AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS RELACIONADOS AO ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO ESTADO DO PIAUÍ

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10070744


Lorena Carvalho Menezes¹
Thiago Miranda Santos De Lima Costa¹
Prof. Esp. Maurílio Batista Lima²


RESUMO

O álcool e as substâncias psicoativas em geral estão presentes desde os primórdios da humanidade. Na contemporaneidade, com a fácil acessibilidade do álcool e substâncias, e o sentimento de busca por prazer intrínseco do ser humano, o consumo do álcool tem se tornado cada vez mais crescente e precoce pela população. Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a prevalência de transtornos mentais relacionados ao uso de álcool e substâncias no estado do Piauí, no período de 2016 a 2021. Isso envolve definir o perfil epidemiológico das internações por esses transtornos. Este é um estudo epidemiológico, do tipo ecológico e de abordagem quantitativa com envolvimento da base de dados secundários do DATASUS. Durante o período de 2016 a 2021, o estado do Piauí registrou um total de 5.166 internações relacionadas a transtornos mentais e comportamentais associados ao consumo de álcool e substâncias psicoativas. A maioria das internações envolveu indivíduos pardos, com Teresina sendo o município com o maior número de casos. Homens foram mais afetados do que mulheres, tanto em internações quanto em óbitos. Essas internações resultaram em custos consideráveis, com Teresina apresentando os custos mais elevados.A pesquisa revelou um cenário preocupante no estado do Piauí, caracterizado pelo elevado número de internações ao longo dos anos de estudo. Os dados epidemiológicos destacam tendências inquietantes, como a predominância de pacientes pardos, uma concentração significativa de internações em Teresina e os custos substanciais associados a essas hospitalizações.

Palavras-chave: Estudo epidemiológico; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Saúde mental.

ABSTRACT

Alcohol and psychoactive substances in general have been present since the beginning of humanity. In contemporary times, with the easy accessibility of alcohol and substances, and the feeling of seeking intrinsic human pleasure, alcohol consumption has become increasingly increasing and premature among the population. This research’s main objective is to analyze the prevalence of mental disorders related to the use of alcohol and substances in the state of Piauí, from 2016 to 2021. This involves defining the epidemiological profile of hospitalizations for these disorders. This is an epidemiological, ecological study with a quantitative approach involving the DATASUS secondary database. During the period from 2016 to 2021, the state of Piauí recorded a total of 5,166 hospitalizations related to mental and behavioral disorders associated with the consumption of alcohol and psychoactive substances. The majority of hospitalizations involved brown individuals, with Teresina being the municipality with the highest number of cases. Men were more affected than women, both in terms of hospitalizations and deaths. These hospitalizations resulted in considerable costs, with Teresina presenting the highest costs. The research revealed a worrying scenario in the state of Piauí, characterized by the high number of hospitalizations throughout the years of study. Epidemiological data highlight disturbing trends, such as the predominance of brown patients, a significant concentration of hospitalizations in Teresina and the substantial costs associated with these hospitalizations.

Keywords: Epidemiological study; Substance-Related Disorders; Mental health.

1. INTRODUÇÃO

O álcool e as substâncias psicoativas em geral estão presentes desde os primórdios da humanidade, segundo Savater, (2000) “A história das drogas é tão longa quanto à da humanidade e paralela a esta, sendo específico de quem tem consciência querer experimentar com a consciência”. Estas substâncias, como por exemplo a cannabis, foram difundidas pelo mundo com a ascensão das grandes navegações e o surgimento da sociedade colonial. Na contemporaneidade, com a fácil acessibilidade do álcool e substâncias, e o sentimento de busca por prazer intrínseco do ser humano, o consumo do álcool tem se tornado cada vez mais crescente e precoce pela população (TORCATO, 2016).

