AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PRODUTORES RURAISATUANTES NA EQUINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE NOVAIGUAÇU, COM ÊNFASE EM MORMO E ANEMIA INFECCIOSA EQUINA

EVALUATION OF THE KNOWLEDGE OF RURAL PRODUCERS WORKING IN EQUINOCULTURE IN THE MUNICIPALITY OF NOVA IGUAÇU, WITH EMPHASIS ON GARDENS AND EQUINE INFECTIOUS ANEMIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501162223


Nathália de Almeida Tavares
Ana Carolina do Nascimento Deboni
Irlando José Gomes de Sousa Junior
Júlia Nascimento Estevam
Marcella dos Santos Marins
Thaissa Guimarães Assem
Thuane de Aguiar Porn1
Marina Jorge de Lemos2
Daniela Mello Vianna Ferrer3
Liana Villela de Gouvêa4


Resumo 

A equinocultura faz parte do agronegócio brasileiro, onde o cavalo é um animal muito utilizado em oportunidades de negócios, lazer e saúde. Para que estes animais tenham o desempenho esperado em suas atividades, são necessários cuidados especiais na sanidade; principalmente quanto a doenças como mormo e anemia infecciosa equina (AIE), pois ambas são doenças infecciosas. Sendo assim, com este trabalho foi possível avaliar o conhecimento dos produtores rurais atuantes na equinocultura no município de Nova Iguaçu–RJ acerca de doenças e manejo sanitário. O experimento foi realizado no período de fevereiro a setembro de 2024 no município de Nova Iguaçu. Para a presente pesquisa foi realizado um levantamento dos produtores atuantes na área da equinocultura no município de Nova Iguaçu–RJ. Após levantamento, um formulário contendo perguntas-chave sobre sanidade equina foi enviado via internet. O produtor pôde responder o que mais se encaixava com o manejo sanitário de sua propriedade, de forma anônima, após receber o questionário. Perguntas relacionadas à quantidade de animais na propriedade, quantidade de equinos na propriedade, idade e raça dos animais, sistema produtivo adotado, como era feita a entrada e saída de animais na propriedade, se possuíam conhecimento sobre as duas doenças que acometem os equinos, chamadas de mormo e AIE, entre outras; foram realizadas. A análise estatística dos dados se baseou em uma análise descritiva, com cálculo da frequência de cada não conformidade, por meio de média aritmética simples. Este trabalho destaca a importância da pesquisa de campo e o fornecimento de material educativo a pessoas que não têm acesso à informação. 

Palavras-chave: Anemia infecciosa equina. Equinocultura. Mormo. Produtores rurais. Sanidade equina.  

1 INTRODUÇÃO 

No cenário voltado para a equinocultura no Rio de Janeiro, boa parte dos produtores de equinos advém de pequenas propriedades que apresentam características de agricultura familiar e, além disso, desempenham um papel crucial na economia brasileira, sendo um dos principais motores de crescimento e desenvolvimento local. Por outro lado, durante grande parte da história do Brasil, as práticas agrícolas foram caracterizadas por práticas rudimentares e com baixo nível de inovação tecnológica. Esse cenário perdurou por séculos, gerando uma dependência considerável da mão de obra de baixo custo que, em sua maioria, consistia em trabalhadores rurais com habilidades limitadas. Com isso, os produtores no geral possuem pouca tecnologia e orientação técnica, resultando em baixa produtividade (Castro; Pereira, 2017). 

A sanidade equina deve ser ponderada dentro da produção animal, e doenças infectocontagiosas como o mormo e a anemia infecciosa equina devem ser conhecidas pelos criadores desses animais, pois ambas são doenças infecciosas e de notificação obrigatória (Gonçalves et al., 2015). A falta de informação dos proprietários rurais faz com que não saibam como realizar a prevenção e como alcançar o diagnóstico correto destas doenças, afetando diretamente a economia relacionada à equinocultura. 

Desde o início da notificação de ambas as doenças, em 1999, surgiram 70 mil focos notificados de AIE até o ano de 2021, já quanto ao mormo foram registrados 3 mil casos até o ano de 2022. Segundo Ribeiro et al. (2023) essas enfermidades são significativas tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico, no qual o mormo possui ainda potencial zoonótico, ou seja, é transmissível entre pessoas e animais, além de retratadas como doenças altamente contagiosas. 

