pesquisa de Carias (2020), destaca a importância de uma abordagem holística para o desenvolvimento profissional dos docentes, que reconheça e valorize não apenas suas habilidades técnicas, mas também suas competências socioemocionais. Ao promover um ambiente escolar que valorize o bem-estar emocional e o crescimento pessoal dos educadores, podemos criar condições mais propícias para o sucesso acadêmico e socioemocional dos alunos.

Nesse sentido, as pesquisas de Santos (2019) e Cavalcanti (2020) oferecem perspectivas valiosas sobre as complexas interações entre as emoções dos docentes e as competências socioemocionais no contexto educacional.

O estudo de Santos (2019) analisa as emoções dos docentes de matemática dos anos finais do fundamental e seu impacto na atuação profissional. O estudo revela que, embora os docentes experimentam emoções muitas vezes desagradáveis em relação ao aprendizado dos alunos, todos estão empenhados em melhorar suas práticas para promover um melhor desempenho dos estudantes. Essa descoberta ressalta a resiliência e o profissionalismo dos educadores, bem como a necessidade de apoio e desenvolvimento profissional contínuo para enfrentar os desafios emocionais inerentes ao ensino.

Por outro lado, a pesquisa de Cavalcanti (2020) busca aprofundar a reflexão sobre as competências socioemocionais nas aulas de Educação Física, revelando resultados diferentes antes e depois da intervenção do professor na resolução de conflitos envolvendo essas competências. Isso destaca o potencial transformador do ambiente educacional e a influência direta que os docentes exercem no desenvolvimento socioemocional de seus alunos.

Essas pesquisas destacam a importância de abordagens holísticas e centradas no aluno para o desenvolvimento profissional dos docentes. Ao reconhecer e responder às necessidades emocionais dos educadores e dos alunos, podemos criar ambientes de aprendizado mais inclusivos, estimulantes e eficazes. No entanto, é crucial continuar explorando e implementando estratégias eficazes de apoio emocional e desenvolvimento de competências socioemocionais para garantir o sucesso acadêmico e pessoal de todos os envolvidos no processo educacional.

A pesquisa de Lopes (2021) traz à tona uma reflexão crucial sobre o papel do ensino religioso no contexto das competências socioemocionais delineadas pela BNCC. Busca-se compreender a postura dos professores de Ensino Religioso ao alinhar as competências da BNCC às suas práticas pedagógicas.  Compreender a postura dos professores de Ensino Religioso diante dessas competências é essencial para promover uma educação mais abrangente, que reconheça e valorize a diversidade cultural e emocional dos alunos. Ao abordar essa interseção entre ensino religioso e competências socioemocionais, a pesquisa de Lopes (2021) contribui para o avanço do debate sobre a formação integral dos estudantes no contexto escolar. A pesquisa enfatiza o Ensino Religioso como essencial para a formação integral dos discentes e elenca algumas metodologias ativas já desenvolvidas para auxiliar os docentes nas suas práticas pedagógicas.

O estudo de Oliveira (2021) alerta para a necessidade de promover o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos estudantes utilizando ferramentas digitais. Como e-book para orientar e estimular os docentes com as novas ferramentas digitais, o estudo ressalta a necessidade de adaptação às demandas do mundo contemporâneo. Essa abordagem inovadora não apenas reconhece o potencial das tecnologias digitais para promover a aprendizagem socioemocional, mas também oferece recursos práticos para capacitar os educadores nesse processo. Ao destacar a sinergia entre tecnologia e desenvolvimento socioemocional, a pesquisa de Oliveira (2021) aponta para novas possibilidades na educação do século XXI.

Carvalho (2021) destaca a visão dos estudantes sobre a adoção da educação socioemocional pelos professores e enfatiza a necessidade de um instrumento para avaliar as habilidades socioemocionais dos alunos. Já Oliveira (2022) ressalta a importância das competências socioemocionais para o desenvolvimento infantil, buscando pesquisas já realizadas em bancos de dados. Procurou também na pesquisa ouvir a opinião dos professores sobre as competências socioemocionais e como resultado os docentes mostraram-se dispostos a participarem de formações continuadas. Essas pesquisas evidenciam a crescente conscientização sobre a importância das habilidades socioemocionais no contexto educacional e a disposição dos envolvidos em se aprimorar nessa área para benefício dos estudantes.

Borges (2022) explora, a partir da visão dos professores, a relação entre autoestima e o desenvolvimento escolar, propondo criar no currículo do município atividades que promovam a autoestima nos alunos, proporcionando um aprendizado agradável e significativo. Ao considerar a perspectiva dos professores, a pesquisa de Borges (2022) oferece perspectivas valiosas para o planejamento curricular e para a promoção de uma educação mais holística e centrada no aluno.

