CHARACTERISTICS OF CLASS I MOLARS TO IMPROVE ORTHODONTIC DIAGNOSIS: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11214720
Andressa Gomes de Sousa1, Maria Karolinna dos Santos Sousa2, Déborah Brennda Lavôr Martins3, Giselle Maria Ferreira Lima Verde4, Marconi Raphael de Siqueira Rêgo5, Thiago Lima Monte6
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar os principais achados na literatura sobre as características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico. Apesar de bastante difundida, a Classe I de molar apresenta algumas lacunas para o fechamento de um diagnóstico e plano de tratamento mais eficiente e eficaz na conjuntura contemporânea da ortodontia e, nesse viés, foi realizada uma revisão bibliográfica integrativa através da questão norteadora: “Quais as características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico?” Selecionou-se estudos que foram publicados entre 1990 a 2023, sendo estes, indexados nas bases de dados PUBMED (United States National Library of Medicine), Scielo (Scientific Electronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual Em Saúde), na qual 11 artigos foram selecionados. Conclui-se que existe uma maior abrangência para nortear as características da classe I dos molares, que somente a relação da cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior com o sulco mesio-vestibular do primeiro molar superior. Do contrário, a intercuspidação, a análise em vista lingual, o posicionamento de raiz e até mesmo a angulação e inclinação devem ser elementos que complementam essa análise para aprimorar o diagnóstico ortodôntico.
Palavras-chave: Má Oclusão Classe I de Angle. Ortodontia. Diagnóstico. Odontologia.
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade, a Ortodontia assume um papel essencial na promoção da saúde bucal ao corrigir não apenas questões estéticas, mas também problemas funcionais relacionados à oclusão dentária. A importância de uma abordagem abrangente e personalizada destaca-se ainda mais na busca por diagnósticos ortodônticos precisos. Nesse cenário, a análise minuciosa das características da Classe I dos molares torna-se crucial. (Lee et al., 2015; Wang et al., 2019; Elnaghy et al., 2023).
A necessidade de aprofundar a compreensão sobre as características específicas da Classe I dos molares na Ortodontia é crucial diante do impacto significativo que esses elementos exercem no sucesso dos tratamentos. A posição estratégica dos molares na arcada dentária confere-lhes um papel fundamental na estabilidade da oclusão e na harmonia da mordida, elementos essenciais para a funcionalidade bucal. A ênfase na análise detalhada dessas características não se limita apenas à identificação de padrões morfológicos, mas se estende à influência direta que esses aspectos exercem na eficácia do tratamento ortodôntico. (Angle, 1899; Strang, 1957; Arya; Savara; Thomas, 1973).
Partindo disso, essa análise transcende os limites da prática clínica ortodôntica, pois visa propiciar uma contribuição significativa para o avanço do conhecimento no campo da Ortodontia. Considerando que, ao explorar as características da Classe I dos molares, a pesquisa também se propõe a preencher lacunas existentes, proporcionando o adequado embasamento para o desenvolvimento dessa especialidade. (Jang; Kim; Chun, 2012; Tong et al., 2012; Hong et al., 2016).
O objetivo desse estudo é identificar os principais achados na literatura sobre as características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Desde os primórdios da Ortodontia, para uma melhor comunicação entre os dentistas, visando um resultado ideal do tratamento, é indispensável que seja definido o que seria uma correta posição dos molares. Diante desse desafio, Angle, em 1899, elaborou um sistema de classificação que se dividia em classe I, II e III, no qual a Classe I era determinada quando a cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior alinha-se com o sulco mésio-vestibular do primeiro molar inferior. (Angle, 1899).
Os primeiros molares são os dentes norteadores da oclusão ideal, pois são os primeiros dentes permanentes a irromperem na arcada, direcionarem o posicionamento dos subsequentes, serem mais largos e consistentes em seu firmamento, serem mais estáveis quanto à mudança de posição na arcada e por fecharem a relação entre os arcos após sua erupção. (Arya; Savara; Thomas, 1973).
