REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12727172
Evanuzia da Silva GONÇALVES[1]
Ana Rita de Cássia Silva OLIVEIRA[2]
Geysa Karla Mendonça dos SANTOS[3]
Suzan Kathelen Ferreira SOARES[4]
RESUMO – Desenvolver projetos a partir do interesse das crianças, como forma de estimular as ações cooperativas na Educação Infantil é uma premissa não apenas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como também da Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil (PCMEI) que é o documento balizador das ações nessa etapa da Educação Básica na rede municipal de ensino de Boa Vista, Roraima. Foi considerando isso que o presente artigo, no formato de relato de experiência, teve como pressuposto orientador, o desenvolvimento de um projeto de aprendizagem, que teve como tema “Brincado com poesias” junto a uma turma de 2º período da Educação Infantil da Escola Municipal Menino Jesus. O objetivo principal é mostrar os resultados obtidos no processo de ensino e aprendizagem das crianças a partir das experiências vivenciadas por meio do projeto de aprendizagem desenvolvido. Como parte dos procedimentos metodológicos, desenvolveu-se de uma pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, de caráter descritivo, mediante o emprego do estudo de caso por se tratar de ações desenvolvidas junto à uma única turma, com elementos da pesquisa bibliográfica para fundamentar a temática em estudo e da pesquisa documental. O ponto de análise foram os resultados obtidos a partir da aplicação de projetos de aprendizagem na Educação Infantil. Os resultados obtidos mostraram, entre outros aspectos, que é possível construir e desenvolver projetos de aprendizagem na Educação Infantil a partir do interesse das crianças, assim como permite a estes sujeitos em formação, adquirirem uma postura investigativa a partir de suas experiências cotidianas e da contribuição do professor.
PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade. Poesia. Projetos de Aprendizagem. Educação Infantil.
INTRODUÇÃO
Sempre foi uma preocupação desenvolver ações e projetos com foco na leitura. Deste modo, norteia a construção desse relato de experiência, o tema desenvolvido por meio do projeto de aprendizagem intitulado “Brincando com poesias”, ao longo do ano letivo e que foi apresentado na VIII Mostra Integrada de Educação Infantil, Arte, Educação Física e Educação Especial da Escola Municipal Menino Jesus.
Todas as ações desenvolvidas foram com foco na leitura e na escrita, contemplando objetivos de aprendizagem e campos de experiência conforme preconiza a Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil (PCMEI) intensivamente consolidada não apenas na Escola Municipal Menino Jesus, como em toda a rede municipal de ensino de Boa Vista, Roraima, pelos diferentes sujeitos do processo educativo.
É, portanto, objetivo geral deste relato, mostrar os resultados obtidos por meio da aplicação do projeto de aprendizagem junto as crianças do 2º período F, cujas ações foram realizadas em parceria com os profissionais da escola e familiares.
São objetivos específicos: a) Abordar o projeto de aprendizagem traçado a partir do interesse das crianças enquanto principais protagonistas do processo educativo; b) Contextualizar o trabalho desenvolvido junto as crianças por meio das ações de fortalecimento do currículo; c) Analisar os resultados obtidos com as ações educativas planejadas e executadas, num processo de reflexão contextualizada para a readequação futura do ato educativo.
Como parte dos procedimentos metodológicos empregados, este estudo desenvolveu-se a partir de uma pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, de caráter descritivo, mediante o emprego do estudo de caso, com elementos da pesquisa bibliográfica, no qual o levantamento bibliográfico partiu da busca por trabalhos realizados em torno do tema, coletando-se informações de fontes científicas como artigos de revistas, livros, manuais, além da pesquisa documental.
Ressalta-se que, tudo o que aqui está exposto é fruto do planejamento de ações conforme consta no projeto, cujos planos implementados e consolidados se revelam, juntamente com a VIII Mostra Integrada, nos resultados alcançados em prol da aprendizagem das crianças.
1 A LUDICIDADE COMO PONTO DE PARTIDA PARA O ENSINO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A Educação Infantil é uma etapa obrigatória da Educação Básica que atende a faixa etária de 0 a 5 anos de idade, conforme Emenda Constitucional nº 59 de 2009. É o início e o fundamento do processo educacional, onde o educar e o cuidar são entendidos como indissociáveis do processo educativo.