Quanto a essas duas doenças, sabe-se que não existem vacinas e/ou tratamentos disponíveis na medicina veterinária. Com isso, é indispensável que os produtores rurais estejam alertas e cautelosos quanto aos sinais clínicos e comportamentais que os animais podem vir a apresentar, além de não permitirem o trânsito de seus cavalos em locais com focos dessas enfermidades (Ribeiro; Acurcio; Acurcio, 2023). 

A profilaxia se baseia no controle e manejo ambiental. Sendo assim, algumas medidas devem ser adotadas, dentre elas a proibição do trânsito desses animais, a eutanásia de equinos soropositivos e o destino adequado das carcaças, a interdição da fazenda, desinfecção dos locais e dos objetos/materiais que obtiveram contato com o animal infectado, além da quarentena de possíveis animais contagiados até atendimento clínico médico veterinário para a realização de testes médicos (Brasil, 2023). 

Além das problemáticas sanitárias que doenças como AIE e mormo causam aos animais e aos produtores familiares, de acordo com Ribeiro et al. (2023) a presença destas doenças também pode acarretar impacto significativo diretamente na economia, pois os animais soropositivos obrigatoriamente devem ser eutanasiados. 

Diante do contexto da equinocultura no Rio de Janeiro, o objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento dos produtores rurais atuantes na equinocultura no município de Nova Iguaçu, com ênfase em mormo e anemia infecciosa equina. Essa análise é fundamental para o desenvolvimento de estratégias que busquem disseminar informações que auxiliem na prevenção e no manejo sanitário adequado desses animais. 

2 METODOLOGIA  

A presente pesquisa foi realizada no período de fevereiro a setembro de 2024 no município de Nova Iguaçu – RJ, no qual 12 (doze) criadores de equinos da zona norte do Rio de Janeiro participaram da pesquisa, de forma anônima, via internet. Além disso, o trabalho foi submetido na plataforma Brasil para apreciação ética e aprovado (protocolo nº 75226623.5.0000.80444). 

A abordagem inicial aos produtores ocorreu via internet, em que foram selecionados primeiramente de acordo com a proximidade à autora deste trabalho e, posteriormente, houve a publicação na internet também por meio deles, almejando o encontro de mais produtores, propagando a pesquisa a todos do município de Nova Iguaçu que possuíssem acesso ao link. 

O formulário também foi enviado diretamente para produtores rurais em que houve a visitação de tais propriedades rurais. O questionário apresenta 20 perguntas-chave elaboradas em uma plataforma do Google, o Google Forms (www.forms.google.com), para auxiliar na coleta de dados, abrangendo perguntas sobre sanidade equina, mormo e anemia infecciosa equina, em que o produtor respondeu o que mais se encaixou com o manejo sanitário de sua propriedade. As perguntas-chave se encontram na tabela abaixo (quadro 1). 

QUADRO 1: Perguntas presentes no questionário estruturado para auxiliar na avaliação dos produtores rurais. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

As perguntas do questionário foram realizadas com o objetivo de avaliar o conhecimento dos produtores rurais atuantes na equinocultura no município de Nova Iguaçu, com ênfase em mormo e AIE, conseguindo assim ter acesso a realidade de cada produtor, de forma anônima. 

Após coleta de informações dos diferentes produtores, foram confeccionadas cartilhas com informações técnicas sobre essas duas doenças que acometem os equinos e que possuem alto risco de contaminação. As cartilhas foram confeccionadas com base nos assuntos onde houve desconhecimento da parte dos produtores rurais, com ênfase em mormo e AIE. Nesta parte da pesquisa foram aplicadas metodologias que abrangem palestras remotas, envio de material educativo, cartazes e panfletos, compreendendo uma ótima oportunidade de contato com os produtores para trocar experiências, vivência rural e enriquecimento acadêmico. 

Para os produtores participantes, este trabalho facilita e auxilia a vida no campo, principalmente para pequenos produtores, que possuem pouco acesso a informações técnicas, além de melhorar a produtividade podendo proporcionar maior rentabilidade para os produtores. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Com o presente trabalho foi possível analisar os dados coletados e observou-se consideráveis falhas nas informações de 12 (doze) produtores rurais sobre manejo sanitário e conhecimento das doenças. Os produtores variam em quantitativo animal (de 3 a 30 equinos) e com finalidades distintas (lida no campo, cavalgada, vaquejada, equoterapia, esporte, lazer e competições). 