O álcool e outras substâncias psicoativas, como a cafeína, nicotina, maconha (THC), cocaína, heroína, ecstasy, LSD, entre outros, agem de forma depressora no Sistema Nervoso Central, além de atingir diversos órgãos, como fígado, coração, vasos e parede do estômago. Durante a ingestão do álcool, há uma inibição do glutamato (neurotransmissor excitatório) e um aumento na liberação do GABA (neurotransmissor inibitório). Inicialmente, o usuário pode sentir sintomas de euforia leve, e depois, tonturas, ataxia, falta de coordenação motora, confusão e desorientação, podendo atingir estupor e até mesmo o coma (KASPER; LONGO 2020).

De acordo com um estudo realizado pelo IBGE (2020), a maior proporção de pessoas que beberam pelo menos uma vez na semana foi de adultos com 25 a 39 anos (31,5%), seguida de perto por jovens de 18 a 24 anos (30,4%), e entre as mulheres, constatou-se um maior rendimento quando comparado aos homens, com um aumento de 4,1 pontos percentuais maior do que eram em 2013 (12,9%). Concomitante ao aumento do consumo de álcool, existe uma maior incidência dos transtornos mentais, o referido estudo, ainda nesta tangente, relatou o aumento do diagnóstico de depressão, segundo a PNS, houve um aumento de 2,6 pontos percentuais em relação a 2013, sendo o sexo feminino o que apresentou maior prevalência: 14,7%, contra 5,1% dos homens.

É relevante estabelecer definições para alguns conceitos, notadamente as Substâncias Psicoativas (SPA), que têm a capacidade de induzir alterações nas sensações, no estado de consciência e no estado emocional de indivíduos quando consumidas. Essas substâncias também se enquadram na categoria de psicotrópicas, termo que se refere ao efeito agradável que exercem sobre o cérebro, o que pode levar ao uso excessivo ou ao desenvolvimento da dependência. É crucial salientar que, do ponto de vista da saúde, muitas substâncias lícitas, como o álcool, podem ser igualmente prejudiciais. No contexto das substâncias proibidas por lei, como a maconha, a cocaína e o crack, são comumente denominadas como “drogas” no discurso cotidiano (ZEFERINO et al., 2015).

Quanto aos transtornos mais prevalentes ao uso de substâncias psicoativas estão o transtorno de ansiedade (agorafobia, fobia social, transtorno de pânico), do humor (depressivos e bipolares), da personalidade (borderline, antissocial e esquizotípica), esquizofrenia, transtornos da alimentação e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (BRASIL, 2017).

Para Louzã et al. (2011), a internação é indicada como intervenção em casos de crise, a fim de reduzir risco de suicídio ou violência, tratar transtornos mentais comórbidos (como depressão ou episódios psicóticos breves), tratar comportamentos caóticos que coloquem o paciente ou a aliança terapêutica em crise, dar tempo para estabilizar novos medicamentos, rever o diagnóstico e o plano de tratamento e avaliar os riscos submetidos ao paciente.

Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a prevalência de transtornos mentais relacionados ao uso de álcool e substâncias no estado do Piauí, no período de 2016 a 2021. Isso envolve definir o perfil epidemiológico das internações por esses transtornos.

2. METODOLOGIA

Este é um estudo epidemiológico, do tipo ecológico e de abordagem quantitativa, que investiga pacientes internados devido ao uso de álcool e substâncias psicoativas no Piauí de 2016 a 2021, analisando regiões de saúde do estado. Os dados de internações foram obtidos do DATASUS, organizados no Microsoft Excel e apresentados em tabelas.

O estudo não envolveu riscos significativos, pois usou dados anonimizados. Os benefícios incluem a compreensão do perfil clínico e epidemiológico dos pacientes internados e podem informar políticas de saúde pública. O estudo incluiu internações devido ao uso de álcool e substâncias psicoativas, no período de 2016 a 2021, no estado do Piauí. Não foi necessário o registro em Comitê de Ética em Pesquisa, devido à natureza pública e anonimizada dos dados do DATASUS.

