BUSINESS ANALYTICS IN SMART CITES. UM OLHAR SOBRE SALVADOR/BA.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504122230


Paulo Tadeu Peres Ingracio1
Silvana Sá de Carvalho2


Resumo  

O crescimento populacional previsto para os próximos anos está ancorado com a previsão do aumento da pobreza, da violência, da poluição, da crise hídrica e ambiental. Como provável solução, surgem as denominadas “Cidades Inteligentes”, ou seja, cidades politicamente corretas, que utilizam a inovação, governança digital, sustentabilidade ambiental, eficiência energética, mobilidade urbana adequada, infraestrutura tecnológica de alto padrão, conectividade e engajamento ativo dos cidadãos para melhoria da qualidade de vida.   Para contribuir com o alcance desses objetivos, temos na tecnologia o principal aliado, trazendo inovações e recursos avançados, como a Internet das Coisas (IoT), a Computação em Nuvem, Impressão 3D, a quinta geração de redes móveis – 5G e a Inteligência Artificial. Além dessas tecnologias, destacamos a “Análise de Dados”, que é o processo de coletar, carregar e transformar dados em informações úteis, colaborando com gestores no processo de tomada de decisões, sendo, assim, possível analisar indicadores das cidades inteligentes e examinar suas contribuições para a população.  Esse estudo tem como objetivo principal avaliar dados do ranqueamento das cidades inteligentes, utilizando como base os resultados e indicadores da cidade de Salvador/BA, no período de 2015 a 2023. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, aplica-se a metodologia de revisão literária, examinando uma vasta literatura com autores de alta relevância sobre o tema.

Palavras-chave: Análise de Dados, Cidades Inteligentes, Dashboard e Tecnologia.

Abstract

The population growth predicted for the coming years is anchored in the forecast of increased poverty, violence, pollution, water and environmental crises. The so-called “Smart Cities” are a likely solution, i.e., politically correct cities that use innovation, digital governance, environmental sustainability, energy efficiency, adequate urban mobility, high-standard technological infrastructure, connectivity and active citizen engagement to improve quality of life. To help achieve these goals, technology is our main ally, bringing innovations and advanced resources, such as the Internet of Things (IoT), Cloud Computing, 3D Printing, the fifth generation of mobile networks – 5G and Artificial Intelligence. In addition to these technologies, we highlight “Data Analysis”, which is the process of collecting, loading and transforming data into useful information, collaborating with managers in the decision-making process, thus making it possible to analyze indicators of smart cities and examine their contributions to the population. The main objective of this study is to evaluate data from the ranking of smart cities, using as a basis the results and indicators of the city of Salvador/BA, from 2015 to 2023. To develop this study, the literature review methodology was applied, examining a vast literature with highly relevant authors on the subject.

Keywords: Data Analysis, Smart Cities, Dashboard and Technology.

Introdução

No último século, passamos a viver em um mundo globalizado onde a tecnologia rompeu as barreiras do tempo e espaço, ela deixou de conectar apenas computadores para conectar pessoas no mundo inteiro. Por conseguinte, isso provocou fortes mudanças organizacionais, educacionais, econômicas, culturais, ambientais, comportamentais e sociais. 

Essa conectividade foi um dos fatores que incentivou a mobilidade populacional registrando nos últimos anos uma grande migração da população rural para os grandes centros urbanos. Esse fato gerou várias consequências habitacionais, como a falta de segurança, destruição do meio ambiente, o consumo de recursos naturais de maneira incorreta, questões de saúde e educação, influenciando diretamente na qualidade de vida.

Para melhor compreensão desta mobilidade, observamos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), que apresentou uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) com os reflexos da migração no Brasil. Iniciando pela industrialização que impulsionou o crescimento dos grandes centros urbanos e a formação de grandes favelas, devido à falta de infraestrutura para acomodar os imigrantes urbanos em ritmo tão acelerados.

