CERVICAL CANCER: RISK ASSOCIATED WITH THE RECOMMENDED AGE FOR PCCU COLLECTION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411142150
Isabel Cristina Santos de Lima1
Sara Isabelle dos Santos Melo2
Laryssa Lima Trelha3
RESUMO
Este estudo tem como objetivo propor estratégias de intervenção para reduzir a incidência de câncer do colo do útero, com foco na ampliação da prevenção antes dos 25 anos. Os objetivos específicos incluíram: analisar as práticas atuais de prevenção do câncer do colo do útero; identificar os desafios enfrentados por pacientes acometidas pela doença; discutir os benefícios da realização e divulgação do PCCU em mulheres com menos de 25 anos; e elaborar estratégias de intervenção de enfermagem que possam ser implementadas nas Unidades Básicas de Saúde. A metodologia empregada foi descritiva, exploratória e explicativa, com enfoque quantitativo. O estudo utilizou o caso censitário baseado em dados estatísticos do (INCA), aliado a uma revisão da literatura. As fontes de dados foram obtidas por meio de pesquisa bibliográfica e observação de artigos científicos e informações disponíveis em plataformas do governo federal, como o Google Acadêmico, SciELO, CAPES e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). O referencial teórico foi composto por estudos que abordam o exame preventivo do câncer do colo do útero em mulheres abaixo da idade preconizada, com a exclusão de publicações sem dados conclusivos. Conclui-se que a antecipação da coleta do PCCU para mulheres que iniciam a vida sexual antes dos 25 anos pode ser uma estratégia eficaz para a detecção precoce do câncer do colo do útero, reduzindo a mortalidade e os custos associados ao tratamento em estágios avançados.
Palavras-chave: Câncer do colo do útero; PCCU; prevenção; enfermagem e saúde pública.
ABSTRACT
This study aims to propose intervention strategies to reduce the incidence of cervical cancer, with a focus on expanding prevention before the age of 25. Specific objectives included: analyzing current cervical cancer prevention practices; identify the challenges faced by patients affected by the disease; discuss the benefits of carrying out and disseminating the PCCU in women under 25 years of age; and develop nursing intervention strategies that can be implemented in Basic Health Units. The methodology used was descriptive, exploratory and explanatory, with a quantitative focus. The study used the census case based on statistical data from (INCA), combined with a literature review. The data sources were obtained through bibliographical research and observation of scientific articles and information available on federal government platforms, such as Google Scholar, Scielo, CAPES and the Virtual Health Library (VHL). The theoretical framework was composed of studies that address the preventive examination of cervical cancer in women below the recommended age, with the exclusion of publications without conclusive data. It is concluded that anticipating PCCU collection for women who begin their sexual life before the age of 25 can be an effective strategy for the early detection of cervical cancer, reducing mortality and costs associated with treatment in advanced stages.
Keywords: Cervical cancer; PCCU; prevention; nursing and public health.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Instituo Nacional do Câncer (2023), câncer do colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil, sendo o quarto tipo de câncer mais comum em todo o mundo entre o sexo feminino. A doença está fortemente associada à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), cuja detecção e prevenção são realizadas por meio do exame de Papanicolau (PCCU) No Brasil, o Ministério da Saúde (2016), recomenda que a coleta do PCCU ocorra a partir dos 25 anos de idade, exceto em casos específicos, onde é possível antecipar a coleta. No entanto, estudos recentes indicam que mulheres que iniciam sua vida sexual precocemente podem estar em maior risco, sugerindo a necessidade de reavaliar a idade preconizada para o início do exame preventivo (Portal da Transparência– SUS, 2024).