3. RESULTADOS

No presente estudo, constatou-se que no Piauí houveram 5.166 internações por transtornos mentais e comportamentais relacionados ao álcool e substâncias entre os anos de 2016 a 2021.

A tabela 1 apresenta dados quanto à internação e óbito de acordo com a cor/raça. Observa-se que 85,6% dos pacientes internados eram da cor parda, sendo o município de Teresina responsável por 65,3% das internações, já quando analisados os óbitos pela cor/raça, 75% foram pessoas pardas, 16 no total, e Teresina representou 12,5% (parda) deste valor. Em contrapartida, Parnaíba apresentou o valor de 25,0% de óbitos, (parda) o dobro em relação a Teresina, mesmo com o número de internações inferior quando comparado com Teresina.

Tabela 1 – Internações e óbitos por cor/raça decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido o uso de álcool e outras substâncias psicoativas entre os anos de 2016 à 2021

RaçaInternações%Óbitos%
Branca641,24
Preta891,7
Parda4.42185,61275
Amarela911,76
Sem informação5019,7425
Total5.16610016100

Fonte: DATASUS, 2023.

O sexo masculino foi o mais acometido e está representado na tabela 2, sendo responsável por 85,8% das internações, bem como 93,75% dos óbitos.

Tabela 2 – Internações e óbitos por sexo decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido o uso de álcool e outras substâncias psicoativas entre os anos de 2016 à 2021

SexoInternações%Óbitos%
Masculino4.43185,81593,75
Feminino73514,216,25
Total5.16610016100

Fonte: DATASUS, 2023.

Quanto a idade (tabela 3), notou-se que o maior número de internações foram os pacientes entre 30 à 34 anos, refletindo em 16% do valor total, já a faixa etária com mais óbitos foi entre 50 à 54 anos (25,0%), sendo a cidade de Parnaíba a maior contribuinte para esse valor, com 2 óbitos (50,0%).

Tabela – 3 Internações e óbitos por faixa etária decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido o uso de álcool e outras substâncias psicoativas entre os anos de 2016 à 2021

Idade (em anos)Internações%Óbitos%
< 130,06
1 – 470,135
5 – 940,077
10 – 14310,60
15 – 193075,942
20 – 244929,524212,5
25 – 2963312,253212,5
30 – 3483016,066212,5
35 – 3981615,795318,75
40 – 4462512,1
45 – 495129,910
50 – 543877,491425,0
55 – 592504,8416,25
60 – 641462,82616,25
65 – 69681,31616,25
70 – 74340,66
75 – 7980,154
> ou = 80130,251
Total5.16610016100

Fonte: DATASUS, 2023.

Estes transtornos decorrentes do uso de álcool e outras substâncias geraram gastos totais de R$ 4.139.432,48, representado na tabela 4. A cidade de Teresina obteve os maiores custos, com R$ 3.873.680,63 (93,58%).

Tabela 4 – Valor de serviços hospitalares segundo Município decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido o uso de álcool e outras substâncias psicoativas entre os anos de 2016 a 2021

MunicípioValor serviços hospitalares
Agricolandia33,34
Alagoinha do PI110,33
Alto Longa220,66
Altos220,66
Amarante8.296,42
Barras1.151,30
Bom Jesus4.907,95
Campo Maior1.223,30
Canto do Buriti805,65
Castelo do PI3.460,23
Cocal520,35
Curimata310,79
Demerval Lobão110,33
Esperantina41,34
Floriano7.964,36
Guadalupe441,32
Ipiranga do PI66,68
Itaueira340,24
Luis Correia181,36
Miguel Alves1.654,95
Monsenhor Hipolito110,33
Oeiras374,79
Parnaiba210.919,52
Paulistana1.190,26
Picos3.036,31
Piracuruca1.008,14
Sao Miguel do Tapuio1.544,62
Teresina3.873.680,63
União478,46
Uruçui14.554,54
Valença do PI473,32
Total4.139.432,48

Fonte: DATASUS, 2023.

