CAMINHOS INTERROMPIDOS: UM ESTUDO SOBRE A PERMANÊNCIA DAS DIFICULDADES DE LEITURA ATÉ O 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202507161552


Daniele de Jesus Tavares Domingues¹
Luana Braga Bezerra Silva²
Fábio Coelho Pinto³


RESUMO

Este artigo explora a persistência das dificuldades de leitura dos alunos até o 5º ano do Ensino Fundamental, examinando seus efeitos no desenvolvimento educacional e social de crianças brasileiras. Aborda os fatores que contribuem para esses desafios iniciais, como a falta de estímulo familiar e a preparação docente, e como a não superação dessas barreiras acarreta um ciclo de insucesso escolar, afetando a autoestima e limitando oportunidades futuras. O estudo propõe a análise de intervenções pedagógicas eficazes, a importância da formação continuada de educadores, o engajamento familiar e a implementação de políticas educacionais para promover a proficiência leitora. Em termos metodológicos, trata-se de um artigo bibliográfico que tem como proposição aprofundar as discussões em torno da permanência das dificuldades de leitura ao longo do processo escolarização da etapa I do ensino fundamental até o 5º ano. Neste sentido, as contribuições teóricas de: Ellis (2021), Antunes (2021), Alves (2019) e outros autores foi de fundamental importância para compreensão do processo que cerca a dificuldade dos alunos ao longo do processo de escolarização até o 5º ano do ensino fundamental. Conclui-se que uma abordagem distinta é essencial para assegurar que a leitura se torne um instrumento de empoderamento, e não um obstáculo, para todos os estudantes.

Palavras-chave: Alfabetização; Compreensão Leitora; Ensino Fundamental; Psicopedagogia; Inclusão Educacional.

ABSTRACT

This article explores the persistence of reading difficulties among students up to the 5th year of elementary education, examining their effects on the educational and social development of Brazilian children. It addresses the factors contributing to these early challenges, such as the lack of family support and insufficient teacher preparation, and how the failure to overcome these barriers results in a cycle of academic failure, affecting students’ self-esteem and limiting future opportunities. The study proposes an analysis of effective pedagogical interventions, the importance of ongoing teacher professional development, family engagement, and the implementation of educational policies aimed at promoting reading proficiency. Methodologically, this is a bibliographic study that aims to deepen discussions surrounding the persistence of reading difficulties throughout the schooling process from the initial years of elementary education to the 5th grade. In this regard, the theoretical contributions of Ellis (2021), Antunes (2021), Alves (2019), among others, have been fundamental in understanding the processes underlying students’ reading challenges during the early years of schooling. The study concludes that a differentiated pedagogical approach is essential to ensure that reading becomes a tool for empowerment rather than a barrier to academic and personal development for all students.

Keywords: Literacy; Reading Comprehension; Elementary Education; Educational Psychology; Inclusive Education.

1.INTRODUÇÃO

A habilidade de decifrar o código escrito constitui o alicerce do processo educacional, funcionando como o portal primordial para a aquisição de conhecimento e a compreensão do ambiente circundante. Contudo, para um contingente significativo de crianças brasileiras, esta trajetória educacional é marcada por interrupções e obstáculos persistentes, onde os desafios na assimilação da escrita persistem até o 5º ano do Ensino Fundamental, comprometendo não apenas o desempenho acadêmico, mas também a formação integral do indivíduo (Alves, 2019). Este estudo tem como objetivo aprofundar-se nas origens e nas ramificações dessa permanência, examinando as adversidades enfrentadas por discentes, docentes e a estrutura educacional em sua totalidade.

O período inicial de alfabetização, que se inicia nos primeiros anos do Ensino Fundamental, representa uma fase de extrema importância no percurso cognitivo infantil. É neste estágio que as crianças deveriam solidificar os fundamentos para alcançar a proficiência leitora. Não obstante, diversos fatores podem ocasionar entraves iniciais que, se não identificados e abordados de maneira apropriada, tendem a se agravar progressivamente (Antunes, 2021).

