BREVE RELATO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS EM SERGIPE: O RESGATE DE UMA HISTÓRIA

BRIEF REPORT OF SPECIAL OPERATIONS IN SERGIPE: RESCUING A HISTORY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202504110938


Nayara Vieira de Moraes1
Diego da Silva Santos2


RESUMO: Este artigo tem como objetivo fazer um breve relato da história das Operações Especiais no estado de Sergipe, de modo a colaborar com o fortalecimento da Polícia Militar de Sergipe-PMSE e do Batalhão de Operações Especiais-BOPE, em suas relações com a sociedade, resgatando a memória da atuação dos valorosos policiais militares forjados em Operações Especiais, que dedicaram suas vidas ao cumprimento da missão de garantir segurança pública, além de contribuir para o registro da história das Operações Especiais no Brasil. Para a investigação e catalogação, foi utilizado o método descritivo, com o objetivo de narrar e registrar o processo histórico de criação da Unidade de Operações Especiais da PMSE. Em primeiro lugar, foram realizados o colhimento de dados, documentos e depoimentos que formaram a base do conteúdo, por meio de entrevistas, coleta de imagens fotográficas, recuperação de representações gráficas, digitalização de notícias impressas em jornais e pesquisas em registros públicos, portarias, decretos, leis e boletins da Polícia Militar. Em segundo lugar, os dados coletados foram organizados para a estruturação da história das Operações Especiais em Sergipe. 

Palavras-Chave: operações especiais; polícia; história, COEsp, caveira, BOPE

ABSTRACT: This article aims to make a brief account of the history of Special Operations in the state of Sergipe, in order to collaborate with the strengthening of the Military Police of Sergipe-PMSE and the Special Operations Battalion-BOPE, in their relations with society, rescuing the memory of the performance of the valiant military police forged in Special Operations, who dedicated their lives to fulfilling the mission of ensuring public safety, in addition to contributing to the record of the history of Special Operations in Brazil. For the investigation and cataloguing, the descriptive method was used, with the objective of narrating and recording the historical process of creation of the Special Operations Unit of the PMSE. First, the collection of data, documents and testimonies that formed the basis of the content was carried out, through interviews, collection of photographic images, recovery of graphic representations, digitization of printed news in newspapers and research in public records, ordinances, decrees, laws and bulletins of the Military Police. Secondly, the data collected was organized to structure the history of Special Operations in Sergipe.

Keywords: special operations; police; history, COEsp, skull

1. Introdução

As Operações Especiais-OPEsp, em Sergipe, têm seu embrião na década de 80, quando as primeiras Tropas de Elite das polícias militares já estavam estruturadas pelo Brasil. Apesar de Sergipe possuir operadores especiais em suas fileiras de policiais militares desde 1981, não há qualquer registro que conte, com detalhes, o surgimento das Operações Especiais nesse estado. 

As OPEsp no Brasil, inicialmente, foram empenhadas pelas Forças Armadas com as ações de comandos. No entanto, antes das expressões “Operações Especiais” e “Comandos” permearem o campo léxico do contexto das atuações militares, durante as invasões holandesas, um grupo de colonos na Bahia, em 1624, já utilizavam procedimentos característicos.

No Brasil, a origem das Operações Especiais remonta ao período das invasões holandesas, iniciadas em 1624, na Bahia, ocasião em que colonos nativos se organizaram em “Companhias de Emboscadas”, adotando Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) característicos das Operações Especiais, para expulsar o invasor e manter a integridade do nosso território. Nesse contexto, destacou-se o Capitão Francisco Padilha, comandante de uma das “Companhias de Emboscadas”, cujos feitos foram fundamentais para a retirada das esquadras holandesas da capital baiana. O 1˚ Batalhão de Ações de Comandos recebeu, em 2006, a denominação histórica de “BATALHÃO CAPITÃO FRANCISCO PADILHA”, em homenagem aos atos heroicos do referido Capitão. (CORREIA Apud BRASIL, 2020).

Conforme o tenente-coronel de Infantaria do Exército, André Luís Cruz Correia, o primeiro Curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro foi realizado no ano de 1957, coordenado pelo então major de Infantaria Gilberto Antônio Azevedo e Silva, que havia retornado dos Estados Unidos, trazendo consigo a doutrina de Operações Especiais. Doutrina essa que foi base da formação dos primeiros Comandos, homens das Forças Armadas aptos a realizarem ações de Comandos.

Nas Polícias Militares, o Rio de Janeiro foi pioneiro em formar os denominados “Caveiras”, quando em 1978 o Exército Brasileiro instruiu o Primeiro Curso de Operações Especiais para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro-PMERJ. “A denominação se consolidou devido ao apelido dado àqueles integrantes do até então NuCOE, por usarem como distintivo um crânio”, (ARAÚJO, 2021). 

A ideia de criar o BOPE surgiu após o trágico desfecho da ocorrência com reféns no Instituto Penal Evaristo de Moraes, conhecido como “Galpão da Quinta”, em 1974. Na ocasião o diretor do presídio, o Major PM Darcy Bittencourt, que era mantido refém pelos criminosos que tentavam fuga, foi morto juntamente com alguns presos após a intervenção da força policial. O então Capitão PM Paulo César de Amêndola, que presenciou o gerenciamento daquela crise, propôs ao Comandante Geral a criação de um grupo de policiais que fossem especificamente treinados para atuar em ações de extremo risco. Dessa forma, em 19 de janeiro de 1978 foi criado o Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), instalado no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Sulacap. (FAN, 2015).

Apenas em 1991 foi criado o Batalhão de Operações Policiais Especiais-BOPE no Rio de Janeiro. As demais Polícias Militares também estavam estruturando suas unidades de Operações Especiais, algumas influenciadas pela doutrina de Comandos e outras inspiradas no que já estava sendo construído no Rio de Janeiro.

Em Sergipe, as Operações Especiais iniciaram sob ambas as influências, tanto em relação à ideia de criação de uma unidade inspirada nos Comandos, trazida por um ex-militar do Exército e então oficial da Polícia Militar de Sergipe, em 1995, quanto por raízes do Curso de Operações Especiais do BOPE/PMERJ, que formou os dois primeiros Caveiras de Sergipe em 1981. Embora tenha havido essas duas importantes vertentes, elas não contribuíram em conjunto para a criação da unidade de Operações Especiais da Polícia Militar de Sergipe. Contudo, formam as bases fáticas da evolução e história das Operações Especiais nesse estado.

Para contar essa história, serão abordados, de forma descritiva, os acontecimentos que constituem a tessitura das Operações Especiais na Polícia Militar de Sergipe, não necessariamente adotando o modelo cronológico de descrição dos fatos, mas sob a perspectiva de uma coerência contextual que melhor se adaptou à peculiar construção histórica que se desenvolveu desde a década de 1980 até os dias atuais.

2. O Início

De uma conversa, em 1995, entre o capitão Maurício da Cunha Iunes e o coronel Pedro Paulo, então Comandante-Geral da Polícia Militar, nasce a ideia que deu origem a primeira unidade de Operações Especiais em Sergipe. Coronel Pedro Paulo via a necessidade de uma tropa mais preparada para atuar em delitos recorrentes de assaltos a bancos que estavam acontecendo, momento em que o capitão Iunes propôs a criação de uma unidade de policiamento que fosse capaz de combater, com mais eficiência, os crimes de grande vulto que estavam se intensificando no estado.

Na década de 1990, Sergipe era visto como uma região aparentemente pacata, cujas facções criminosas não estavam totalmente estruturadas, mas as ocorrências de grande vulto estavam se intensificando, fato que motivou a especialização da tropa de policiais militares. Havia policiamento convencional e apenas uma unidade especializada, a Companhia de Choque – CPChoque, que era encarregada das ocorrências consideradas mais graves que aconteciam em todo o território. Quando não era possível a chegada da Companhia de Choque a uma dessas ocorrências, as guarnições de policiamento convencional ficavam desguarnecidas.

“O então Comandante Geral coronel Pedro Paulo, via a necessidade que a gente tivesse que ter uma unidade especializada, tanto para negociar, para ações táticas, porque o crime estava se modificando naquela época em Sergipe. […] aí eu fui para uma parceria junto com o doutor Jocélio Franca Fróes, que é delegado e estava na Secretaria de Segurança Pública, e, a secretaria tinha condições financeiras que a PM não tinha. O objetivo foi juntar a Polícia Militar com a Polícia civil para que se pudesse fazer grandes operações”. (Coronel QOPM PMSE Maurício da Cunha Iunes, em entrevista para esse artigo. 2024).

Embora fosse uma unidade especializada, a CPChoque não tinha treinamento específico para atuar em operações consideradas especiais, tanto pela complexidade dos eventos, quanto pela própria especialização da unidade, que tem como principal objetivo o controle de distúrbios civis.

Entende-se que ocorrências de alta complexidade são aquelas que fogem ao cotidiano e normalidade do policiamento ordinário, bem como da capacidade de controle e previsão. São ocorrências que superam a capacidade de reação da tropa empregada rotineiramente por exigirem, para sua solução, um preparo técnico diferente daquele utilizado no policiamento ostensivo geral. São situações de crise que, se não forem eficazmente controladas, podem gerar danos muito maiores à sociedade como um todo. (SANTOS, 2009)

Na década de 1990, as ações em bandos estavam aumentando, com sequestros e roubos a bancos cada vez mais frequentes e a tropa de polícia convencional não estava preparada para esses tipos de ocorrências, que fugiam da “normalidade”, do comum de atos criminosos na região. Para o capitão Iunes, era o momento ideal e necessário de criar uma unidade de Operações Especiais e treinar um grupo de policiais que fosse capaz de atuar cirurgicamente nesses tipos de delitos. Sugeriu, então, ao Coronel Pedro Paulo, comandante-geral da Polícia Militar de Sergipe, que fosse treinada uma tropa nos moldes dos Comandos, como havia visto no Exército no tempo em que serviu como Oficial Temporário. 

