REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10165721
Jheime Soares Rocha1;
Shahira Delia Carrafa Reyes Ortiz2
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor a criação de um Centro de Integração do Autismo, que está localizado no bairro Lagoinha, Zona Leste da cidade de Porto Velho, visando prestar apoio aos autistas, contribuindo com serviços especializados, que serão oferecidas atividades educativas e de apoio clínico, tais como: cursos profissionalizantes, psicólogos, fonoaudiólogos terapeutas, pediatras e qualquer parte pedagógica necessária para atendê-los. A proposta integra a ideia de projetar espaços de recreação e convivência, onde os profissionais possam trabalhar juntos para melhorar seus usuários, favorecendo o tratamento e reduzindo os sintomas do autismo. O objetivo de projetar um centro especializado não é isolar as crianças, mas sim oferecer apoio especial, porque a convivência com crianças não autistas é essencial para o seu desenvolvimento. Segundo pesquisas realizadas, espaços adequadamente projetados para essas crianças influenciarem positivamente no seu tratamento, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. A pesquisa proposta foi realizada de forma qualitativa, descritiva e bibliográfica. Qualitativa a partir da observação da carência de suportes que são oferecidos aos que possuem autismo.
Palavras-chave: Autismo. Apoiar. Vivendo juntos. Educação.
ABSTRACT
This work aims to propose the creation of an Autism Integration Center, which will be located in the neighborhood Lagoinha, East Zone of the city of Porto Velho, aiming to provide support to the autistic, contributing with specialized services, which will be offered educational activities and clinical support, such as: vocational courses, psychologists, speech therapists, pediatricians and any pedagogical part needed to attend them. The proposal integrates the idea of designing spaces for recreation and coexistence, where professionals can work together to improve their users, favoring treatment and reducing the symptoms of autism. The goal of designing a specialized center is not to isolate children, but rather to offer special support, because coexistence with non-autistic children is essential for their development. According to research conducted, spaces properly designed for these children positively influence their treatment, providing a better quality of life for them. Keywords: Autism. Support. Living together. Education.
Keywords: Autism. Support. Living together. Education.
1. INTRODUÇÃO
O termo TEA (Transtorno do Espectro Autista) é utilizado para definir um conjunto de sintomas relacionados à atividade cognitiva e de comunicação (LUIZA, 2015). Em seus sintomas mais perceptíveis se destaca a dificuldade de comunicação, problemas na linguagem, problemas estereotipados e repetitivos.
Este Transtorno possui comportamentos incomuns e de diferentes níveis, entre eles estão os indivíduos que não conseguem falar, não possuem relacionamento social. Existem casos com crianças que possuem retardo mental e em outros casos com Q.I (Quociente Intelectual) elevado. (FARIAS
at all, 2014).
A pessoa com autismo pode apresentar, desde os primeiros anos de vida, um atraso na fala e na comunicação, seja ela verbal ou não verbal. Essas pessoas possuem algumas características peculiares, como não ouvir quando é chamado, o que é muito comum nos primeiros anos de vida e muitas vezes pode ser confundido com problemas de audição. Os estímulos são muito importantes nessa fase, para poder ajudar no desenvolvimento e interação da criança com o ambiente e com as pessoas que nele vivem.
A causa do autismo ainda não é comprovada cientificamente, porém, existem estudos que apontam a origem como relações multifatoriais quem podem estar ligadas a aspectos genéticos, bioquímicos e/ou ambientais.
Os indivíduos com TEA possuem uma diferenciação na forma e percepção sensorial, pois enquanto os neurótipicos conseguem perceber o espaço com base nos sentidos de forma simultânea, os autistas possuem essa percepção fragmentada.
Os indivíduos autistas possuem um déficit grande quanto à integração sensorial, que pode ser pela falta (hiposensíveis) ou excesso (hipersensíveis) de estímulos, o que causa comprometimento nas habilidades lúdicas e comportamentais. Eles possuem uma dificuldade em obter uma rápida mudança entre estímulos diferentes e isso pode gerar comportamentos repetitivos, compulsivos e auto lesivos. Essa disfunção muitas vezes está relacionada ao atraso na linguagem.