O primeiro ponto abordado no formulário foi sobre a quantidade de animais na propriedade, sendo uma pergunta focada não apenas nos equinos do local, mas sim mais ampla, que revela se existem outras espécies de animais e se são pequenos ou médios produtores rurais.  

Com a primeira pergunta, percebeu-se que 1 (um) produtor tem 3 animais (8,3% produtores), 5 (cinco) produtores rurais têm de 5 a 10 animais (41,7% produtores), 2 (dois) têm de 10 a 20 (16,7% produtores),  2 (dois) possuem de 20 a 30 animais (16,7% produtores), 1 (um) possui de 40 a 50 (8,3% produtores) e 1 (um) tem entre 60 a 70 animais (8,3% produtores). 

FIGURA 1: Gráfico ilustrativo sobre a quantidade de animais na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

O agronegócio brasileiro é composto por produções rurais de diversos portes econômicos, não se restringindo apenas aos grandes criadores de animais, que possuem vastas áreas de terra e tecnologias e infraestrutura. Os pequenos e médios produtores também desempenham um papel fundamental nesse setor. De acordo com Heredia et al. (2010), o agronegócio pode ser definido como o conjunto de todas as atividades relacionadas à produção. 

 O segundo ponto abordado no questionário foi em relação a quantidade de equinos na propriedade, tornando a resposta mais específica e destacando somente uma espécie, a equina. Com isso, tem-se que 1 (um) dos produtores apresentam 3 (três) equinos (8,3% produtores), 6 produtores possuem de 5 (cinco) a 10 (dez) equinos (50% produtores), 3 (três) produtores possuem de 10 (dez) a 20 (vinte) equinos (25% produtores) e 2 (dois) produtores apresentam de 20 (vinte) a 30 (trinta) cavalos (16,7% produtores). 

FIGURA 2: Gráfico ilustrativo sobre a quantidade de equinos na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Contemporaneamente, segundo Cupello et al. (2020), em propriedades com produções de pequeno e médio porte, especialmente na atividade equina, encontram-se grande quantidade de mão de obra não qualificada. Para ajudar na produção, os produtores rurais frequentemente contratam moradores da região, com o objetivo de melhorar a economia local e reduzir o desemprego nas áreas rurais. 

No entanto, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos produtores, principalmente aqueles com poucos recursos e sem apoio governamental, é a falta de acesso a mão de obra especializada. Como resultado, os produtores acabam recorrendo a trabalhadores com menor formação e custos mais baixos, o que compromete a produtividade, já que esses profissionais não possuem o conhecimento técnico necessário sobre o setor da equinocultura (Cupello et al., 2020). 

Com o questionário foi observado que a maioria dos cavalos das propriedades rurais se encontram na faixa etária de 1 (um) a 10 (dez) anos, abrangendo 8 produtores rurais (66,7%), 3 produtores (25%) apresentam animais que têm idade entre 1 (um) e 20 (vinte) anos, e 1 produtor (8,3%) possui equinos na idade entre 1 (um) e 30 (trinta) anos. 

FIGURA 3: Gráfico ilustrativo sobre a idade dos equinos na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Em relação à raça dos equinos nas propriedades, avaliou-se que todos os produtores apresentam a raça Mangalarga Marchador, gerando 12 (doze) respostas (100%), 4 (quatro) produtores possuem equinos sem raça definida (33,3%), 2 (dois) produtores rurais possuem cavalos da raça American Trotter (16,7%), 1 (um) produtor possui animais da raça Quarto de Milha (8,3%), 1 (um) produtor apresenta animais da raça Crioulo (8,3%) e 1 (um) produtor rural possui equinos da raça Pampa (8,3%). 

FIGURA 4: Gráfico ilustrativo sobre a raça dos equinos na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Quando questionados sobre o sistema produtivo presente na propriedade, 6 (seis) dos produtores responderam que contém sistema intensivo de criação (50%). No sistema intensivo de criação os animais ficam mais confinados, normalmente é o sistema aplicado em propriedades menores. 3 (três) dos produtores rurais abrangem sistema extensivo de criação (25%), em que os animais ficam em locais maiores, como em campos e pastos. E 3 (três) produtores implantam sistema semi-intensivo de criação (25%), que significa uma mistura dos dois sistemas de criação (Castro, 2017). 