O presente estudo tem como foco analisar a relação entre a idade preconizada para a coleta do PCCU e o risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero em mulheres mais jovens. A partir da análise de dados epidemiológicos e da revisão de literatura sobre as práticas preventivas atuais, o trabalho visa propor estratégias de intervenção voltadas à ampliação do acesso ao exame preventivo para mulheres abaixo dos 25 anos. A questão central da pesquisa é investigar se a antecipação da coleta do PCCU poderia ser uma medida eficaz para reduzir a incidência da doença, levando em consideração o aumento de casos em mulheres mais jovens, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica. (IBGE, 2020)
A revisão da literatura demonstra que a detecção precoce do câncer do colo do útero, quando associada à coleta regular do PCCU, tem sido uma ferramenta essencial para a redução da mortalidade (INCA, 2023). No entanto, estudos também revelam que uma parcela significativa de mulheres jovens, sexualmente ativas antes dos 25 anos, permanece sem acesso ao exame, aumentando o risco de diagnósticos tardios e a progressão para estágios avançados da doença (Silva; Menezes, 2020). Embora as diretrizes atuais baseiem-se em evidências populacionais que estabelecem os 25 anos como a idade ideal para o início da coleta, a crescente prevalência de infecções por HPV em mulheres mais jovens sugere que intervenções mais precoces possam ser benéficas. (Brasil, 2016)
Dada a complexidade da questão, o estudo propõe uma abordagem exploratória, delimitada à análise de dados censitários do Instituto Nacional do Câncer (INCA), além de uma revisão de literatura científica disponível nas principais bases de dados como SciELO e CAPES. A pesquisa foca especificamente na coleta de dados que possam evidenciar a relação entre idade, início da atividade sexual, e o risco de desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas e câncer de colo do útero em mulheres com menos de 25 anos. (INCA, 2023; Silva; Menezes, 2020)
O principal objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade de estratégias preventivas que antecipem a coleta do PCCU, com vistas à redução da mortalidade associada ao câncer do colo do útero. Entre os objetivos específicos, destacam-se: analisar as práticas atuais de prevenção adotadas no Brasil, identificar os principais desafios enfrentados por mulheres jovens no acesso ao exame, discutir os benefícios e riscos da coleta antecipada do PCCU, e propor intervenções de enfermagem que possam ser implementadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para facilitar a detecção precoce. (Brasil, 2016; INCA, 2023)
O estudo justifica-se pela relevância de promover uma discussão mais ampla sobre a efetividade das estratégias de prevenção atuais, especialmente em populações vulneráveis que, frequentemente, iniciam a vida sexual mais cedo e têm menor acesso aos serviços de saúde (IBGE, 2020). A metodologia empregada, de caráter descritivo e quantitativo, baseia-se na análise de dados secundários, com a finalidade de explorar tendências epidemiológicas e propor soluções práticas para o enfrentamento do câncer do colo do útero em mulheres jovens (INCA, 2023). A pesquisa pretende contribuir para o avanço das políticas públicas de saúde, promovendo uma atualização das diretrizes nacionais sobre a prevenção do câncer do colo do útero, sem, contudo, antecipar conclusões ou propor soluções definitivas.
A estrutura deste artigo está dividida em cinco partes principais: a revisão de literatura sobre o exame de Papanicolau e sua eficácia, a análise dos dados censitários e epidemiológicos, a discussão dos desafios enfrentados por mulheres jovens, as estratégias de intervenção propostas para o fortalecimento das práticas preventivas, e as considerações finais, com ênfase nas possíveis implicações para políticas de saúde pública.
Dessa forma, a pesquisa busca contribuir para o aprimoramento das ações preventivas voltadas ao câncer do colo do útero, com especial atenção à ampliação do acesso ao PCCU para mulheres jovens, garantindo a detecção precoce da doença e a consequente redução das taxas de mortalidade e morbidade associadas.
2 METODOLOGIA
Este estudo tem um caráter exploratório, descritivo e explicativo,pois segundo (Gil 2002) este estudo tem caráter exploratório tem como finalidade proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito e construir hipóteses ou questões de pesquisa. Já o descritivo se destina a descrever características de determinado fenômeno ou população. A abordagem explicativa busca entender os fatores que contribuem para a ocorrência do fenômeno em estudo, ou seja, as relações de causa e efeito.
A seleção do estudo foi realizado com dados referentes ao Brasil, obtidos por meio de plataformas de dados governamentais, como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Portal da Transparência do SUS. A escolha pelo Brasil justifica-se pelo elevado número de casos de câncer do colo do útero no país, bem como pelas peculiaridades socioeconômicas e culturais que podem influenciar o comportamento preventivo da população feminina, especialmente no que diz respeito ao acesso ao PCCU. (INCA, 2023).
A revisão da literatura foi realizada com base em pesquisas bibliográficas em bases de dados científicas, como SciELO, CAPES, Google Acadêmico, e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os dados obtidos a partir das fontes secundárias foram organizados em planilhas eletrônicas, utilizando o software Microsoft Excel para a categorização e análise descritiva. Em seguida, foram aplicadas técnicas estatísticas, para identificar correlações entre variáveis como idade, início da atividade sexual, realização do PCCU e incidência de lesões pré-cancerígenas e câncer do colo do útero em mulheres abaixo dos 25 anos. Foram selecionados artigos publicados entre 2015 e 2023, que abordavam a temática do câncer do colo do útero, práticas preventivas com o PCCU, e os fatores de risco para mulheres jovens. A busca por referências focou-se principalmente em estudos que apresentassem dados quantitativos e qualitativos sobre a adesão ao PCCU em mulheres com menos de 25 anos, bem como as barreiras enfrentadas por elas no acesso aos serviços de saúde.
Os critérios de inclusão para os artigos selecionados foram: publicações em português ou inglês, com metodologias quantitativas ou qualitativas robustas, que abordassem diretamente o câncer do colo do útero ou o exame preventivo de Papanicolau. Foram excluídas publicações que não apresentassem dados conclusivos ou que não tratassem da faixa etária estudada.