A carência de estímulo à leitura no ambiente doméstico, a escassez de recursos didáticos apropriados e a preparação insuficiente de alguns educadores são apenas alguns dos elementos que contribuem para o surgimento das primeiras dificuldades. Quando um aluno não desenvolve as aptidões fonológicas e de decodificação necessárias, ele se encontra em uma posição de desvantagem, defrontando-se com barreiras substanciais para a inteligibilidade textual (Barca Lozano; Porto Rioboo, 2023).

A manutenção desses problemas se manifesta com maior intensidade à medida que o estudante avança para o 5º ano do Ensino Fundamental, tornando-se cada vez mais nítida e impactante. A leitura não é apenas uma competência isolada, mas sim uma ferramenta basilar para a assimilação de conteúdo em todas as áreas do saber (Brasil, 2022).

Um estudante que demonstra tropeços na compreensão escrita enfrentará impedimentos para interpretar questões de matemática, decifrar textos de história ou ciências, e até mesmo para expressar-se de forma coesa por escrito. Esta continuidade das dificuldades pode instaurar um ciclo desfavorável: o aluno, por não conseguir ler e assimilar, perde o entusiasmo pelos estudos, experimenta frustração e desmotivação, o que resulta em um desempenho escolar progressivamente insatisfatório (Carraher; Schliemann, 2021).

Essa situação afeta a autoestima e pode levar a criança a desenvolver aversão ao ambiente escolar, elevando o risco de evasão. Além disso, as complexidades com a leitura não se restringem ao contexto acadêmico; elas limitam o acesso à informação, à cultura e às possibilidades futuras, perpetuando disparidades sociais (Coll; Marchesi; Palácios, 2024). Superar esses “caminhos interrompidos” exige um esforço colaborativo e diversificado, demandando uma abordagem multifacetada para aprimorar o processo educacional e garantir que todos os discentes possam desenvolver plenamente suas capacidades de leitura.

2. FUNDAMENTOS DA AQUISIÇÃO DA LEITURA E OS PRIMEIROS ENTRAVES

A jornada rumo à proficiência leitora representa uma das mais complexas aquisições cognitivas do ser humano, delineando-se desde os primeiros contatos da criança com a linguagem escrita e oral. Este processo complexo envolve a coordenação de diversas habilidades, desde o reconhecimento de letras e sons até a compreensão de estruturas textuais e significados profundos (Assis, 2018).

A aprendizagem dentro deste viés não se restringe à decodificação de símbolos, mas engloba um sistema amplo de competências fonológicas, semânticas, sintáticas e pragmáticas que se interligam para permitir a inteligibilidade do que é lido (Garcia, 2024). Quando essas bases não são solidificadas de forma adequada, o percurso de aprendizado pode ser comprometido, resultando em dificuldades que se manifestam nos anos subsequentes do ensino básico.

A fase inicial de familiarização com o universo da escrita, particularmente nos anos de alfabetização, é de suma importância para o estabelecimento de um relacionamento positivo e eficaz com a leitura. É neste período que se constroem as pontes entre o som e o grafismo, permitindo que a criança comece a atribuir sentido às palavras e frases (Antunes, 2021).

A ausência de um ensino pautado em métodos que respeitem o ritmo individual de cada aluno, ou a inobservância das peculiaridades do desenvolvimento infantil, pode gerar os primeiros impedimentos à fluência leitora (Alves, 2019). É essencial que os educadores possuam um conhecimento aprofundado sobre as etapas do desenvolvimento da leitura, a fim de identificar prontamente os sinais de alerta que indicam possíveis desafios no processo de aprendizado da leitura e escrita.

Um dos elementos primordiais para a formação de bons leitores reside na capacidade de processamento fonológico, que se refere à percepção e manipulação dos sons da fala. Crianças que apresentam limitações nesta área frequentemente demonstram maior lentidão na correspondência grafema-fonema, o que se traduz em dificuldade na decodificação de palavras (Ellis, 2021).