Com o deferimento do Comandante Geral, o capitão Iunes começou a articular a formação da tropa cujos policiais seriam chamados de “Caveiras” e empenhados no serviço de atividades policiais mais complexas, só sendo possível a criação da unidade de Operações Especiais com um efetivo devidamente treinado e qualificado. Sergipe passaria, então, a ter em suas fileiras de policiais, operadores de segurança pública denominados: Caveiras. Denominação essa que era pouco conhecida no estado e muitos desconheciam o porquê de existir policiais carregando essa nomenclatura.

É neste contexto que se encontra o símbolo da caveira trespassada pelo punhal, que é utilizado por todos os militares e policiais, militares ou civis, que concluem com sucesso o curso de Operações Especiais. A origem do símbolo da caveira trespassada pelo punhal é controversa, imprecisa e carregada de mitificação, mas a versão que toma mais força no Brasil é de que a inspiração de tal simbologia teria se dado no contexto da Segunda Guerra Mundial. A narrativa é que as forças especiais inglesas, cujo símbolo era um punhal, teriam logrado êxito na invasão de uma base das forças especiais da Alemanha Nazista, simbolizada por uma caveira, ocasião em que deparando-se com um crânio sobre a mesa do comandante das forças alemãs, o comandante das forças inglesas teria trespassado o objeto com o seu punhal, ao que foi atribuído o significado da vitória sobre a morte (COTTA, 2012). A partir de então, segundo Cotta (2012), o ícone constituído por uma caveira trespassada por punhal passou a ser apropriado por todas as forças especiais de polícia e de exércitos do mundo.  (SILVA, 2019. pag. 105)

Em conjunto com a Polícia Civil, representada pelo Delegado Jocélio Franca Fróes, em 14 de dezembro de 1995, deu-se início ao I Curso de Operações Especiais – COEsp em Sergipe, um curso misto que uniu todas as forças policiais do estado, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal. Na época, entendeu-se a necessidade dessa união entre polícias, tanto para uma melhor atuação no combate e prevenção ao crime, quanto para suprir as necessidades de equipamentos e materiais necessários a uma tropa especializada. 

Com uma seleção rigorosa por meio de testes de aptidão física e habilidades específicas, dos mais de 100 inscritos, apenas 28 conseguiram formar-se no primeiro curso, com 340 horas/aulas no período de 14 de dezembro de 1995 a 01 março de 1996. Após o término do curso, foi criado o Comando de Operações Especiais – COE, conforme BGO nº 045 de 12 de março de 1996, figurado na imagem 1. 

Inicialmente, o COE teve sede provisória no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Sergipe – QCG, em 1996. Logo em seguida, funcionou por alguns meses na Academia de Polícia Civil-Acadepol, situada na Avenida Barão de Maruim, Centro. No mesmo ano, mudou-se para o prédio ao lado da Superintendência Geral da Polícia Civil, na Praça Tobias Barreto em Aracaju, onde se estabelecia o Centro de Operações Conjuntas – COC. 

A sede foi transferida para o antigo Hospital Adalto Botelho, onde hoje funciona o Presídio Militar-Presmil da PMSE, no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju. Teve também sede no bairro Capucho, onde funciona atualmente o COPE da Polícia Civil e sede no bairro Atalaia, na Avenida Melício Machado, quando no dia 29 de abril de 2022 aconteceu um incêndio, impossibilitando a permanência da tropa neste local. Foi transferido provisoriamente para o Instituto Federal de Sergipe – IFS de São Cristóvão, de 2022 a 2023. Mudou-se para o município de Barra dos Coqueiros, localizado na região metropolitana de Aracaju e atualmente está localizado na Avenida Gonçalo Prado Rolemberg, no centro da capital sergipana.

O período de 1996 a 2025 é o tempo de transformação do Comando de Operações Especiais-COE em Batalhão de Operações Especiais-BOPE. Um marco histórico para as Operações especiais em Sergipe, após 29 anos de atuação. Em 1996, cria-se o COE, que no ano de 2023 foi elevado à Companhia Independente de Operações Especiais-CIOE. No entanto, é necessário destacar que antes de ser transformado em Companhia Independente, aconteceu a ativação experimental de um Batalhão de Operações Especiais-BOPE em 2002, que veio a se dissolver em 2008, assunto este que será aprofundado em outro tópico.

Em 2025, apenas dois anos atuando enquanto companhia independente, aconteceu a elevação da CIOE a Batalhão de Operações Especiais-BOPE, por ato do Comandante-Geral da PMSE, coronel Alexandro Ribeiro de Souza. No ato da elevação, o major Weniston Queiroz Souza de Gois exerce o comando da unidade e a major Belisa Melo de França Santos é a primeira mulher a assumir o sub-comando do BOPE.

Nas imagens abaixo constam os BGOs de criação do COE e elevação à CIOE e BOPE da Polícia Militar de Sergipe.

IMAGENS 1,2 E 3 – BOLETINS DE CRIAÇÃO DO COMANDO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COE E ELEVAÇÃO À CIOE E BOPE

Fonte: imagem 1: BGO nº 045 de 12 de março de 1996 – criação do COE; imagem 2: BGO nº 127 de 14 de julho de 2023 – elevação à CIOE e imagem 3: BGO 047 de 12 de março de 2025 – elevação à BOPE.

Logo após sua criação em 1996, o COE ficou vinculado ao Centro de Operações Conjuntas – COC, composto pelas Polícias Civil e Militar no âmbito da Secretaria de Segurança Pública-SSP/SE. As polícias, em Sergipe, trabalhavam integradamente no combate ao crime, reunidas em um único órgão.

“Nós fomos além do que se imaginava. O que é que nós imaginávamos: policiais civis e policiais militares trabalhando juntos, com uma inteligência integrada. […] aonde nós íamos as pessoas não entendiam. […]No Rio de Janeiro dentro do BOPE, foi uma surpresa quando receberam policiais civis Caveiras”. (Coronel QOPM PMSE Maurício da Cunha Iunes, em entrevista para esse artigo. 2024).

Na conclusão do primeiro COEsp, os vinte e oito Caveiras fizeram visitas técnicas em algumas unidades de Operações Especiais de outros estados, dentre elas o BOPE do Rio de Janeiro, o BOPE da Bahia, o Batalhão de Caatinga do Exército, a Marinha e a Polícia Civil do Rio de Janeiro. As visitas técnicas foram feitas por meio de cursos e estágios de especialização, que foram agregados como parte da formação dos Caveiras, mesmo tendo acontecido após publicação da ata de encerramento do curso. Cada participante recebeu certificação conforme imagens abaixo.

IMAGEM 4 – CERTIFICADO DO ESTÁGIO PARA RETOMADA DE REFÉNS

Fonte: Acervo do Coronel Iunes – Certificado do Estágio para Retomada de Reféns, ministrado pelo BOPE da PMERJ e PCRJ, em 1996.

IMAGEM 5 – HOMENAGEM DO BOPE DO RIO DE JANEIRO AO COE

Fonte: Acervo do Coronel Iunes: Homenagem do BOPE do Rio de Janeiro ao COE pela realização do I Curso de Operações Especiais, em 1996.

IMAGENS 6, 7 E 8 – CERTIFICADOS DOS DEMAIS CURSOS REALIZADOS

Fonte: Acervo do Coronel Iunes: Na imagem 6, certificado do Curso de Paraquedismo realizado no BOPE da Bahia, em 1996. Na imagem 7, certificado do Estágio de Caatinga ministrado pelo Exército Brasileiro, em 1996. Na imagem 8, Certificado do Curso de Treinamento para Aquaviários, ministrado pela Marinha em 1996.

Embora a unidade de Operações Especiais em Sergipe tenha iniciado as atividades após o primeiro curso em 1996, a Polícia Militar já possuía em suas fileiras dois policiais formados em Operações Especiais, chamados de Caveiras. 

3. Pré-História

Fazendo uma digressão cronológica dos acontecimentos, necessária para contar, sem omissões, as referências de Operações Especiais em Sergipe, pode-se citar como pré-história — ousando afirmar que já havia atuação nesse nicho antes de 1996, mesmo sem uma unidade formada para atuar especificamente, ainda que de forma indireta — a existência de dois policiais militares que se tornaram os primeiros Caveiras de Sergipe.

Em 1981, o então Aspirante Carivaldo dos Santos e o Cabo José Domingos Costa foram enviados para cumprir o Curso de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O desafio era retornar como dois policiais Caveiras que disseminariam a doutrina de Operações Especiais, com o objetivo de formar uma tropa altamente qualificada para o combate à criminalidade. 

Aquele curso era algo diferente do que eu imaginava e de tudo que já vi. Não poderia ter dias piores em minha vida, tudo era muito ruim o tempo todo. Mas eu só pensava em sobreviver e não voltar para casa como um covarde. Com o tempo, as coisas começavam a fazer sentido, até um caroço de manga que ficou em minha boca por horas fez todo sentido, quando aprendi que há coisas que não podemos engolir, mas que só devemos cuspir na hora certa. […] quando estávamos naquela canoa furada, era a hora certa. (Sub-Tenente PMSE José Domingos Costa – Caveira 18-PMREJ – em entrevista para esse artigo em 2023).

 “O curso de Operações Especiais não nos torna seres especiais, isso é comumente confundido, inclusive por alguns de nós, porque mesmo depois de todo o doloroso processo para se tornar Caveira, saímos de lá devendo compreender nossa pequenez.” (Coronel Carivaldo – Caveira 24-PMERJ – em entrevista para esse artigo em 2023).

Caveira 24, Aspirante Carivaldo e o Caveira 18, cabo Domingos retornaram a Sergipe tendo cravado no peito um dos mais desejados brevês operacionais de todas as polícias do Brasil. No entanto, a estrutura da Polícia Militar, à época, não permitiu que os pioneiros fossem os criadores da primeira unidade de Operações Especiais do estado. Um deles, Caveira 18, foi transferido para a Companhia de Choque, onde ministrou instruções e contribuiu para a formação da tropa nessa unidade, além de atuar nas ocorrências de maior complexidade que ficavam a cargo da CPChoque. Pode-se considerar que foi nessa unidade que as primeiras atuações em Operações Especiais aconteceram em Sergipe, ainda que informalmente.