Como critério de inclusão todos os dados utilizados foram obtidos de fontes confiáveis e oficiais como o INCA, o Ministério da Saúde e o IBGE, de acordo com as normativas éticas vigentes no Brasil (Resolução CNS 466/12). Portanto o estudo teve como critério foram mulheres com idade entre 18 e 25 anos, residentes em diferentes regiões do Brasil, especialmente nas áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa faixa etária apresenta uma significativa variabilidade em termos de acesso à educação, informação e serviços de saúde, o que pode influenciar diretamente as práticas preventivas relacionadas ao câncer do colo do útero. (IBGE, 2020).
A delimitação da pesquisa concentrou-se em analisar a faixa etária das mulheres que iniciam a vida sexual antes dos 25 anos e que, conforme as diretrizes atuais do Ministério da Saúde, não são recomendadas a realizar o PCCU até que atinjam essa idade, exceto em casos excepcionais (Brasil, 2016). O estudo busca compreender se essa recomendação pode impactar negativamente a incidência e a mortalidade por câncer do colo do útero entre mulheres mais jovens, bem como propor intervenções que possam antecipar a coleta do PCCU e reduzir esses índices. Além disso, foram coletados dados sobre as barreiras enfrentadas por essas mulheres no acesso a exames preventivos e tratamentos adequados.
A coleta de dados realizada por meio de fontes secundárias, foi com base em levantamentos de dados epidemiológicos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponível pelo Ministério da Saúde, e do Atlas de Mortalidade por Câncer do INCA. Além disso, foram consultados dados do Portal da Transparência do SUS, que apresenta informações detalhadas sobre as intervenções de saúde realizadas no Brasil. Para os dados populacionais e socioeconômicos, foram utilizadas as informações do Censo Demográfico do IBGE (2020), que oferece uma visão ampla sobre a distribuição da população feminina no Brasil e suas características em relação ao acesso a serviços de saúde, para construção também da Tabela 1, que permitirá visualizar de forma clara a problemática desse estudo.
Os dados obtidos a partir das fontes secundárias foram organizados em planilhas eletrônicas, utilizando o software Microsoft Excel para a categorização e análise descritiva. Em seguida, foram aplicadas técnicas estatísticas, para identificar correlações entre variáveis como idade, início da atividade sexual, realização do PCCU e incidência de lesões pré-cancerígenas e câncer do colo do útero em mulheres abaixo dos 25 anos.
Os resultados sobre a incidência de câncer do colo do útero, idade de início da vida sexual, e a frequência de realização do PCCU em mulheres com menos de 25 anos foram coletados e comparados ao longo de um período de dez anos (2010- 2020), buscando identificar tendências e possíveis variações regionais, através do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), coletando dados de óbitos por câncer do colo do útero, 2010-2020, no Atlas de Mortalidade por Câncer do INCA, por meio das estatísticas de mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil, e Censo Demográfico IBGE, avaliando o perfil da população feminina no Brasil.
A análise estatística incluiu a aplicação de testes de correlação de Pearson, uma técnica que mede a relação entre duas variáveis contínuas para avaliar a relação entre a idade de início da atividade sexual e o diagnóstico de lesões ou câncer. Além disso, foram calculadas medidas de tendência central, e de dispersão, para os dados epidemiológicos. A análise de regressão múltipla também foi empregada para determinar se a antecipação do PCCU poderia influenciar diretamente na redução das taxas de mortalidade por câncer do colo do útero.
Para a análise qualitativa, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin (2011), para interpretar os artigos e documentos revisados. Essa abordagem permitiu a identificação de categorias temáticas que estão relacionadas aos desafios enfrentados por mulheres jovens no acesso ao PCCU, bem como às práticas preventivas recomendadas por diferentes autores. A análise de conteúdo foi dividida em três fases: pré-análise, exploração do material, e tratamento dos resultados.
Uma das principais limitações deste estudo refere-se à utilização de dados secundários, que, embora amplamente disponíveis, podem não refletir de forma exata as particularidades regionais ou as variações individuais nas práticas preventivas. Além disso, a revisão bibliográfica pode estar limitada pela disponibilidade de artigos específicos sobre a faixa etária estudada. Outra limitação importante é a dificuldade em acessar dados específicos sobre mulheres jovens que iniciam a vida sexual antes dos 25 anos, uma vez que as diretrizes de coleta de dados sobre o PCCU não incluem essa faixa etária de forma sistemática.
Este estudo foi focado em identificar os fatores relacionados ao risco do câncer do colo do útero em mulheres abaixo da idade preconizada para a coleta do exame preventivo de Papanicolau (PCCU). O enfoque quantitativo foi utilizado para analisar os dados epidemiológicos e censitários obtidos a partir de bases de dados públicas e revisões bibliográficas. Segundo Gil (2002), uma vez que todos os dados utilizados foram obtidos de bases públicas ou por meio de revisões bibliográficas. No entanto, foram seguidas as diretrizes éticas estabelecidas para a condução de pesquisas com dados secundários, garantindo a confidencialidade e o respeito à privacidade dos indivíduos.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Panorama Mundial e Brasileiro, socioeconômica e diretrizes
O câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo, com uma taxa de incidência particularmente alta em regiões de baixa e média renda (INCA, 2023). No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam uma prevalência significativa, com taxas de mortalidade elevadas, especialmente em áreas com acesso limitado aos serviços de saúde. De acordo com o INCA (2023), o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por cerca de 16.710 novos casos estimados para 2023.