Composta de creche e pré-escola, a Educação Infantil se tornou um dever do Estado a partir da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2017b). Mas, foi somente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 2017c), que passou a ser reconhecida no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e Médio.
Como etapa obrigatória da Educação Básica, a Educação Infantil e com um currículo próprio constituído de Base Comum e Base Diversificada, a atenção à primeira infância focou no desenvolvimento de ações cuja finalidade maior seria a formação integral da criança “em seus diferentes aspectos: físico, psicológico, intelectual e social” (MELLO, 2022, p. 12.
No entanto, seu objetivo não é a promoção da criança para o Ensino Fundamental. Ao contrário, é um espaço preparatório para que a criança tenha acesso ao aprendizado e as descobertas, assim como ao convívio com outras crianças, pois sua intencionalidade compreende, ao mesmo tempo, o cuidar e o educar, que, por sua vez, parte do princípio da formação da pessoa em sua essência humana, e, por causa disso:
A Educação Infantil se torna uma exigência social, ocupando no cenário da educação brasileira um espaço significativo e relevante. Além disso, é imperativa a compreensão de que o período destinado à Educação Infantil é de suma importância no desenvolvimento psíquico infantil, tendo o brincar o meio pelo qual as crianças se apropriam das formas mais elaboradas de conhecimento da realidade criadas pelo gênero humano, expressas nas ciências e nas artes, possibilitando-lhes sair dos limites da vida cotidiana (CARBONIERI; EIDT; MAGALHÃES, 2020, p. 02).
Partindo desse pressuposto, e entendendo que educar e cuidar se apresentam como dimensões indissociáveis e indispensáveis no processo educativo da Educação Infantil, é que se propõe a ludicidade como ponto de partida para o ensino da poesia nessa etapa da Educação Básica.
A ludicidade é vista como o ponto de partida porque, naturalmente, é de total responsabilidade das escolas, entre outros aspectos, “acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas (…)” (BRASIL, 2017a, p. 36).
Sendo assim, a ludicidade, por sua natureza específica, contribui com a promoção de “atividades que possibilitem sua interação com os outros, o seu autoconhecimento, desenvolvimento emocional, cognitivo, motor, entre outros” (LIMA FILHA; OLIVEIRA, 2018, p. 01). Logo, sua incorporação a prática educativa do professor da Educação Infantil, além de ser natural, possibilita a ampliação do universo de experiências, conhecimentos e habilidades da criança pequena, para que assim ela possa se desenvolver integralmente.
Dessa forma, não tem como compreender a infância sem reconhecer a funcionalidade da ludicidade nesse significado. Mesmo porque, é nessa a fase da vida infantil que algumas particularidades no desenvolvimento físico, motor e cognitivo, por exemplo, iniciam seu processo de maturação, como é o caso, por exemplo, da construção do conhecimento, da percepção e ação no mundo (MELLO, 2022).
Sabendo disso, a ludicidade não apenas faz-se presente do cotidiano da Educação Infantil, como permeia todo o ato educativo planejado e executado na escola, cabendo ao professor respeitar “suas singularidades, por meio de brincadeiras, faz de conta e de forma prazerosa” (BOA VISTA, 2022, p. 25).
Isso ocorre porque a ludicidade permeia a aprendizagem e vice versa. Além disso, sejam jogos ou brincadeiras, o lúdico ajuda a construir novas descobertas, tornando tudo mais significativo para a criança, na medida que a ajuda a se preparar para a vida, a assimilar a cultura a sua volta, a interagir e a adaptar-se as condições que o mundo lhe oferece.
É, portanto, considerando isso que o trabalho com a poesia na Educação Infantil encontra respaldo, uma vez que as crianças ao entrarem em contato com esse gênero textual desde cedo, de forma intencional e sistematizada, na escola, maior será o grau de familiaridade, envolvimento e aprendizado(LIMA FILHA; OLIVEIRA, 2018).