Com o passar do tempo, os Caveiras pioneiros em Operações Especiais foram designados para instruir alunos no Centro de Ensino e Instrução da Polícia Militar, formando os neófitos que comporiam as fileiras de policiais. Eles atuaram em outras unidades, mas nunca foram integrados a uma unidade de Operações Especiais.

O coronel Carivaldo está, atualmente, na Reserva Remunerada do Serviço Militar, e o sub-tenente Domingos faleceu de causas naturais em 27 de fevereiro de 2024, aos 66 anos.

Abaixo, placas com os nomes dos primeiros Caveiras da Polícia Militar de Sergipe, elas estão fixadas nas paredes do Batalhão de Operações Policiais Especiais-BOPE/PMERJ. 

IMAGEM 9 – PLACA DOS OFICIAIS E SARGENTOS FORMADOS NO 3º CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS.

Fonte: Acervo do BOPE.

IMAGEM 10 – PLACA DOS CABOS E SOLDADOS FORMADOS NO 1º CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS. 

Fonte: Acervo do BOPE. 

4. O legado

Com os resultados do Centro de Operações Conjuntas – COC e do Comando de Operações Especiais – COE, entre 1996 e 1998, em operações que combatiam os recorrentes assaltos a bancos, resgate de reféns, prisão de foragidos da justiça, entre outros delitos pela nova tropa de Caveiras, surge a necessidade de ampliar o efetivo. Para tanto, em 1999, deu-se início ao segundo curso de Operações Especiais. Curso este que formou 43 Caveiras, sendo duas mulheres. 

O segundo curso aconteceu aos moldes do primeiro. A integração entre a Polícia Militar e Polícia Civil estava dando certo. No entanto, percebeu-se também a necessidade de formar mulheres Caveiras, que segundo o Coronel Iunes, foi uma medida importante para que as Operações Especiais em Sergipe acontecessem de forma completa, atendendo a todas as necessidades da sociedade sergipana e foi entendida como uma quebra de paradigmas. 

Conforme o BGO nº 017 de 26 de janeiro de 1999, dos 173 inscritos para o Teste de Aptidão Física do Segundo COEsp, 5 eram mulheres: SD PM Elândia Alves dos Santos, SD PM Flávia Regina Faria Ramos, SD PM Liete Casteliano Lima, SD PM Svetlâna Barbosa da Silva e SD PM Viviane Freitas, das quais apenas duas foram aprovadas nos testes.

“Nós tivemos uma quebra de paradigmas […], primeiro por ter integrado policiais civis e federais num curso como o COEsp e segundo, por termos formado policiais femininas no mesmo curso, soldado Svetlâna e soldado Viviane. Ninguém aceitava mulher no curso, quando abrimos a possibilidade foi a maior repercussão a nível de Brasil. No Nordeste só tem elas, as Caveiras 48 e 49. Chegavam para mim e diziam assim: “Colocar mulher para fazer Operações Especiais não dá certo!” Não dá certo porque? Qual a justificativa? […]E assim, durante o curso elas faziam o que todos fizeram, […] elas não tinham vantagem nenhuma, ao contrário elas faziam aquilo porque elas tinham a necessidade de mostrar a capacidade delas”. (Coronel QOPM PMSE Maurício da Cunha Iunes, em entrevista para esse artigo. 2024).

No ano seguinte, foi realizado mais um curso de Operações Especiais. O COE estava atuando fortemente na região metropolitana, com uma tropa de Caveiras recém-formada. Mas surgiu, mais uma vez, a necessidade de aumentar o efetivo para cobrir todo o território do estado. 

O terceiro curso de Operações Especiais aconteceu no ano 2000, dessa vez, apenas com policiais militares e com a finalidade de atender as demandas de operações com mais agilidade e eficiência. O III COEsp formou 19 novos homens de Operações Especiais, conforme consta na placa de formados. 

Nas imagens abaixo estão as placas com a relação dos 91 Caveiras de Sergipe, formados nos três cursos de Operações Especiais realizados no estado, em ordem cronológica.

IMAGEM 11 – PLACA DO I CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COESP, 1995 – 1996.

Fonte: Acervo do BOPE: Foram 28 alunos formados. (O aluno Tibiriça Macedo dos Santos, não concluiu o curso, a placa já havia sido preparada quando da desistência).

IMAGEM 12 – PLACA DO II CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COESP, 1999.

Fonte: Acervo do BOPE: Foram 43 alunos formados. (Placa danificada por incêndio em 29 abril de 2022, na sede do COE, bairro Atalaia).

IMAGEM 13 – PLACA DO III CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COESP, 2000.

Fonte: Acervo do BOPE: Foram 19 alunos formados.

Com a formação dos policiais em Operações Especiais entre os anos de 1996 a 2000 e a criação do Comando de Operações Especiais – COE, os crimes em Sergipe tiveram uma nova resposta. O estado contava com uma equipe capacitada com quase 100 Caveiras dentro das forças policiais Federal, Civil e Militar atuando integradamente. 

Uma das operações mais emblemáticas aconteceu em 1997, menos de um ano após a criação do COE: o sequestro de Frank Vieira, do Grupo Maratá, que passou 38 dias em cativeiro. Mais de um mês de investigação e negociação, que culminou na prisão de 12 sequestradores envolvidos (imagem 14). Na sequência, estão elencadas algumas operações de grande repercussão realizadas pelo COE.

IMAGEM 14 E 15 – SEQUESTRO DE FRANK VIEIRA, QUE DUROU 38 DIAS

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Na imagem 15, o comandante do COE, capitão Iunes, conduzindo um dos principais suspeitos no sequestro de Frank Vieira, que durou 38 dias, EM 1997.

IMAGEM 16 – NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: No dia 2 de janeiro de 2001, dois criminosos arrombaram um apartamento para furtar, mas encontraram uma senhora e uma criança no imóvel. Ao perceberem a chegada do polícia fizeram a senhora e a criança de reféns. Na imagem, policial do COE resgatando a criança após as negociações.

IMAGENS 17 E 18 – NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Em 14 de novembro de 1996, uma funcionária da Assembleia Legislativa de Sergipe, recebeu ligações informando que havia uma bomba no sexto andar do prédio. A informação foi passada para a polícia e o COE foi acionado. A Bomba foi destruída pela equipe antibombas no local que foi encontrada.

IMAGEM 19 – NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: No dia 13 de maio de 1999, O COE foi acionado após o dono do supermercado Bom Preço ter recebido ligações sobre uma bomba instalada no porta-volumes do supermercado. O autor do telefonema pediu R$ 30.000 para desinstalar o artefato explosivo. O COE chegou logo após a bomba ser acionada e procedeu com desativação do artefato explosivo.

IMAGEM 20 –NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Em 29 de dezembro de 1999, O COE impediu que rebeliões acontecessem entre os grupos rivais na Casa de Detenção de Aracaju.

IMAGEM 21 – NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

      Fonte: Acervo do coronel Iunes: O Comando de Operações Especiais – COE tornou-se referência em policiamento e ganhou a simpatia da mídia e da comunidade sergipana por sua atuação.

IMAGEM 22 –NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Treinamento da tropa em rapel em prédio de 12 andares – o Edifício Ana Cecília, ao lado da Secretaria de Segurança Pública, em 1996.

IMAGEM 23 – NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: TREINAR – OPERAR – INSTRUIR: prisão de assaltantes de banco após investigações realizadas pelo COC – COE, em 4 de outubro de 2001.

IMAGEM 24 –NOTÍCIA DE JORNAL IMPRESSO

Fonte: Acervo do coronel Iunes: TREINAR – OPERAR – INSTRUIR: instrução ministrada pelo COE a grupo da PRF destinado a atuações de polícia especializada.

5. Ativação experimental do Batalhão de Operações Especiais-BOPE/PMSE

No ano de 2002, o COE foi integrado ao Batalhão de Operações Especiais – BOPE, que foi ativado de forma experimental, conforme o BGO 153 de 3 de setembro de 2002, com a finalidade de atender melhor as demandas de ocorrências que exigem uma resposta mais rápida e especializada da Polícia Militar.

IMAGEM 25 – BOLETIM DE ATIVAÇÃO EXPERIMENTAL DO BOPE EM 2002

Fonte: BGO nº 153 de 3 de setembro de 2002.

“Nós tivemos um período que O COE se transformou em BOPE. […] Foi quando o Choque se integrou com o COE. […] Ninguém queria assumir o COE, porque quando a gente ia para operação tinha confronto, tinha muita morte”. (Coronel QOPM PMSE Maurício da Cunha Iunes, em entrevista para esse artigo. 2024).

O BOPE foi instituído com a junção do Comando de Operações Especiais – COE e a Companhia de Choque – CPChoque, que tinha integrado o Canil, a Cavalaria e o Esquadrão de Polícia Montada-EPMont, sendo ativado pelo Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Pedro Paulo, ficando o BOPE comandado pelo tenente-coronel Acelino Evangelista de Santana. O Comando de Operações Especiais passou a ser denominado Companhia de Operações Especiais, subordinada ao BOPE e comandada pelo major Eliezer da Silva Santana.

A então denominada Companhia de Operações Especiais foi desvinculada do BOPE dois anos depois, voltando a ser chamada de Comando de Operações Especiais-COE, em 2004. O BOPE, contudo, manteve suas atividades enquanto Batalhão de Operações Especiais mesmo sem a unidade originalmente criada para esta finalidade.

Com essa mudança, conforme o BGO 145 de 16 de agosto de 2004, o tenente-coronel Maurício da Cunha Iunes foi designado para comandar, de forma independente, o Grupamento Especial de Fronteira-GEFRON e o COE. O GEFRON foi designado para fazer o policiamento nas divisas do estado e o COE continuou encarregado das missões em operações consideradas complexas, contudo, desmembrado do BOPE conforme supracitado. 