Um dado significativo, demonstrado na tabela 5, refere-se à incidência ano/mês processamento. Dos 5166 pacientes, 992 foram internados em 2019 (19,20%), sendo o ano com o maior número de internações. Vale destacar que o mês de novembro foi o mês com a maior prevalência entre os anos de 2016 à 2021, apresentando 484 pacientes internados (9,37%) e o menor foi abril, com 336 pacientes (6,50%).

Tabela 5 – Internações por ano/mês processamento decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido o uso de álcool e outras substâncias psicoativas entre os anos de 2016 à 2021

AnoJ A NF E VM A RA B RM A IJ U NJ U LA G OS E TO U TN O VD E ZTotal%
201659503942597772715955457870613,67
201774537261767363747965836683916,24
201887617968727882826879867691817,77
2019888874567186819283801098499219,20
202093836948525264555760597176314,77
2021789561617955818177901028894818,35

Fonte: DATASUS, 2023.

Em síntese, o período de 2016 a 2021, foram registradas 5.166 internações relacionadas a transtornos mentais e comportamentais associados ao uso de álcool e substâncias no estado do Piauí. A maioria das internações envolveu pessoas pardas (85,6%), com a cidade de Teresina contribuindo com a maior parte delas (65,3%). Quando se tratam dos óbitos, 75% foram de indivíduos pardos, sendo Teresina responsável por 12,5% dessas mortes, enquanto Parnaíba representou 25,0%.

Os homens foram mais afetados, com 85,8% das internações e 93,75% dos óbitos. Em relação à faixa etária, a maior proporção de internações ocorreu na faixa dos 30 a 34 anos (16%), e a faixa de 50 a 54 anos teve a maior taxa de mortalidade (25,0%), com Parnaíba contribuindo significativamente para esse número.

As internações por esses transtornos resultaram em custos totais de R$ 4.139.432,48, com a cidade de Teresina tendo os custos mais elevados, representando 93,58% do total. Além disso, destacou-se que o ano de 2019 teve o maior número de internações, com 992 casos (19,20%). Novembro foi o mês com o maior número de internações ao longo dos anos, com 484 pacientes (9,37%), enquanto abril teve o menor número, com 336 pacientes (6,50%).

4. DISCUSSÃO

Conforme demonstrado neste estudo, merece destaque a prevalência do diagnóstico de transtornos mentais e comportamentais atribuídos ao uso de substâncias psicoativas no estado do Piauí. Isso, de acordo com Finlay (2015) e Scisleski, Maraschin e Silva (2008) se configura como uma questão de saúde pública significativa, devido ao potencial impacto nos gastos governamentais destinados à assistência em saúde de nível terciário, nas dinâmicas familiares e nos domínios ocupacionais e sociais. É relevante enfatizar a importância da detecção precoce desse transtorno, bem como a aderência ao tratamento, uma vez que muitos indivíduos que fazem uso de drogas, por variados motivos, manifestam interesse em buscar ajuda clínica e psicoterapêutica para lidar com os transtornos associados ao consumo de substâncias psicoativas.

Os anos de vida perdidos devido ao consumo de substâncias psicoativas estão fortemente associados à incapacidade, e não necessariamente à mortalidade. Globalmente, o uso de drogas psicoativas ocupa a segunda posição na classificação de causas de incapacidade desde 1990, ficando atrás apenas dos transtornos músculo-esqueléticos. No entanto, no contexto brasileiro, essas substâncias já se estabeleceram como a principal causa de incapacidade, superando todas as demais (VOS et al., 2015).

Um estudo realizado por Bahorik, Newhill e Eack (2013) aponta que pessoas que fazem uso de drogas psicoativas apresentam maiores prejuízos em relação à condição clínica e maiores dificuldades relacionadas ao tratamento, logo pode estar refletido em uma maior necessidade de internações por parte desses pacientes, em consequências ao agravamento de seus transtornos psicopatológicos e assim aumentando estes indicadores (BAHORIK; NEWHILL; EACK, 2013).