O sistema de classificação supracitado continuou passando por modificações e sofreu críticas de diversos pesquisadores, que também se dispuseram a aprimorá-lo. (Baumrind et al.,1996). Ao passo que, também recebeu elogios por sua primazia, não deixando de ressaltar sua importância para a comunidade científica (Sassouni, 1971), tendo em vista que nenhum havia se estabelecido tão bem quanto o referido. Dessa forma, iniciaram-se as pesquisas e abriu-se o caminho para a definição da correta chave de Classe I de molar, com melhor aceitação e consistência, que pudesse ser verificada (Stoller, 1954), obtendo resultados por examinadores diversos.
À priori, destaca-se que a simplicidade da definição da Classe I, a despeito de ser baseada nos princípios fundamentais da oclusão (Strang, 1957), foi umas das principais causas pelas quais o sistema foi reprovado, sendo a análise feita apenas no sentido ântero-posterior (Bennett, 1912), não citando a vista lingual, apenas a bucal. Isso, somado à dificuldade de analisar vários modelos pelo método tradicional, que consiste em dividi-los ao meio para visualizar a relação das cúspides, contribuiu para o atraso da sua evolução. Nesse sentido, com o advento de novos métodos de exames complementares, como o scanner intraoral (Moura; Pasini, 2020), notou-se que há como ampliar o conceito para torná-lo mais eficiente e mais específico, contribuindo no diagnóstico ortodôntico e melhor tratamento de pacientes com maloclusões.
Alguns cirurgiões-dentistas criaram suas próprias classificações na tentativa de melhor analisar a classe ideal de molar, considerando outros aspectos, porém essas não ficaram bem estabelecidas, pois seus métodos de análise ou exigiam equipamentos sofisticados, ou não eram tão simples de serem aplicados em comparação ao sistema criado por Angle, que se empenhou anos depois no seu aprimoramento, mesmo sob diversos julgamentos, diminuindo a distância da cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior alinhada no sulco mésio-vestibular do primeiro molar inferior para 7 a 7,5 mm no sentido ântero-posterior. O que passasse disso, estaria agrupado em outra classe. (Angle, 1904).
Ainda assim, por se tratar de uma faixa variante, o objetivo de encontrar uma designação pontual não foi atingido, abrindo espaço para mais questionamentos e mais experimentos. Desse modelo, surgiram outros conceitos, considerando a discrepância de apenas 1 mm (Stoller,1954) e destacando outra cúspide como sendo a principal avaliada: disto-vestibular do primeiro molar superior ocluindo na ameia disposta entre o primeiro e segundo molar inferiores. (Andrews, 1972).
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado através de uma pesquisa exploratória, qualitativa, do tipo revisão bibliográfica integrativa, a qual foi desenvolvida de acordo com as etapas construtivas do protocolo de pesquisa: formulação da questão norteadora, mediante a estratégia PICO aplicada para a construção da questão norteadora: “Quais as características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico?”.
Ao passo que, a busca, seleção e revisão dos estudos, os quais foram publicados entre 1990 a 2023, sendo estes, indexados nas bases de dados PUBMED (United States National Library of Medicine), Scielo (Scientific Electronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual Em Saúde), na qual 11 artigos foram selecionados. Para a busca sistemática e definição dos descritores, utilizou-se os caracteres booleanos “AND” e “OR”, e os descritores em Ciências da Saúde (DeCS), tendo por palavras-chave: Má Oclusão Classe I de Angle, Ortodontia, Diagnóstico, Odontologia.
A análise crítica de cada artigo foi realizada aos pares e os critérios de inclusão foram artigos que abordassem sobre as características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico. Os critérios de exclusão foram artigos com médio e grande viés metodológico.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa chegou a um montante de 11 artigos que seguiram os critérios de inclusão e exclusão, sendo dispostos em uma tabela contendo Nome do autor/ano da publicação; título; objetivos; material e métodos e resultados.