O comando do BOPE, no entanto, permaneceu a cargo do tenente-coronel Acelino Evangelista de Santana.  Houve, portanto, um período na história das Operações Especiais em Sergipe em que existiram, independentes e concomitantemente, duas unidades de Operações Especiais: Comando de Operações Especiais-COE e Batalhão de Operações Especiais-BOPE. Destaque-se que o BOPE ficou composto pela CPChoque e suas respectivas companhias: 1º Cia de Choque-CDC; 2ª Cia de Choque-GARRA; 3ª Cia de Choque-Canil e o EPMont, permanecendo com a denominação BOPE até 2008, quando foi transformado em Batalhão de Policiamento de Choque-BPChoque, tendo sido desvinculado o Esquadrão de Policiamento Montado-EPMont e o Canil. 

6. Caveiras e Cateanos formados em instituições coirmãs

Após o último COEsp, no ano 2000, iniciou-se um período de “recesso” no COE. A partir de então, não se realizou mais cursos de Operações Especiais, embora a unidade continuasse existindo e atuando em operações para as quais era solicitada. No entanto, crescia nos novos policiais o desejo de se especializar em Operações Especiais, e, mesmo sem a realização de curso nessa área em Sergipe durante esse recesso, houve motivação para buscar especialização em outros estados. Oficiais e Praças da PMSE tentaram conquistar o brevê e alguns lograram êxito, formando-se Caveiras e Cateanos em instituições coirmãs.

Abaixo, em ordem cronológica, estão relacionados os quinze policiais militares de Sergipe que foram conquistar a caveira em outros estados pelo Brasil:

1. 1996 – Soldado Nailton: Caveira 46 em Pernambuco;

2. 1996 – Soldado Carlos: Caveira 47 em Pernambuco;

3. 1999 e 2011 – Soldado N. Júnior: Caveira 44 em Sergipe e Comando Jungla, na Colômbia;

4. 2000 e 2001 – Soldado F Costa: Caveira – 89 em Sergipe e Caveira 43 em Pernambuco;

5. 2002 – Tenente Mendonça: Caveira 26 em Pernambuco;

6. 2002 – Tenente Henrique: Caveira 27 em Pernambuco;

7. 2008 – Soldado J. Souza: Caveira 51 no Distrito Federal;

8. 2017 – Soldado Vinícius: Caveira 25 em Alagoas;

9. 2019 – Cabo Carlos: Caveira 26 no Rio Grande do Norte;

10. 2022 – Soldado André: Caveira 40 em Goiás;

11. 2022 – Soldado Silva Santos: Caveira 50 no Distrito Federal;

12. 2022 – Soldado Yure: Caveira 42 em Pernambuco;

13. 2023 – Cabo Teones: Caveira 28 em Tocantins;

14. 2023 – Cabo Paulo Barros: Caveira 29 em Tocantins;

15. 2023 – Tenente F. Santos: Caveira 06 em Alagoas.

Relação dos seis policiais militares de Sergipe que se tornaram Cateanos em outros estados pelo Brasil:

1. 2005 – Capitão Luiz Claudio: Cateano 06 na Paraíba;

2. 2009 – 2° Sargento Luis: Cateano 36 no Maranhão;

3. 2010 – Soldado Wesley: Cateano 42 em Alagoas;

4. 2013 – Cabo Miranda: Cateano 50 no Ceará;

5. 2014 – Ten Calaça: Cateano 04 em Alagoas;

6. 2014 – Soldado Vinícius: Cateano 11 em Alagoas.

Sergipe está há mais de duas décadas sem realizar cursos de Operações Especiais, um recesso significativamente grande, dada a importância de se manter uma tropa com qualificação em Operações Especiais para atender ocorrências de alto risco atualizada, renovada e treinada no ambiente que irá atuar.

7. Cursos realizados no Batalhão de Operações Especiais-BOPE/PMSE

 A Unidade, no entanto, realizou outros cursos que foram contribuindo com as demandas de especialização da tropa.  Em 2009 e 2010, a unidade realizou os I, II e III Cursos Avançado de Invasões Táticas e o I e II Cursos de Contraterrorismo e Operações Antibombas. Também foram realizados dois Estágios de Ações Táticas Especiais – EATE, em 2007 e 2018, dois Cursos de Ações Táticas Especiais – CATE, em 2008 e 2023, e um Curso de Atirador Designado Policial – CADP, em 2024, conforme imagens das placas abaixo:

IMAGEM 26, 27 e 28 –PLACAS DE FORMADOS NOS I, II e III CURSO AVANÇADO DE INVASÕES TÁTICAS 

Fonte: Acervo do BOPE. Os I, II e III Cursos Avançado de Invasões Táticas foram realizados nos anos de 2009 e 2010 e formaram 39 operadores.

IMAGEM 29 –PLACA DOS FORMADOS NO II CURSO DE CONTRATERRORISMO E OPERAÇÕES ANTIBOMBAS:

Fonte: Acervo do BOPE. Os I, II Cursos de Contraterrorismo foram realizados em 2009 e 2010 e formaram 53 operadores. No primeiro curso, entre os militares da PMSE, formaram 2 militares do Exército, 2 bombeiros militares e 2 peritos da Polícia Federal. A placa do I Curso foi extraviada no incêndio que aconteceu em 2022, na base do então, COE.

IMAGEM 30 –PLACA DE FORMADOS NO I ESTÁGIO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – EATE

Fonte: Acervo do BOPE. O I EATE foi realizado em 2007 e formou 6 operadores.

IMAGEM 31 –PLACA DE FORMADOS NO II ESTÁGIO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – EATE

Fonte: Acervo do BOPE. Foi realizado em 2018, formando 13 operadores.

IMAGEM 32 –PLACA DE FORMADOS NO I CURSO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – CATE

Fonte: Acervo do BOPE. O I CATE foi realizado em 2008, formando 16 cateanos com alunos de coirmãs do Acre, Amazonas, Amapá, Bahia e Mato Grosso.

IMAGEM 33 –PLACA DE FORMADOS NO II CURSO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – CATE

Fonte: Acervo do BOPE. O II CATE foi realizado em 2023, formando 9 novos operadores, dois deles da PRF

IMAGEM 34 –PLACA DE FORMADOS NO I CURSO DE ATIRADOR DESIGNADO POLICIAL – ADP

Fonte: Acervo do BOPE. O Curso de Atirador Designado Policial foi realizado em 2024 e formou 26 Atiradores Designados.

8. Cursos realizados em instituições coirmãs

Outros cursos importantes também compõem a grade de especialização dos integrantes do BOPE/PMSE, realizados como forma de intercâmbio entre as polícias militares dos diferentes estados do Brasil. Os operadores se deslocaram para outras unidades coirmãs a fim de adquirir conhecimentos importantes para a atuação em situações de alta complexidade. Além dos intercâmbios, o I Curso de Negociador Policial, realizado pelo Gabinete de Gestão de Crises e Conflitos-GGCC, que formou Negociadores que compõem a 4ª CIA do BOPE. Abaixo, estão elencados os cursos realizados:

  • CAP – Curso de Atirador de Precisão-COT/PF

O curso de Atirador de Precisão (CAP) do Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal tem como objetivo formar policiais federais que atuem como Snipers. O CAP é destinado a integrantes ativos de grupos de Operações Especiais, tanto da Polícia Federal quanto de outras forças federais ou estaduais. 

A PMSE possui três policiais formados Snipers no COT da Polícia Federal. 

1. MAJ Calaça-Cateano 04

2. SGT Jamysson-Caveira 13

2. CB André-Caveira 40

  • ССТ – Curso de Contraterrorismo do GNR – Portugal

O Curso de Contraterrorismo realizado em Lisboa, Portugal, pelo Grupo de Intervenção de Operações Especiais-GIO da Guarda Nacional Republicana é voltado para intervenção de ocorrência de crises no contexto da Segurança Pública. Na PMSE, há apenas um operador formado no CCT em nível internacional:

1. MAJ Calaça-Cateano 04

  • CTEP- Curso Técnico Explosivista Policial

O curso de Explosivista tem como objetivo preparar profissionais para atuar com busca e varredura em locais e eventos de maneira preventiva ou em ameaça de bombas, além de atuar com prioridade nas ocorrências em que há a quebra da ordem pública quando envolva artefatos explosivos, cabendo ao Técnico Explosivista optar pela melhor alternativa operacional, seja ela: remoção, desativação, neutralização ou destruição do material explosivo. Com vistas a preservar vidas, o patrimônio e quando possível vestígios e provas. Além disso pode o Técnico Explosivista atuar ainda como perito “Ad hoc” em relatórios técnicos em pós explosões.

São seis técnicos explosivistas, formados no BOPE/PMBA e BOPE/PMDF, nas fileiras de policiais militares da PMSE, capacitados para atender ocorrências envolvendo ameaça com artefatos explosivos:

1. MAJ Weniston 

2. MAJ Calaça – Cateano 04

3. CB Moraes

4. SD Tércio-Eateano 16

5. SGT Ismael-Cateano 03

6. CB Haniel-Cateano 07

  • CAAV-Curso de Ações em Ambientes Verticais:

Com o objetivo de capacitar operadores de segurança pública para enfrentar ocorrências de alto risco em áreas de difícil acesso e ambientes verticais.

Atualmente, são três operadores capacitados, formados no BOPE/PMPR E BOPE/PMGO, para atuações em ambientes de alto risco em áreas de difícil acesso e ambientes verticais.

1. ST Fábio-Caveira 25

2. CB André-Caveira 40

3. SD Yure-Caveira 42

  • CNPC – Curso de Negociação Policial em Crises: 

O objetivo do negociador policial é resolver conflitos de forma pacífica, preservando vidas. Ele é acionado em situações de extrema necessidade, como crises com reféns ou risco iminente. São principais funções: Manter a calma; Estabelecer comunicação com o agressor; Resolver a situação da forma mais pacífica possível; Tomar decisões rápidas, bem pensadas e calculadas.

