CLÁSSICOS LITERÁRIOS DE MACHADO DE ASSIS E A FALTA DE INTERESSE  DOS ALUNOS, DO ENSINO FUNDAMENTAL, POR ESTE TIPO DE LEITURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8226252


Aline Paiva de Azevedo


RESUMO  

Esta pesquisa discorre sobre a prática de leitura do clássico Machado de Assis, entre  os alunos do Ensino Fundamental. Nos últimos anos tem sido um grande desafio para  a escola, de um modo em geral, despertar entre os alunos o hábito de leitura de  clássicos como Machado de Assis, tendo em vista que as dinâmicas de leituras têm  sido cada vez mais diversificadas, ou seja, é muito comum atualmente que os  educandos optem por leituras mais atuais. Por isso, os clássicos da literatura  brasileira, como por exemplo, os machadianos nem sempre são as escolhas  preferidas dos alunos. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa está pautado na  importância de identificar os fatores que colaboram para que os alunos do Ensino  Fundamental demonstrem desinteresse pela leitura de clássicos de Machado de  Assis. Para isso, a construção do estudo foi desenvolvida a partir de uma pesquisa  bibliográfica com uma abordagem qualitativa. Nesse sentido, os resultados apontam  que muitos podem ser apontados como empecilhos que favorecem o desinteresse dos  alunos pela leitura de clássicos machadianos, dentre estes a falta de incentivo à  leitura, especialmente no contexto familiar e também nos primeiros anos da vida  escolar dos alunos. Dessa forma, conclui-se que é de extrema importância estimular  os alunos ao hábito de leitura, não somente dos livros didáticos, mas também, dos  textos literários, o que é um processo que envolve não apenas a escola, mas família,  professores e sociedade em geral. 

Palavras-chave: Ensino Fundamental, Textos Literários, Educação, Leitura. 

1. INTRODUÇÃO  

O cenário educacional, nas últimas décadas, tem se destacado por importantes  mudanças, principalmente no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem. O próprio ato de ensinar tem demandado algumas adequações para que o espaço  escolar fosse o mais atrativo possível aos alunos e inserir novas metodologias de  ensino tem sido fundamental para o aprendizado. 

Nesse sentido, observa-se a evolução do processo educacional, com a  inserção de novas metodologias de ensino, tais como o uso das ferramentas digitais,  as quais foram essenciais nesse processo. 

Por outro lado, é importante destacar que a falta do hábito de leitura, principalmente entre os alunos do Ensino Fundamental, ainda se configura como  grave problema para a aprendizagem dos alunos e também para a escola como um  todo. No que se refere a leitura dos clássicos da literatura brasileira, o caso é ainda  bem mais complexo, tendo em vista que é um tipo de leitura que tem ficado a cada  dia à margem da preferência dos alunos de grande parte das escolas do país. 

Dentro desse contexto, a problemática da pesquisa surge dos questionamentos  que sobre os elementos que contribuem para que os alunos não tenham o hábito de  leitura dos clássicos de Machado de Assis, ou seja, tentar responder a seguinte  pergunta: Quais os fatores que colaboram para que os alunos do Ensino Fundamental  não tenham o interesse por leitura dos clássicos machadianos? 

Importante destacar que os clássicos literários são obras que representam a  herança cultural, social e histórica da época. São textos que vão passando de geração  em geração, instruindo leitores de diversas idades.  

Para Curti e Wellinchan (2021), ao ter acesso a uma obra literária é certo que a  criança tem contato com um mundo de personagens e histórias, que lhes “são  apresentados de forma lúdica, através dos símbolos, cenários e contextos em  suportes diversificados”. O que na perspectiva dos autores, tem sido um ponto positivo  no incentivo da leitura entre os discentes. Conforme Calvino (2009), o clássico provoca  no leitor uma descoberta particular e singular. O diálogo entre autor e leitor acontece  de uma forma única e individual. Cada leitura promove uma reflexão singular.  

Quanto ao objetivo, a pesquisa busca verificar os fatores que contribuem para que os alunos do Ensino Fundamental não tenham interesse pela leitura de clássicos  machadianos. Para isso, a pesquisa optou por uma abordagem bibliográfica de cunho  qualitativo. 

Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa está pautado na importância de  identificar os fatores que colaboram para que os alunos do Ensino Fundamental  demonstrem desinteresse pela leitura de clássicos de Machado de Assis. Para isso, a  construção do estudo foi desenvolvida a partir de uma pesquisa bibliográfica com uma  abordagem qualitativa

Nesse sentido, a pesquisa apontou que dentre os fatores que podem ser  empecilhos para que o aluno apresente certa resistência com a leitura machadiana  está no fato de que a maioria dos educandos, não passou pelo processo de incentivo  ao hábito de leitura quando criança, nem mesmo no âmbito familiar, e na escola pouco  ou nenhum conhecimento este teve sobre textos literários e seus pressupostos  teóricos, no caso da pesquisa em destaque, Machado de Assis.  

Portanto, a conclusão do presente estudo aponta a necessidade de incentivar os discentes ao hábito de leitura, não somente dos livros didáticos, mas também, dos  textos literários, o que é um processo que envolve não apenas a escola, mas família,  professores e sociedade em geral. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  

2.1 A importância da leitura no processo de aprendizagem 

A leitura faz parte da vida do ser humano, sendo primordial para seu  desenvolvimento social, cultural e profissional. Além disso, o ato de ler tem o poder de  transformar a essência, a opinião e a maneira de ver o mundo. É através do contato  com as palavras que o indivíduo se torna cidadão crítico e reflexivo, participando  ativamente na vida social e profissional. De um modo em geral, a leitura permite que  o indivíduo obtenha subsídios para construir reflexões críticas da realidade que o  cerca.  

Nesse sentido, a leitura faz parte da realidade do indivíduo, assim como exerce  influência nos aspectos social e psicológico das pessoas, podendo aprimorar os  conhecimentos científicos, principalmente aos que estão ligados a língua, sendo a  língua oral ou escrita. 

Dentro do contexto educacional, a leitura é a base do ensino e da  aprendizagem da linguagem e as orientações curriculares só potencializam essa ideia,  tendo em vista que grande parte dos discentes ao entrar na escola, não conseguem  compreender, posicionar-se de forma crítica e nem mesmo organizar suas ideias ao  terem que desenvolver seus próprios textos.  

O ato de ler tornou-se a base do ensino e aprendizagem da linguagem e as  propostas curriculares só reforçam essa perspectiva, uma vez que muitos alunos  chegam à escola sem saber compreender, posicionar-se criticamente e organizar  suas ideias para a construção de seus próprios textos. Nesse caso, Infante (2000), reforça que a leitura tem o intuito de incentivar o pensamento crítico acerca de  conceitos distintos, possibilitando aos discentes descobrir novas habilidades. De acordo com Alexandre (2019), dentro do processo de ensino e  aprendizagem, a leitura envolve um trabalho que vai além da sala de aula, pois, requer  uma articulação com a família, especialmente no sentido de acompanhar os alunos,  incentivando e estimulando eles no hábito de ler enfatizando a importância da leitura  para o desenvolvimento destes. 

A partir desta perspectiva compreende-se que a leitura é um processo que  atribui um sentido a determinado texto lido, além do leitor construir uma interação com  o que está lendo, isso significa que ler possibilita um leque de conhecimentos ao leitor,  consequentemente este é levado a ter uma compreensão mais profunda sobre o meio  à qual pertence, despertando ainda o senso crítico acerca de sua realidade.  

A partir da ideia de Soares (2005), entende-se a importância da leitura no  processo de aprendizagem, pois, a leitura exerce importante influência sobre os  alunos, tendo em vista que, a prática de ler, quando estimulada na escola, colabora  significativamente para o desenvolvimento da criança como um todo, especialmente  no sentido de ampliar a visão de mundo do indivíduo instigando-o a refletir sobre o  meio que o cerca. 

Segundo Freire (1994, p.11), a “leitura precede a palavra, daí que a posterior  leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e  realidade se prendem dinamicamente”. Neste ponto de vista, observa-se que a leitura  de um texto é capaz de levar o leitor e enxergar a sua própria realidade de um ponto  de vista mais abrangente, ou seja, a interação promovida pela leitura faz com que o  leitor ultrapasse a linha de seus próprios conhecimentos, uma vez que tem acesso a  outras realidades.  

Assim sendo, pode-se inferir que a leitura é essencial no cotidiano do ser  humano, pois fundamenta as interpretações e possibilita a compreensão de mundo.  Ao ter acesso a leitura de um texto “adquire-se e formata-se posicionamentos,  questionando acerca da potencialidade e opiniões de autores e assim refletir e formar  nossos próprios conceitos e consequentes ilações” (KRUG, 2015, p. 1). Dessa forma,  a leitura instiga o leitor a posicionar-se diante de determinadas situações e até mesmo  intervir, se for o caso.  

No caso da leitura dos clássicos literários, na educação infantil, por exemplo, o  trabalho com a oralidade e com as representações ditas populares é de extrema importância para iniciar a criança no universo da leitura. Além de promover os  primeiros contatos com os livros.  