FIGURA 5: Gráfico ilustrativo sobre o sistema produtivo adotado pela propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Em relação a entrada e saída de animais na propriedade, foi observado que 4 (quatro) dos produtores responderam que quando os animais entram na propriedade existe todo um protocolo a ser realizado, antes mesmo deles entrarem há a preocupação com a vacinação, sendo realizados testes para saber se o animal possui alguma doença infecciosa, para que não transmita para outros animais, Além disso, os animais possuem GTA (33,3%). 

 Outros 4 (quatro) responderam que quando os animais entram na propriedade não existe um protocolo estabelecido e não há conhecimento se o equino é vacinado ou não, se possui alguma doença ou não. Os animais que entram nessas propriedades não possuem GTA (33,3%). 

  2 (dois) produtores responderam que os equinos saem da propriedade com o esquema de vacinação atualizado e testados para doenças infecciosas, além de apresentarem GTA (16,7%). 

 4 (quatro) responderam que os equinos saem da propriedade sem que precisem estar com o esquema de vacinação atualizado, e também não testados para doenças infecciosas, e não apresentam GTA (33,3%). 

 Por último, 1 (uma) das respostas, escrita por um produtor rural, aponta que tem o protocolo correto, realizando testes e programas de vacinação, mas não utiliza GTA (8,3%). 

 De acordo com Cupello et al. (2020), 2 (dois) dos 15 (quinze) produtores que foram avaliados em sua pesquisa, na zona oeste do Rio de Janeiro, apresentavam o costume de realizar testes para a investigação de doenças infectocontagiosas essenciais para a emissão do GTA, ou seja, há uma falha na segurança e sanidade equina há mais de 4 (quatro) anos nestas propriedades. 

FIGURA 6: Gráfico ilustrativo sobre como é feita a entrada e saída de animais na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Quando questionados sobre a principal atividade realizada com os equinos na propriedade, 11 (onze) das respostas condizem que são atividades como cavalgada (91,7%), 4 (quatro) produtores responderam que são animais voltados para atividades como lida no campo (33,3%), 1 (um) produtor respondeu que são animais voltados para vaquejada (8,3%), 1 (um) produtor utiliza seus animais para equoterapia (8,3%), 1 (um) dos equinos são destinados ao esporte (8,3%), 1 (um) produtor respondeu que os animais vivem soltos a pasto (8,3%) e 1 (um) produtor respondeu que seus cavalos participam de competições de marcha (8,3%). 

FIGURA 7: Gráfico ilustrativo sobre as principais atividades realizadas com os equinos na propriedade. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Segundo Cupello et al. (2020), dos 15 (quinze) criadores de cavalos em sua pesquisa, 7% dos equinos nessas propriedades eram destinados à exposição, 13% destinados à competições equestres, 27% ao trabalho e 47% ao lazer. Com essas respostas dos produtores rurais foi possível analisar que houve poucas variantes de 2020 até 2024, comparando a zona oeste com a zona norte do Rio de Janeiro. 

Com a pergunta número 8 foi possível avaliar o conhecimento do produtor rural quanto ao mormo, 11 (onze) dos produtores têm conhecimento da doença (91,7%) e 1 (um) apresenta pouco conhecimento sobre o assunto (8,3%). Esse questionamento é de extrema importância pois o mormo é uma doença zoonótica, que não apresenta tratamento ou vacinas eficazes. Sendo assim, equinos testados e soropositivos devem ser eutanasiados, com destino adequado da carcaça (Diehl, 2013). 

FIGURA 8: Gráfico ilustrativo sobre o conhecimento do produtor rural quanto ao mormo. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 A pergunta número 9 trata sobre o conhecimento dos produtores rurais quanto a AIE, que é uma doença que não tem cura, isto é, a partir do momento que o animal adquire AIE, se torna por toda a vida portador do vírus (Almeida, 2006). 

 11 (onze) dos produtores rurais obtêm conhecimento sobre o que é AIE (91,7%) e 1 (um) produtor rural respondeu que conhece pouco sobre a doença (8,3%), mostrando que ainda existem falhas na disseminação de informações da AIE que alcancem produtores rurais. 