Atualmente, a PMSE possui cinco negociadores formados na Polícia Militar de Pernambuco, Polícia Militar do Estado de São Paulo, Polícia Militar de Minas Gerais e Polícia Militar do Paraná:

1. CEL Henrique – PMESP

⁠2. TEN CEL R Costa – PMPE

3. ⁠TEN CEL Thiago Costa – PMPE

4. MAJ Weniston – PMMG

5. MAJ Belisa – PMPR

6. TEN Veiga – PMMG

Apesar das especializações por meio de outros cursos e estágios, há uma necessidade de policiais formados especificamente em Operações Especiais, necessárias à Polícia Militar. Mesmo especializando novos operadores em outros cursos e estágios, uma tropa especificamente treinada e apta para atuar em Operações Especiais demonstra-se relevante. Basta observar a dinâmica de realização de Cursos de Operações Especiais – COEsp em estados como Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás, Paraná, que são referência não apenas em Operações Especiais, mas em policiamento como um todo e realizam curso de Operações Especiais com maior frequência. Um pouco mais perto, Bahia, Alagoas e Pernambuco mantém uma frequência de realização desses cursos de Operações Especiais, renovando a tropa e agregando novos conhecimentos em segurança pública. 

9. Evolução histórica da Unidade de Operações Especiais da PMSE – símbolos e uniformes

As unidades especializadas adotam uniformes ou fardamentos que os diferenciem das polícias convencionais. Desde o surgimento do conceito moderno de força policial idealizado por Peel, no ano de 1829 em Londres na Inglaterra, os uniformes são adotados com o fito de influenciar a percepção do social sobre a polícia por meio das cores, tanto para ganhar o respeito e confiança da sociedade, quanto para dar condições de uma atuação eficaz das tropas.

 Quanto às unidades de Operações Especiais, cada peça do uniforme parece estar ligada às místicas e doutrinas adotadas, que têm o propósito de diferenciar o operador especial do policial “comum”. Nesse sentido, uniforme escuro se tornou um dos principais símbolos da mística e da identidade das tropas especiais no Brasil, cujos soldados são conhecidos como “homens de preto”.

 Os uniformes do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Sergipe foram sofrendo mudanças desde o início das atividades em 1996. O fardamento passou por quatro modificações até os dias atuais: 1 – Macacão cinza; 2 – Camuflado acinzentado (camuflado urbano); 3 – Preto; 4 – Camuflado tipo desert.

As imagens abaixo mostram policiais da Unidade de Operações Especiais da Polícia Militar de Sergipe em atividade, bem como evidencia a evolução e adaptação dos uniformes ao meio ambiente.

IMAGEM 35 – POLICIAIS DO COE COM MACACÃO CINZA.

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Policiais trajados com o macacão cinza – primeiro uniforme adotado pelo COE – transportando os restos de artefato explosivo destruído pelo COE na Assembleia Legislativa em Aracaju, em 14 de novembro de 1996.

IMAGEM 36 – POLICIAIS DO COE COM MACACÃO CAMUFLADO CINZA.

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Integrantes do Comando de Operações Especiais – COE, posando para registro da tropa em 1999.

IMAGENS 37 E 38 – POLICIAIS DO COE EM OPERAÇÃO COM O UNIFORME CAMUFLADO-URBANO.

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Na imagem do lado esquerdo, guarnição do COE em operação, sob o comando do capitão Iunes, no Lagarto Folia, em 20 de abril de 1998. Do lado direito, ocorrência com artefato explosivo no supermercado Bom Preço, em 13 de maio de 1999.

IMAGENS 39 – POLICIAIS DO COE COM UNIFORME PRETO.

Fonte: Acervo do coronel Iunes: Integrantes do COE escoltando ex-prefeito de Canindé acusado de desvio de verbas em 2003.

IMAGENS 40 E 41 – POLICIAIS DA CIOE COM UNIFORME PRETO.

Fonte: Acervo do BOPE e acervo do autor: Integrantes da Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE posando para registro da tropa, em 2023.  

IMAGENS  42 E 43 – POLICIAIS DA CIOE COM UNIFORME CAMUFLADO TIPO DESERT.

Fonte: Internet: imagem do lado esquerdo, policial da Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE, posando para registro da tropa, em 2019. Do lado direito, policiais da CIOE equipando explosivista para intervenção contra artefato explosivo caseiro, em dezembro de 2023.

IMAGENS 44 E 45 – POLICIAIS DA CIOE EM OPERAÇÃO COM UNIFORME PRETO.

Fonte: Internet: Na imagem do lado esquerdo, uma guarnição do COE na Operação Pandemonium, em cumprimento de buscas e apreensão na prefeitura de Carmópolis por indícios de corrupção em 20 de agosto de 2020. Do lado direito, a tropa da CIOE em desfile da Independência do Brasil em 2023.

Atualmente, dois uniformes são adotados pelo Batalhão de Operações Especiais-BOPE: o Camuflado tipo desert e o Preto, conforme as imagens 42, 43, 44 e 45. O uniforme camuflado desert começou a ser usado em 2018 e foi regulamentado em 27 de julho de 2020 de acordo com o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe – RUPM. O Camuflado é utilizado nos serviços ostensivos, principalmente nos serviços diários, diferente da cor preta oferece conforto térmico e melhor camuflagem em diversos ambientes. De outro modo, o uniforme preto é utilizado em cerimoniais e eventos formais ou em situações previamente estabelecidas pelo comandante da unidade.

“A ideia original seria o uso do uniforme camuflado na quase totalidade das operações, deixando o preto apenas para solenidades e ocorrências com refém. Porém, os problemas encontrados para isso foram muito mais de ordem prática do que qualquer outra coisa. Ter os dois uniformes em condições na base, bem como o período de adaptação para a compra e outros problemas do tipo fizeram com que o uso fosse tratado de forma administrativa simplesmente definindo alguns dias da semana para um, e outros dias da semana para o outro. Sem dúvida não era o ideal, mas foi feito dessa forma. Ainda assim, em operações programadas o uniforme era definido visando o melhor desempenho nas missões”. (Major Irlan Massai Calaça dos Santos, em entrevista para esse artigo. 2024).

Segundo o major Calaça, foi pensado em implementar o uniforme camuflado com base no que já estava sendo adotado em outras unidades de Operações Especiais pelo Brasil. Inicialmente foi sugerido o uso do camuflado multicam – que surgiu para substituir o padrão woodland – muito utilizado pelas forças armadas americanas em matas, por possuir maior adaptabilidade a diversos tipos de ambiente, incluindo desertos, cidades e florestas. No entanto, o projeto inicial não foi aceito, sendo então implementado o camuflado desert

Conforme o major Calaça, “na prática verificou-se que o camuflado desert funcionou muito bem em diversos tipos de ambientes em Sergipe”. As imagens abaixo foram feitas em uma instrução para as tropas do Batalhão de Policiamento de Choque – BPChoque e para o Batalhão de Polícia de Ações Táticas do Interior – BPATI pelo BOPE, na época denominado Comando de Operações Especiais-COE. Nas imagens, é possível verificar como os operadores do BOPE estão melhor camuflados em relação aos demais policiais. 

IMAGEM 46 – POLICIAIS DO BOPE MINISTRANDO INSTRUÇÃO PARA O BPCHOQUE E BPATI

Fonte: acervo do BOPE: À direita está a imagem sinalizada com setas, indicando a posição dos operadores da CIOE.

IMAGEM 47 – POLICIAIS DO BOPE MINISTRANDO INSTRUÇÃO PARA O BPCHOQUE E BPATI.

Fonte: acervo do BOPE: À direita está a imagem sinalizada com setas, indicando a posição dos operadores do BOPE.

O camuflado desert começou a ser implementado na CIOE em 2018 e foi oficialmente regulamentado pelo Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe-RUMP, em 2020.

Alguns símbolos são considerados a marca das Operações Especiais. Junto ao uniforme é possível observar imagens que fazem referência ao curso no qual o operador se especializou, bem como a unidade e instituição as quais pertencem. Eles atuam como identificadores, permitindo que se distinga a unidade e a instituição que os operadores atuam.  

Esses símbolos também passaram por uma evolução histórica e, consequentemente, mudaram ao longo dos anos. O Brasão de Armas passou por quatro formas no período de 1996 a 2025, conforme figuras, abaixo:

  • BRASÕES DE ARMAS DA UNIDADE DE OPERAÇÕES EPECIAIS

IMAGENS 48, 49, 50, 51 e 52 – BRASÕES DE ARMAS DO COE/CIOE/BOPE

Fonte: acervo do autor: Brasões de armas da Unidade de Operações Especiais da PMSE em ordem cronológica de criação, de 1996 a 2025.

1º BRASÃO – 1996 a 1998 – COE: Não há registros oficiais da instituição do primeiro brasão de armas. Na época, houve a necessidade de se criar uma figura que representasse a primeira tropa especializada em Operações Especiais de Sergipe. Um dos Caveiras formados no primeiro COEsp, coronel Rocha, foi incumbido de desenvolver o brasão de armas e usou os escassos recursos à disposição, na época, para criar o primeiro símbolo que seria, por dois anos, a “marca” da tropa de elite da Polícia Militar de Sergipe.

No brasão, a caveira não é transpassada pelo punhal, nem envolta de louros, conforme amplamente adotado pelas unidades de Operações Especiais pelo Brasil. No entanto, há um símbolo de um paraquedas e de um fuzil, representando as especializações dos Caveiras formados em 1996.

2º BRASÃO – 1998 a 2009 – COE: Em dois anos, houve alteração do brasão de armas.

Embora tenha sido adotado nos uniformes, viaturas, nas placas de conclusão dos cursos do COE à época, o segundo brasão de armas utilizado pela unidade também não foi formalmente registrado. Não há registros em portarias, Boletins Gerais Ostensivos (BGO), ou Boletins Internos (BI), sobre sua heráldica, nem documentos regulamentando sua utilização pelos operadores em seus uniformes.