Comungando com esta ideia Silva e Araújo (2015), defende que no ensino  infantil o uso de textos literários leva as crianças a reconhecerem as características  sonoras das palavras por meio dos textos, o uso de figuras de linguagem, além de  contribuir para que os educandos tenham entendimento da estrutura básica das  narrativas, a identificação de traços comuns dos personagens.  

No contexto do ensino fundamental, especialmente nos últimos anos, o aluno  já tem certa autonomia para escolher o tipo de leitura, daí a importância de se trabalhar  os mais diversos gêneros, pois assim, o aluno começa a ter a capacidade de análise  e de escolha, para posterior fixação do gosto. Nesse cenário: 

No ensino fundamental, a criança passa a acessar outras formas, gêneros e suportes da literatura, desapegando-se do papel da memorização pela musicalidade e pela repetição rumo à leitura (em sentido restrito), num continuum no qual ela se desloca da oralidade para a escrita e vice-versa. A criança deixa progressivamente de depender daquilo que o adulto decide contar/ler/cantar para ela para poder buscar aquilo que deseja ler, daí a importância da biblioteca escolar (e, se possível, de sala, de bairro e familiar) e do trabalho com diversos gêneros escritos, inseridos em situações socialmente relevantes (DALVI, 2013, P. 72).

Portanto, é perceptível que a leitura propõe um conceito amplo, mas que, no  geral, refere-se à observação de algo e as conclusões que são retiradas, sendo dos fatos cotidianos (leitura de mundo), ou das produções textuais, visto que, ambas são  de suma importância no desenvolvimento crítico, cognitivo ou cidadão, e isso  dependerá do objetivo pela qual seja realizada a leitura 

2.2 A importância de ensinar literatura clássica na sala de aula 

Embora seja necessário entender a origem das palavras, e todas as nuances  que envolvem seus significados e classificações, ensinar literatura clássica é de  extrema importância no processo de ensino e aprendizagem, pois, ensinar as crianças  sobre os textos literários, não deixa de ser uma atividade complexa, mas necessária,  tendo em vista que a literatura clássica, quando incentivada desde os primeiros anos  da vida escolar da criança pode ser um diferencial importante no sentido de estimular  o gosto e o interesse da criança por este tipo de leitura, além de fazer com que este  aluno ao chegar ao Ensino Fundamental não tenha dificuldades em compreender os  clássicos literários, especialmente os brasileiros.

Carvalho (2015), a literatura clássica não é apenas uma simples prática escolar,  considerando que envolve um processo de interação entre leitor e autor, além de possibilitar ao aluno experimentar experiências inovadoras as quais podem contribuir  na compreensão da realidade.  

Conforme Aquino et al (2019), a literatura clássica tem o poder de alimentar a  imaginação e viabiliza caminhos para o exercício da criatividade, possibilitando o  aprendizado da reflexão, da consciência crítica, da segurança no momento de  defender seus pontos de vista. Dessa forma, quando o aluno tem conhecimentos  sobre textos literários como crônicas e contos, ele tem uma gama de possibilidades  de divertimento e informação, o que potencializa o seu pleno exercício da cidadania. 

Colaborando com tal afirmativa, Silva et al (2021), defendem a importância da  prática de apresentar e iniciar a criança no hábito da literatura clássica. Para esses  autores isto possibilita ao aluno conhecer o meio o qual está inserido podendo ainda  transformar seu contexto. Por isso, os livros infantis são tão relevantes na formação e  no crescimento saudável das crianças.  

No caso dos clássicos de Machado de Assis, no âmbito escolar, é fundamental  e está inserido no contexto de aprendizagem, pois, esta temática trata de situações  essenciais para a formação do indivíduo. No Ensino Fundamental, período em que os  alunos se encontram numa fase conflituosa que é a adolescência, os clássicos  literários, especialmente os machadianos, possibilitam experiência estética e literária que são essenciais para o desenvolvimento do aluno-leitor.  

Nesse sentido, compreende-se que clássicos, como os de Machado de Assis,  podem ser considerados uma estratégia pedagógica importante e necessária, isso por  que são textos mais curtos, permitindo que sua leitura seja feita integralmente em sala  de aula. O resultado será um contato exitoso dos mais jovens com a riqueza dos textos  literários.  