FIGURA 9: Gráfico ilustrativo sobre o conhecimento do produtor rural quanto a anemia infecciosa equina. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Em relação ao conhecimento do produtor rural quanto ao mormo ser considerado uma doença zoonótica, percebe-se que a maior parte desses produtores adquirem esse conhecimento, abrangendo 11 (onze) das respostas (91,7%), e a menor parte não obtinha essa informação, totalizando 1 (uma) resposta (8,3%).  

 O conhecimento do tutor quanto a transmissão do mormo entre pessoas e equinos é essencial, dessa forma podem ser colocadas em práticas maneiras de prevenir a doença, consequentemente havendo cada vez menos casuísticas em seu rebanho, gerando maior produtividade e rentabilidade ao produtor rural (Leopoldino, 2009). 

FIGURA 10: Gráfico ilustrativo sobre o conhecimento do produtor rural quanto ao mormo ser considerado uma zoonose. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Em 2020, na zona oeste, se observou que 93% dos 15 (quinze) produtores rurais conhecem o mormo. Por outro lado, 53,3% dos criadores de equinos não sabiam sobre o fato do mormo ser considerado uma doença zoonótica (Cupello et al., 2020). Sendo assim, em 2024, os produtores rurais da zona norte do Rio de Janeiro apresentam mais conhecimento sobre o mormo se caracterizar como uma zoonose. 

Quando os produtores rurais foram questionados sobre a casuística de AIE (pergunta 11) nas propriedades inseridas neste trabalho, localizadas no município de Nova Iguaçu, 11 (onze) das respostas indicaram que não houve casos (91,7%) e 1 produtor rural apontou que em sua propriedade já houve casuística (8,3%). 

FIGURA 11: Gráfico ilustrativo sobre a casuística de anemia infecciosa equina nas propriedades rurais no município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Na pergunta posterior, número 12, pergunta-se sobre a quantidade de casos de AIE nas propriedades presentes no trabalho. Com essa pergunta pode-se analisar que, na propriedade onde houve casuística, foi obtido 1 (um) caso de AIE (8,3%). 

FIGURA 12: Gráfico ilustrativo sobre a quantidade de casos de anemia infecciosa equina nas propriedades no município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Na pergunta número 13, específica para produtores rurais que obtiveram algum caso de AIE na propriedade, foi questionado sobre o protocolo realizado com o equino diagnosticado com AIE. O produtor rural, na resposta, registrou apenas que o animal foi abatido.  

Por outro lado, não apontou se o diagnóstico foi realizado por um médico veterinário oficial e qual foi o protocolo feito para a eutanásia e descarte do equino soropositivo, não havendo informações se foram postas em prática medidas adequadas sanitárias com o animal e meio ambiente.  

De acordo com Falcão (2019), a eutanásia deve ser realizada por um médico veterinário oficial, mesmo que seja um equino assintomático, pois continua sendo transmissor, além de ser responsável ao produtor rural realizar o destino adequado da carcaça do animal abatido, que deve ser incinerada ou enterrada, sendo meios de descarte que não possibilitam a ocorrência da transmissão do vírus presente no sangue. 

FIGURA 13: Resposta do produtor rural quanto ao protocolo realizado com o equino diagnosticado com anemia infecciosa equina. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Quando os produtores foram questionados sobre a casuística de mormo nas propriedades situadas no município de Nova Iguaçu (pergunta 14), 11 (onze) das respostas indicaram que não houveram casos (91,7%) e 1 (uma) das respostas apontou que sim (8,3%). 

FIGURA 14: Gráfico ilustrativo sobre a casuística de anemia infecciosa equina nas propriedades rurais no município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

De acordo com Cupello et al. (2020), não houve casos de AIE e mormo nas propriedades rurais dos 15 (quinze) produtores avaliados na zona oeste do Rio de Janeiro, isto significa que há variantes, já que em Nova Iguaçu, em 2024, houve casuística das duas doenças em algumas das propriedades. 

Na pergunta número 15, destinada ao produtor rural que apresentou casuística de mormo em sua propriedade rural, em Nova Iguaçu, analisou-se que houve 3 (três) casos de mormo (100%) em 1 (uma) propriedade.  