A falta de uma estimulação adequada desde a primeira infância, com atividades que promovam a consciência fonológica, como rimas, aliterações e segmentação de palavras em sons, pode ser um fator preexistente para o surgimento de obstáculos no processo de alfabetização (Dockrell; Mcshane, 2018). Essa defasagem inicial na habilidade de discernir e manipular os componentes sonoros da linguagem oral configura um dos principais entraves para a progressão satisfatória na aquisição da leitura.

A exposição a um ambiente letrado, tanto no lar quanto na instituição de ensino, desempenha um papel significativo no desenvolvimento das aptidões de leitura. Um lar onde o livro é valorizado, onde histórias são contadas e onde o ato de ler é um hábito compartilhado, proporciona uma base sólida para a criança (Rodrigues; Mendes, 2019).

Inversamente, a privação de tais experiências pode desfavorecer o desenvolvimento do vocabulário e da compreensão narrativa, elementos fundamentais para a interpretação textual (Carraher; Schliemann, 2021). A inexistência de contato frequente com materiais escritos e a falta de modelos de leitura podem comprometer o interesse e a curiosidade pelo universo literário, elementos essenciais para a construção de um leitor proficiente e autônomo.

A qualidade do ensino merece uma atenção especial. A adoção de metodologias inadequadas ou a predominância de abordagens que negligenciam a especificidade do desenvolvimento cognitivo de cada criança podem ser barreiras significativas (Antunes, 2021).

Programas educacionais que focam excessivamente na memorização sem a compreensão do significado, ou que não oferecem estratégias variadas para atender às diferentes formas de assimilação, podem resultar em lacunas no aprendizado (Brasil, 2022). A capacitação contínua de professores para a utilização de métodos de alfabetização baseados em evidências científicas é indispensável para garantir que as bases da leitura sejam solidamente estabelecidas desde o início.

A identificação precoce de possíveis entraves na aquisição da leitura é um passo indispensável para intervir de maneira eficiente e evitar que as dificuldades se consolidem. Observar a performance do aluno em atividades de decodificação, fluência e compreensão textual permite aos docentes e psicopedagogos traçar um panorama das necessidades individuais (Alves, 2019).

Ferramentas de avaliação formativa e diagnóstica, aplicadas de forma sistemática, podem revelar pontos específicos de fragilidade, possibilitando a criação de planos de intervenção pedagógica personalizados (Paula; Santos, 2018). A demora em reconhecer e abordar essas sinalizações pode levar à ampliação dos desafios, tornando a reversão do quadro mais laboriosa nos estágios posteriores do ensino.

Além das questões pedagógicas e cognitivas, aspectos emocionais e sociais também exercem influência considerável na aquisição da leitura. A ansiedade de desempenho, o temor de cometer equívocos ou a baixa autoestima podem impactar negativamente a capacidade do estudante de engajar-se plenamente nas atividades de leitura (Assis, 2018).

Um ambiente escolar que não promove a segurança emocional e que não valoriza o esforço individual, pode acentuar essas sensações, levando o aluno a evitar situações que exijam leitura (Moraes; Lima, 2021). A dimensão afetiva, portanto, não deve ser desconsiderada, pois o bem-estar psicológico do aprendiz está diretamente conectado à sua disposição para enfrentar os desafios inerentes ao processo de letramento.

A rotulagem de estudantes como portadores de “distúrbios” ou “dificuldades” de aprendizagem, sem uma análise aprofundada e multifacetada, pode ter efeitos deletérios na percepção que a criança tem de si mesma e em seu percurso educacional (Campus, 2019).

É fundamental que a identificação de um desafio seja acompanhada por uma perspectiva que considere o contexto individual do aluno, suas potencialidades e as influências do ambiente de ensino e familiar (Myklebust; Johnson; R., 2018). Um diagnóstico preciso, realizado por profissionais qualificados, é indispensável para evitar estigmas e para direcionar as intervenções de forma assertiva, promovendo o desenvolvimento e a inclusão do estudante no ambiente escolar e social.

As políticas públicas em educação desempenham um papel modelador na forma como as dificuldades de leitura são abordadas e prevenidas. A existência de diretrizes curriculares bem definidas, que orientem as práticas de alfabetização e letramento, é um fator determinante para a uniformidade e eficácia do ensino (Brasil, 2022).