No entanto, quanto ao seu significado e heráldica podem ser extraídos do terceiro brasão de armas – como explicado abaixo – formalmente instituído em 2009, com a mudança da divisória, em formato de ípsilon (um cálice), que separam as figuras da caveira, paraquedas e o fuzil. Outra alteração é a inserção do punhal cravado na caveira e os louros envoltos a ela.

3º BRASÃO – 2009 a 2023 – COE: Foi instituído no comando do tenente-coronel Aragão conforme BGO nº 176 de 01 de outubro de 2009, fls 3272 e 3273, com a seguinte heráldica:

Art. 1°. Fica normatizado o distintivo do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do Estado de Sergipe, originalmente criado no ano de 1996 após a conclusão do curso de Operações Especiais, conforme modelo constante no Anexo Único desta Portaria.

§ 1°. O distintivo do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do Estado de Sergipe consiste de um modelo em escudo peninsular português, com um fundo preto, que tem como significado a “proteção”.

§ 2°. Dentro do escudo português temos:

– Em um retângulo, as iniciais COE, significando Comando de Operações Especiais;

Il – Logo abaixo temos três molduras, divididas pelo formato de um ípsilon invertido, com o seguinte significado:

a) Caveira composta de:

-ramos dourados: simbolizando bravura e vitória;

-o crânio: simbolizando elite, inteligência e coragem;

-adaga: simboliza a surpresa;

-garruchas: símbolo da Polícia Militar.

b) paraquedas simbolizando o curso de paraquedismo;

c) Fuzil simbolizando a precisão do tiro;

 Percebe-se uma sofisticação nos traços do design, bem como uma inversão da posição das divisórias que separam as figuras da caveira, do fuzil e do paraquedas (ípsilon invertido).

4º BRASÃO – 2023 – BRASÃO DA CIOE: Instituído durante o comando do major Irlan Massai Calaça. Foi criado a partir de um consenso entre os operadores da unidade. O objetivo da mudança do brasão de armas foi de simplificar a heráldica e valorizar o símbolo mais importante que seria a caveira, retirando as imagens do paraquedista e do fuzil. “Com essas mudanças a caveira com raio e punhal ficou maior e mais destacada, representando uma mudança que foi muito bem aceita pelos Caveiras da unidade ”. No BGO nº 127 de 14 de julho de 2023, ficou estabelecido o brasão de armas da CIOE conforme representação gráfica acima, com a seguinte heráldica:

I – escudo: em estilo português, representando as nossas raízes militares e policiais lusitanas, com o campo do chefe preenchido de sable (preto), que simboliza o sigilo e a sobriedade necessários às ações desempenhadas durante as Operações Especiais; filetado de cinza, cortado, formando 2 (dois) campos, o primeiro constituído pelo chefe de sable (preto), contendo a sigla “CIOE” em fonte garamond, em cinza; o segundo campo de sable (preto) contendo a sigla “PMSE”, o nome “Operações Especiais” e os elementos descritos abaixo;

Il – atributos brasonáveis:

a) O punhal cravado na Caveira: representa a honra, a coragem, o destemor dos integrantes dos grupos de elite diante do perigo, em busca da “vitória sobre a morte”, ou seja, superação e vitória frente às missões mais arriscadas que o combatente de Operações Especiais venha representar.

b) Garruchas cruzadas atrás da Caveira: as garruchas são consideradas o símbolo das Polícias Militares do Brasil

c) Raios cruzados: simbolizam a destreza, a agilidade e a rapidez necessárias a um combatente de Operações Especiais.

5º BRASÃO – 2025 – BRASÃO DO BOPE/PMSE: Foi instituído por portaria do comandante-geral da PMSE, coronel Alexandro Ribeiro de Souza, quando da elevação da unidade de companhia para Batalhão Operações Especiais – BOPE. O estilo do design anterior foi mantido. Pequenas mudanças são possíveis de serem observadas na designação do nome e nas cores, em tons de preto e cinza, utilizadas. 

No BGO nº 047 de 12 de março de 2025, ficou estabelecido o atual brasão de armas conforme representação gráfica acima, na imagem 47, com a seguinte heráldica:

§2° Heráldica:

1 – escudo: em estilo português, representando as nossas raízes militares e policiais lusitanas, com o campo do chefe preenchido de sable (preto) que simboliza o sigilo e a sobriedade necessários às ações desempenhadas durante as Operações Especiais; filetado de cinza, cortado, formando 2 (dois) campos, o primeiro constituído pelo chefe de sable (preto), contendo a sigla “BOPE” em fonte garamond, em cinza; o segundo campo de sable (preto) contendo a sigla “PMSE”, o nome “Operações Especiais” e os elementos descritos abaixo;

Il – atributos brasonáveis:

a) O punhal cravado na Caveira: representa a honra, a coragem, o destemor dos integrantes dos grupos de elite diante do perigo, em busca da “vitória sobre a morte”, ou seja, superação e vitória frente às missões mais arriscadas que o combatente Comandos venha a enfrentar;

b) Garruchas cruzadas atrás da Caveira: as garruchas são consideradas o símbolo das Polícias Militares do Brasil;

  • Raios cruzados: simbolizam a destreza, agilidade e rapidez necessária a um combatente de Operações Especiais.

Além do brasão de armas da unidade, foram estabelecidos os “brevês”. Brevês são instituídos com intuito de que sejam reconhecidos os treinamentos e qualificações dos policiais especializados. Servem, também, para comunicar rapidamente a especialização e a experiência de um operador a outros membros da equipe, permitindo uma melhor coordenação e tomada de decisões em situações de combate e nas missões. 

O distintivo do curso é o adereço para uso no uniforme que simboliza que aquele que ostenta é possuidor do curso. Também chamado de brevê, ele é o símbolo da vitória, o pedaço de metal que simboliza tudo que a pessoa passou no curso (SANTOS, 2023).

O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Sergipe possui alguns brevês que serão expostos nas imagens abaixo:

  • BREVÊ DO CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COEsp

IMAGENS 53, 54 e 55 – BREVÊ DO CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – COEsp

Fonte: acervo do autor: imagem 53: representação gráfica do brevê; imagem 54: Brevê de metal; imagem 55: Brevê de borracha.

O brevê de Operações Especiais é conquistado por aqueles que concluem o Curso de Operações Especiais – COEsp e são chamados de Caveiras de Sergipe. Foi normatizado em 2009, conforme BGO nº 176 de 1 de outubro, e com heráldica retirada do Regulamento de Uniformes da Polícia Militar, publicado em 2020.

Heráldica: 

a) o punhal cravado na Caveira: representa a honra, a coragem, o destemor dos integrantes dos grupos de elite diante do perigo, em busca da “vitória sobre a morte”, ou seja, superação e vitória frente às missões mais arriscadas que o combatente Caveira venha a enfrentar;

b) Garruchas cruzadas atrás da caveira: as garruchas são consideradas o símbolo das Polícias Militares do Brasil;

c) Raios cruzados: simbolizam a destreza, agilidade e rapidez necessária a um combatente de Operações Especiais;

d) Par de louros: simbolizando a vitória nas operações de alta complexidade.

  • BREVÊ DO CURSO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – CATE

IMAGENS 56, 57 e 58 – BREVÊ DO CURSO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – CATE:

Fonte: acervo do BOPE: imagem 56: representação gráfica do brevê; imagem 57: Brevê de metal; imagem 58: Brevê de borracha.

O brevê de Ações Táticas é conquistado por aqueles que concluem o Curso de Ações Táticas Especiais – CATE e são chamados de Cateanos. A heráldica foi retirada do Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe – RUPM. Decreto nº 003/2020-GCG. Heráldica: 

I – Caveira: Encoberta pela bala-clava representa o integrante da unidade de Operações Especiais que preza pela inteligência e coragem como essência em suas ações

II – Par de submetralhadora HK MP5 SD: simbolizando a precisão das ações policiais

III – Par de louros: simbolizando a vitória nas ocorrências de alta complexidade.

IV– Acima da junção dos louros: inscrição “PMSE” representando a Polícia Militar do Estado de Sergipe.

  • BREVÊ DO ESTÁGIO AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – EATE

IMAGENS 59 e 60 – BREVÊ DO ESTÁGIO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS – EATE:

Fonte: acervo do autor: imagem 59: representação gráfica do brevê; imagem 60: Brevê de borracha.

O brevê do Estágio de Ações Táticas é conquistado por aqueles que concluem o Estágio de Ações Táticas Especiais – EATE.

Heráldica: Ficou estabelecido o brevê de Ações Táticas Especiais conforme representação gráfica acima com descrição retirada do Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe – RUPM. Decreto nº 003/2020-GCG: “Formado por dois círculos concêntricos, na cor dourada, o maior contendo os dizeres “ESTÁGIO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS” em letras pretas; o círculo menor possui em seu interior as letras “E.A.T.E.” na parte superior, a silhueta do mapa do Estado de Sergipe de cor marrom, uma faca de cor cinza e de cabo preto, ao fundo desta, há um raio de cor vermelha, uma arma Submetralhadora, além de “PMSE” na parte inferior”.

Foram realizados dois Estágios de Ações Táticas Especiais. O primeiro em 2008, sob o comando do então capitão Luiz Henrique O. Rocha, com seis concludentes. O segundo aconteceu dez anos depois, em 2018 e formou treze operadores.

  • CURSO DE INVASÕES TÁTICAS ESPECIAIS

IMAGENS 61 E 62 – BREVÊ DO CURSO DE INVASÕES TÁTICAS:

Fonte: acervo do autor: imagem 61: representação gráfica do brevê; imagem 62: Brevê de borracha.

O brevê de Invasões Táticas é concedido àqueles que concluem o Curso de Invasões Táticas. A heráldica foi retirada do Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe – RUPM. Decreto nº 003/2020-GCG.