Dessa forma, é preciso que os alunos tenham acesso aos textos literários em  sala de aula, não de forma aleatória sem um objetivo. É preciso planejamento das  aulas e o uso de estratégias que possam instigar o interesse dos alunos possibilitando  o crescimento destes como leitores e como pessoas. Por isso, é tão importante a  atuação do professor que pode promover, através dos procedimentos didático pedagógicos, mostrando que o prazer de ler é construído a partir da superação dos  obstáculos. 

2.3 Fatores que colaboram para o desinteresse dos alunos do Ensino  Fundamental, pela leitura dos clássicos de Machado de Assis. 

O cenário educacional sofreu inúmeras mudanças nas últimas décadas e o  processo de ensino e aprendizagem tem agregado tais transformações, por isso, tem  sido um grande desafio para as famílias e para as escolas incentivar os alunos,  especialmente do Ensino Fundamental, na leitura de clássicos como Machado de  Assis, tendo em vista que muitos alunos não têm este tipo de leitura como uma das  preferidas. 

As obras de Machado de Assis são um bom exemplo de texto clássico, pois muitas destas ficaram eternizadas nos registros da história, tendo em vista que mesmo  após um século de sua morte, os clássicos de Machado de Assis ainda permeiam no  imaginário dos amantes da leitura.  

Ademais, é fato que Machado de Assis tem um acervo diversificado de contos,  romances que já foram traduzidos para várias línguas e lidos por uma grande massa  de leitores. Entre as obras machadianas estão na lista Dom Casmurro, Helena,  Memórias Póstumas de Brás Cubas, entre outros.  

Machado era contista, romancista, dramaturgo, crítico literário, jornalista,  cronista tradutor e poeta, ele não estava preso a apenas um estilo literário. Por isso,  a possibilidade dos jovens e adolescentes se identificarem com pelo menos um desses  estilos é imenso, já que o autor escrevia com excelência em todos eles. 

Portanto, convém mencionar que Machado de Assis é considerado um dos  mais importantes escritores da contemporaneidade, sendo reconhecido mundialmente  como um dos grandes expoentes da literatura brasileira.  

A partir desta perspectiva Oliveira (2019) aponta que o referido autor foi  romancista, teatrólogo, poeta e contista, onde suas obras permearam a imaginação  de milhares de leitores, tendo em vista sua importância no processo de aprendizagem.  Neste sentido: 

Para que a experiência da literatura – e da arte em geral – possa alcançar seu potencial transformador e humanizador, é preciso promover a formação de um leitor que não apenas compreenda os sentidos dos textos, mas também que seja capaz de frui-los. Um sujeito que desenvolve critérios de escolha e preferências (por autores, estilos, gêneros) e que compartilha impressões e críticas com outros leitores-fruidores. (BRASIL, p.154, 2017)

Assim sendo, para que o leitor tenha êxito na leitura, especialmente dos  clássicos literários, é preciso que este tenha plena consciência do que se trata o texto  e possa assim, ter uma posição crítica sobre a sua realidade.  

Dentro deste processo é relevante enfatizar que o cenário escolar tem  importante participação no sentido de estimular entre os alunos o gosto pela leitura,  tendo em vista que este é ao ambiente responsável direto pelo ensino da leitura, por  isso, cabe a ela refletir sobre sua atuação frente à prática, uma vez que é a principal  responsável em transformar um aluno em um leitor ou até mesmo distanciá-lo do  processo 

Para Pereira (2017), o acervo dos clássicos literários brasileiros é imenso e  bastante diversificado, onde Machado de Assis tem papel de destaque sendo um dos  atores de maior expressão da literatura brasileira, sendo reconhecido mundialmente  enquanto escritor.  

Sendo ainda um dos responsáveis pela criação de um novo estilo de narrar o  inaudito, além de escrever com muita propriedade sobre o romantismo, seus  personagens eram emblemáticos e chamavam a atenção pela sensibilidade em que  eram criados. 

Quando se trata do interesse dos alunos, do Ensino Fundamental, pela leitura machadiana, observa-se que, não tem sido tarefa fácil estimular o interesse desses  jovens pela literatura clássica. Infelizmente tem sido um grande desafio para a família  e para a escola, como um todo, inserirem os textos literários de Machado de Assis  como parte da leitura cotidiana dos discentes. 

É importante destacar que a internet tem sido uma grande aliada no processo  de aprender apresentando inúmeras possibilidades aos alunos, que chegam a passar horas em frente ao computador e/ou tabletes, muitas vezes entretidos com conversas  com pessoas até mesmo de outros países, ou em jogos on line. O fato é que nos dias  atuais tem sido muito difícil estimular os jovens na leitura das literaturas clássicas,  principalmente brasileiras. 