A infecção persistente pelo HPV, especialmente pelos tipos de alto risco, como o HPV-16 e HPV-18, está associada a mais de 99% dos casos de câncer do colo do útero (WHO, 2020). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda programas de rastreamento eficazes e abrangentes para a detecção precoce da doença e a redução da mortalidade, enfatizando a importância do exame de Papanicolau como um dos métodos mais eficazes de diagnóstico precoce.
O exame de Papanicolau, ou citologia oncótica cervical, é considerado a principal ferramenta de prevenção secundária no combate ao câncer do colo do útero. Segundo o Ministério da Saúde (2016), a coleta do PCCU é recomendada para mulheres sexualmente ativas a partir dos 25 anos, com intervalos trienais após dois exames consecutivos negativos. No entanto, uma questão emergente é o impacto dessa recomendação nas mulheres mais jovens, que iniciam sua vida sexual antes dessa idade e podem estar expostas a um risco maior de infecção pelo HPV.
O exame de Papanicolau (PCCU), desenvolvido por George Papanicolau em 1943, revolucionou a detecção precoce do câncer do colo do útero. Este exame consiste na coleta de células do colo do útero para análise citológica, com o objetivo de identificar alterações celulares que possam preceder o câncer. Segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC, 2023), o PCCU tem sido uma ferramenta crucial na redução das taxas de mortalidade por câncer do colo do útero, principalmente em países onde a realização do exame é sistemática e amplamente acessível.
Estudos indicam que a incidência de lesões precursoras do câncer do colo do útero em mulheres abaixo de 25 anos está diretamente relacionada ao início precoce da vida sexual e à maior probabilidade de infecção pelo HPV. Essas evidências têm levado à discussão sobre a adequação das diretrizes atuais e à necessidade de revisões que possam antecipar a realização do exame, especialmente em populações vulneráveis. (Brasil, 2016)
Embora as diretrizes globais de prevenção e rastreamento sigam um padrão semelhante, com a recomendação do exame a partir dos 25 anos, diversos estudos questionam a eficácia dessas recomendações em contextos específicos, como no Brasil. A Sociedade Americana de Câncer (ACS, 2020), por exemplo, recomenda o início da triagem aos 21 anos em casos de mulheres sexualmente ativas, o que difere das diretrizes brasileiras, a comparação dessas diretrizes pode fornecer insights sobre a necessidade de ajustar as recomendações no Brasil. No entanto, a adesão ao PCCU ainda enfrenta desafios, principalmente em áreas com barreiras socioeconômicas significativas.
Como mencionado anteriormente, a infecção pelo HPV é o principal fator de risco para o câncer do colo do útero. A transmissão ocorre predominantemente por meio de relações sexuais, e a infecção é altamente prevalente em mulheres jovens. Segundo o INCA (2023), cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo HPV em algum momento de suas vidas, embora nem todas desenvolvam lesões precursoras ou o câncer propriamente dito.
Mulheres que iniciam a vida sexual precocemente estão expostas a um risco aumentado de infecção pelo HPV. Estudos revelam que mulheres com menos de 25 anos de idade, especialmente aquelas que iniciam sua vida sexual antes dos 18 anos, têm uma maior probabilidade de infecção por HPV e de desenvolver lesões intraepiteliais de alto grau. (Silva et al., 2018)
Apesar dessas evidências, a recomendação atual para o início do rastreamento a partir dos 25 anos pode deixar uma parcela significativa de mulheres jovens sem cobertura adequada. Essa situação é especialmente crítica em regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica, onde o acesso à informação e aos serviços de saúde é limitado.