A falta de investimentos consistentes em programas de formação docente, em materiais didáticos de qualidade e em infraestrutura escolar adequada, pode criar disparidades significativas no acesso a um ensino de leitura efetivo (Silva; Ferreira, 2022). O compromisso governamental com a educação de base é um pilar para mitigar a incidência e a permanência de entraves na aquisição da proficiência leitora.

3. A PERSISTÊNCIA DAS DIFICULDADES E SUAS RAMIFICAÇÕES NO APRENDIZADO INTEGRAL

A continuidade dos obstáculos, uma vez que não são adequadamente abordados nos estágios iniciais do Ensino Fundamental, desencadeia uma série de consequências que se estendem muito além do ambiente da disciplina de Língua Portuguesa. Ela serve como uma base para a assimilação de novos conteúdos em todas as áreas do conhecimento, desde as ciências exatas até as humanas (Garcia, 2024).

Um aluno que encontra barreiras na decodificação e compreensão textual enfrentará entraves significativos para interpretar enunciados em problemas de matemática, para assimilar informações em textos de história ou geografia, e para se expressar de forma articulada em qualquer contexto acadêmico (Ellis, 2021). Essa limitação generalizada no acesso ao saber impede o desenvolvimento pleno das capacidades cognitivas e a construção de uma base sólida para a continuidade dos estudos.

A incapacidade de progredir pode gerar um efeito cascata que afeta profundamente o engajamento e a motivação do discente. Quando a criança se vê incapaz de acompanhar o ritmo dos colegas ou de compreender o material didático, a frustração se instala, levando a um desinteresse progressivo pela escolarização (Carraher; Schliemann, 2021).

Essa desmotivação pode manifestar-se em comportamentos de evitação, falta de participação em atividades de sala de aula e, em casos mais graves, em problemas disciplinares ou absenteísmo (Leite, 2019). O ambiente escolar, que deveria ser um espaço de descoberta e encorajamento, pode transformar-se em uma fonte de ansiedade e desprazer, afetando a percepção da criança sobre sua própria capacidade de aprender (Stevanato, 2018).

De outro modo a comparação com pares que demonstram maior facilidade no processo de letramento pode gerar sentimentos de inadequação, vergonha e isolamento social (Assis, 2018). Essa diminuição da percepção de autoeficácia pode levar o estudante a evitar situações que exijam leitura, como participar de rodas de leitura ou apresentar trabalhos em voz alta, o que perpetua o ciclo de não aprendizado e aprofunda o abismo entre suas capacidades e as exigências curriculares (Jacob; Loureiro, 2021). A dimensão emocional, portanto, se entrelaça indissociavelmente com o progresso cognitivo, demandando uma atenção pedagógica que abranja o bem-estar psicológico do aprendiz.

A escola, como instituição socializadora, também se torna um palco para a manifestação dessas dificuldades. A criança que não consegue ler com fluência pode ter sua participação limitada em atividades coletivas, como projetos de pesquisa ou debates, e pode ser vista pelos colegas e, por vezes, até por alguns educadores, como alguém com menos potencial (Campus, 2019).

Essa estigmatização, ainda que não intencional, pode marginalizar o aluno e reforçar a percepção de que ele é “diferente” ou “incapaz”, afastando-o das interações construtivas que são parte integrante do aprendizado e do desenvolvimento social (Coll; Marchesi; Palácios, 2024). O ambiente educacional precisa ser inclusivo, promovendo a valorização das diversas formas de aprendizado e oferecendo suporte individualizado para cada necessidade.

As implicações das dificuldades estendem-se para além do ambiente educacional formal, afetando o acesso do indivíduo à informação e à participação plena na sociedade. Em um mundo cada vez mais pautado pela leitura e escrita, a incapacidade de processar textos de forma eficaz limita a autonomia, o acesso a oportunidades de trabalho, a participação cívica e a fruição cultural (Souza, 2019).

