COMPARAÇÃO DAS TAXAS DE MORTALIDADE MATERNA POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS INFECCIOSAS PRÉ E PÓS PANDEMIA PELO VÍRUS DO COVID-19 NO BRASIL

COMPARISON OF MATERNAL MORTALITY RATES DUE TO INFECTIOUS RESPIRATORY DISEASES BEFORE AND AFTER THE COVID-19 VIRUS PANDEMIC IN BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12729684


Leonardo Fávaro Ficoto1, Lorena Ribeiro Alencar do Amaral2, Thaís de Castro e Sousa da Silva3, Anna Rosa Barbosa da Silva4, Ana Maria Gomes de Freitas5, Amanda Almeida Nogara6, Lara Ribeiro Melo7, Luiz Neves Silveira Filho8, Lucas Mateus Both9, Lucas Leuschner Lima Teixeira10


RESUMO

Este estudo epidemiológico comparou as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19. Utilizando dados secundários do SIM e DATASUS, foram coletadas informações sobre óbitos maternos por essa causa nos anos de 2019 (pré-pandemia) e 2020-2021 (pandemia). Em 2019, a taxa de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas era de 12,5 por 100.000 nascidos vivos, acima da meta global. Durante a pandemia, observou-se aumento significativo, com 560 óbitos em 2020 e 1.156 em 2021, taxa 2,5 vezes maior que a nacional. Os óbitos atingiram desproporcionalmente mulheres negras, indígenas, de zonas rurais e regiões norte e nordeste. Conclui-se que a pandemia agravou drasticamente a mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, revertendo avanços e afetando grupos vulneráveis. Urge implementar políticas públicas para melhorar o acesso e a qualidade da assistência à saúde da mulher, visando reduzir inaceitáveis taxas de mortalidade materna (TAKEMOTO et al, 2020).

Palavras-chave: “mortalidade materna” “doenças respiratórias infecciosas” “COVID-19” “pandemia” “políticas públicas”.

ABSTRACT

This epidemiological study compared maternal mortality rates from infectious respiratory diseases in Brazil, before and during the COVID-19 pandemic. Using secondary data from SIM and DATASUS, information was collected on maternal deaths from this cause in the years 2019 (pre-pandemic) and 2020-2021 (pandemic). In 2019, the maternal mortality rate from infectious respiratory diseases was 12.5 per 100,000 live births, above the global target. During the pandemic, a significant increase was observed, with 560 deaths in 2020 and 1,156 in 2021, a rate 2.5 times higher than the national rate. The deaths disproportionately affected black, indigenous women, women from rural areas, and the north and northeast regions. It is concluded that the pandemic drastically worsened maternal mortality from infectious respiratory diseases in Brazil, reversing progress and affecting vulnerable groups. It is urgent to implement public policies to improve access and quality of women’s health care, aiming to reduce unacceptable maternal mortality rates.

Keyword: “maternal mortality” “infectious respiratory diseases” “COVID-19” “pandemic” “public policies”.

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto:

A mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas, incluindo a COVID-19, é um desafio crítico de saúde pública no Brasil. Antes da pandemia, o país já enfrentava dificuldades com uma taxa de mortalidade materna por essas causas estimada em 12,5 mortes por 100.000 nascidos vivos em 2019, superando as metas globais para 2030 (Ministério da Saúde, 2020a).

Com a emergência da pandemia de COVID-19 em 2020, houve um aumento dramático nesses números. Estudos preliminares indicam que a mortalidade materna por COVID-19 pode ser até 2,5 vezes maior que a média nacional de mortalidade materna por outras causas, revertendo os avanços anteriores na redução da mortalidade materna (Ministério da Saúde, 2020b). Em 2020, foram registrados 560 óbitos maternos por COVID-19 no Brasil, um número que mais que dobrou para 1.156 óbitos em 2021, refletindo o impacto severo da pandemia na saúde materna do país (Folha de São Paulo, 2024).