Com relação aos clássicos machadianos, alguns fatores podem contribuir para  que não haja interesse dos alunos pela leitura deste que é reconhecido como um dos  autores mais completos de nossa literatura. Nesse processo, convém destacar que a  escola e a família têm participação essencial.  

A escola por que, como parte envolvida no processo de ensino e aprendizagem  pode estimular o aluno nesse tipo de leitura desde os primeiros anos escolares. No caso da família, cabe a responsabilidade de ajudar a escola, no sentido de também  apresentar à criança a diversidade de obras literárias que compõem a nossa vasta  literatura. 

De acordo com Silva e Araújo (2015), outra questão que colabora para o fato de  que a leitura machadiana seja considerada complexa pode ser ainda pela falta de  hábito de leitura de muitos professores e até mesmo pelo desconhecimento de  metodologias que trabalhem os textos literários.  

Conforme análise de Portela e Santana (2019), atualmente a sociedade do  consumo, das imagens da velocidade, do analfabetismo, do acesso facilitado a livros  e, especialmente, pela ausência de uma tradição de leitura, fazem com que grande  parte dos alunos não adquiram o hábito pela leitura.  

Outra questão a ser abordada pode ser analisada por meio do pensamento de  Aquino et al., (2019), onde estes consideram que os textos de Machado de Assis,  despertam pouco interesse dos alunos, talvez por que apresente uma linguagem  complexa e arcaica, o que para esses autores, pode configurar, para os educandos,  como uma leitura monótona. Por isso, é de fundamental importância que esses alunos  sejam estimulados desde muito cedo no costume e acesso à leitura dos clássicos  literários.  

Merece atenção ainda o fato apresentado por Silva e Araújo (2015) que apontam  que até mesmo grande parte dos discentes não conheçam a fundo o vasto acervo de  Machado de Assis, ou seja, é muito comum que até mesmo os professores sequer, tenham conhecimento de metodologias que trabalhem os textos literários. 

Tal situação pode ser um agravante considerando que o professor é um dos  atores principais na questão de iniciar a criança no universo da leitura. Infelizmente, a  realidade das escolas atuais é que muitos alunos que estão no Ensino Fundamental,  pouco ouviram falar de Machado de Assis, e uma grande parte destes sequer nunca  ouviu falar do autor. 

Infelizmente esta realidade pode ser considerada um grande retrocesso para o  processo de ensino e aprendizagem, pois, um país que não valoriza sua língua e sua  cultura pode está sendo direcionada ao fracasso, o que é um grave prejuízo para as  gerações futuras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Este estudo teve como foco primordial identificar os elementos que contribuem  para a falta de interesse dos alunos, do Ensino Fundamental, pela leitura dos clássicos  de Machado de Assis. 

A partir desta análise, foi pertinente entender que tem sido um desafio muito  grande estimular os estudantes no hábito de ler, e isto se deve a vários fatores, entre  estes, as novas dinâmicas do processo de ensino aprendizagem, que também se  modificaram ao longo dos anos. 

Dentro deste contexto, podemos observar que, a tecnologia digital tem sido um grande aliado para o aprendizado, principalmente no que se refere ao ato de ler, pois,  dispõe de inúmeros recursos que podem estimular e iniciar o aluno no contexto da  leitura.  

Nesse caso, destaca-se a participação da escola e da família no processo de  iniciação à leitura, pois, desde criança é importante que o aluno tenha a noção de  quanto é importante a leitura para o desenvolvimento do futuro leitor. 

A pesquisa constatou ainda que os clássicos machadianos têm grande peso na  educação, isso porque são leituras que tratam de temáticas associadas às questões  sociais, políticas e econômicas e que são bem próximas de nossa realidade.  

Ademais, Machado de Assis tem a capacidade de levar o leitor a um universo  cheio de questionamentos, possibilitando ao leitor trabalhar a imaginação, e estimular  o senso crítico deste, levando-o a questionar até mesmo a realidade que o cerca. 

Desta forma, as considerações finais da pesquisa apontam que alguns fatores,  como a falta de incentivo, ausência de metodologias que agreguem os recursos  digitais no processo de leitura e até mesmo métodos que potencializam os estudos  referentes à literatura clássica, como as machadianas, podem ser elementos que  intensifiquem a falta de interesse dos alunos, especialmente do Ensino Fundamental,  no hábito de leitura de Machado de Assis.  

Portanto, é de extrema importância que essas questões sejam analisadas de  forma mais abrangente, considerando a importância e a necessidade de se trabalhar  melhor as obras deste que é considerado até hoje um dos grandes expoentes da  literatura brasileira e que é reconhecido mundialmente, Machado de Assis.

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