A compreensão de notícias, a interpretação de contratos, o acesso a informações sobre saúde ou direitos civis dependem diretamente da habilidade de leitura, o que sublinha a dimensão social e política dessa competência (Minayo et al., 2023). Portanto, a superação desses desafios na leitura não é apenas uma questão pedagógica, mas um imperativo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

A falta de uma intervenção eficaz e precoce para as dificuldades de leitura frequentemente resulta em uma acumulação de defasagens ao longo dos anos. O que começa como um pequeno atraso na decodificação pode evoluir para uma ampla lacuna na compreensão textual, tornando o processo de recuperação mais complexo e dispendioso em etapas posteriores do ensino (Cruz, 2020).

À medida que o currículo escolar avança, as exigências de leitura tornam-se mais sofisticadas, demandando maior fluência, vocabulário expandido e capacidade de inferência, o que sobrecarrega ainda mais o aluno que já apresenta dificuldades (Fonseca, 2023). A abordagem proativa e preventiva é, portanto, preferível e mais eficiente do que a tentativa de remediar problemas já consolidados.

A identificação de transtornos específicos da aprendizagem, como a dislexia, requer uma abordagem multidisciplinar e um diagnóstico preciso para que as intervenções sejam direcionadas de forma eficaz (Smith; Atrick, 2023). No entanto, a dificuldade de leitura nem sempre se enquadra em um diagnóstico formal, podendo ser decorrente de lacunas pedagógicas, falta de estímulo ou outros fatores ambientais (Alves, 2019).

Discernir a natureza da dificuldade é essencial para planejar o suporte adequado, evitando generalizações que podem obscurecer a real necessidade do estudante (Myklebust, Johnson; R., 2018). Profissionais da psicopedagogia desempenham um papel relevante nesse processo, fornecendo avaliações e estratégias personalizadas.

Para as instituições de ensino, a persistência das dificuldades de leitura representa um desafio sistêmico que exige revisão de práticas e investimentos. A escola precisa estar preparada para oferecer um ambiente de aprendizado diversificado, com recursos e metodologias que contemplem as diferentes formas de assimilação do conhecimento (Nielsen, 2022).

O desenvolvimento de programas de apoio pedagógico, a formação continuada de educadores e a criação de espaços de escuta para as necessidades dos alunos são elementos fundamentais para que a escola se torne um catalisador na superação desses entraves (Brasil, 2022). A promoção de uma cultura escolar que celebre o aprendizado e que ofereça um ambiente de acolhimento é um passo fundamental para o sucesso de todos os aprendizes.

4. INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS E O PAPEL DO EDUCADOR NA MITIGAÇÃO DAS DIFICULDADES

A intervenção eficaz não se resume a atividades pontuais, mas a um conjunto de estratégias planejadas e executadas com base nas necessidades singulares de cada estudante (Alves, 2019). O professor, nesse cenário, assume um papel de protagonismo, atuando como o principal mediador entre o conhecimento e o aluno, adaptando metodologias e materiais para promover o avanço na proficiência leitora (Antunes, 2021). A compreensão das diversas nuances da aquisição da leitura é fundamental para que ele possa identificar os desafios e aplicar as soluções mais apropriadas.

Uma das bases eficaz reside na aplicação de uma avaliação diagnóstica contínua e aprofundada. Este processo não busca apenas classificar o estudante, mas sim compreender as origens das dificuldades específicas que ele enfrenta, sejam elas relacionadas à decodificação, à fluência, ao vocabulário ou à compreensão textual (Paula; Santos, 2018).

Com base nos resultados dessa avaliação, o educador pode elaborar planos de ação individualizados, que visem fortalecer as áreas mais vulneráveis do desenvolvimento leitor (Furtado; Borges, 2022). A utilização de instrumentos variados e a observação atenta do desempenho do aluno em diferentes contextos de leitura são elementos essenciais para um diagnóstico abrangente e preciso.

A formação dos professores figura como suporte indispensável para o aprimoramento das práticas pedagógicas e para o enfrentamento das dificuldades de leitura. Muitos, embora dedicados, podem não ter sido preparados em sua formação inicial para lidar com a complexidade dos desafios de aprendizagem ou para aplicar metodologias atualizadas de alfabetização (Fernandes; Oliveira, 2019).