Quadro 1 – Esquematização de artigos científicos que versam sobre a discussão das características da Classe I dos molares para aprimorar o diagnóstico ortodôntico.
AUTOR/ANO | TÍTULO | OBJETIVOS | MATERIAL E MÉTODOS | RESULTADOS |
Ross et al. (1990) | Influence of vertical growth pattern on faciolingual inclinations and treatment mechanics. | Avaliar inclinações faciolinguais com base em mesa oclusal inclinações em relação aos planos oclusais. | As amostras comparadas incluem oclusões ideais não tratadas e más oclusões em três diferentes padrões de crescimento esquelético vertical. Inclinações faciolinguais de primeiro molares e incisivos centrais foram medidos em relação ao plano oclusal e a medidas angulares cefalométricas. | Comparações estatísticas entre grupos revelaram resultados significativos diferenças nas inclinações do incisivo superior em relação ao plano oclusal (U1-OP) e inclinação do plano oclusal reFativo à sela nasion (OP-SN). Nenhum intergrupo estatisticamente significativo foram encontradas diferenças na inclinação do incisivo inferior em relação ao plano oclusal (L1-OP) ou nas inclinações vestíbulo-linguais dos primeiros molares superiores e inferiores. Com base na grande diferenças intergrupos no ângulo médio entre o plano oclusal e a sela násio (OP-SN). |
Shewinvanakitkul et al. (2011) | Measuring buccolingual inclination of mandibular canines and first molars using CBCT | Desenvolver um método confiável para medir a inclinação vestíbulo-lingual de caninos e primeiros molares inferiores e avaliar uma possível correlação entre a inclinação vestíbulo-lingual com suas respectivas larguras interdentais. | A amostra foi composta por 37 meninos e 41 meninas pacientes ortodônticos não tratados com média de 13,2 ± 0,96 anos. Uma linha tangente à borda inferior da mandíbula e ao longo eixo do dente mediu a inclinação vestibulolingual. As larguras intercaninos e intermolares foram medidas em modelos. | Os valores de confiabilidade (ICC) foram >0,94. A inclinação média dos caninos inferiores foi de 98,0 ± 4,1°, com largura média de 26,0 ± 2,2 mm. A inclinação média dos molares inferiores foi de 74,6 ± 4,7° com largura média de 40,9 ± 2,7 mm. A inclinação dos primeiros molares dos indivíduos molares Classe II (73,7 ± 4,2°) foi significativamente menor (p ≤ 0,05) do que dos indivíduos Classe I (75,6 ± 4,9°). Houve baixas correlações entre largura interdental e inclinação vestibulolingual. |
Jang, Kim e Chun (2012) | Differences in molar relationships and occlusal contact areas evaluated from the buccal and lingual aspects using 3-dimensional digital models | Comparar avaliações da relação molar realizadas por vestibular e lingual aspectos, e para medir diferenças nas áreas de contato oclusal entre classes Relações molares II e Classe I. | Modelos de estudo (232 pares de 232 indivíduos, rendendo um total de 380 lados) foram avaliados tanto do lado bucal quanto aspectos linguais, para que as relações molares pudessem ser classificadas de acordo com esquema idealizado por Liu e Melsen. As áreas de contato oclusais foram quantificadas usando Modelos digitais 3D, que foram gerados através da digitalização da superfície do estudo lança. | Observou-se uma relação cúspide-fossa central desde a região lingual aspecto na maioria dos casos classificados como Classe I (89,6%) ou Classe II leve (86,7%). No entanto, os casos graves de Classe II apresentavam cúspide-mesial lingual fossa triangular ou relações de crista marginal. Contato oclusal médio áreas foram semelhantes nos grupos Classe I e Classe II leve, enquanto a Classe II grave grupo teve valores significativamente mais baixos do que qualquer um dos outros 2 grupos (p <0,05). |