O acesso ao PCCU é um desafio em muitas regiões do Brasil, especialmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas. Fatores como falta de infraestrutura, escassez de profissionais de saúde e ausência de campanhas de conscientização são apontados como as principais barreiras enfrentadas por mulheres jovens no acesso ao exame (Souza et al., 2020). Além disso, questões culturais e a falta de informação adequada sobre a importância do rastreamento também contribuem para a baixa adesão ao PCCU. (Silva et al., 2018)
Para entender melhor as tendências do câncer do colo do útero em mulheres jovens, foram analisados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), cobrindo o período de 2010 a 2020. Os dados indicam que há uma variação significativa na incidência e na mortalidade por câncer do colo do útero entre as diferentes regiões do Brasil. As regiões Norte e Nordeste, por exemplo, apresentam as maiores taxas de mortalidade, enquanto as regiões Sul e Sudeste têm taxas relativamente mais baixas. (INCA, 2023)
A análise dos dados de mortalidade sugere que a disparidade entre as regiões está fortemente associada ao acesso aos serviços de saúde, à educação e às campanhas de prevenção. As mulheres em áreas menos desenvolvidas tendem a ter diagnósticos tardios, o que aumenta o risco de mortalidade. (Brasil, 2016)
A implementação de políticas públicas voltadas à ampliação do acesso ao PCCU, como o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero, tem sido fundamental para reduzir as taxas de mortalidade em algumas regiões. No entanto, a eficácia dessas políticas depende fortemente da capacidade dos serviços de saúde locais de implementá-las de forma eficiente e inclusiva. (Brasil, 2016)
O PCCU é amplamente reconhecido como uma das principais ferramentas de rastreamento para a detecção precoce do câncer do colo do útero. O exame, que tem como objetivo identificar lesões precursoras e diagnosticar o câncer em estágios iniciais, é recomendado para mulheres a partir dos 25 anos de idade, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde (Brasil, 2016). No entanto, há um crescente debate sobre a eficácia dessa recomendação para mulheres jovens, especialmente aquelas que iniciam a vida sexual antes dessa idade. (INCA, 2023)
A literatura recente sugere que as diretrizes de idade para a coleta do PCCU podem não ser adequadas para todas as populações. Estudos indicam que mulheres jovens, sexualmente ativas antes dos 25 anos, estão em maior risco de desenvolver lesões causadas pelo HPV, o que levanta a hipótese de que a antecipação do exame poderia prevenir diagnósticos tardios e reduzir a mortalidade. (Gil, 2002; Bardin, 2011)
A infecção pelo HPV é o principal fator de risco para o câncer do colo do útero. Estima-se que mais de 99% dos casos estejam associados ao vírus, principalmente às variantes de alto risco, como os tipos 16 e 18 (INCA, 2023). A prevenção primária por meio da vacinação e a detecção precoce por meio do PCCU são as estratégias mais eficazes para reduzir a incidência e a mortalidade pela doença. (Brasil, 2016)
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil oferece a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, com o objetivo de criar uma proteção coletiva contra o vírus e, consequentemente, reduzir a incidência de câncer do colo do útero a longo prazo (Brasil, 2021). Estudos mostram que a introdução da vacina em programas de imunização tem levado a uma redução significativa nas taxas de infecção por HPV e lesões cervicais precursoras. (Karimi et al., 2022)
Apesar disso, a adesão à vacina ainda é baixa em muitas regiões do país, principalmente entre as populações de menor renda, o que contribui para a persistência de altas taxas de infecção e desenvolvimento de lesões pré- cancerígenas. (INCA, 2023)
Mulheres que iniciam a vida sexual precocemente, especialmente antes dos 25 anos, estão em maior risco de infecção por HPV, o que reforça a necessidade de repensar as diretrizes de prevenção. Estudos epidemiológicos sugerem que a incidência de lesões pré-cancerígenas é significativamente maior em mulheres jovens, o que poderia justificar a antecipação do PCCU. (INCA, 2023)
O acesso desigual ao exame de Papanicolau, especialmente em áreas de baixa renda, é outro fator crítico. Mulheres que vivem em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica tendem a ter menos acesso ao PCCU e a outros serviços de saúde, o que contribui para o diagnóstico tardio e o aumento da mortalidade. (IBGE, 2020)
As diretrizes brasileiras, estabelecidas pelo Ministério da Saúde, recomendam que o PCCU seja realizado a partir dos 25 anos de idade, com intervalos de três anos após dois exames negativos consecutivos (Brasil, 2016). Contudo, há exceções para mulheres com histórico de vida sexual precoce ou com fatores de risco adicionais. (INCA, 2023)
Por outro lado, estudos recentes argumentam que a recomendação de iniciar o PCCU aos 25 anos pode não ser adequada para todas as populações. Mulheres jovens que iniciam a vida sexual antes dessa idade estão mais expostas ao risco de infecção por HPV e ao desenvolvimento de lesões precursoras do câncer. (Bardin, 2011)
3.2 Incidência de câncer do colo do útero, idade de início da vida sexual, e a frequência de realização do PCCU em mulheres com menos de 25 anos
O câncer do colo do útero é causado principalmente pela infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus sexualmente transmissível que possui diversas variantes, sendo os tipos 16 e 18 os mais associados ao desenvolvimento de lesões precursoras e ao câncer (Brasil, 2016). As lesões precursoras são classificadas como neoplasias intraepiteliais cervicais (NICs) e podem evoluir para o câncer invasivo se não tratadas a tempo.