A partir dos anos 1990 até os anos 2000, aconteceu uma desaceleração em comparação com as décadas anteriores. Após 2010, surgiram diversas políticas públicas que contribuíram para o crescimento da migração, em destaque o ano de 2007 que marcou historicamente a maior taxa de transição do rural para o urbano e tornou a população mundial predominantemente urbana.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2022), até o ano de 2050, cerca de 68% das pessoas viverão em centros urbanos, isso significa que haverá 2,5 bilhões de pessoas a mais nas cidades. Projeta-se uma população estimada em 9,5 bilhões de habitantes no mundo, sendo que a população urbana representará algo em torno de 6,3 bilhões.

 Figura 1:  Projeção do crescimento populacional global

Fonte: Autor adaptado ONU, 2014”.

A Figura 1, além de apresentar todo o cenário da projeção do crescimento populacional global, na linha do tempo sobre migração rural-urbano, também ilustra o exato momento do encontro da população rural e a população urbana. Esse encontro é marcado no gráfico quando acontece o cruzamento das linhas, entre os anos de 2007 a 2010. 

O Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), aborda a migração da população brasileira da zona rural para a zona urbana em um grande volume. 

A População brasileira passou a ser urbana na metade do último século em uma proporção de 36% em 1950 para 87% atualmente.  Um importante ponto de análise neste gráfico é a tendência de uma redução ainda maior da população rural entre o período de 2025 a 2050.

O resultado dessa migração maciça gerou as “As megacidades”, conglomerados urbanos que reúnem em pequenos espaços milhões de habitantes e os mais diversificados tipos de problemas urbanos. Entre as megacidades, Tóquio é o maior conglomerado urbano do planeta, com 37 milhões de habitantes, em segundo lugar, a cidade Indiana de Nova Délhi com 29 milhões e entre as dez mais populosas a cidade de São Paulo e a Cidade do México com cerca de 22 milhões cada. 

Uma curiosidade apontada pelo relatório sobre as megacidades é que a população de Tóquio tende a diminuir enquanto a população de Nova Délhi irá aumentar, com a possibilidade de até o ano de 2028 a cidade indiana ser a mais populosa do planeta.

Outro apontamento relevante é a previsão de que até o ano 2030, serão 43 megacidades com mais de 10 milhões de habitantes, a maioria em países em desenvolvimento. No entanto a maior parte dos aglomerados urbanos que sofrem crescimento exponencial são cidades com menos de um milhão de habitantes, na Ásia e na África. Já no Brasil, o ranqueamento das maiores aglomerações urbanas, estão listadas no quadro abaixo:

Quadro 1: Megacidades Brasileiras

Censo Demográfico 2022, em Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Cidades Inteligentes seu Planejamento e Indicadores

O elevado número de habitantes em megacidades direciona o nosso olhar para um novo modelo de cidades as politicamente corretas “Cidades Inteligentes”, ou seja, uma cidade que utiliza a tecnologia e os recursos disponíveis de forma inteligente e coordenada para desenvolver centros urbanos que são, ao mesmo tempo, integrados, habitáveis e sustentáveis (Barrionuevo, 2012).  

Nessa visão, os autores unem a tecnologia e a gestão como eixos principais das cidades inteligentes. Sob a ótica de Gea (2013), a arquitetura de uma Cidade Inteligente é composta por uma camada de hardware (links de comunicação, sensores, e medidores de variados tipos, entre outros) e uma camada de aplicação (sistema para apresentação dos dados, análises de Big Data, sistemas de geolocalização, integração com Web etc.), sendo habilitados por tecnologias inteligentes como a Cloud Computing

Novamente encontramos o eixo central das cidades inteligentes direcionada para as tecnologias que impulsionam o desenvolvimento dos grandes centros urbanos. Em sua análise, (Galán-García et al. 2014, p. 557-563) focam mais no conceito humanista para definir a complexidade das Cidades Inteligentes. “Smart City é um conceito muito amplo, que não inclui apenas infraestrutura física, mas também fatores humanos e sociais”. É possível desenhar um conceito preliminar sobre o tema em que se busca a melhoria da qualidade de vida mediada pela tecnologia a favor dos seus habitantes e do meio ambiente.