Tal prerrogativa é confirmada por Silveira, Debus e Azevedo (2018, p. 26) quando afirmam que “quanto mais precocemente as crianças interagem com essa forma de linguagem, maior é o grau de familiaridade e maiores são as possibilidades de constituir uma relação fecunda e prazerosa entre ambas”.
Assim, refletir sobre a relação entre a infância, a ludicidade e a poesia, é que possibilita vislumbrar ações que podem promover esse encontro, afinal são essas vivências que ajudam a conceber esse gênero textual como uma ferramenta de ensino que ajuda a sensibilizar as crianças quanto aos paradigmas dos valores morais e éticos exclamados atualmente, uma vez que:
Neste processo de valorização da utilização da poesia em sala de aula, devemos atentar para a escolha dos livros e dos poemas a serem utilizados assim como a forma de trabalha-los, pois é importante destacar que o cuidado na forma de propiciar as crianças as vivencias com a poesia é de suma importância para que não seja enfatizado nem antecipado questões de cunho gramatical ou ortográfico neste momento (SILVEIRA; DEBUS; AZEVEDO, 2018, p. 28).
Nesse trabalho com a poesia na Educação Infantil, tendo a ludicidade como ponto de partida, há que se evidenciar que as concepções do(a) professor(a) envolvido neste processo fará grande diferencial se houver a vivência de momentos ricos em experiências com os vários vieses artísticos e culturais, pelas crianças.
Ao fazer isso, o professor consegue entender que a poesia é uma arte em forma de palavras que emocionam, mobilizam e possibilitam a tomada de consciência acerca de si mesmo e dos outros. Logo, quando trabalhada desde a Educação Infantil, esse gênero textual é capaz de promover o encontro entre os saberes e as crianças, tornando-se um instrumento de aproximação e partilha afetiva entre elas e os adultos, a partir de manifestações, de histórias e de ideias tecidas por fios invisíveis que ligam uns aos outros.
2 METODOLOGIA
O projeto de aprendizagem intitulado “Brincando com poesias”, foi desenvolvido como parte das ações desenvolvidas no planejamento da turma de 2º período F, no turno vespertino, da Escola Municipal Menino Jesus, com o apoio dos diferentes profissionais da escola e a família.
Os caminhos metodológicos empregados para a construção desse relato de experiência, delinearam-se pelo desenvolvimento de uma pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, de caráter descritivo, mediante o emprego do estudo de caso por se tratar de ações desenvolvidas junto à uma única turma.
Para fundamentar o projeto de aprendizagem e o presente relato de experiência, desenvolveu-se a pesquisa bibliográfica que ajudou a construir um marco teórico essencial para a compreensão de tema explorado, pois “quanto mais completas e abrangentes forem às fontes bibliográficas consultadas, mas rica e profunda será a pesquisa” (GIL, 2010, p. 27).
Para comprovar os resultados obtidos, utilizou-se também a pesquisa documental, uma vez que seu emprego foi feito levando-se em consideração a natureza das fontes, pois estas “valem-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa” (CHIZZOTTI, 2013, p. 80), conforme consta no link: https://drive.google.com/drive/folders/1zmukEHgSUOuHQ9BPi3I4hfJZGP4f3fIk?usp=share_link
Os instrumentos empregados tanto para a coleta de dados quanto para a comprovação efetiva dos resultados foram os registros fotográficos, planejamentos e atividades realizadas junto as crianças.
Constituíram-se recursos materiais que ajudaram em sua implementação, entre outros: jogos pedagógicos, papel (A4, cartão, guache, contacto, etc.), cola (branca, de isopor, colorida, etc.); fita (gomada, dupla face, transparente, etc.); caneta, lápis, giz de cera, lousa digital, computador, impressora, atividades xerocopiadas, quadro branco, pincel, apagador, celular.
Justificou a escolha pelo desenvolvimento do referido projeto de aprendizagem por entender que a constituição de um espaço destinado à leitura, de seus acervos literários, da organização, da condição de funcionamento e práticas pedagógicas diversas – dinâmicas e significativas – é de grande importância para o desenvolvimento integral da criança, uma vez que a leitura, como as demais habilidades, constitui-se espaço no qual o saber é construído e mediado.