O mormo é uma doença altamente transmissível e zoonótica, sendo de extrema importância que os produtores rurais saibam como realizar algumas das medidas profiláticas, dentre essas medidas estão presentes a eutanásia de animais soropositivos, o destino adequado da carcaça do animal soropositivo, interdição da propriedade e a desinfecção do ambiente e equipamentos que tiveram contato com o animal portador da B. mallei (Leopoldino, 2009). 

FIGURA 15: Gráfico ilustrativo sobre a quantidade de casos de mormo nas propriedades no município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

Após a pergunta sobre a quantidade de casos de mormo nas propriedades rurais, o produtor respondeu sobre o protocolo realizado para os 3 (três) animais diagnosticados com a doença, presente na pergunta 16 (dezesseis), que foi caracterizado pelo isolamento dos cavalos e tratamento, segundo o produtor. 

De acordo com Falcão (2019), o mormo é uma doença infectocontagiosa e bacteriana que não apresenta tratamento, o indicado é a eutanásia dos animais que apresentam testes soropostivos, além do descarte adequado da carcaça, isto é, deve ser realizada a incineração ou enterramento da carcaça do animal portador do vírus, mesmo que assintomático. 

FIGURA 16: Resposta do produtor rural quanto ao protocolo realizado com o equino diagnosticado com mormo. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Na pergunta 17 (dezessete) os produtores rurais puderam responder se os animais presentes em suas propriedades apresentam calendário de vacinação e se esse calendário é ou não seguido à risca por eles, ou seja, vacinação em dia realizada por médicos veterinários.  

Com isso, verificou-se que 9 (nove) dos produtores rurais mantêm a vacinação dos equinos em dia (75%), 2 (dois) dos produtores não seguem a vacinação à risca (16,7%) e 1 (um) dos produtores rurais vacinam seus animais, porém o protocolo vacinal não é realizado de maneira adequada (8,3%). 

Apesar do mormo e AIE não apresentarem vacinas ou tratamentos eficazes, é importante haver o conhecimento sobre o protocolo de vacinação aplicado com os equinos neste trabalho, de uma maneira geral, no âmbito de sanidade equina. Além de que, algumas das doenças discorridas nas alternativas são caracterizadas como diagnósticos diferenciais para mormo (Reed, 2018). 

FIGURA 17: Gráfico ilustrativo sobre o calendário de vacinação dos equinos presentes nas propriedades rurais do município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 A pergunta 18 (dezoito) é voltada para quais vacinas os produtores rurais têm interesse que estejam no protocolo vacinal dos cavalos e, com ela, pode-se observar que 11 (onze) dos produtores responderam que seus animais são vacinados com antirrábica (91,7%), 9 (nove) dos produtores apontaram que utilizam a vacinação antitetânica (75%), 8 (oito) são vacinados contra influenza (66,7%), 7 (sete) dos cavalos são vacinados contra leptospirose (58,3%) e 7 (sete) contra rinopneumonite (58,3%), 4 (quatro) são vacinados contra garrotilho (33,3%). Ademais, um produtor rural apontou que administra a vacina Lexington em seus cavalos, que defende a proteção contra rinopneumonite, influenza e tétano. 

 A realização de um programa de vacinação adequado com os cavalos nas propriedades gera segurança e sanidade a esses animais e aos produtores rurais, pois são duas doenças altamente transmissíveis, sendo o mormo uma zoonose. São 2 (duas) doenças que causam impacto direto na economia do produtor, já que os animais soropositivos obrigatoriamente devem ser eutanasiados (Ribeiro; Acurcio; Acurcio, 2023).  

FIGURA 18: Gráfico ilustrativo sobre as vacinas aplicadas nos equinos nas propriedades rurais no município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Ainda em perguntas voltadas para sanidade equina, a pergunta 19 (dezenove) questiona o conhecimento do produtor rural quanto ao GTA, que é essencial para a realização do transporte seguro de cavalos para eventos, outras propriedades, competições, entre outros. Com essa pergunta foi observado que todos os 12 (doze) produtores têm conhecimento sobre esse assunto (100%), sendo um resultado positivo quanto a avaliação do conhecimento do produtor rural. 

FIGURA 19: Gráfico ilustrativo sobre o conhecimento dos produtores rurais quanto ao GTA.  

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Na última pergunta do questionário, a número 20 (vinte), foi questionado se o produtor rural utiliza o GTA para o transporte dos cavalos de sua propriedade. Foi possível avaliar que todos os produtores rurais (12) sabem o que é o GTA (100%), mas uma quantidade significativa não utiliza, totalizando 10 (dez) produtores (83,3%), e a minoria utiliza o GTA, totalizando 2 (duas) respostas (16,7%). 