Conforme Aurigi (2016) nos mostra foram apresentadas diversas terminologias relacionadas às Cidades Inteligentes, entre elas: “Cidades Virtuais, Cidades Digitais e Cidades da Informação”.  Segundo Knight (2014), os registros das primeiras Cidades Digitais foram encontrados na década de 1990 na Europa e Estados Unidos, oriundos da necessidade por melhorias na infraestrutura de comunicação das cidades.

Para Vasconcelos (2015), cidade inteligente é uma “Mistura desajeitada de distopia urbana e cyberspace”, esse conceito retrata com fidelidade a busca da definição perfeita para o conceito de “Cidades Inteligentes”, pois trata de um espaço imaginário onde tudo é lindo e perfeito, porém não conecta com a realidade atual, triste e imperfeita das nossas cidades.  

O ponto mais importante para Hollands (2008) é o “capital humano”, pois as denominadas cidades inteligentes, só serão inteligentes se forem focadas para seus habitantes: “as cidades inteligentes devem iniciar ao lado da equação do capital humano e das pessoas, ao invés de acreditar completamente que a tecnologia por ela mesma seja capaz de transformar e melhorar as cidades”.

Administrar grandes espaços urbanos é um desafio complexo marcado por diversos tipos de problemas exigindo do gestor a habilidade de equilibrar interesses diversos, atender à crescente demanda por serviços básicos e garantir uma infraestrutura adequada para uma população muitas vezes heterogênea. Além disso, as desigualdades sociais agravam o cenário e sem um planejamento estratégico e ferramentas eficazes para alcançar melhorias na qualidade de vida da população pode parecer um objetivo impraticável.

Conforme Fitz (2008), o planejamento e a gestão do espaço tornam-se ações de suma importância.  As condições descritas pelo autor deixam explicitada a importância de pensar amplamente sobre o modelo de gestão das áreas urbanas e o uso de tecnologias como ferramentas de apoio nas tomadas de decisões para que o resultado seja de acordo com os anseios da sua população.

Em especial a gestão de cidades inteligentes envolve um universo de critérios, normas e possibilidades para a implantação e desenvolvimento na qual é necessário conhecer e mensurar os indicadores, com base em informações precisas e em evidências, identificando tendências e necessidades específicas da cidade. Nesse contexto a necessidade de utilizar sistemas de monitoramento adequados e ferramentas gerenciais se torna indispensável para o gestor que encontrará nos recurso analíticos, (na análise de dados), condições perfeitas para avaliar os indicadores, cruzar informações e gerar insights detalhados sobre a dinâmica urbana. 

Com o suporte de tecnologias avançadas, como Big Data, inteligência artificial e sistemas de georreferenciamento, é possível transformar dados brutos em informações estratégicas. Por exemplo, ao analisar padrões de tráfego, o gestor pode reorganizar o transporte público para reduzir o tempo de deslocamento, minimizar congestionamentos, monitorar áreas com maior incidência de veículos, redirecionar recursos de forma mais eficiente. Além disso, os dados permitem a construção de cenários futuros, antecipando desafios e preparando a cidade para mudanças, como o crescimento populacional ou eventos climáticos extremos. 

Em suma, os indicadores e a análise de dados são ferramentas indispensáveis para uma gestão pública moderna, ajudando a melhorar a qualidade de vida urbana de forma sustentável e inclusiva. Assim, para o gestor de cidades inteligentes são inúmeras as oportunidades e vantagens da aplicação de análise de dados na gestão de suas cidades. 

Ranqueamento das Cidades Inteligentes no Brasil 

Para demonstrar a valiosa contribuição da análise de dados na gestão de cidades inteligentes, utilizamos o relatório emitido pela Urban System, empresa responsável pela classificação das cidades inteligentes no Brasil. Ela divulga anualmente “O Ranking Connected Smart Cities”, com informações coletadas dos municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes (segundo censo IBGE 2022), totalizando 656 municípios analisados.

O resultado gera um ranking chamado “Top 100”, de acordo com a pontuação obtida em cada indicador examinado. Para o desenvolvimento do Ranking Connected Smart Cities, a Urban Systems utiliza metodologia própria de ponderação de indicadores, denominada de Índice de Qualidade Mercadológica (IQM). 