Percebemos que as sensações e percepções do ser humano estão diretamente ligadas ao ambiente que o envolve, o que afeta o seu comportamento. A proposta foi planejada pensando não somente nos autistas, mas em seus familiares, que tem o papel fundamental no desenvolvimento deles.
É de extrema importância que a família tenha auxílio acerca das orientações sobre o trabalho que deve ser feito em casa. O Centro de Integração para o Autista será um ambiente de recreação e integração entre os alunos, contribuindo para o desenvolvimento pessoal de cada um.
Será um suporte para as escolas regulares, não deixando de lado o aprendizado, mas oferecendo um espaço onde as pessoas possam desenvolver as atividades de interação de forma mais adequada. Buscando suprir as reais necessidades na área comportamental, da comunicação e imaginação dos portadores do transtorno. Projetando espaços de inclusão social, onde possuam flexibilidade de usos, onde serão oferecidas atividades educacionais e de apoio clínico.
O presente estudo se justifica pelo fato de que em Porto Velho, assim como na maioria das cidades, os familiares de autistas sofrem com a falta de inclusão social, falta de direitos e pela falta de tratamentos adequados que estimulem a melhoria da qualidade de vida dos autistas. As opções que o governo oferece são extremamente precárias e de alto custo, tanto financeiro quanto afetivo. Assim, diante dos estudos e pesquisas realizados, o projeto visa apresentar estratégias de trabalho para a melhoria na qualidade de vida de indivíduos com autismo, verificando como funciona a socialização desses indivíduos, dispondo de novas alternativas e novos caminhos para a socialização e interação social deles. Assim, contribuir com o ensinamento de jovens e crianças autistas torna-se um desafio, porém, que trará resultados positivos no âmbito de inclusão social e melhoria na qualidade de vida deles.
Por fim, o presente artigo tem o objetivo de propor um projeto de um Centro de Integração para o Autista, com espaços adequados e elaborados para a convivência deles, junto com profissionais capacitados que trabalhem em conjunto para a melhoria da qualidade de vida deles. O projeto buscará proporcionar toda infraestrutura necessária para o tratamento das crianças.
2. DESENVOLVIMENTO
Nesta seção o artigo trará à luz alguns conceitos sobre autismo e sua necessidade de um espaço planejado e projetos que levarão a construção da infraestrutura proposta pelo projeto
2.1 AUTISMO NO MUNDO
Ao longo dos anos, foram realizados diversos estudos epidemiológicos para poder quantificar a quantidade de pessoas que são afetadas pelo autismo. Os principais pesquisadores da área, Fombonne e Chakrabarti, indicaram uma taxa de 60/10.000 para o Transtorno do Espectro Autista no ano de 2001, e de 1/110 no ano de 2006. Estudos mais tenros feitos pelo CDC Estados Unidos (CENTRAL for Disease Control), mostram que o autismo atinge 1 em cada 86 pessoas, e mais, a primazia no sexo masculino é de 4%, tornando-se mais alta que no sexo feminino 1. Considerando esses dados da pesquisa, estima-se que existam em torno de 75 milhões de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista no mundo.
2.2 AUTISMO NO BRASIL
Entender a realidade do autismo no Brasil é muito importante para que possamos ter um diagnóstico verdadeiro da nossa realidade. Segundo o Censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, é considerado que 28% da população brasileira seja composta por crianças (0-14 anos), e que existam mais de 2 milhões de deficientes mental/intelectual no Brasil.