Tong et al. (2012) | Mesiodistal angulation and faciolingual inclination of each whole tooth in 3-dimensional space in patients with near-normal occlusion. | Relatar a angulação mesiodistal e inclinação faciolingual de cada dente inteiro, incluindo a raiz, em pacientes com oclusão quase normal. | Foram selecionados 1.840 pacientes que realizaram tomografia computadorizada de feixe cônico antes tratamento para obter uma amostra de 76 pacientes com oclusão quase normal. Usando a Universidade personalizada de Com o programa de software de análise vetorial de raízes do sul da Califórnia, digitalizamos a coroa e os centros das raízes para determinar o “verdadeiro” longo eixo de cada dente a partir de onde a angulação mesiodistal e a faciolingual inclinação foi medida. | As médias e desvios padrão para angulação mesiodistal e a inclinação vestíbulo-lingual de cada dente inteiro foi calculada. As angulações maxilares dos dentes começaram de aproximadamente 6 para os incisivos centrais, aumentou ligeiramente para os incisivos laterais e atingiu um pico de 11 para os caninos; depois diminuiu gradualmente para pouco acima de 0 para os primeiros molares e finalmente atingiu 6 para os segundos molares. As angulações mandibulares começaram em cerca de 0 para os incisivos e aumentaram para 17,5 para os segundos molares. A inclinação maxilar foi maior em 33,5 para os incisivos centrais, diminuiu para cerca de 0 nos segundos pré-molares e depois aumentou para os 2 molares. A inclinação mandibular também foi o mais alto em 26,5 para os incisivos centrais, diminuiu também para cerca de 0 nos segundos pré-molares e continuou diminuir para os 2 molares. Para os pares de dentes opostos, as angulações mesiodistais interdentais sempre permaneceram dentro de 10 um do outro, enquanto a inclinação vestíbulo-lingual interdental aumentou de cerca de 120 para os incisivos a cerca de 180 para os segundos pré-molares e os 2 molares. |
Nouri et al. (2014) | Measurement of the buccolingual inclination of teeth: manual technique vs 3-dimensional software. | Medir a inclinação dos dentes em modelos dentários por meio de uma técnica manual com o transferidor de inclinação dentária (TIP; MBI, Newport, Reino Unido) e um software tridimensional (3D) recém-projetado. | Este estudo foi realizado em 36 modelos dentários de oclusões de Classe I normais e bem alinhadas; avaliamos 432 dentes. Todos os modelos apresentavam oclusão normal de Classe I. Após determinar o eixo facial da coroa clínica e os pontos do eixo facial nos modelos dentários, medimos as inclinações dos incisivos e dentes posteriores até os primeiros molares em cada arcada dentária em relação ao plano oclusal de Andrews e ao plano oclusal posterior usando a ponta. Além disso, os modelos foram digitalizados por um scanner 3D de luz estruturada. A inclinação dos dentes em relação ao plano oclusal foi determinada utilizando o novo software. Para avaliar a confiabilidade, as medições de todos os dentes de 15 modelos foram repetidas duas vezes pelos dois métodos. O coeficiente de correlação intraclasse e a fórmula de Dahlberg foram utilizados para cálculo de correlação e confiabilidade. | No geral, as 2 técnicas não foram significativamente diferentes nas medidas das inclinações dos dentes em ambos os maxilares. As faixas da fórmula de Dahlberg foram de 3,1° a 5,8° para a maxila e de 3,3° a 5,9° para a mandíbula. A correlação global das duas técnicas segundo o coeficiente de correlação intraclasse foi de 0,91. Para cálculo da confiabilidade, os coeficientes de correlação intraclasse para o TIP e o método 3D foram 0,73 e 0,82, respectivamente. |