O cálculo do Índice Mercadológico permite que se inicie de valores específicos de cada informação que variam em natureza, complexidade e unidades de medida, para se chegar a valores ponderados que podem ser analisados em uma mesma equação. Conforme a afirmação de Giffinger et al (2010), o gestor deve respeitar as dimensões e os indicadores como um guia de planejamento. 

A seguir, é apresentada a descrição das etapas necessárias para a classificação das cidades inteligentes e o Cálculo do IQM:

a) Seleção das cidades por número de habitantes

b) Coleta de Dados: Nessa fase, são extraídos dados que refletem diretamente na qualidade de vida dos habitantes, sua infraestrutura, tecnologia, sustentabilidade, entre outros. Também são selecionadas as Fontes de Dados, oriundas de bases públicas, como censos, relatórios governamentais e de fontes privadas.

c) Ponderação dos Indicadores: Cada indicador tem seu nível de relevância, ou seja, recebe um peso específico de acordo com sua importância para qualidade mercadológica da cidade. Nesta etapa, ocorre a “Normalização”, em que os dados são normalizados para assegurar que todos os indicadores estejam na mesma escala, garantindo uma aferição igualitária e justa. Cabe referenciar a aplicação da norma NBR 37122, que normatiza o processo de aferição e coleta de dados e indicadores, porém não os qualifica em relação a sua grandeza.

d) Cálculo do Índice: Agregação: Os valores ponderados dos indicadores são agregados para calcular um índice geral para cada cidade. A fórmula exata pode variar, mas geralmente envolve a soma dos produtos dos valores normalizados dos indicadores pelos seus respectivos pesos.

e) Análise Comparativa: Ranking – As cidades são ranqueadas com base nos seus índices calculados. A cidade com o maior índice é considerada a mais inteligente de acordo com os critérios estabelecidos.

Exemplo Simplificado do Índice de Qualidade Mercadológica (IQM), da Connected Smart Cities, elaborado pela empresa Urban Systems.

Comparativo entre duas cidades (A e B), avaliando três indicadores:

Indicadores: Conectividade (peso 0.4), Sustentabilidade (peso 0.3), Educação (peso 0.3)

Cidade A: Conectividade (80), Sustentabilidade (70), Educação (90)

Cidade B: Conectividade (90), Sustentabilidade (60), Educação (85).

Cálculo do IQM:

Cidade A: (80 * 0.4) + (70 * 0.3) + (90 * 0.3) = 32 + 21 + 27 = 80

Cidade B: (90 * 0.4) + (60 * 0.3) + (85 * 0.3) = 36 + 18 + 25.5 = 79.5

Neste exemplo, a Cidade A teria um IQM ligeiramente superior ao da Cidade B.

Exemplificando de forma mais detalhada, vamos usar dados fictícios sobre a cidade de Salvador/BA no Índice de Qualidade Mercadológica (IQM).

1. Coleta de Dados:

População aproximada: 2,9 milhões de habitantes. PIB per capita: R$ 25.000. Índice de Educação: 0,8 (escala hipotética). Cobertura de transporte público: 70%. Uso de energia renovável: 40%.Acesso à internet banda larga: 80%. Esses dados são coletados de fontes confiáveis e analisados para gerar os indicadores do IQM.

2. Transformação em Indicadores:

Os dados brutos são convertidos em indicadores representativos:

Indicador Econômico: PIB per capita e potencial de atração de investimentos, Indicador Infraestrutural: Transporte público, saneamento e conectividade digital, Indicador de Sustentabilidade: Uso de energia renovável e práticas urbanas verdes e Indicador Educacional: Taxa de escolaridade e formação profissional

Cada indicador é calculado separadamente, fornecendo uma visão detalhada da cidade em diferentes aspectos.

3. Ponderação dos Indicadores:

Os indicadores recebem pesos conforme sua relevância no contexto de cidades inteligentes: Econômico: 30%, Infraestrutural: 25%, Sustentabilidade: 25%, Educacional: 20%. Essa ponderação é ajustada pela Urban Systems para refletir as prioridades do IQM.