O rastreamento sistemático por meio do exame Papanicolau é fundamental para a detecção precoce dessas lesões, permitindo um diagnóstico em estágios iniciais e aumentando as chances de cura. Entretanto, as diretrizes brasileiras preconizam que o PCCU deve ser realizado a partir dos 25 anos, com intervalos regulares de três anos após dois exames negativos consecutivos. (Brasil, 2016)
Os fatores de risco associados ao câncer do colo do útero são amplamente documentados na literatura. Entre eles, destacam-se a infecção persistente pelo HPV, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais, o uso prolongado de contraceptivos orais, o tabagismo e a imunossupressão. (Brasil, 2016; INCA, 2023)
A idade de início da vida sexual é um dos aspectos centrais para o presente estudo, uma vez que as mulheres que iniciam suas atividades sexuais antes dos 25 anos estão mais expostas ao HPV. Dados indicam que a maior parte das infecções por HPV ocorre nos primeiros anos após o início da vida sexual, e, embora muitas dessas infecções sejam transitórias, uma parcela significativa das mulheres desenvolve lesões que podem evoluir para o câncer. (Brasil, 2016)
O exame de Papanicolau, também conhecido como citologia oncótica cervical, é a principal ferramenta de rastreamento para a detecção precoce de lesões precursoras do câncer do colo do útero. No Brasil, a coleta do PCCU é recomendada para todas as mulheres com idade entre 25 e 64 anos, que já tenham iniciado a vida sexual, e deve ser realizada anualmente até que dois exames consecutivos apresentem resultados negativos. A partir disso, o intervalo pode ser ampliado para três anos. (Brasil, 2016)
O tratamento das lesões precursoras do câncer do colo do útero, como as neoplasias intraepiteliais cervicais (NICs), é uma parte essencial da prevenção secundária. O tratamento pode incluir métodos como a crioterapia, a cauterização, e a excisão eletrocirúrgica. Estudos demonstram que a intervenção precoce em lesões precursoras reduz significativamente a progressão para câncer invasivo. (Oliveira et al., 2020)
As diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero estabelecem o início da coleta do PCCU aos 25 anos, baseando-se no fato de que a maioria das infecções por HPV em mulheres jovens são transitórias e não evoluem para câncer. Estudos sugerem que, em mulheres com menos de 25 anos, a infecção pelo HPV tende a ser combatida pelo sistema imunológico, reduzindo a necessidade de intervenções precoces. (INCA, 2023)
No entanto, a recomendação tem sido objeto de debates na literatura. Muitos pesquisadores apontam que a exclusão de mulheres abaixo dos 25 anos do rastreamento pode retardar o diagnóstico de lesões significativas, especialmente naquelas que iniciam a vida sexual precocemente e, consequentemente, estão em maior risco. (Brasil, 2016)
Pesquisas recentes indicam que a incidência de lesões de alto grau e de câncer do colo do útero pode ser subestimada em mulheres jovens. Um estudo realizado por Gil (2002) aponta que, em mulheres com vida sexual ativa antes dos 25 anos, há um risco elevado de progressão de lesões causadas pelo HPV, sugerindo que o rastreamento poderia começar mais cedo, principalmente em populações de maior vulnerabilidade socioeconômica.
Dados do INCA (2023) revelam que, entre os anos de 2010 e 2020, houve um aumento na incidência de lesões pré-cancerígenas em mulheres jovens, especialmente em regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde o acesso aos serviços de saúde é mais restrito. Isso reforça a necessidade de uma reavaliação das diretrizes atuais, com a possibilidade de antecipação do exame para mulheres com vida sexual ativa antes dos 25 anos.
O rastreamento regular do câncer do colo do útero por meio do PCCU é uma estratégia eficaz para a redução da mortalidade pela doença. Estima-se que, quando realizado de forma regular, o exame pode reduzir a mortalidade em até 80%, identificando lesões em estágios iniciais, quando o tratamento é mais simples e menos invasivo. (INCA, 2023).
Os dados epidemiológicos coletados no período de 2010 a 2020 revelam importantes tendências relacionadas à incidência de câncer do colo do útero em mulheres jovens. Através de bases de dados como o Sistema de Informações sobre Mortalidade, o Instituto Nacional de Câncer e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foi possível analisar as taxas de mortalidade e a frequência de realização do PCCU em diferentes faixas etárias. (SIM; INCA e IBGE, 2023).
Segundo o INCA (2023), houve um aumento significativo na detecção de lesões pré-cancerígenas em mulheres abaixo dos 25 anos no período analisado. Embora as diretrizes recomendem que o PCCU seja realizado a partir dessa idade, os dados indicam que mulheres mais jovens estão em risco considerável de desenvolver essas lesões, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade social e econômica.
A análise regional dos dados evidenciou que as regiões Norte e Nordeste do Brasil apresentam as maiores taxas de mortalidade por câncer do colo do útero, o que está diretamente relacionado ao acesso limitado aos serviços de saúde e à baixa adesão ao exame de Papanicolau (IBGE, 2020). Nessas regiões, a mortalidade por câncer do colo do útero em mulheres jovens é significativamente maior quando comparada a outras regiões do país, reforçando a necessidade de políticas públicas mais eficazes.