Programas de capacitação que abordem as teorias mais recentes sobre a aquisição da leitura, as estratégias de ensino baseadas em evidências e o uso de recursos tecnológicos podem equipar o docente com as ferramentas necessárias para intervir de forma mais assertiva (Machado; Freitas, 2020). O investimento na qualificação do corpo docente é um investimento direto no futuro da educação e na superação dos entraves do letramento.

A utilização de metodologias ativas no ensino da leitura pode promover um engajamento maior dos estudantes e um aprendizado mais significativo. Ao invés de uma abordagem passiva, onde o aluno apenas recebe informações, as metodologias ativas convidam à participação, à interação e à construção colaborativa do conhecimento (Carvalho; Pereira, 2021).

Estratégias como a leitura compartilhada, as rodas de leitura, a produção textual coletiva e a resolução de problemas que demandem a interpretação de textos estimulam o pensamento crítico e a autonomia do leitor (Santana, 2020). O ambiente de sala de aula transforma-se em um laboratório de descobertas, onde o erro é visto como parte do processo de aprendizado e a colaboração é incentivada.

A promoção da fluência leitora é um aspecto que muitas vezes é negligenciado após a fase inicial de alfabetização, mas que se revela de grande importância para a compreensão textual. Um leitor fluente decodifica palavras de forma automática, liberando recursos cognitivos para focar na compreensão do significado (Zanetti; Barros, 2021).

Atividades que estimulem a leitura repetida de textos, a leitura em voz alta com acompanhamento e a prática de leitura cronometrada podem auxiliar no desenvolvimento da fluência. A intervenção na fluência deve ser sistemática e oferecer feedback construtivo ao aluno, permitindo que ele monitore seu próprio progresso e desenvolva maior autoconfiança em suas capacidades.

O enriquecimento do vocabulário é outro componente. Muitas dificuldades na assimilação textual derivam da falta de conhecimento de palavras e expressões utilizadas nos textos (Garcia, 2024). Estratégias como a leitura de diversos gêneros textuais, o uso de dicionários, a exploração de sinônimos e antônimos, e a discussão de palavras novas em sala de aula podem expandir o repertório lexical dos alunos (Gomes; Martins, 2024).

A construção de um vocabulário robusto não apenas facilita a compreensão de textos mais complexos, mas também potencializa a capacidade de expressão oral e escrita do estudante, contribuindo para seu desenvolvimento comunicativo de modo geral.

O papel da psicopedagogia, enquanto área técnica, é de grande relevância no suporte aos estudantes. Através de avaliações aprofundadas e intervenções personalizadas, o psicopedagogo pode auxiliar na identificação de transtornos específicos de aprendizagem, bem como no desenvolvimento de estratégias de ensino adaptadas às necessidades individuais (Alves, 2019).

A atuação em conjunto com a família e a escola, promovendo uma visão integral do aluno, permite que as intervenções sejam mais eficazes e que o suporte oferecido seja coerente em todos os ambientes de convívio da criança (Weiss, 2020). Essa colaboração interdisciplinar é fundamental para otimizar o percurso educacional de crianças que enfrentam entraves na leitura.

A criação de um ambiente escolar que fomente o prazer pela leitura e a valorização do livro é um passo fundamental para incentivar a prática leitora. Bibliotecas escolares bem equipadas, com acervo diversificado e atualizado, são espaços de descoberta e aprendizado que podem despertar o interesse dos estudantes (Vasconcelos; Gonçalves, 2024).

Projetos de leitura que envolvam toda a comunidade escolar, como clubes de leitura, visitas de autores e feiras de livros, transformam a leitura em uma atividade atraente e divertida (Fonseca, 2018). A promoção de uma cultura leitora vai além do ensino formal, incentivando a curiosidade e o desejo de explorar novos universos através dos livros.

A tecnologia educacional oferece um leque de possibilidades para o suporte à leitura e para a mitigação das dificuldades. Aplicativos interativos, softwares de leitura assistida e plataformas de gamificação podem tornar o processo de aprendizado mais engajador e acessível para alunos com diferentes estilos de aprendizagem (Machado;  Freitas, 2020).