4. Cálculo do IQM:

Os indicadores ponderados são combinados em uma fórmula para calcular a pontuação geral. Por exemplo, Salvador pode receber:

Econômico: 75/100, Infraestrutura: 70/100, Sustentabilidade: 65/100 e Educação: 80/100. Com isso, a pontuação final pode ser consolidada em 70/100, refletindo o desempenho geral da cidade. 

5. Classificação no Ranking:

Com base na pontuação final, Salvador é posicionada em um ranking nacional de cidades inteligentes, como o Connected Smart Cities, esse ranking destaca as áreas de força da cidade, como educação e infraestrutura, e aponta oportunidades de melhoria, como sustentabilidade.

A base de dados possibilita que importantes fatores sejam cruzados entre si, permitindo uma análise consistente da dinâmica do mercado. São analisados onze (11) eixos temáticos (Mobilidade, Urbanismo, Meio Ambiente, Tecnologia e Inovação, Saúde, Segurança, Educação, Empreendedorismo, Governança e Economia), em que cada eixo é subdividido em vários indicadores. 

A análise do “Ranking da Connected Cites” foi realizada em uma retrospectiva que corresponde ao período de 2015 – 2023. Dentro dos eixos temáticos e seus indicadores, foi construído um Dashboard (painel dinâmico e interativo) para apresentar os resultados dentro do “Top – 100”, ao longo do período analisado.

Entre as megacidades, se destaca com mais de 2.000.000 de habitantes a cidade de Salvador/BA, a primeira capital do nosso país, também conhecida como Salvador da Bahia ou Salvador da Bahia de Todos os Santos. Localizada na costa nordeste do Brasil, no litoral do estado da Bahia, foi fundada em 29 de março de 1549. Tornando-se assim objeto de avaliação dessa pesquisa.

Análise de Dados

A figura 2, apresenta um Dashboard com os dados gerais, mostrando a cidade de cidade de Salvador em números, reúne informações essenciais sobre diversos aspectos da cidade, como demografia, economia, saúde, educação e infraestrutura. Esses dados são apresentados de forma visual e interativa, facilitando a interpretação e o acesso às informações.

 Por sua vez os dados apresentados foram obtidos de diversas fontes oficiais, entre elas:  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), Portal da Transparência, Secretaria de Planejamento e Gestão de Salvador, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap).

Figura 2: Dashboard Análise da Cidade de Salvador-BA.

Fonte: Autor (2025)

Em uma visão geral, na próxima figura (2), temos um Dashboard com o “Rank Top – 100”, apresentando os resultados obtidos pela cidade de Salvador/BA, no período de 2015 a 2023. Podemos observar que houve uma estabilidade durante o período de 2016 a 2018, depois sobre uma forte queda no período de 2019 a 2020. Após esse período aconteceu uma excelente recuperação no período de 2021 a 2023, Salvador saltou significativamente para o “Top – 10” e alcançou sua melhor classificação na nona posição em 2023.

Fonte: Ranking das Cidades Inteligentes – Urban Systems (2015 – 2023).

A figura 3, apresenta os resultados separados por eixos no período entre 2019 e 2024. Observa-se uma forte oscilação na qual Salvador – BA, obtém bons e maus resultados, melhoras e pioras. Nota-se como ponto crítico desse desempenho alguns resultados que deixaram a cidade fora da pontuação do “Top-100”.  

Figura 3: Resultados por Eixos

Fonte: Adaptado pelo Autor de Ranking das Cidades inteligentes – Urban Systems (2019 –  2023).

Por meio da análise de dados, é possível fazer uma avaliação bem detalhada pois, apesar do expressivo resultado em 2023, colocando a cidade de Salvador dentro do TOP – 10, na nona posição, encontramos pontos bem críticos em dimensões que afetam diretamente a vida dos habitantes da cidade. 

Esse fato nos leva a uma reflexão sobre a real finalidade das “cidades inteligentes”, pois estar no Top 10 realmente significa uma boa qualidade de vida para seus moradores?