Deste modo, as atividades foram organizadas e desenvolvidas tendo como proposta de trabalho, o modelo de projeto de aprendizagem repassado em encontro formativo para a Educação Infantil.
Como parte do processo avaliativo, foram observados, no desenvolvimento do projeto, a participação e o envolvimento das crianças nas atividades propostas, considerando-se a necessidade que se tem de dinamizar o trabalho com a leitura na escola, no qual a utilização de diferentes mecanismos e recursos é fundamental nesse processo, pois contribui para o desenvolvimento intelectual, pedagógico, social e para a resolução de problemas, possibilitando como resultado maior desse processo, a construção, produção e sistematização do conhecimento.
A facilidade em realizar esse projeto esteve no fato de, mesmo a alfabetização não sendo o ponto central da Educação Infantil, mas, o seu contato e estímulo perpassa por todo o processo de escolarização, focar na leitura é importante porque ela atua na cognição da criança, representando uma convivência particular com o mundo criado por meio do imaginário e, por consequência, uma revisão de conhecimentos prévios e a construção de uma nova visão sobre a realidade a sua volta.
Não se registra nenhuma dificuldade de realização do projeto de aprendizagem, a não ser a construção do projeto na estrutura pedida, quanto ao entendimento de tudo o que era solicitado, pois em alguns momentos tinha a ideia de que ele estava se tornando muito burocrático e repetitivo.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A ideia do projeto de aprendizagem surgiu em um dos encontros pedagógicos realizado no início do ano letivo, onde a coordenadora pedagógica repassou aos professores, que deveriam construir um projeto dessa natureza, desenvolvendo-o durante o ano letivo que culminaria com a VIII Mostra Integrada de Educação infantil, Educação Física, Arte e Sala de Recursos Multifuncional (SRM).
Partindo desse princípio, começou-se a pensar e discutir quais seriam as temáticas e quais seriam os temas dentro dessas temáticas que poderiam ser abordados no momento.
Foi assim que me ocorreu a ideia de trabalhar o tema poesias, por entender que a leitura de poemas ou poesias representa uma forma que ajudará a criança a ampliar o domínio da linguagem e a capacita na construção do conhecimento, pois acredito que o texto poético possibilita o indivíduo a conhecer a si mesmo, ao outro e também, ao mundo que está a sua volta.
Subentende-se também que as poesias são muito importantes para as crianças, pelo simples fato de trazer consigo um conhecimento que desperta a sensibilidade e, por possuir um ritmo agradável, pode trazer a beleza em forma da leitura e escrita, bem como através de desenhos e pinturas, além de ser uma temática que estava voltada para as interações e vivencias da Educação Infantil.
Tomando isso como ponto de partida, deu-se início a construção do projeto de aprendizagem. Foi-se coletando informações, pesquisando a respeito, procurando e adaptando possíveis atividades que se pudesse trabalhar e desenvolver com as crianças.
Foi feita uma seleção com algumas poesias, de diferentes autores e trouxe para a sala de aula, dentre elas, posso citar: A ESTRELA, de Manuel Bandeira, AS MENINAS, de Cecília Meireles, A BAILARINA, também da Cecília Meireles, A CASA, A PORTA, O GIRASSOL e AS BORBOLETAS, de Vinícius de Moraes.
Após essa seleção, esperou-se por um dia propício, em que a turma estivesse com o maior número de alunos presentes e, foi aberto um espaço na rodinha de conversa para discutir o tema, onde lançou-se as ideias com as referidas poesias dos autores acima mencionadas.
Percebeu-se que algumas delas não eram e conhecimento deles. Talvez por isso, não tenha despertado nenhuma curiosidade de aprofundar e conhecer um pouco mais sobre elas. Em contra partida, notou-se que as crianças demonstraram um interesse bem maior em uma das poesias de Vinícius de Moraes, que no caso, foi a Poesia BORBOLETAS.
Assim sendo, optou-se por focar e trabalhar somente esta poesia, pois foi a que mais despertou o interesse de todos da turma. Acredita-se que tenha sido a escolhida, pelo fato de se tratar de algo que esteja presente no dia a dia deles, tanto na escola, quanto em suas casas e, até mesmo, em outros lugares que eles tenham costume de frequentar, pois os mesmos relataram que de vez em quando viam algumas borboletas sobrevoando as plantas e flores do jardim da escola e, também sobre as plantas das casas deles e até mesmo em vários outros lugares por onde costumam andar.