Lee et al. (2015) | Three-dimensional monitoring of root movement during orthodontic treatment | Desenvolver uma metodologia que possa identificar com precisão a posição da raiz em uma situação clínica. | Foram obtidas tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) pré e pós-tratamento e varreduras extraorais a laser de modelos de estudo de um paciente. A segmentação limiar dos exames de TCFC foi realizada, resultando em modelos de superfície tridimensionais. Os dentes pré-tratamento da TCFC foram isolados de seus respectivos arcos para manipulação dentária individual. Esses dentes isolados de tomografia computadorizada de pré-tratamento foram sobrepostos à varredura da superfície pós-tratamento, representando a configuração esperada da posição radicular. Para validar a precisão da configuração da posição radicular esperada, ela foi comparada com a posição radicular verdadeira representada pela tomografia computadorizada pós-tratamento. Mapas de deslocamento de cores foram gerados para medir quaisquer diferenças entre as posições das raízes esperadas e verdadeiras. | A análise do mapa de cores através da sobreposição de coroas mostrou diferenças de deslocamento de 0,148 ± 0,411 mm para as raízes maxilares e 0,065 ± 0,364 mm para as raízes mandibulares. |
Hong et al. (2016) | The Improvement and Completion of Outcome index: A new assessment system for quality of orthodontic treatment | Desenvolver um novo sistema de avaliação – o índice de Melhoria e Conclusão de Resultado (ICO) – para avaliar o resultado da cirurgia ortodôntica. tratamento. | Dezesseis critérios de 4 categorias principais foram estabelecidos para representar o estado da má oclusão pré-tratamento, bem como o grau de melhora e o nível de conclusão do resultado durante/após o tratamento: relação dentária (discrepância no comprimento do arco, irregularidade, U1-SN e IMPA); relação anteroposterior (overjet, posição molar direita e esquerda, ANB); relação vertical (sobremordida anterior, mordida aberta anterior, mordida aberta lateral, SN-MP); e relação transversal (discrepância da linha média dentária, desvio da ponta do mento, mordida cruzada posterior, inclinação do plano oclusal). A pontuação para cada critério foi definida de 0 ou −1 (pior) a 5 (valor ideal ou oclusão normal) em gradações de 1. A soma das pontuações em cada categoria indica a área e a extensão dos problemas. Os percentuais de melhoria e conclusão foram estimados com base nas pontuações totais pré e pós-tratamento e na pontuação total máxima. Se a porcentagem de conclusão excedesse 80%, o resultado do tratamento era considerado bem-sucedido. | Dois casos, má oclusão de Classe I e má oclusão de Classe III esquelética, são apresentados para representar o procedimento de avaliação utilizando o índice ICO. A diferença no nível de melhoria e conclusão do resultado do tratamento pode ser claramente explicada usando 2 valores percentuais. |
Castro et al. (2018) | Evaluation of crown inclination and angulation after orthodontic treatment using digitalmodels | Comparar os resultados de inclinação e angulação da coroa obtidos após tratamento ortodôntico com a prescrição de Roth. | Estudo retrospectivo. | A reprodutibilidade do método é um teste importante para investigar a margem de erro e verificar a confiabilidade dos resultados. Os resultados no momento 1 (1,6° ± 1,1°) e no momento 2 (1,7° ± 1,2°) do estudo piloto não foram estatisticamente diferentes (p = 0,99). Os incisivos laterais e centrais superiores apresentaram diferenças significativas na angulação da coroa (p < 0,05) em comparação à prescrição de Roth. A angulação da coroa dos segundos pré-molares superiores em relação ao plano oclusal apresentou valor semelhante à prescrição de Roth. |
Wang et al. (2019) | A cone-beam computed tomography analysis of angulation and inclination of whole tooth and clinical crown in adults with normal occlusion | Identificar a angulação mesiodistal e a inclinação faciolingual do dente inteiro e da coroa clínica em adultos jovens chineses com oclusão normal, por meio do exame de imagens digitalizadas de TCFC. | Os sujeitos foram orientados a realizar tomografia computadorizada dentária e as imagens digitais da dentição foram obtidas. A amplamente reconhecida análise vetorial radicular da Universidade do Sul da Califórnia (USC) foi adotada para detectar a angulação e inclinação de todo o dente, bem