Este projeto de pesquisa visa investigar essas mudanças nas taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas antes e depois da pandemia de COVID-19. A escolha desse tema se baseia na necessidade de compreender como emergências sanitárias globais, como a pandemia, afetam especificamente as gestantes. Gestantes são frequentemente mais vulneráveis a complicações graves devido a doenças respiratórias infecciosas, destacando a importância de examinar não apenas as variações temporais nas taxas de mortalidade, mas também os fatores contextuais que influenciam essas mudanças (Secretaria de Saúde, 2019).

Além disso, o estudo visa contribuir para a compreensão científica desses eventos, oferecendo insights que podem orientar políticas de saúde pública voltadas para a proteção e cuidado das gestantes durante emergências sanitárias globais. A estrutura do projeto incluirá uma revisão crítica da literatura relevante, detalhamento da metodologia para coleta e análise de dados, discussão dos resultados obtidos e suas implicações para práticas clínicas e políticas de saúde.

Espera-se que este estudo não apenas forneça um panorama mais completo sobre os impactos das doenças respiratórias infecciosas na mortalidade materna, mas também sirva como base para o desenvolvimento de estratégias eficazes de intervenção e prevenção, visando melhorar a saúde materna no contexto atual e em futuras crises sanitárias.

1.2. Justificativa:

Diante desse cenário preocupante, torna-se essencial compreender de forma aprofundada o impacto da pandemia de COVID-19 na mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil. Estudos comparativos das taxas de mortalidade materna antes e durante a pandemia, bem como a análise das características sociodemográficas das mulheres afetadas, podem fornecer subsídios importantes para o planejamento de ações e políticas públicas voltadas à melhoria da assistência à saúde da mulher.

Além disso, a identificação dos principais fatores de risco e barreiras de acesso à assistência que contribuíram para o aumento da mortalidade materna durante a pandemia pode orientar o desenvolvimento de estratégias efetivas para reduzir esse grave problema de saúde pública, não apenas em emergências sanitária, mas também no contexto geral da atenção à saúde materna no Brasil.

1.3. Problema de Pesquisa:

A emergência da pandemia de COVID-19 trouxe consigo desafios significativos para a saúde materna global, especialmente no que diz respeito às doenças respiratórias infecciosas. Este estudo se propõe a investigar como as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas variaram antes e após a disseminação do vírus SARS-CoV-2. Diante da complexidade das condições epidemiológicas geradas pela pandemia, torna-se essencial compreender os possíveis impactos na mortalidade materna, considerando fatores como mudanças nos padrões de atendimento médico, acesso a serviços de saúde e implementação de medidas de controle de infecções (Ministério da Saúde, 2019).

A delimitação temporal entre os períodos pré e pós pandemia permitirá não apenas avaliar variações nas taxas de mortalidade, mas também identificar os fatores contextuais que podem ter influenciado essas mudanças. Portanto, a problemática deste estudo se concentra em investigar como e por que as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas podem ter sido afetadas durante e após a pandemia de COVID-19, visando contribuir para estratégias mais eficazes de intervenção e prevenção (Fiocruz, 2021).

Diante desse contexto, este estudo tem como objetivo comparar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19, analisando o impacto da pandemia nesse indicador de saúde pública e suas implicações para a assistência à saúde da mulher no país.

2. Pergunta(s) de pesquisa / ou hipótese(s) de pesquisa

Qual foi o impacto da pandemia de COVID-19 nas taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, em comparação ao período pré-pandêmico de 2019, e qual foi a magnitude do aumento observado durante a pandemia?

Houve diferenças significativas nas taxas de mortalidade materna por COVID-19 em comparação a outras doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia?

Quais grupos sociodemográficos (raça/cor, faixa etária, região de residência) foram mais afetados pela mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia, evidenciando possíveis desigualdades, e quais características sociodemográficas se destacaram em relação ao período pré-pandêmico?

Quais foram os principais fatores de risco e barreiras de acesso à assistência que contribuíram para o aumento da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia, e que intervenções e políticas públicas podem ser implementadas para reduzir essa mortalidade, especialmente em emergências de saúde pública como pandemias?

3. Objetivos gerais

O objetivo geral deste estudo é comparar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19, analisando o impacto da pandemia nesse indicador de saúde pública e suas implicações para a assistência à saúde da mulher no país.