Ao cruzar os dados de pesquisa do IBGE com a porcentagem do TEA (Transtorno do Espectro Autista) estimado pelo CDD em 2012, podemos chegar à conclusão de que existam mais de 700 mil crianças autistas no país. Conforme um estudo feito no ano de 2013 chamado “Retratos do Autismo no Brasil” cujo ponto principal era mapear e observar a situação do autismo no país, foi possível analisar a classificação de 106 instituições que participaram da pesquisa que afirmaram prestar algum tipo de atenção em apenas 3480 autistas de todas as faixas etárias. Detalhando um pouco mais sobre as instituições, a primeira associação de pais e autistas do mundo fundou-se em 1962 nos Estados Unidos, que tinha como princípios três objetivos primordiais: abrir uma escola para crianças autistas, uma residência para adultos e criar um serviço de informação para outros pais. Atualmente no Brasil existe a AMA (Associação de Amigos do Autista) fundada em 1983 pelos pais de crianças autistas cujos preceitos seguem os mesmos da fundada nos Estados Unidos.
A definição de autismo adotada pela instituição foi:
O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de
maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa causar a doença. (ASA, 1978 apud GAUDERER, 1997).
A associação teve e continua tendo a missão de proporcionar à pessoa com autismo uma vida digna, com: trabalho, saúde, lazer e integração à sociedade. (AMA,1983). Segundo Gauderer (1993), o espaço físico para atender pessoas autistas é necessário, e esse espaço deve ter uma estrutura flexível, que atenda não apenas os que têm o espectro do autista, mas receber pessoas desde os primeiros meses até o fim de sua vida se for necessário.
Criar centros de atendimento para o autista não quer dizer que seja incluí-lo de qualquer jeito na sociedade, mas sim garantir que essa inclusão seja feita de maneira adequada e traga melhorias na qualidade de vida do indivíduo.
2.3 TRATAMENTO
Segundo ASSUNÇÃO e PIMENTEL, a realização do tratamento é complexa, através de medicamentos, com o objetivo de reduzir os sintomas, principalmente a agitação agressiva e irritação, que impede de levar o indivíduo para programas de estimulação e educacionais. Em caso de pacientes crônicos a terapia se estenderá por longos períodos, com necessidade de monitoração constante para que assim se obtenha uma melhor dimensão do problema. (ASSUMPCAO JR at all, 2000).
São utilizados neurolépticos, visando a diminuição dos sintomas, porém em nenhum momento os profissionais consideram a psicofarmacoterapia, como uma escolha exclusiva, ao acreditar que ela reduz os sintomas, pensando que facilita a abordagem um cunho pedagógico de acordo com o proposto nos últimos anos. (ASSUMPCAO JR at all, 2000).
2.4 CONCEITO E A NECESSIDADE DE UM ENSINO PLANEJADO
O conceito de autismo passou por algumas mudanças. O termo evoluiu de esquizofrenia infantil para o que hoje conhecemos como Transtorno do Espectro Autista (TEA). Quanto a sua definição, Armonia (2015) salienta que os “[…] quadros que compõem TEA, são complexos e apresentam manifestações variadas, com alterações irregulares no desenvolvimento […]”. Sobre a perturbação, Greenspan; Wieder (2006), afirmam ser um “[…] transtorno complexo do desenvolvimento que envolve atrasos e comprometimentos nas áreas de interação social e linguagem, incluindo uma ampla gama de sintomas emocionais, cognitivos, motores e sensoriais”.
O autismo é descrito como um transtorno neurológico que afeta a capacidade de um indivíduo de se comunicar, de estabelecer relações com as pessoas e o ambiente, apresentando dificuldade em fazer certas atividades, além de possuir graus que variam de indivíduo para indivíduo.
Por suas particularidades que diversificam de indivíduo para indivíduo, o aluno autista precisa de um ensino planejado que diferencie suas singularidades. O planejamento do ensino deve ser organizado de modo a contemplar as especificidades do educando, e, com isso, “os professores devem implementar as atividades de aprendizagem […]” (FALVEY; GIVNER; KIMM, 1999). Frente ao processo de inclusão do aluno autista, existe ainda a necessidade de um sistema educacional inclusivo que se configura como “[…] um processo político, social, econômico, histórico, pedagógico e possível de ser efetivado” (ZANATA; CAPELLINS, 2012).