Ferramentas digitais podem auxiliar, no desenvolvimento do vocabulário e na compreensão textual, oferecendo recursos multimídia que complementam as abordagens tradicionais (Piaget, 2021). A integração inteligente da tecnologia no currículo escolar pode abrir novos caminhos para o desenvolvimento da proficiência leitora, adaptando-se às necessidades da era digital.

5. POLÍTICAS PÚBLICAS E O ENGAJAMENTO FAMILIAR: PILARES PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE LEITURA

Um componente essencial para o sucesso nessa empreitada reside na formulação e implementação de políticas públicas distintas, aliadas a um engajamento significativo das famílias no processo educacional. A articulação entre esses dois elementos é capaz de criar um ecossistema de apoio que amplifica os resultados obtidos em sala de aula (Silva; Ferreira, 2022). A ausência de um suporte governamental consistente e a desconexão entre lar e escola podem enfraquecer os esforços voltados para a promoção da proficiência leitora.

As diretrizes nacionais para a educação, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fornecem um delineamento para o que se espera que os alunos aprendam em cada etapa do ensino, incluindo as habilidades de leitura e escrita. A existência desses referenciais normativos é um ponto de partida para a uniformização e aprimoramento das práticas pedagógicas em todo o território nacional (Brasil, 2022). Contudo, a mera existência de normas não garante sua aplicação eficaz.

É imperativo que as políticas públicas se traduzam em investimentos concretos em programas de formação docente, na produção e distribuição de materiais didáticos de alta qualidade, e na adequação da infraestrutura escolar para suportar um ambiente de aprendizado propício (Nielsen, 2022). A alocação de recursos financeiros e humanos direcionados à alfabetização e ao letramento demonstra o comprometimento do poder público com a resolução desse desafio educacional.

Além dos marcos curriculares, o estabelecimento de sistemas de avaliação diagnóstica em larga escala, que permitam monitorar o progresso dos estudantes e identificar precocemente as lacunas de aprendizagem, é um instrumento valioso para a gestão educacional. Tais avaliações fornecem dados que podem subsidiar a formulação de estratégias de intervenção em nível macro, permitindo que as redes de ensino direcionem seus esforços para as áreas que mais necessitam de apoio (Paula; Santos, 2018).

A análise desses resultados pode revelar padrões regionais de dificuldades, auxiliando na elaboração de políticas específicas que atendam às particularidades de cada contexto geográfico e social, promovendo uma abordagem mais equitativa na distribuição dos recursos.

O ambiente doméstico é o primeiro espaço de aprendizado e, quando os pais ou responsáveis valorizam a leitura, estimulam o contato com livros e dialogam sobre o que a criança lê, eles contribuem para a construção de um repertório linguístico e um interesse pelo universo letrado (Rodrigues; Mendes, 2019). A leitura de histórias em voz alta, a visita a bibliotecas, a criação de um espaço para a leitura em casa e o incentivo à escrita espontânea são práticas que fortalecem o elo entre a criança e o letramento (Fonseca, 2018). A família, ao se tornar um parceiro ativo da escola, amplifica os estímulos e reforça a importância da leitura.

Muitas vezes, as famílias podem não ter a orientação necessária ou os recursos para apoiar o desenvolvimento da leitura de seus filhos, especialmente em contextos de vulnerabilidade socioeconômica. Nesse sentido, as políticas públicas e as instituições de ensino têm um papel a desempenhar na capacitação e no suporte aos pais (Dias; Costa, 2023).

Programas de letramento familiar, oficinas de leitura para pais e filhos, e a disponibilização de materiais informativos e de leitura de forma acessível podem empoderar as famílias, transformando-as em agentes ativos no processo de alfabetização de suas crianças (Minayo et al., 2023). Essa ponte entre escola e lar é fundamental para que o aprendizado da leitura seja uma experiência contínua e integrada na vida do estudante.