Heráldica:

Formado por um círculo concêntrico na cor dourada com borda preta, contendo os dizeres “INVASÕES TÁTICAS” em letras pretas na parte superior; e na parte inferior possui caixa alta na cor preta com letras “ASSAULT” vasadas na cor dourada, a silhueta do alvo preto de borda vermelha com a sua parte central na cor branca, uma caveira branca de boina preta, uma espada de cor cinza e de cabo cinza, uma arma Submetralhadora, uma asa aberta dourada.

Dois cursos de Invasões Táticas foram realizados sob o comando do tenente-coronel Silvio César Aragão, em 2009 e 2010, respectivamente.

  • BREVÊ DO CURSO DE CONTRATERRORISMO E OPERAÇÕES ANTIBOMBAS

IMAGENS 63, 64 e 65 – BREVÊ DO CURSO DE CONTRATERRORISMO E OPERAÇÕES ANTIBOMBAS:

Fonte: acervo do autor: imagem 63: representação gráfica do brevê; imagem 64: Brevê de metal; imagem 65: Brevê de borracha.

O brevê do Curso de Contraterrorismo e Operações Antibombas é concedido àqueles que concluem curso. Foi instituído pela Portaria nº 022/2010, de abril de 2010 e sua respectiva heráldica, conforme BGO nº 067 de 22 de abril de 2010:

Art. 1º Fica normatizado o brevê do Curso de Contraterrorismo e Operações Antibombas da Polícia Militar do Estado de Sergipe (PMSE).

Art. 2º O brevê do Curso de Contraterrorismo e Operações Antibombas da Polícia Militar consiste de um modelo em losango, com um fundo preto, com a seguinte configuração interna:

I – ramos dourados: bravura e vitória;

II – raios: velocidade e ação de choque;

III- artefato explosivo industrializado (EOD) – símbolo internacional;

VI – O fundo preto representa as unidades de Operações Especiais;

  • BREVÊ DO CURSO DE ATIRADOR DESIGNADO POLICIAL – CADP

IMAGEM 66 e 67: BREVÊ DO CURSO DE ATIRADOR DESIGNADO POLICIAL – CADP

Fonte: acervo do autor: imagem 66: Brevê de metal; imagem 67: Brevê de borracha.

O brevê do curso de atirador designado policial é concedido àqueles que concluem curso. Foi instituído em 2024. Sua respectiva heráldica:

§ 1°. O brevê do Curso de Atirador Designado Policial (CADP) da Polícia Militar consiste em um modelo em elipse, com fundo preto.

§ 2°. Dentro da elipse, temos:

I – Os fuzis com luneta (cinza): representando o armamento utilizado pelo Atirador Designado Policial (ADP), que estão cruzados formando uma barreira protetora da sociedade;

II – O retículo (vermelho): simbolizando a precisão das ações policiais;

III – A identificação da função Atirador Designado (cinza);

IV – A identificação da Organização Militar que realizou o curso, PMSE (cinza);

V – O fundo preto: representa a unidade de Operações Especiais, que promove o curso;

§ 3°. O Brevê do Curso de Atirador Designado Policial (CADP) será confeccionado da seguinte forma:

I – Brevê em metal, medindo no sentido horizontal 5,5 cm (cinco centímetros e meio) e no sentido vertical 4,0 cm (quatro centímetros);

II – Brevê emborrachado, medindo no sentido horizontal 8,0 cm (oito centímetros) e no sentido vertical 4,5 cm (quatro centímetros e meio);

§ 4°. A posse do brevê do Curso de Atirador Designado Policial (CADP) será franqueada aos policiais militares que concluíram o curso supracitado.

§ 5°. O brevê do Curso de Atirador Designado Policial (CADP) será utilizado pelos seus portadores, de acordo com o Regulamento de Uniforme da Polícia Militar do Estado de Sergipe.

  • MEDALHA DE MÉRITO OPERAÇÕES ESPECIAIS

IMAGENS 68 e 69 – MEDALHA DE MÉRITO OPERAÇÕES ESPECIAIS:

Fonte: acervo do autor: imagem 68: representação gráfica do brevê (anverso); imagem 69: representação gráfica do brevê (verso).

A Medalha “Mérito Operações Especiais” na Polícia Militar do Estado de Sergipe – PMSE, instituída pelo Decreto Estadual nº 29.986 de 22 de abril de 2015, tem o objetivo de condecorar personalidades da Polícia Militar; do Corpo de Bombeiros Militar; das Forças Armadas; e de Instituições Públicas e Privadas que tenham contribuído de forma relevante na prestação de serviços à sociedade sergipana, através de ações integrando o Batalhão de Operações Especiais, ou ainda, auxiliando esta de modo que suas ações signifiquem grandes feitos para a PMSE.

Heráldica: 

a) O punhal cravado na Caveira: representa a honra, a coragem, o destemor dos integrantes dos grupos de elite diante do perigo, em busca da “vitória sobre a morte”, ou seja, superação e vitória frente às missões mais arriscadas que o combatente Caveira venha a enfrentar;

b) Garruchas cruzadas atrás da caveira: as garruchas são consideradas o símbolo das Polícias Militares do Brasil;

c) Raios cruzados: simbolizam a destreza, agilidade e rapidez necessária a um combatente de Operações Especiais.

Os brevês e medalhas, diferentemente dos uniformes e brasão de armas, não sofreram alteração desde sua criação, permanecendo tanto seu design quanto as representações gráficas.

10. Estrutura organizacional do BOPE/PMSE

O Batalhão de Operações Especiais-BOPE foi instituído em 2025 e teve sua estrutura organizacional normatizada pela portaria nº 012/2025-GCG do comandante-geral da Polícia Militar de Sergipe, coronel Alexandro Ribeiro de Souza, no BGO 047 de 12 de março de 2025.

De acordo com a supracitada portaria, a elevação a BOPE aconteceu com o objetivo

de melhor atender à sociedade no que diz respeito ao: 

 […]atendimento de ocorrências de crise com reféns, o cumprimento de mandados de alto risco, ocorrências envolvendo explosivos, as modalidades criminosas como domínio de cidades, narcoterrorismo e as facções demandam uma tropa especializada, com capacidade operacional pautada em excelência no treinamento, na utilização de equipamentos específicos e material humano devidamente selecionado; Considerando que, diante de novas demandas, a Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE) necessita de maior organização funcional e estrutural para atender de forma satisfatória os anseios de segurança da sociedade sergipana. (PMSE: BGO 047 de 2025 – Pág. 1234)

Ainda conforme a portaria nº 012/2025-GCG, o Batalhão de Operações Especiais ficou subordinado ao Comando de Policiamento Militar Especializado-CPME e com a seguinte organização: 

Representação gráfica do Brasão de Armas do BOPE:

I – Comandante (prerrogativa de oficial do posto de Tenente-Coronel ou Major, preferencialmente possuidor de Curso de Operações Especiais, Curso de Ações Táticas Especiais, Curso de Técnico Explosivista Policial ou Curso de Negociador Policial); 

II – Subcomandante; 

III– Estado Maior; 

IV– Ajudância; 

V– Pelotão de Comando e Serviços – PCSv; 

VI– 1° CIA – CIA DE INTERVENÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – CIOE; 

VII– 2° CIA – ESQUADRÃO ANTIBOMBAS; 

VIII – 3° CIA – SNIPERS; 

IX – 4° CIA – NEGOCIAÇÃO. 

§2º O Estado Maior do BOPE será composto por cinco Seções, são elas: 

I – (P/1) – Pessoal; 

II – (P/2) – Inteligência; 

III – (P/3) – Operação e Instrução; 

IV – (P/4) – Logística; 

V – (P/5) – Comunicação Social. 

§3º Dadas as peculiaridades das atividades desenvolvidas, o BOPE resta caracterizada como uma tropa de Operações Especiais de pronto emprego. 

Art. 3º A área de atuação do BOPE abrange todo o Estado de Sergipe. 

Art. 4º A Sede do BOPE será no Quartel situado à Avenida Gonçalo Prado Rolemberg, nº 1146, Bairro Centro, CEP nº 49010-450, na Cidade de Aracaju/SE. 

Art. 5º Em virtude das diferentes demandas operacionais de uma tropa de Operações Especiais, o BOPE terá a previsão regulamentar de dois modelos de uniforme operacional.

Um deles será o digitalizado desert para as missões rurais e urbanas, ficando o tradicional uniforme preto para as missões de resgate de reféns ou outras em que for verificada a melhor adequabilidade de tal uniforme. As especificações encontram previsão no Regulamento de Uniformes (RUPM) da PMSE. 

Art. 6º A plotagem das viaturas operacionais do BOPE será na cor preto fosco. 

Art. 7º As atividades operacionais do BOPE serão regulamentadas por meio do Plano de Emprego Operacional, o qual deverá ser previamente aprovado pelo Comandante do Comando do Policiamento Militar Especializado (CPME) e pelo Comandante-geral da PMSE. 

Art. 8º A entrada e a composição do efetivo no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) se dará de três maneiras, a seguir: 

§1º Para atuação na Companhia de Intervenção de Operações Especiais – CIOE, o policial militar que tenha concluído com êxito um dos cursos elencados abaixo, sejam eles ofertados pela PMSE ou por instituição coirmã, deverá apresentar certificado de conclusão no ato da sua apresentação no BOPE: 

a) Curso de Operações Especiais (COEsp); 

b) Curso de Ações Táticas Especiais (CATE); 

§2° Para atuação na CIA: 

a) Esquadrão antibombas, possuir curso de técnico explosivista ou operações antibombas; 

b) Negociadores, possuir curso de Negociador; 

c) Snipers, possuir Curso de Atirador Policial de Precisão. 

§4º Para as atividades administrativas e de guarda patrimonial da unidade, o Policial deve ser voluntário e gozar de bons antecedentes. 

§5° Todos os integrantes do BOPE devem passar anualmente por inspeção de saúde, teste de aptidão física e técnica, que será regulado pela Seção de Instrução Especializada.