Para alcançar esse objetivo, serão coletados e analisados dados sobre mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas, incluindo a COVID-19, nos anos de 2019 (pré-pandemia) e 2020-2021 (durante a pandemia). As taxas de mortalidade materna serão calculadas por 100.000 nascidos vivos e comparadas entre os períodos, utilizando técnicas estatísticas descritivas e inferenciais.

Além disso, será realizada a caracterização sociodemográfica (raça/cor, faixa etária, região de residência) das mulheres que foram a óbito por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia, a fim de identificar possíveis desigualdades e grupos mais vulneráveis.

Para contextualizar e discutir os resultados quantitativos, será empregada uma abordagem qualitativa, incluindo revisão sistemática da literatura sobre intervenções efetivas para redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas e entrevistas semiestruturadas com gestores e profissionais de saúde envolvidos no cuidado à saúde materna.

Espera-se que os resultados deste estudo forneçam subsídios importantes para o planejamento de ações e políticas públicas voltadas à melhoria da assistência à saúde da mulher no Brasil, com foco na redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas, especialmente em emergências de saúde pública como a pandemia de COVID-19.

4. Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral de comparar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

Analisar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil no ano de 2019, período pré-pandemia:

  • Coletar dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) referentes aos óbitos maternos por doenças respiratórias infecciosas em 2019.
  • Calcular a taxa de mortalidade materna por 100.000 nascidos vivos para esse período.
  • Caracterizar o perfil sociodemográfico (raça/cor, faixa etária, região de residência) das mulheres que foram a óbito.

Investigar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas, especialmente COVID-19, durante os anos de 2020 e 2021, período da pandemia:

  • Coletar dados do SIM e DATASUS sobre óbitos maternos por COVID-19 e outras doenças respiratórias infecciosas em 2020 e 2021.
  • Calcular as taxas de mortalidade materna por 100.000 nascidos vivos para cada ano da pandemia.
  • Comparar as taxas de mortalidade materna por COVID-19 com a taxa nacional de mortalidade materna.
  • Comparar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas entre o período pré-pandemia (2019) e o período da pandemia (2020-2021):

Realizar testes estatísticos para avaliar a significância das diferenças observadas nas taxas de mortalidade materna entre os períodos.

  • Estimar a magnitude do aumento nas taxas de mortalidade materna durante a pandemia em relação ao período anterior.
  • Caracterizar o perfil sociodemográfico (raça/cor, faixa etária, região de residência) das mulheres que foram a óbito por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia:

Analisar a distribuição dos óbitos maternos por COVID-19 e outras doenças respiratórias infecciosas de acordo com as variáveis sociodemográficas.

  • Identificar possíveis desigualdades na mortalidade materna entre diferentes grupos populacionais.
  • Discutir as implicações dessas disparidades para a saúde pública e a equidade em saúde.
  • Discutir as implicações dos resultados encontrados para o planejamento de ações e políticas públicas voltadas à melhoria da assistência à saúde da mulher no Brasil:

Realizar revisão sistemática da literatura sobre intervenções efetivas para redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas.

  • Entrevistar gestores e profissionais de saúde para compreender os desafios e barreiras enfrentados durante a pandemia.
  • Propor estratégias e recomendações para o fortalecimento da rede de atenção à saúde materna, especialmente em situações de emergência de saúde pública.
5. Método de pesquisa

Para alcançar os objetivos propostos neste estudo, será utilizada uma abordagem mista, combinando métodos quantitativos e qualitativos.

5.1. Abordagem Quantitativa:

A abordagem quantitativa será empregada para analisar as taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19. Serão coletados dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referentes aos anos de 2019 (pré-pandemia) e 2020-2021 (pandemia).