O acesso a diagnósticos precoces e a intervenções terapêuticas, como fonoaudiologia ou psicopedagogia clínica, pode fazer uma diferença substancial no percurso do aluno (Alves, 2019). A criação de equipes multidisciplinares que atuem em parceria com as escolas, oferecendo suporte especializado e treinamento para os educadores, garante que as crianças com necessidades específicas recebam o atendimento adequado (Smith; Atrick, 2023). Essa visão intersetorial reflete uma compreensão mais abrangente das complexidades envolvidas nas dificuldades de aprendizagem.

De outro modo a escola, como ponto central de convergência, deve realizar reuniões informativas, promover eventos culturais que envolvam a comunidade, manter canais de comunicação abertos e transparentes, e envolver os pais na vida escolar de seus filhos são estratégias que fortalecem essa aliança (Valla, 2022).

Quando a família se sente parte integrante do processo educacional, a probabilidade de que ela apoie e reforce as aprendizagens em casa aumenta significativamente, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento pleno das competências de leitura (Vygotsky, 2021). A construção de uma comunidade escolar coesa e colaborativa é um investimento no sucesso de todos os aprendizes.

CONCLUSÃO

Mergulhar neste artigo foi uma experiência transformadora para mim. No começo, era só um tema, uma pesquisa. Mas, à medida que eu avançava, percebi o quanto ele me ajudou em várias frentes.

Primeiro, ele me deu uma visão muito mais aprofundada da realidade da educação brasileira. Eu sempre soube que a leitura era importante, mas entender como as dificuldades podem gerar um efeito dominó na vida de uma criança – afetando a autoestima, o desempenho em outras matérias, a participação social e até as oportunidades futuras – isso abriu meus olhos de uma forma que nenhum resumo de livro faria. Vi que não é um problema isolado do aluno, mas uma questão que engloba a família, a escola e até as políticas públicas.

Depois, essa pesquisa me fez desenvolver um olhar mais crítico e sensível para o papel do professor e da psicopedagogia. Antes, talvez eu pensasse mais na sala de aula como um lugar de “ensinar conteúdo”. Agora, compreendo que é um espaço de acolhimento, de diagnóstico precoce e de intervenções personalizadas. Percebi a importância de uma formação continuada para os educadores e como a parceria com a família pode ser um diferencial enorme. É um tema que me fez pensar na minha própria prática futura, sobre como posso ser uma profissional mais atenta e eficaz.

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¹Licenciada em Pedagogia pela Universidade Paulista (UNIP) e em Letras – Língua Portuguesa e Espanhola pela Escola Superior Madre Celeste (ESMAC). Especialista em Educação Infantil e Ensino Fundamental, Educação Integral, Metodologias Ativas e Prática Docente, e Gestão do Trabalho Pedagógico: Supervisão, Orientação, Inspeção e Administração Escolar pela Faculdade UNIMINAS, Educação Inclusiva, Faculdade Campos Elíseos (FCE). Mestranda em Educação da Faculdade Interamericana de Ciências Sociais (FICS). E-mail: daniele.tavares2311@gmail.com
²Licenciada em Língua Portuguesa com habilitação em Língua Espanhola (ESMAC) – Licenciada em pedagogia (UNIP). Especialista em Língua Espanhola (ESMAC). Especialista em alfabetização e letramento (Faveni). Mestranda em Educação Da Faculdade Interamericana de Ciências Sociais (FICS). E-mail: lbbsilva14@gmail.com
³Doutor em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação da Faculdade Interamericana de Ciências Sociais – FICS; Mestre em Educação e Cultural pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura pela Universidade Federal do Pará – UFPA; Mestre em Ciências da Educação – FICS; Especialista em Gestão e Planejamento da Educação – UFPA; Especialista em Gestão Financeira e de Projetos Sociais – Faculdade de Patrocinio -FAP; Graduado em pedagogia – UFPA; Graduado em Letras Habilitação em Língua Inglesa – UFPA; Graduado em Sociologia – UNIASSELVI; Acadêmico de Direito pela Faculdade Estratego. E-mail: profphabiopinto@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7169-2716.