Se analisarmos a dimensão “Segurança”, que contém os indicadores Homicídios, Mortes no Trânsito, Monitoramento de área de riscos, Policiais / Habitantes, Centro de controle e operações, Despesa com Segurança, a cidade de Salvador ficou fora do “Top – 100”, no período de 2019 a 2023, não alcançando a pontuação mínima.

A mesma análise foi realizada para o eixo “Educação”, que possuem os indicadores: Vagas em Universidade Pública, Média Enem, Docentes com Ensino Superior, IDEB, Taxa de Abandono, Média de Alunos por Turma, Despesas com Educação, Computador / aluno, Matrícula online escolar na rede pública, % empregos formais de nível superior, média de hora-aula diária.  Encontraremos a mesma situação, ou seja, a cidade de Salvador ficou fora do “Top – 100”, no período de 2019 a 2023.

A gravidade se estende para outra dimensão de extrema importância para a população que é o eixo “Saúde”, com os indicadores: Leitos / Habitantes, Médicos / Habitantes, Cobertura Populacional de Atenção Primária à Saúde, Despesas com Saúde, Mortalidade Infantil, % cobertura de coleta de resíduos sólidos, % atendimento urbano de esgoto, Ciclovias. A cidade de Salvador fica fora do “Top – 100”, nos anos de 2019 e 2020. Registrando uma marca bem crítica em 2021 que ocupou a 67ª posição do ranking, e caiu para 71ª posição em 2022. 

A boa notícia é a melhora apresentada em 2023, que posiciona a cidade de Salvador em 35ª posição, na dimensão “Saúde”. A análise de dados tem o “poder” para realizar previsões, detectar anomalias, validar hipóteses, identificar padrões e otimizar processos, contribuindo de forma assertiva na tomada de decisão, mensurando os indicadores, que caracterizam uma chave de performance, Key Performance Indicator (KPI), são valores quantitativos que indicam o nível de desempenho nos processos internos da empresa, permitindo o acompanhamento e o gerenciamento. 

Por meio dos KPIs o gestor consegue compreender como está cada meta e traçar estratégias plausíveis. Para isso, temos indicadores de produtividade, de qualidade, de capacidade e estratégicos.  Os Key Performance Indicators (KPI) representam uma série de medidas que focam nos aspectos da performance organizacional e são fundamentais para o sucesso de uma gestão, definidos e acompanhados por gestores públicos, empresas  privadas e pela  população em  geral. (DOMÍNGUEZ et al., 2019).

Conclusão 

Diante desses resultados positivos fica evidente que a análise de dados não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas, sim, uma estratégia fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento das cidades inteligentes. À medida que acontece o aumento populacional nos grandes centros urbanos, conforme citado neste estudo, a capacidade de administrar e buscar soluções para problemas de extrema complexidade passa a ser prioridade essencial para o bem-estar de seus habitantes.

As Cidades Inteligentes não são exclusivamente cidades baseadas em tecnologias com propostas futurísticas, que existirá daqui a mil anos, e, sim, uma realidade presente, uma transformação social, urbanista e inovadora, apoiada por recursos tecnológicos, que gerem melhor qualidade de vida, buscando sempre sociedades igualitárias e cidades humanizadas.

A análise de dados é um eixo perfeito de conexão entre o planejamento das cidades inteligentes e seus gestores e/ou tomadores de decisão, que necessitam entender o processo, obter resposta, melhorar políticas públicas, otimizar seus recursos, avaliar parâmetros e indicadores. Assim, podem eliminar margens de erros e o “achismo / incertezas” na governança das cidades inteligentes e seus processos.

Observa-se que a análise de dados é extremamente relevante para implantação e acompanhamento de processos, em que a avaliação possa apontar se eles estão no sentido correto, ajudando na tomada de decisão, estabelecer metas e permitir que os gestores possam agir preventivamente ou corretivamente, para acompanhar cada evolução em todas as fases do planejamento, implantação e gerenciamento das cidades inteligentes e assim contar com ferramentas tecnológicas mais assertivas no seu dia a dia.  