como da coroa clínica. | Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi detectada entre indivíduos do sexo masculino e feminino. As flutuações da angulação e da inclinação de todo o dente de anterior para posterior em ambos os arcos manifestaram tendências distintas. As mudanças na dentição maxilar parecem relativamente marcantes, enquanto aquelas na dentição mandibular mostram-se menos óbvias, demonstrando flutuações moderadas tanto na angulação quanto na inclinação. A angulação e inclinação da coroa clínica são obtidas e mostram-se positivamente correlacionadas com as de cada dente inteiro. |
Elnaghy et al. (2023) | Genetics of three-dimensional tooth inclination and angulation in orthodontic patients with Class I Occlusion: A cross-sectional study | Utilizar a reação em cadeia da polimerase quantitativa (qPCR) para investigar a influência da Variância genética na inclinação e angulação dos dentes em pacientes ortodônticos com oclusão Classe I. | Estudo transversal. | Vinte e quatro pacientes adolescentes com idade média de 13,4±2,4 anos foram incluídos no estudo. O CCI apresentou confiabilidade intraexaminador adequada para TI e TA (0,806<r<0,988, P<0,001). A análise de regressão linear múltipla mostrou uma associação significativa entre TI e polimorfismo T homozigoto para PAX9 (P = 0,028) e polimorfismo G homozigoto para GHR (P = 0,028). Além disso, uma associação significativa entre TA e polimorfismo homozigoto-A para EPB41 (P = 0,019) e polimorfismo homozigoto-G para GHR (P = 0,001) foi evidente. |
Silveira et al. (2023) | Assessment of mesiodistal angulation and vertical position of the maxillary second molar in normal occlusion. | Avaliar a angulação e a posição vertical do segundo molar superior na oclusão normal. | Medidas angulares e lineares foram obtidas de imagens tomográficas de 31 crânios humanos secos com oclusão normal, da angulação mesiodistal dos pré-molares e molares superiores, e da posição vertical dos segundos molares superiores. | Não houve diferença entre as medidas dos lados direito e esquerdo. Os dentes posteriores superiores apresentaram angulação mesial de coroa com média de 7° para os pré-molares, 8,5° para os primeiros molares e 2,5° para os segundos molares. As distâncias perpendiculares das pontas das cúspides mesiovestibular e distovestibular do segundo molar à linha oclusal foram 0,5 mm e 1 mm, respectivamente. |
De acordo com o levantamento bibliográfico, Ross et al. (1990) relata que em uma oclusão ideal de Classe I de molar, existe um equilíbrio de inclinação entre os molares do lado direito com o esquerdo sem variação estatisticamente significativa. Essa inclinação é descrita por Shewinvanakitkul et al. (2011) como sendo de 74,6° ± 4,7° para os molares inferiores. Contudo, ele relata que, ao mudar a relação de molar para Classe II, essa inclinação muda para uma média geral de 73,7° ± 4,2°. Nesse sentido, a inclinação ideal vai depender de como irá terminar a chave de molar nos tratamentos de discrepâncias antero-posteriores.
Segundo Jang, Kim e Chun (2012) uma característica bastante relevante para aprimorar o diagnóstico ortodôntico da classe I de molar é avaliar os pontos de contato e relação entre molares em vista lingual. Para esse autor, a relação ideal de molar apresenta um imbricamento cúspide-fossa envolvendo a cúspide mesio-palatina do primeiro molar superior na fossa do primeiro molar inferior. O curioso é que essa relação também se faz presente em oclusões de classe II leve, em cerca de 86,7% dos casos. Esse fenômeno pode ser explicado pelo estudo de Tong et al. (2012) que observa uma grande variação da angulação mesio-distal dos primeiros molares inferiores, onde encontraram uma variação acima de 0° mesial desses elementos. Nesse caso, em pacientes Classe II leve, quando mais angulado para mesial estivar o primeiro molar inferior, melhor será seu embricamento em uma vista lingual.