A elevação da Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE a Batalhão de Operações Especiais – BOPE é um avanço importante para a segurança pública de Sergipe, demonstrado na própria estrutura organizacional da unidade um arcabouço mais robusto e descentralizado que permite o atendimento especializado, no que diz respeito às ocorrências de alta complexidade.

O comandante do Batalhão de Operações Especiais-BOPE/PMSE, major QOPM Weniston Queiroz Sousa de Góes, salientou a importância do BOPE para o estado de Sergipe: 

Ser comandante de uma unidade tão respeitada e essencial para a segurança pública é, sem dúvida, uma das maiores realizações de minha carreira. O BOPE, agora elevado a esse status, é considerado a “última ratio”, ou seja, a última alternativa da PMSE quando enfrentamos ocorrências de alta complexidade. E essa responsabilidade que nos é confiada é, ao mesmo tempo, um imenso desafio e um grande privilégio. O reconhecimento e a confiança depositados nesta unidade são fruto do comprometimento, coragem e da excelência de cada integrante que fez e que faz parte do BOPE. Cada operação, cada missão cumprida, reforça o nosso compromisso em garantir a segurança da população sergipana, sempre respeitando a lei e a ordem, com total profissionalismo. O BOPE é reconhecido por seu efetivo altamente especializado, no qual cada militar deve completar cursos específicos e intensivos, visando garantir a capacidade de atender as mais diversas ocorrências de alta complexidade, como assaltos a bancos, crises com reféns, situações envolvendo suicidas, entre outras.  O alicerce fundamental do BOPE repousa em três pilares essenciais: TREINAR, DAR TREINAMENTO e OPERAR. A constante atualização e especialização de nossos militares garantem que estejamos sempre preparados para agir de forma eficaz e segura em situações extremas, buscando sempre a excelência no atendimento às demandas da sociedade sergipana e a preservação da ordem pública. ”. (Major QOPM Weniston, em entrevista para esse artigo, em 2025).                    

11. Comandantes do BOPE – de 1996 a 2025

Em 12 de março de 2025, a Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE foi elevado à condição de Batalhão de Operações Especiais – BOPE, conforme BGO 047 desse mesmo ano. Durante esse processo histórico de evolução alguns Oficiais da Polícia Militar comandaram a unidade. 

Abaixo, estão listados em ordem cronológica, os comandantes do BOPE no período compreendido ente 1996 e 2025, conforme pesquisa nos Boletins Gerais Ostensivos da Polícia Militar de Sergipe:

QUADRO 1: COMANDANTES DO BOPE/PMSE

Fonte: acervo do autor.

12. Considerações Finais

Resgatar a história é, sobretudo, construir memórias. É oportunizar o conhecimento do que se viveu no passado para que o presente perfectível seja concretizado de modo a proporcionar bases para o futuro. A história não contada acarreta grandes feitos esquecidos, são experiências apagadas de um passado com potencialidade de transformar o futuro.

Aí reside a importância de registrar a história das Operações Especiais em Sergipe, para que a lembrança das missões cumpridas, com zelo e com dedicação pelos operadores do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Sergipe, seja passada às gerações futuras como exemplo de dedicação diuturna daqueles que se empenharam para o bem comum.

Além disso, a reunião de dados históricos feita por meio de entrevistas, pesquisas, catalogação de notícias, imagens e documentos contribuirá tanto para a comunidade acadêmica, ao envolver estudos e pesquisas sobre a PMSE e sobre o BOPE no âmbito das Operações Especiais em Sergipe, quanto para a área de segurança pública, ao auxiliar no planejamento de ações que necessitem de dados históricos.

Desse modo, este trabalho contribuirá sobremaneira, sendo o primeiro registro formal da história das Operações Especiais em Sergipe, trazendo informações narradas por meio de documentos, clipagens jornalísticas, portarias, decretos e entrevistas que comprovam a veracidade de cada fato descrito. 

Ainda há muito para contar. Este é apenas um breve relato!

13. Agradecimentos

A gratidão é direcionada àqueles cujos ideais de manter viva a doutrina de Operações Especiais em Sergipe nasceu e floresceu. Homens que colocaram sua força, determinação e sua fé em servir de forma completa à sociedade, treinando e buscando chegar perto daquilo que podemos chamar, modestamente, de policial completo. E não satisfeitos, buscaram resgatar o que por anos esteve escondido. 

Trazer à luz aquilo que esteve no escuro não foi uma tarefa fácil, e, não seria possível sem a força de vontade dos Caveiras da PMSE. Em especial, o Caveira 50 do Distrito Federal – cabo Silva Santos, e o Caveira 40 de Goiás – cabo André. Eles iniciaram um movimento de resgate que frutificará, trará novo sangue para as Operações Especiais em Sergipe, por meio de seus exemplos enquanto pessoas, policiais e Caveiras. A ideia nasceu deles, apenas ajudei a executar.

Meu agradecimento, de forma mais especial, será direcionado ao saudoso Caveira 18, o primeiro Caveira de Sergipe, formado no BOPE da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a quem eu tive a honra de conhecer intimamente e estabelecer uma amizade que me motivou a escrever esse artigo. O sub-tenente Domingos, que carregou a numérica: Caveira 18, à primeira vista me pareceu um homem tão comum quanto meu pai. Sua aparência estava fora daquilo que eu imaginava, por estereótipo, ser um Caveira. Mas, suas primeiras palavras me convenceram da grandiosidade de sua alma, e suas ações até o dia de sua morte, me deram a certeza dessa grandeza. O Caveira 18 é a motivação de cada letra ter sido colocada no papel. E é também a inspiração de qualquer tarefa realizada por mim nesse nicho.

Meus agradecimentos!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Alberto. Cultura, territorialização e territorialidade da Tropa de Elite da Polícia Militar do Tocantins – CIOE-PMTO. 2021. 178f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Cultura e Território) – Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, 2021.

BGO nº 045 de 12 de março de 1996 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Criação do Comando de Operações Especiais – COE.

BGO nº 226 de 28 de dezembro de 1998 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Inscrições para o Segundo Curso de Operações Especiais.

BGO nº 002 de 06 de janeiro de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Designação do Comandante e Subcomandante do Comando de Operações Especiais – COE.

BGO nº 017 – 29 de junho de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Relação de candidatos inscritos no Segundo Curso de Operações Especiais e convocação para o Teste de Aptidão Física.

BGO nº 027 – 12 de fevereiro de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Resultado do Teste de Aptidão Física.

BGO 036 – 02 de março de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Convocação para matrícula no Segundo Curso de Operações Especiais.

BGO nº 152 – 23 de agosto de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Inscrições para o Terceiro Curso de Operações Especiais.

BGO nº 182 – 07 de outubro de 1999 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Relação de candidatos inscritos no Terceiro Curso de Operações Especiais e convocação para o Teste de Aptidão Física.

BGO nº 006 – 10 de janeiro de 2000 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Relação de candidatos aprovados para o Terceiro Curso de Operações Especiais.

BGO nº 046 – 13 de março de 2000 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Início do Terceiro Curso de Operações Especiais.

BGO nº 062 e nº 067 – 05 de abril de 2000 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Matrícula no Terceiro Curso de Operações Especiais.

BGO nº 115 – 27 de junho de 2000 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe.

Ata de encerramento do Terceiro Curso de Operações Especiais.

BGO nº121 – 06 de agosto de 2020 – Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Sergipe. Estabelece o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe-RUPM

BRASIL. Portaria Normativa nº 003/2020-GCG, 06 de agosto de 2020. Estabelece o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Sergipe – RUPM

CORREIA, André. Forças Especiais do Brasil: sua importância e seus valores.

https://eblog.eb.mil.br. Disponível em: https://eblog.eb.mil.br/index.php/menueasyblog/forcas-especiaisdo-brasil-sua-importancia-e-seus-valores.html#:~:text=No%20Brasil%2C%20a%20origem%20das,o%20invasor%20e%20mante r%20a. Acesso em 01/02/2024.

DOESE nº 27.199 – 23 de abril de 2015. INSTITUIÇÃO DA MEDALHA DE MÉRITO OPERAÇÕES

ESPECIAIS. www.ioese.se.gov.br. Disponível em: https://iose.se.gov.br/portal/visualizacoes/jornal/97/#/e:907. Acessado em: 01/02/2024.

FAN, Ricardo. BOPE completa 37 anos. www.defesanet.com.br. Disponível em: https://www.defesanet.com.br/sof/bope-completa-37-anos/. Acesso em 02/02/2024.

SANTOS, Gilmar Luciano. Como vejo a crise: gerenciamento de ocorrências policiais de alta complexidade. Belo Horizonte: Probabilis Assessoria, 2009.

SANTOS, Irlan Massai Calaça. CURSO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS: Um estudo sobre o processo de seleção do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do estado de Sergipe. Monografia. Escola Judicial do Estado de Sergipe, 2023.

SILVA, João Paulo Fiuza da. COMO NASCE UM CAVEIRA: o Sofrimento como instrumento na formação de um policial de Operações Especiais de uma Corporação policial militar do Brasil.

O Alferes, Belo Horizonte, 75 (29): 98-119, jul/dez. 2019.

GLOSSÁRIO

BGO – Boletim Geral Ostensivo
BPChoque – Batalhão de Policiamento de Choque
BPATI – Batalhão de Polícia de Ações Táticas do Interior
CATE – Curso de Ações Táticas Especiais
Cel – Abreviação da palavra: Coronel
CIOE – Companhia Independente de Operações Especiais
COE – Comando de Operações Especiais
COEsp – Curso de Operações Especiais
CPChoque – Companhia de Policiamento de Choque
OE – Operações Especiais
PM – Polícia Militar
PMSE – Polícia Militar de Sergipe
PMERJ – Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro


1Jornalista,   Bacharela em Direito pela Faculdade de Aracaju – Facar
2Graduando em Direito pela Faculdade de Administração e Negócios – Fanese