Durante essa pesquisa encontramos diversos indicadores presentes em cada dimensão e objetivos das cidades inteligentes. Entre eles, destaca-se da Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR ISO 37.120 e 37.123 um total de 276 indicadores para o gerenciamento de cidades inteligentes. Em conformidade com o projeto de cidades inteligentes, existe um determinado número de indicadores que devem ser alcançados com o padrão de qualidade sobre o monitoramento, controle, transparência, confiabilidade e mensuração de cada indicador.    

Análise de dados fornece valiosos resultados que permitem aos gestores tomar decisões mais efetivas, em todas as áreas da gestão e/ou indicadores das dimensões de cidades inteligentes. 

Concluímos, assim, que “Cidades Inteligentes” devem ser bem planejadas, em prol da sociedade e seus habitantes e contar com ferramentas tecnológicas para apoiar a gestão, em especial a análise de dados.   Em resumo, a análise de dados na gestão de cidades inteligentes proporciona uma gama significativa de vantagens, abrindo caminho para uma administração urbana mais eficiente, sustentável, segura e centrada nas necessidades da comunidade. 

Essa abordagem analítica é essencial para o desenvolvimento bem-sucedido de cidades modernas e inteligentes e, em especial, para seus habitantes.

Referências

AURIGI, A. Making the Digital City: The Early Shaping of Urban Internet Space. Londres: Routledge, 2016.

BARRIONUEVO, J.; BERRONE, P.; RICART, J. Smart Cities, Sustainable Progress. IESE Insight 14, 2012, pp. 50–57.

DOMÍNGUEZ, Eladio. A taxonomy for key performance indicators management. Computer Standards & interfaces, [S. l.], ano 2019, ed. 64, p. 24-40, 2019.

FITZ, Paulo Roberto. Uso de geotecnologia para o planejamento espacial. Geografia, Rio Claro, v 33, nº 2, 2008, p.307-318.

GALÁN-GARCÍA, José L.; AGUILERA-VENEGAS, Gabriel; RODRÍGUEZ-CIELOS, Pedro. An accelerated-time simulation for traffic flow in a smart city. Journal of Computational and Applied Mathematics, p. 557-563, 2014 

GEA, T. et al. Smart cities as an application of internet of things: Experiences and lessons learnt in barcelona. In: Innovative Mobile and Internet Services in Ubiquitous Computing (IMIS), 2013 Seventh International Conference On. IEEE, p. 552-557, 2013.

GIFFINGER, R., & Gudrun, H. (2010). Smarter Cities Ranking: An Effective Instrument for the Positioning of Cities?ACE: Architecture, City and Environment, vol. 12, p. 7-25.

HOLLANDS, R.G. Will the real smart city please stand up? Intelligent progressive or entrepreneurial? City, 12(3), 303-319, 2008.

IBGE. Reflexões sobre os Deslocamentos Populacionais no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível  em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv49781.pdf  acesso: em 01 Nov. 2023.

KNIGHT, P.T. A Internet no Brasil: Origens, Estratégia, Desenvolvimento e Governança. Bloomington: AuthorHouse, 2014.

ONU – Organização das Nações Unidas – Agenda 2030, disponível em https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentavel, Acesso em 14 jan. 2023

ONU – Organização das Nações Unidas – Relatório Mundial das Cidades / 2022, https://brasil.un.org/pt-br/83427-popula%C3%A7%C3%A3o-mundial-deve-chegar-97-bilh%C3%B5es-de-pessoas-em-2050-diz-relat%C3%B3rio-da-onu Acesso em 01 Nov. 2023.

VASCONCELOS, Pedro de Almeida, Metamorfoses do Conceito de Cidade, publicado na revista MERCATOR (FORTALEZA. ONLINE), 2015, vol. 14, p. 17-23.


 1Paulo T. Peres Ingracio – Mestrando no Programa Território, Ambiente e Sociedade da UCSAL. 2 Silvana Sá de Carvalho – Professora Dra. Da Universidade Católica de Salvador/BA – Orientadora.