2.5 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
O conceito do projeto partiu de criar ambientes acolhedores, no qual os usuários sintam-se em casa. O local deve proporcionar integração, tanto no sentido sensorial quanto no sentido social.
Os autistas possuem muita dificuldade em se relacionar com outras pessoas, muitos deles sofrem bullying e acabam se isolando dos outros e entrando em seu próprio mundo. Acolhimento e integração formam o conceito deste projeto proporcionando integração do autista não apenas com outras crianças, mas também com o meio ambiente.
A boa arquitetura para essas crianças facilita essa conexão. O partido arquitetônico foi definido buscando relações entre o espectro autista e a arquitetura. Já que projetar para autistas é uma tarefa desafiadora, uma vez que os autistas tendem a ter variações comportamentais, de personalidade e níveis de interação social diferente. Buscando enfatizar a ideia de interação entre arquitetura e autismo serão adotadas algumas diretrizes, sendo elas:
• Multifuncionalidade: Laureano (2007) abordou o conceito de multifuncionalidade de ambientes internos, a partir de espaços que promovam a atividade intelectual.
• Texturas: As texturas e cores proporcionam um trabalho tátil e visual, desenvolvendo a consciência corporal e cognitiva do autista.
• Iluminação: A iluminação promove uma socialização física e lúdica das crianças, possibilitando atividades centradas e descontraídas, a partir da configuração da luz. Pode ser utilizado dimmers e controladores de intensidade.
• Mobiliários: Os mobiliários são colocados para melhor distribuição da ergonomia.
• Layout: A boa distribuição do layout estabelece espaços seguros, funcionais e flexíveis.
• Espaços ao ar livre: Beaver (2006) aborda a importância da existência de espaços ao ar livre, pois esses espaços promovem a consciência ambiental do indivíduo, proporcionando a sensação de independência.
2.5.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento
Tabela 1: Programa de necessidades da proposta de intervenção
2.6 MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
Os materiais precisam se adequar ao tipo de projeto proposto, proporcionando conforto e segurança às crianças autistas, sendo econômicos e que se relacionem com o entorno, tornando-se favorável para seus usuários. O projeto precisa ter dinamicidade, agregando várias funções em apenas um ambiente, uma boa ideia para ressaltar essa dinamicidade é utilizar paredes curvas tornando o espaço mais proativo. Todos os recursos utilizados na proposta deverão ser pensados de tal maneira que propiciem um bem-estar a criança autista, que começa desde os materiais básicos e vai até a textura e cores utilizadas nas paredes.
2.6.1 Materiais estruturais
2.6.1.1 Tijolos Ecológicos
Os tijolos ecológicos não são feitos como os outros tijolos convencionais, que são prejudiciais ao meio ambiente e as pessoas, pois na hora de serem fabricados são queimados em fornos que usam madeira como combustível retirada de desmatamento clandestino, com as queimadas geram toneladas de gás CO² que causam doenças respiratórias e ajuda no aquecimento global.
Os tijolos ecológicos são feitos apenas com umidade, cimento e solo (terra). A redução de impactos ambientais é notória e pode ser maior, pois, ele também pode ser fabricado com resíduos das construções civis, industriais e até orgânicos.
Esses tijolos são chamados de ecológicos porque não depreciam o meio ambiente na sua fabricação, não destrói os mananciais com a retirada de argila, o processo para sua consistência é feito por meio de cura, ou seja, não precisa de fornos para queima de madeira e não liberam os gases tóxicos que são prejudiciais à saúde.
2.6.1.2 Brises
Será utilizado na proposta Brise-soleils, são elementos que causam uma boa estética, porém, sua função é o mais importante. Os brise-soleils controlam a incidência de luz que entra no ambiente, tendo uma boa redução de ganhos térmicos nos ambientes internos, o que propicia uma eficiência energética e iluminação natural, reduzindo os custos de energia. Eles são utilizados nas fachadas, podem ser coloridos e movimentam-se, proporcionando dinamicidade ao ambiente externo.