Muitos destes transtornos apresentam uma alta prevalência do uso de substâncias psicoativas por parte dos pacientes, como o álcool, cannabis, cocaína e seu derivados. Estudos feitos em diferentes países nos últimos 30 anos também documentaram prevalentes e fortes associações entre o transtorno mental e o transtorno por uso de substâncias psicoativas (SCHEFFER; PASA; ALMEIDA, 2010).

É importante ressaltar que, dentre as diversas substâncias psicoativas, o consumo prejudicial do álcool representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. Essa questão está intrinsecamente ligada a uma substancial carga de morbidade, uma vez que estudos epidemiológicos já demonstraram uma relação de causa/consequência entre a quantidade e os padrões de consumo de álcool e a incidência de doenças cardiovasculares (ROERECKE; REHM,2012; KLATSKY, 2015).

Destaca-se que, historicamente, o envolvimento com substâncias psicoativas era mais prevalente entre os homens. No entanto, à medida que o papel social das mulheres evoluiu ao longo do tempo, resultando em um aumento significativo no envolvimento delas com essas substâncias. Esse aumento pode ser atribuído, em parte, à influência da mídia, que muitas vezes associa o uso de substâncias psicoativas à ideia de beleza, riqueza e sucesso profissional. Atualmente, o envolvimento com essas substâncias não se restringe a um gênero específico, demonstrando-se uma questão diversificada e multifacetada (MONTEIRO et al., 2018).
Neste estudo, abordamos a preocupante prevalência de transtornos mentais e comportamentais associados ao uso de substâncias psicoativas no estado do Piauí, destacando seu impacto na saúde pública. Discutiu-se também, a relevância da detecção precoce desses transtornos e da adesão ao tratamento, reconhecendo o interesse de muitos usuários de substâncias psicoativas em buscar ajuda clínica e psicoterapêutica.

5. CONCLUSÃO

A pesquisa revelou um cenário preocupante no estado do Piauí, caracterizado pelo elevado número de internações ao longo dos anos de estudo. Os dados epidemiológicos destacam tendências inquietantes, como a predominância de pacientes pardos, uma concentração significativa de internações em Teresina e os custos substanciais associados a essas hospitalizações.

Além disso, os resultados demonstram uma maior prevalência desses transtornos em homens, embora haja um aumento notável na participação das mulheres. É fundamental ressaltar que o ônus da morbidade relacionada ao consumo prejudicial de álcool representa um desafio considerável para a saúde pública no Brasil, contribuindo para o aumento das doenças cardiovasculares. Essa constatação enfatiza a importância de estratégias preventivas e de intervenções terapêuticas precoces.

O estudo também aponta para a urgente necessidade de ações direcionadas à detecção precoce e ao apoio ao tratamento desses transtornos, dada a disposição de muitos usuários de substâncias psicoativas em buscar auxílio clínico e psicoterapêutico. Considerando que a incapacidade resultante do uso de substâncias psicoativas supera a mortalidade, fica evidenciada a importância de abordagens multidisciplinares e políticas de saúde pública eficazes para enfrentar esse desafio complexo.

Compreender os fatores associados a esses transtornos e promover a educação e a conscientização são elementos cruciais para mitigar o impacto dessas condições na sociedade. No contexto das políticas de saúde, esses achados podem direcionar a alocação de recursos e o desenvolvimento de estratégias que respondam de maneira mais eficaz a essa questão de saúde pública. Enfrentar esse problema requer o comprometimento contínuo de profissionais de saúde, formuladores de políticas e a sociedade como um todo.

REFERÊNCIAS

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¹Bacharel em Medicina – Área de concentração: Epidemiologia.
Centro Universitário Uninovafapi.

²Orientador
Centro Universitário Uninovafapi.