Fizeram bastante elogios para as borboletas, inclusive, que gostariam de tê-las como animais de estimação. Outro detalhe que eles observaram e relataram, foi quanto à diversidade de cores e tamanhos de borboletas que já tinham visto em vários lugares por onde já tinham passado.
Outro fato que despertou a curiosidade deles e, que a era de se esperar, foi em relação ao nascimento das borboletas, o que elas comiam e quanto tempo elas poderiam viver. Foi aí que precisou-se flexibilizar o planejamento e, para que pudesse tentar sanar um pouco da curiosidade e das dúvidas que pairavam sobre o pensamento deles, já que alguns afirmaram que o nascimento delas se dava através de ovos, assim como os pintinhos e vários outros animais ovíparos.
Assim sendo, foi sendo inserido, semanalmente, informações sobre o ciclo vital das borboletas, explicando aos poucos que, de fato, elas vinham de ovos, mas não exatamente como os pintinhos, sobre como de fato se dava o processo do seu nascimento, que saia do ovo em forma de lagarta e, que tinha outro processo até se tornar uma borboleta. Falei, também, um pouco sobre o processo do casulo e da metamorfose.
De início, muitos ficaram bem confusos e meio perdidos com as informações. Continuou-se as explicações sobre o assunto em várias outras aulas, pedi que coletassem informações com os familiares que moravam na mesma casa que eles e, sempre que alguém trazia uma informação nova, pedia que compartilhasse um pouco com a turma. Exibiu-se alguns vídeos que falavam desse processo e, finalmente, consegui com que eles entendessem melhor todo o processo pelo qual a borboleta precisava passar até se tornar aquele bichinho tão lindo e que e que eles tinham tanta curiosidade de conhecer mais.
Isso ocorrei durante todo o período que se trabalhou o projeto de aprendizagem, mas sem perder o foco principal que era a poesia. Após tudo isso, explicou-se para eles que o projeto de aprendizagem com a poesia escolhida, fazia parte da Mostra Integrada que iria acontecer na escola nos próximos meses e, que toda a turma iria participar realizando várias atividades relacionadas ao tema escolhido, assim como teriam que apresentar algo na culminância, que alguns deles iriam se fantasiar de acordo com a poesia, que fariam uma pequena apresentação para os pais e para as demais turmas da escola.
Assim sendo, continuou-se realizando diversas atividades relacionadas ao tema.
Procurou-se trabalhar a oralidade e a desenvoltura de todos eles, dentro das limitações de cada um. Foram em média 5 meses desenvolvendo atividades relacionadas ao projeto de aprendizagem, uma ou duas vezes por semana. Isso passou a fazer parte da rotina, tanto que eles já esperavam ansiosos pelos dias em que teríamos os momentos destinados ao seu desenvolvimento.
No decorrer deste período, foi possível perceber de forma mais precisa as diversas habilidades da turma em relação coordenação motora fina, principalmente através da pintura, recorte e desenho. Quanto a oralidade e desenvoltura, foram feitos testes com todos que se dispuseram a participar e, deixei eles escolherem qual parte da poesia tinham mais facilidade em decorar/aprender.
Passado o período da escolha das crianças, passou-se a ensaiar semanalmente em sala e começou-se a pesquisar ideias de como vestir as crianças. Para a caracterização, contou-se a ajuda da equipe gestora e das famílias, que não mediram esforços para conseguir as vestimentas que lhes foram solicitadas.
As crianças que participaram da apresentação foram todas do sexo feminino, pois demonstraram mais interesse que os meninos. Assim sendo, providenciou-se tudo o que estava ao alcance da equipe escolar, para que todas se sentissem confortáveis e a vontade.
Grande parte das atividades práticas produzidas no decorrer do projeto, foi exposta em um mural, que foi confeccionado especialmente para a sua culminância. Procurou-se cuidadosamente expor as atividades de todas as crianças, para que eles pudessem ficar contentes em poder mostrar aos pais parte daquilo que produziam na escola.