Identificou-se também o estudo de Guingo (2023), que investiga as habilidades socioemocionais dos professores durante um curso de capacitação oferecido pelo município durante a pandemia da covid-19, ressaltando a necessidade de investimentos em programas de capacitação para desenvolver essas habilidades nas práticas pedagógicas. Essa abordagem reconhece não apenas a importância do bem-estar emocional dos educadores, mas também seu impacto direto na eficácia do ensino e na promoção de um ambiente de aprendizagem positivo. Ao destacar essa necessidade de capacitação, a pesquisa de Guingo (2023) destaca a importância de apoiar os professores na aquisição de habilidades socioemocionais que lhes permitam enfrentar os desafios da sala de aula de maneira mais eficaz e compassiva.

O trabalho de Shigunov (2022) enfatiza o protagonismo dos professores no desenvolvimento das habilidades socioemocionais, argumenta a importância de cursos de licenciatura eficazes para capacitar os professores nesse sentido. O trabalho ressalta a necessidade de uma formação inicial sólida que inclua o desenvolvimento dessas competências. Essa abordagem reconhece que os professores desempenham um papel crucial não apenas no ensino de conteúdo acadêmico, mas também no apoio ao desenvolvimento emocional e social dos alunos. Investir em programas de licenciatura que abordem de forma abrangente as habilidades socioemocionais pode melhorar significativamente a capacidade dos professores de criar ambientes de aprendizagem inclusivos, empáticos e eficazes.

Diante da análise das pesquisas mencionadas, fica evidente a relevância crescente das competências socioemocionais no contexto educacional contemporâneo. Os estudos de Leite (2021) e Prado (2020) destacam a necessidade de uma formação mais sólida e direcionada para os educadores, visando alinhar suas práticas pedagógicas com as competências socioemocionais delineadas pela BNCC e promover um ambiente de aprendizado mais abrangente e inclusivo. Por outro lado, as pesquisas de Santos (2019), Cavalcanti (2020), Oliveira (2021), Carvalho (2021), Borges (2022), Guingo (2023) e Shigunov (2022) destacam a importância de considerar as emoções e habilidades socioemocionais tanto dos alunos quanto dos professores, ressaltando a necessidade de intervenções eficazes e abrangentes no campo da formação de professores para promover o bem-estar emocional e o sucesso acadêmico dos estudantes. No entanto, observa-se uma lacuna significativa na pesquisa que merece ser explorada: a compreensão das percepções dos docentes do ensino fundamental II em escolas rurais sobre os desafios enfrentados na abordagem das competências socioemocionais. 

Investigar esse aspecto crucial pode oferecer subsídios significativos para aprimorar as políticas educacionais e os programas de desenvolvimento profissional, garantindo que todos os educadores estejam equipados para enfrentar os desafios e promover um ambiente de aprendizado mais inclusivo e centrado no aluno.

Neste sentido, destaca-se a relevância do presente estudo, que se desenvolve tendo como principal objetivo compreender percepções de docentes do ensino fundamental II de duas escolas da zona rural do município São Benedito – CE sobre os desafios enfrentados na abordagem das competências socioemocional.

Considerações finais

O presente estudo permitiu identificar os principais desafios enfrentados por docentes do ensino fundamental II em escolas rurais no que diz respeito ao desenvolvimento das competências socioemocionais por meio do levantamento de pesquisas sobre a temática. A análise das pesquisas recentes no banco de dados da Capes, revela que, embora a BNCC tenha avançado na incorporação dessas habilidades ao currículo escolar, sua aplicação prática ainda esbarra em obstáculos estruturais e formativos.

Em primeiro lugar, destaca-se a carência de formações continuadas específicas para educadores de zonas rurais, que muitas vezes lidam com realidades distintas das urbanas, como turmas multisseriadas, infraestrutura precária e falta de recursos pedagógicos adequados. Além disso, a ausência de um suporte institucional consistente dificulta a implementação de estratégias eficazes para o trabalho com as competências socioemocionais, deixando os professores por vezes, desamparados em sua prática cotidiana.

Os estudos revisados, como os de Leite (2021) e Prado (2020), reforçam a necessidade de políticas públicas mais inclusivas, que considerem as particularidades regionais e promovam capacitações contextualizadas. Paralelamente, pesquisas como as de Oliveira (2021) e Guingo (2023) apontam para o potencial das ferramentas digitais e de programas de formação continuada como meios de superar essas limitações.

Diante dessas constatações, conclui-se que a efetivação das competências socioemocionais em escolas rurais exige: Investimento em formação docente – programas de capacitação que abordem não apenas as bases teóricas, mas também estratégias práticas adaptadas ao contexto rural; Adaptação curricular – desenvolvimento de materiais e metodologias que considerem as especificidades socioculturais das comunidades rurais; Suporte institucional – políticas públicas que garantam infraestrutura, recursos didáticos e acompanhamento pedagógico contínuo.

Por fim, este estudo reforça a importância de novas pesquisas que ampliem a discussão sobre as competências socioemocionais em contextos educacionais diversos, contribuindo para uma educação mais equitativa e integral. A superação dos desafios identificados depende de um esforço coletivo entre educadores, gestores e formuladores de políticas, visando garantir que todos os estudantes, independentemente de sua localização geográfica, tenham acesso a uma formação que valorize tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o socioemocional.

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