A elevada taxa de mortalidade associada a este câncer pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o acesso inadequado ao exame preventivo e à detecção tardia da doença. Estudos têm mostrado que a implementação efetiva de programas de rastreamento e a educação sobre a prevenção são cruciais para reduzir a incidência e a mortalidade (INCA, 2023).
Para compreender a magnitude do problema, é essencial analisar os dados de mortalidade e incidência. O Atlas de Mortalidade por Câncer do INCA fornece uma visão abrangente sobre as taxas de mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil, destacando variações regionais e tendências ao longo do tempo (INCA, 2023). Esses dados mostram que as regiões com menor acesso aos serviços de saúde têm taxas mais altas de mortalidade, refletindo desigualdades no acesso ao PCCU e a outros cuidados preventivos.
O Censo Demográfico do IBGE oferece informações detalhadas sobre a população feminina no Brasil, incluindo aspectos socioeconômicos e demográficos que afetam o acesso ao PCCU (IBGE, 2020). A análise dessas informações é fundamental para identificar grupos vulneráveis que podem se beneficiar de estratégias de rastreamento mais precoces ou adaptadas às suas necessidades específicas.
Os fatores socioeconômicos desempenham um papel crucial no acesso ao PCCU. Mulheres em áreas de alta vulnerabilidade socioeconômica enfrentam barreiras significativas para o acesso a cuidados preventivos, incluindo a falta de informação e recursos financeiros (Costa et al., 2019). O entendimento dessas barreiras é fundamental para o desenvolvimento de intervenções que visem melhorar o acesso e a adesão ao exame preventivo.
Vários estudos investigaram a eficácia do rastreamento precoce em mulheres jovens. A evidência sugere que a infecção por HPV e o desenvolvimento de lesões precursoras podem ocorrer antes dos 25 anos, justificando a consideração de uma idade mais baixa para o início do PCCU (Santos et al., 2018). A revisão das evidências disponíveis ajuda a avaliar se a antecipação da coleta do PCCU poderia ser uma medida eficaz para melhorar os resultados de saúde.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo evidenciou que a idade preconizada para a coleta do PCCU, atualmente estabelecida em 25 anos, pode não ser adequada para todas as populações, especialmente para mulheres que iniciam a vida sexual precocemente. Os dados coletados indicam que a antecipação do exame poderia reduzir a incidência de lesões pré-cancerígenas e, consequentemente, a mortalidade por câncer do colo do útero em mulheres jovens. (INCA, 2023)
As recomendações deste estudo incluíram: revisão das diretrizes nacionais para a coleta do PCCU, com a possibilidade de antecipação para mulheres que iniciam a vida sexual antes dos 25 anos, ampliação das campanhas de vacinação contra o HPV, com foco nas populações de maior vulnerabilidade, implementação de políticas públicas que garantam o acesso equitativo ao PCCU e à vacinação em todo o território nacional, com ênfase nas regiões Norte e Nordeste.
Os programas de vacinação contra o HPV têm demonstrado uma redução significativa na incidência de lesões cervicais precoces e câncer do colo do útero em populações vacinadas. Estudos realizados em países como a Austrália e o Reino Unido mostram que a vacinação em massa tem contribuído para a redução das taxas de câncer do colo do útero. (Hall et al., 2021)
A adesão ao PCCU e à vacinação contra o HPV pode ser limitada por diversos fatores, incluindo barreiras socioeconômicas, culturais e educativas. Mulheres em áreas rurais e em situações de vulnerabilidade socioeconômica podem enfrentar dificuldades para acessar serviços de saúde e participar de programas de rastreamento e vacinação. (Silva et al., 2023)
As desigualdades regionais no acesso ao PCCU e à vacinação também representaram um desafio significativo. A implementação de políticas públicas e estratégias de saúde devem considerar as particularidades de diferentes regiões e trabalhar para superar essas desigualdades. (Carvalho et al., 2021)
A análise dos dados disponíveis sobre o câncer do colo do útero e a recomendação atual para o início do PCCU revela a necessidade de uma revisão das políticas de rastreamento para incluir mulheres mais jovens. A antecipação do exame pode contribuir significativamente para a redução das taxas de mortalidade, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica. Portanto, é fundamental que as políticas de saúde pública no Brasil considerem essas variações regionais e adaptem as diretrizes para garantir um acesso mais amplo e equitativo ao rastreamento preventivo.