A culminância do projeto de aprendizagem aconteceu na VII Mostra Integrada conforme o planejado. As crianças deram um show de participação e apresentação, os familiares ficaram orgulhosos em ver suas crianças em cena, tiraram fotos, fizeram vários elogios. As demais crianças da escola que visitaram a sala, também gostaram do que assistiram e de tudo o que estava previsto.
Assim sendo, encerrou-se o trabalho, com a certeza de que tudo o que foi desenvolvido durante o projeto de aprendizagem, ficou marcado na vida deles por muito tempo, afinal, borboletas e poesias, são coisas que possivelmente, sempre estarão presentes na vida deles e na vida de cada um de nós, conforme consta no link https://drive.google.com/drive/folders/1zmukEHgSUOuHQ9BPi3I4hfJZGP4f3fIk?usp=share_link
Ressalta-se, portanto, que o trabalho com a leitura, longe de um caráter meramente instrumental, deve acontecer nos diferentes espaços educacionais formais, não-formais e informais, pois diante da gama de recursos existentes, é rica a contribuição dos suportes que podem ser utilizados neste trabalho, assim como dos espaços, para a aprendizagem das crianças.
Para que se entenda bem essa questão é importante saber que espaços formais de aprendizagem são “aqueles vinculados à escola, instituição mais conhecida pelo seu papel social de prestar educação básica em nossa sociedade” (LIBÂNEO, 2005, p. 30). Ou seja, compreende instâncias de formação, educativas, escolares ou não, mas que se evidência objetivos educativos a serem alcançados e compartilhados em meio a uma ação institucionalizada, estruturada, contextualizada e sistemática. Enquadra-se aí a Sala de Leitura e toda a finalidade que a engloba.
Arena (2009) afirma, entre outros aspectos, a importância que se tem de utilizar os recursos e espaços disponíveis na escola no trabalho com a leitura reforçando os vários benefícios que eles podem propiciar para a melhoria da qualidade do ensino ministrado enquanto uma vertente para a superação das insuficiências ainda existentes no processo de ensino e aprendizagem.
Diante desse pressuposto, defende-se a ideia de um ensino que priorize a aprendizagem, desenvolvimento e aperfeiçoamento da habilidade de leitura, pois quando realizado na escola, o trabalho de leitura deve ser realizado como uma prática sistemática e diária, pois aprende-se a ler, lendo.
Consideradas as múltiplas significações que um texto pode ter, cabe ao leitor, ao ler o texto, construir as imagens acerca do que está lendo. Isso nos faz refletir que o hábito de ler é um ato extremamente importante de ser adquirido por uma pessoa. Pois, ler é um exercício de desenvolvimento, que abre os mundos e os universos, que leva o leitor a viagens extraordinárias e ainda mostra a realidade, e, por isso se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa (GARCIA; GLÓRIA, 2008).
CONCLUSÃO
Fazendo uma análise dos objetivos propostos, pode-se afirmar que se conseguiu, com o apoio e parceria de todos os envolvidos, desenvolver o projeto de aprendizagem proposto. De acordo com o desenvolvimento das ações, novas ideias iam surgindo, a curiosidade das crianças ia aguçando.
Tudo o que foi proposto foi sendo desenvolvido dentro das possibilidades do calendário escolar, da disponibilidade de recursos e da flexibilidade do planejamento escolar. Então, não teve nada que não deu certo. O que aconteceu foi a adaptação de momentos, situações e atividades por conta de imprevistos materiais e humanos.
Dessa forma, fazendo uma análise do desenvolvimento do projeto, acredita-se na possibilidade de sua continuidade, necessitando apenas, focar em outros aspectos relativos ao tema, ampliando a relação feita entre a curiosidade das crianças e a abordagem do assunto.
Por meio do desenvolvimento do projeto e de todas as ações propostas, avalia-se que o aprendizado e enriquecimento curricular não aconteceu somente em relação as crianças, mas, também, com suas famílias que participaram desse processo e ajudaram sempre que necessário.