2.6.1.3 Cobogós
Os cobogós são elementos vazados e versáteis, que atuam em três preceitos ao mesmo tempo: servem como divisórias, delimitam ambientes e mantém iluminação e ventilação naturais. Eles diminuem a incidência solar nos ambientes, são elementos que contribuem favoravelmente na estética de fachadas. Por serem elementos vazados, eles proporcionam entrada de luz e ventilação sem o uso de esquadrias, o que diminui o custo dos materiais.
2.6.1.4 Telhas Termoacústicas e Telhas Ecológicas
As telhas termoacústicas propiciam isolamento térmico que reflete cerca de 75% dos raios solares e 85% de absorção dos barulhos externos que incomodam a acústica, o que diminui gastos de energia e de refrigeração.
As telhas termoacústicas são leves, possui revestimento interno de isopor, o que enfatiza a grande resistência térmica e o grande isolamento a ruídos externos. As telhas ecológicas são criadas a partir de resíduos de fibras vegetais, de fibra de celulose, que são retiradas de papéis reciclados.
Elas possuem diversas cores e serão utilizadas em alguns ambientes externos da proposta, pois possuem uma boa estética, são duráveis, versáteis, funcionais, leves, resistentes, impermeáveis, anticorrosivas, possuem baixa transmissão térmica e acústica e são de fácil manuseio.
2.6.1.5 Forro mineral e Forro de PVC
Forro Mineral é feito de areia, vidro reciclado e lã de rocha, o que não é prejudicial à saúde e nem ao meio ambiente. Proporciona uma melhora nos ruídos e absorção de sons indesejáveis, e reduz a reflexão de luz
Será utilizado em ambientes de apresentações, como: auditório, salas de música, dança, pois é um forro que atende os padrões anti-incêndio e evita a propagação das chamas e o desenvolvimento de fumaça tóxica.
O forro de PVC é fabricado a partir de duas matérias primas naturais: o petróleo e o sal, tornando um dos materiais mais econômicos em termos de recursos não-renováveis. Tem uma boa duração, é resistente a intempéries, é leve, são fáceis de instalar e resiste ao mofo.
Possuem diversas cores, e serão utilizados nas salas de aulas, salas de terapias, salas recreativas, tornando mais dinâmicos esses ambientes. O PVC é autoextinguível, ou seja, não propaga chamas, ideal para esses tipos de ambientes.
2.6.1.6 Paisagismo
Pessoas com autismo podem se beneficiar do contato com diferentes sensações, através da natureza. Por isso, a criação de jardins sensoriais na proposta é de grande valia, pois demarcam uma transição entre as zonas de estímulo e convivência. “Podemos definir o paisagismo como a ciência e a arte que estuda a organização do espaço exterior em função das necessidades atuais e futuras e aos desejos estéticos do homem”. (STUDART, 1983).
O paisagismo do projeto foi composto com grandes diversidades de espécies, tanto nos jardins externos quanto internos, diversidade de cores, portes, texturas, aguçando os sentidos das crianças. Dentre elas estão: Árvore Pau Ferro, Árvore Ipê, Branco, Rosa e Amarelo, Árvore Unha de Vaca, Árvore Paineira, Árvore Oiti, Arbusto Ixora-Chinesa, e Árvore Pequi.
2.6.2 Viabilidade projetual
A construção arquitetônica cria diversas linguagens e representações de diversos sentidos para os indivíduos. A construção do Centro de Integração para o Autista vem para quebrar a ideia errônea da população sobre esse assunto, abrindo os olhos da população em relação a esse transtorno, que muitas vezes contribui para o isolamento social.
O centro será atribuído de muitas funções, sendo desenvolvidas atividades complementares, recreativas, fortalecendo um contato com o mundo exterior, contato que é dificultado pelo Transtorno do Espectro Autista.
Atualmente este tema tem sido tratado por diversas entidades de prestígio, que se sensibilizaram e criaram associações para que essas pessoas possam ter o mínimo de tratamento necessário que elas merecem. Socialmente, as famílias, e os próprios portadores do transtorno serão beneficiados com a criação deste Centro de Integração para o Autista, é uma maneira de ver o mundo como eles veem, poder ajudá-los, proporcionar mais convivência e dar uma qualidade de vida a eles.