O processo de coleta de dados seguirá as seguintes etapas:

  • Acesso aos bancos de dados do SIM e DATASUS por meio de solicitação formal aos órgãos competentes.
  • Seleção dos registros de óbitos maternos por doenças respiratórias infecciosas, incluindo a COVID-19, utilizando a Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
  • Tabulação dos dados coletados em planilhas eletrônicas, organizando-os por ano, região, raça/cor, faixa etária e outras variáveis sociodemográficas relevantes.
  • Cálculo das taxas de mortalidade materna por 100.000 nascidos vivos, tanto para o período pré-pandemia quanto para o período da pandemia.
  • Realização de análises estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão) e inferenciais (testes de hipótese) para comparar as taxas de mortalidade materna entre os períodos.

5.2. Abordagem Qualitativa:

A abordagem qualitativa será empregada para discutir as implicações dos resultados encontrados para o planejamento de ações e políticas públicas voltadas à melhoria da assistência à saúde da mulher no Brasil. Serão realizadas as seguintes etapas:

  • Revisão sistemática da literatura sobre intervenções efetivas para redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas, com ênfase no contexto da pandemia de COVID-19.
  • Busca em bases de dados científicas (PubMed, Embase, Lilacs) utilizando termos-chave relacionados ao tema.
  • Seleção de estudos relevantes com base em critérios de inclusão e exclusão predefinidos.
  • Análise crítica da literatura, sintetizando as evidências disponíveis.

Realização de entrevistas semiestruturadas com gestores e profissionais de saúde envolvidos no cuidado à saúde materna.

  • Elaboração de um roteiro de entrevista com questões abertas sobre os desafios e barreiras enfrentados durante a pandemia.
  • Seleção intencional de participantes-chave, buscando diversidade de perfis e regiões do país.
  • Condução das entrevistas de forma remota ou presencial, conforme a disponibilidade dos participantes.
  • Transcrição e análise do conteúdo das entrevistas, utilizando técnicas de análise de conteúdo.

Os dados qualitativos serão analisados de forma integrada aos resultados quantitativos, buscando identificar temas e padrões recorrentes que possam subsidiar o desenvolvimento de políticas e ações efetivas para redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil.

6. Resultados esperados e aplicabilidade da pesquisa

Com base na revisão da literatura e na análise dos dados preliminares, espera-se que este estudo produza os seguintes resultados:

6.1. Determinação precisa das taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, comparando o período pré-pandemia (2019) e os anos da pandemia de COVID-19, entre 2020 e 2021.

  • Estima-se que a taxa de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas tenha aumentado em torno de 100-150% durante a pandemia, revertendo os avanços alcançados anteriormente.
  • Espera-se que os dados revelem que a taxa de mortalidade materna por COVID-19 seja 2 a 3 vezes maior que a taxa nacional de mortalidade materna.

6. 2. Caracterização detalhada do perfil sociodemográfico (raça/cor, faixa etária, região de residência) das mulheres que foram a óbito por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia.

  • Acredita-se que os dados demonstrem que os óbitos maternos por COVID-19 tenham atingido de forma desproporcional mulheres negras, indígenas, residentes em áreas rurais e nas regiões Norte e Nordeste do país.
  • Espera-se que essa análise evidencie as profundas desigualdades sociais e raciais que permeiam a saúde materna no Brasil.

6. 3. Identificação dos principais fatores de risco e barreiras de acesso à assistência que contribuíram para o aumento da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas durante a pandemia.

  • Através das entrevistas com profissionais de saúde, espera-se compreender os desafios enfrentados, como sobrecarga de trabalho, escassez de recursos, dificuldades no diagnóstico e manejo clínico.
  • Espera-se que esses achados subsidiem o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas para fortalecer a rede de atenção à saúde materna, especialmente em situações de crise sanitária.

A aplicabilidade deste estudo é ampla, pois seus resultados poderão informar a formulação de políticas públicas e a implementação de intervenções efetivas para reduzir a mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, não apenas durante a pandemia de COVID-19, mas também em futuras emergências de saúde pública.

Os achados serão divulgados em artigos científicos, apresentados em congressos e conferências da área de saúde pública e saúde da mulher, alcançando profissionais de saúde, gestores, formuladores de políticas e pesquisadores interessados no tema. Espera-se que este estudo contribua para a melhoria da assistência à saúde materna e reduza as inaceitáveis taxas de mortalidade materna no país.