Nouri et al. (2014) argumentam que essas angulações (mesio-distais) e inclinações (vestíbulo-linguais) dos molares devam ser acompanhadas individualmente caso a caso e que o ideal seria uma mensuração prévia ao tratamento ortodôntico de cada dente. Em seu estudo, ele analisou que tanto as técnicas de mensuração analógica como digital podem trazer uma precisão satisfatória, sem diferença estatisticamente significativa entre elas. Lee et al. (2015) complementa que essa análise de angulação e inclinação não deve se restringir apenas a área de coroa clínica, do contrário, ela também deve se estender ao posicionamento radicular, uma vez que seu estudo comprovou haver uma diferença significativa entre as posições radiculares idealizadas nos planejamentos ortodônticos e as obtidas após a terapia de encaixe de molar em classe I.
O correto diagnóstico da classe I de molar, apesar de ser o pilar norteador do ortodontista, apresenta algumas limitações quando se observa o correto posicionamento dentário como um todo. Nesse sentido, estudos como o de Hong et al. (2016) se esforçam para criar métodos de análise oclusal que extrapolam a relação de molar, como no caso do índice ICO que avalia desde overjet dentário até bem-estar mastigatório. Essa individualização de percepção ideal de molar se dá muito por conta de que a Classe I de molar não é preponderante entre as diversas etnias. Elnaghy et al. (2023) analisou que existe inclusive uma herança genética recessiva que predispõem da chave de molar de classe I onde conseguiu demonstrar padrões de herança autossômica recessiva para PAX9 e GHR com IT e para EPB41 e GHR com AT.
De acordo com Castro et al(2018), as mecânicas ortodônticas fixas que perduraram até o final da década de 1970 apenas com braquetes EdgeWise, onde os dentistas devem sempre fazer dobras nos fios para angular e inclinar dentes, foram gradativamente substituídas pela técnica Straight Wire onde as angulações e inclinações estão expressas dentro dos braquetes. Dentre as prescrições que melhor realizam o imbricamento de classe I de molar está a prescrição Roth que dita para os primeiros molares superiores uma angulação de 0° e inclinação lingual de -7°, já para os primeiros molares inferiores essa angulação é de -1° distal e inclinação de – 30°. Castro et al. (2018), através de um estudo retrospectivo, comprovou que essa prescrição se assemelha ao encontrado em pacientes com relação de classe I ideal sem tratamento ortodôntico prévio. Contudo, Wang et al. (2019) e Silveira et al. (2023) demonstram que existe uma flutuação quanto a prescrição e resultado final de tratamento, principalmente nos dentes mandibulares, mostrando que a classe I de molar ideal sofre variações com o posicionamento mandibular antero-posterior.
5 CONCLUSÃO
Percebeu-se, durante este estudo, que existe uma maior abrangência para nortear as características da classe I dos molares, que somente a relação da cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior com o sulco mesio-vestibular do primeiro molar superior. Conclui-se que a intercuspidação, a análise em vista lingual, o posicionamento de raiz e até mesmo a angulação e inclinação devem ser elementos que complementam essa análise para aprimorar o diagnóstico ortodôntico.
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1Discente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Uninovafapi. e-mail: andressasousa2950@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Uninovafapi. e-mail: mariakarolinnass1@gmail.com
3Discente do Curo de Especialização em Ortodontia do Grupo Focus Educacional. e-mail: dlavor.ortodontia@gmail.com
4Docente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Uninovafapi. Mestre em Endodontia (Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Brasil). e-mail: gisellelimaverde@hotmail.com
5Docente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Uninovafapi. Mestre em Ciências da Saúde (Universidade Curseiro do Sul). e-mail: Marconi.rego@uninovafapi.edu.br
6Docente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Uninovafapi. Doutor em Ortodontia (Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Brasil). e-mail: thiagolimamonte@gmail.com