2.6.3 Sustentabilidade
A sustentabilidade está relacionada com a forma com a qual agimos em relação à natureza, sem prejudicá-la, buscando meios para sua conservação, utilizando técnicas sustentáveis que atendam as necessidades humanas, fazendo a junção dos três elementos que envolvem a sustentabilidade; meio social, ambiental e econômico. Alguns desses métodos foram acrescidos na proposta arquitetônica.
2.6.3.1 Cobertura Verde
O uso de cobertura verde é um método sustentável que ajuda a reduzir a poluição e melhorar a qualidade do ar, além de ajudar no conforto térmico. Ele é feito em sete camadas, sendo que a primeira delas é a laje impermeabilizada, seguida por barreira à prova d’água e barreira contra raízes, membrana de drenagem, tecido permeável, substrato e então a vegetação rasteira. Com um correto escoamento, com a utilização de ralos e uma baixa inclinação, o telhado não necessita de muitas manutenções depois de estabelecido
2.6.3.2 Captação de Águas Pluviais
A captação de águas pluviais é outro recurso sustentável muito utilizado para a conscientização e conservação de recursos hídricos. A água da chuva é coletada por um sistema de calhas tradicional onde é direcionada a um tubo de queda de água, onde tem um filtro seletor que separa os resíduos sólidos (folhas), despejando a água limpa em um reservatório inferior (cisterna) para o seu armazenamento. Uma bomba direciona a água armazenada na cisterna para o reservatório superior (caixa d’água) onde será distribuída para os vasos sanitários, para a lavanderia e para as torneiras externas.
Esse esquema de captação possui muitas vantagens, como: redução do consumo de água da rede pública; evita a utilização de água potável onde não é necessário, ajuda a conter as enchentes, além de fazer sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar esse recurso natural.
CONCLUSÃO
Vimos que o Transtorno de Espectro Autista por anos foi diagnosticado como uma doença, o que não é adequado para as condições deste transtorno, com o desenvolvimento de inúmeras pesquisas e estudos sobre o tema foi possível mudar a nomenclatura, sendo atribuído o nome de Transtorno de Espectro Autista.
Um dos maiores objetivos deste trabalho é passar o maior número de informação possível para a sociedade sobre este transtorno que afeta milhões de pessoas no mundo, podendo abrir os olhos da população que não conhecem sobre o tema, evitando que haja exclusão social dos autistas.
Com o decorrer do trabalho foram analisadas diversas maneiras de reflexões realísticas procurando o entendimento da população afetada pelo transtorno, da maneira com que elas veem o mundo a sua volta, e assim podendo ajudá-las da melhor forma possível, observando suas dificuldades e criando ambientes de convívio social, ambientes onde elas se sintam confortáveis. Na parte dos tratamentos a família deve ser orientada a participar ativamente do processo terapêutico bem como ser informada da importância de sua atuação no dia a dia da criança.
A proposta apresenta uma estrutura multidisciplinar excepcional de profissionais qualificados, para que possam dividir as responsabilidades e evolução no tratamento dos autistas, que trabalharão em prol de atividades terapêuticas, recreativas, educativas, de inclusão social, para uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento sensoriais dos afetados pelo transtorno.
Destarte, o conteúdo deste trabalho se configura como uma tentativa de nos levar a refletir sobre questões complexas, mas que são necessárias para que obtenha a inclusão social dos autistas, haja vista que na cidade de Porto Velho não possui muitos recursos, ou informações sobre a temática, tornando difícil um progresso para os autistas da região, sem locais apropriados para seu desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
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1Graduando em Arquitetura e Urbanismo na União das Instituições de Ensino Superior Sapiens. E-mail: jheime@live.com;
2Orientador Prof.ª Especialista em Arquitetura e Urbanismo na União das Instituições de Ensino Superior Sapiens. E-mail: shahira.ortiz@gruposapiens.com.br