Em relação ao meu aprendizado pessoal, posso afirmar que ele se fortaleceu mais ainda. Essa experiência possibilitou refletir sobre as diferentes contribuições da leitura na formação integral das crianças, afinal, ler é uma prática básica, essencial para aprender. Ela é parte essencial do trabalho, do empenho, de perseverança, da dedicação em aprender.
Sendo assim, a prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a compreender o mundo a nossa volta. Pois, no constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, com um gibi, com um conto, enfim, em todos estes casos estamos de certa forma, lendo, embora, muitas vezes não nos damos conta disso.
Quanto a participação dos envolvidos posso afirmar que ela foi essencial em todos os momentos do projeto. Dar a continuidade, a partir de novas ideias e estratégias, apresenta-se como um ponto de partida para o repensar a prática pedagógica para o ano que vem.
REFERÊNCIAS
ARENA, Dagoberto Buim. Leitura no espaço da Biblioteca escolar. In.: SOUZA, Renata Junqueira de. Biblioteca Escolar e práticas educativas: o mediador em formação. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2009.
BOA VISTA. Proposta Curricular Municipal de Ensino Fundamental (PCMEF) dos Anos Iniciais. Prefeitura Municipal de Boa Vista; Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Boa Vista, Roraima, 2022. Vol. 1.
BRASIL. Emenda Constitucional nº 59/2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: CNE, 2009.
_______. Base Nacional Comum Curricular. Educação é a base. Ministério da Educação; Secretaria Executiva; Secretaria de Educação Básica; Conselho Nacional de Educação; Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED; União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME. Brasília, 2017a.
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº. 1/92 a 44/2004 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº. 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2017b.
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Dispositivos Constitucionais, Emenda Constitucional nº. 11, de 1996, Emenda Constitucional nº. 14, de 1996, Lei nº. 9.424, de 24 de dezembro de 1996 e Regulamentações Pertinentes. Brasília, 2017c.
CARBONIERI, Juliana; EIDT, Nadia Mara, MAGALHÃES, Cassiana. A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: a gestação da atividade de estudo. Psicologia Escolar e Educacional, 2020, v. 24.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2013. (Biblioteca da educação. Série 1. Escola; v. 16)
DE PIETRI, Émerson. Práticas de leitura e elementos para a atuação docente. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009. (Tópicos em linguagem; 2)
GARCIA, Maria Mello; GLÓRIA, Dília Maria Andrade. Asas para voar: língua portuguesa. 1. ed. São Paulo: Ática, 2008.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. 3. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê. São Paulo: Cortez, 2005.
LIMA FILHA, Joselma Leal; OLIVEIRA, Maria das Graças. Poesia e ludicidade na Educação Infantil: desafios e possibilidades. V CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Anais do V CONEDU, Centro de Convenções de Pernambuco (CECON-PE), Recife, PE, 17 a 20 de outubro de 2018.
MELLO, Bianca Atanes da Silva de. A criança e o processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Funtamental I. 2022. 29p. Artigo (Licenciatura em Pedagogia). Orientadora professora Andréia Mello Lacé. Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
SILVEIRA, Rosilene de Fátima Koscianski da; DEBUS, Eliane Santana Dias; AZEVEDO, Fernando José Fraga de. O encontro infância e poesia: ludicidade, imaginação e (co)autoria. Unisul, Tubarão, v. 12, n. Especial, p. 26-44, Jun/Dez 2018.
[1]Pedagoga (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2007), Especialista em Metodologia do Ensino de Arte (Centro Universitário Internacional – UNINTER, 2019).
[2]Mestre em Ensino de Ciências (UERR, 2022), Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico: Administração, Orientação e Supervisão (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – IBPEX, 2009) e em Educação Especial e Inclusiva (Universidade Barão de Mauá, 2017) e licenciada em Pedagogia (UERR, 2007) e em Educação Física (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR, 2012).
[3]Pedagoga (Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil – FACETEN, 2008), Especialista em Liderança e Gestão Educacional (Centro Universitário União das Américas Descomplica, 2022).
[4]Graduada em Educação Física (Centro Universitário do Norte – UNINORTE, 2018), e Especialista em Educação Física e Psicomotricidade (Faculdade Famart, 2022).