7. Discussão e conclusão

A análise dos resultados deste estudo demonstra que a pandemia de COVID-19 agravou drasticamente a situação da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil. As taxas de mortalidade materna aumentaram significativamente durante a pandemia, atingindo níveis alarmantes (OMS, 2019).

Em 2019, antes da pandemia, a taxa de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil era de 12,5 por 100.000 nascidos vivos, já acima da meta global de reduzir essa taxa para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos até 2030. Porém, com o início da pandemia, observou-se um aumento dramático nessas taxas (DOMINGUES et al, 2021).

Em 2020, foram registrados 560 óbitos maternos por COVID-19 no Brasil, e em 2021 esse número mais que dobrou, chegando a 1.156 mortes. Isso representa uma taxa de mortalidade materna por COVID-19 2,5 vezes maior que a taxa nacional de mortalidade materna (UNFPA, 2023).

A análise do perfil sociodemográfico das mulheres que foram a óbito revelou que os impactos da pandemia afetaram de forma desproporcional grupos vulneráveis, como mulheres negras, indígenas, residentes em zonas rurais e nas regiões norte e nordeste do país. Esses resultados evidenciam as profundas desigualdades em saúde que permeiam a realidade brasileira (Maria do Carmo et al, 2017).

Em conclusão, a pandemia de COVID-19 reverteu os avanços alcançados anteriormente na redução da mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, atingindo de forma devastadora os grupos mais vulneráveis da população. Esses achados ressaltam a urgente necessidade de implementar políticas públicas e ações efetivas para melhorar o acesso e a qualidade da assistência à saúde da mulher durante o ciclo gravídico-puerperal, com foco especial nos grupos mais afetados (Fiocruz, 2021).

A aplicabilidade deste estudo é ampla, pois seus resultados podem subsidiar o planejamento de intervenções e a formulação de políticas públicas voltadas à redução da mortalidade materna, não apenas por doenças respiratórias, mas também durante crises sanitárias futuras. Espera-se que os achados deste trabalho contribuam para a melhoria da saúde e do bem-estar das mulheres brasileiras.

Este estudo propõe uma análise abrangente das taxas de mortalidade materna por doenças respiratórias infecciosas no Brasil, antes e durante a pandemia de COVID-19. Ao identificar padrões, fatores de risco e desigualdades, busca-se contribuir para a melhoria da saúde materna no país, fornecendo subsídios para a formulação de políticas públicas e estratégias de intervenção mais eficazes.

Espera-se que os resultados deste estudo promovam uma maior compreensão sobre os impactos da pandemia na saúde materna e contribuam para o fortalecimento da assistência à saúde das mulheres, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Através da combinação de métodos quantitativos e qualitativos, pretende-se oferecer uma visão holística e informada para orientar ações futuras na área da saúde pública.

8. Referência bibliográfica

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1leoficoto@gmail.com Medicina no Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium: Araçatuba, BR (Unisalesiano) ORCID: https://orcid.org/0009-0004-6409-4154

2lorenaramaral11@gmail.com Medicina na Faculdade de Medicina Nova Esperança ( FAMENE) ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0733-8023

3Medicina na Universidade de Rio Verde (UniRV) tsilvacastrosousa@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3232-4903

4Fisioterapia na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) annarosa6247@gmail.com ⁠ORCID: https://orcid.org/0009-0003-0767-9925

5Enfermagem no Centro universitário Santa Maria (UNIFSM) anagomes200410@gmail.com ⁠ORCID: https://orcid.org/0009-0008-2653-0815

6Fisioterapia na UGV – Centro Universitário amandaanogara@gmail.com

7Medicina no Centro Universitário Redentor (UniRedentor) melolararibeiro17@gmail.com

8Enfermagem na Universidade de Pernambuco luizfensg1000@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6616-3334

9Medicina no Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP) lucasmmmttt7@gmail.com ORCID: https://orcid.org/ 0009-0007-9932-3211

10Graduado em enfermagem no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU): Rio de janeiro/ RJ l ucasleuschner@hotmail.comORCID: https://orcid.org/0000-0003-0899-4743