A fim de melhorar a detecção precoce e reduzir as disparidades no acesso ao PCCU, este estudo expôs uma série de intervenções de enfermagem a serem implementadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Essas intervenções incluem campanhas de conscientização, educação sexual para jovens, e a criação de protocolos para o rastreamento precoce em mulheres com vida sexual ativa antes dos 25 anos. (Bardin, 2011)
A educação e a conscientização sobre os riscos do câncer do colo do útero e a importância da realização do PCCU e da vacinação contra o HPV são fundamentais para a efetividade das estratégias de prevenção. Programas de educação em saúde, tanto em escolas quanto em centros de saúde comunitários, têm mostrado impacto positivo na adesão aos exames preventivos e à vacinação (Santos et al., 2023). Campanhas de conscientização promovidas pelo Ministério da Saúde e outras organizações têm o objetivo de informar as mulheres sobre a importância da detecção precoce e das estratégias de prevenção. (Brasil, 2022)
5 CONCLUSÃO
A criação de programas de rastreamento direcionados a mulheres jovens, que incluam educação sobre saúde sexual e acesso facilitado ao PCCU, pode ajudar a reduzir as taxas de mortalidade e incidência de câncer do colo do útero entre esse grupo etário. Estratégias específicas podem incluir a colaboração com escolas e universidades para promover a conscientização e a realização de exames. A avaliação contínua das políticas públicas relacionadas ao rastreamento do câncer do colo do útero é fundamental para garantir que elas atendam às necessidades da população. A coleta de dados e a análise de indicadores de saúde podem informar ajustes nas diretrizes e estratégias de intervenção.
Diante dos dados apresentados, torna-se evidente a necessidade de uma revisão das diretrizes brasileiras para a coleta do PCCU, especialmente para mulheres jovens com vida sexual ativa antes dos 25 anos. Os estudos revisados indicam que a infecção por HPV e o desenvolvimento de lesões precursoras podem ocorrer em idades mais jovens do que as diretrizes atuais sugerem, principalmente em contextos de vulnerabilidade socioeconômica. A antecipação do exame pode contribuir significativamente para a redução da mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil, além de garantir um diagnóstico precoce e tratamentos menos invasivos para as mulheres afetadas.
A implementação de políticas públicas voltadas para o acesso equitativo ao exame preventivo, associadas a campanhas educativas e à ampliação da vacinação contra o HPV, são essenciais para a redução das disparidades regionais e para a melhoria dos índices de saúde das mulheres brasileiras. A fundamentação teórica apresentada evidencia a importância das estratégias de prevenção do câncer do colo do útero, incluindo o rastreamento com PCCU, a vacinação contra o HPV e as diretrizes nacionais e internacionais. Embora os programas de prevenção tenham mostrado sucesso na redução da mortalidade e morbidade associadas ao câncer do colo do útero, é essencial continuar a promover a adesão a essas práticas e abordar as barreiras que limitam o acesso aos serviços de saúde.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão dos dados e a análise da literatura científica revelam a necessidade urgente de reavaliar as diretrizes para a coleta do exame preventivo de Papanicolau (PCCU), especialmente para mulheres jovens com vida sexual ativa antes dos 25 anos. As evidências mostram que a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) e o surgimento de lesões precursoras podem ocorrer em idades mais precoces do que as recomendações atuais, particularmente em contextos socioeconômicos desfavorecidos. Antecipar a realização do PCCU pode ser uma medida eficaz para a detecção precoce e, portanto, para a redução da mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil.
É essencial que sejam implementados programas de rastreamento focados em mulheres jovens, que integrem educação sobre saúde sexual e facilitem o acesso ao PCCU. A colaboração com instituições educacionais, como escolas e universidades, pode ser uma estratégia importante para aumentar a conscientização e a adesão ao exame. Além disso, é necessário monitorar e avaliar continuamente as políticas públicas relacionadas ao rastreamento do câncer do colo do útero para garantir que estas políticas realmente atendam às necessidades da população. A análise de dados e indicadores de saúde é fundamental para ajustar e otimizar essas diretrizes e estratégias de intervenção.
Os resultados sugerem que a implementação de políticas públicas que promovam acesso igualitário ao exame preventivo, combinada com campanhas educativas e a expansão da vacinação contra o HPV, é crucial para diminuir as desigualdades regionais e melhorar os índices de saúde das mulheres no Brasil. Essas políticas devem ser acompanhadas de iniciativas que enfrentem as barreiras que limitam o acesso aos serviços de saúde, assegurando que todas as mulheres possam se beneficiar das práticas preventivas disponíveis.
Portanto, embora os programas atuais de prevenção tenham mostrado progresso na redução da mortalidade e morbidade associadas ao câncer do colo do útero, é vital continuar a promover a adesão a essas práticas e superar os desafios que ainda existem. A antecipação da coleta do PCCU para mulheres jovens, associada a estratégias de educação e prevenção, pode ter um impacto significativo na saúde pública, facilitando diagnósticos precoces e tratamentos menos invasivos, e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida das mulheres afetadas.
REFERÊNCIAS
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BARDIN, L. Análise de conteúdo. 5. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.
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1 Academica do curso de Bacharel de Enfermagem . E-mail: melosarahisabelle@gmail.com
2 Academica do curso de Bacharel de Enfermagem. E-mail: crystynyy-morena@hotmail.com
3 Enfermeira especialista em Enfermagem pediátrica e UTI neonatal.E-mail: trelhalary1@gmail.com