 Segundo o PNSE (2021), o GTA apresenta algumas informações essenciais sobre o equino e a propriedade rural que reside, como a finalidade do transporte do animal, informações quanto à sanidade da propriedade e o calendário de vacinação. Desse modo, o GTA é um documento que confere qualidade e a segurança da equinocultura, e com a ausência de regulamentação há a presença de um mercado irregular, pondo em risco a sanidade equina (Silva; Almeida, 2020). 

FIGURA 20: Gráfico ilustrativo sobre a utilização do GTA para o transporte de equinos nas propriedades rurais do município de Nova Iguaçu. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

 Com isso, materiais educativos foram desenvolvidos baseando-se em metodologias extensionistas grupais. De acordo com as respostas dos produtores rurais no formulário, no qual algumas delas demonstraram falhas de informação sobre sanidade equina, foi possível desenvolver e oferecer cartilhas, havendo a troca de informações entre médicos veterinários, estudantes de medicina veterinária e zootecnistas com os produtores rurais, além de enfatizar a importância das medidas de controle do mormo e AIE, diminuindo a incidência das doenças nas propriedades. 

FIGURA 21: Cartilha sobre mormo. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

FIGURA 22: Cartilha sobre AIE. 

Fonte: Arquivo pessoal. 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Após o levantamento e coleta de dados, por meio do formulário, que contém perguntas-chave quanto ao conhecimento do produtor rural sobre sanidade equina, mormo, AIE, calendário de vacinação e o trânsito animal, houve a análise das respostas dos 12 (doze) produtores e se observou consideráveis falhas nas informações obtidas por eles. 

 De acordo com a análise de dados gerados pelos produtores rurais foi possível realizar métodos para fornecer material educativo, cartazes e panfletos, palestras e cartilhas com informações técnicas sobre mormo e AIE. Com isso, propicia diversas formas de ocorrer a troca de informações de médicos veterinários e estudantes de medicina veterinária com os produtores rurais, podendo assim sanar dúvidas e relatar experiências pessoais. 

 O trabalho evidenciou a importância da pesquisa de campo quanto a duas doenças infectocontagiosas que não apresentam tratamento, sendo o mormo uma zoonose. Além disso, informar as maneiras de prevenção das duas doenças, por meio do fornecimento desse material, faz com que haja melhora na produtividade e, consequentemente, na rentabilidade dos produtores em suas propriedades rurais localizadas no município de Nova Iguaçu. 

REFERÊNCIAS 

ALMEIDA, V. M. A. Anemia infecciosa equina: prevalência em equídeos de serviço em Minas Gerais. Arquivo brasileiro de medicina veterinária e zootecnia, Belo Horizonte, v. 58, n. 2, p. 141-148, 2006.  

CASTRO, C. N.; PEREIRA C. N. Agricultura familiar, assistência técnica e extensão rural e a política nacional de Ater. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 2017. 

CUPELLO F. S.; LEMOS M. J.; BRAGA T. V. S.; BRASIL A. F.; TURNER S. P.; FIGUEIREDO N. S. L. B.; BRANDÃO F. V. F. Aplicação de metodologias extensionistas na produção de equídeos na região da zona oeste do Rio de janeiro com ênfase em mormo e anemia infecciosa equina. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, Curitiba, v. 3, n. 4, p.4348-4364, 2020. 

FALCÃO, M. V. D; SILVA, J. G; MOTA, R. A. Mormo: perguntas e respostas. 1° edição. Recife: EDUFRPE, p. 33, 2019. 

GONÇALVES T. L.; OAIGEN R. P.; CARVALHO M. A. L.; BANDEIRA M. A.; CHRISTMANN C. M.; EBLING F. R.; GIUDICE B. B.; BERTODO G. O.; SILVA W. K. Noite da pecuária: um projeto de extensão rural e universitária. Universidade Federal do Pampa, 2015. 

HEREDIA, B.; PALMEIRA, M.; LEITE, S. P. Sociedade e Economia do “Agronegócio” no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 25, n. 74, p. 159-176, 2010. 

LEOPOLDINO D. C. C. Mormo em equinos. Revista científica eletrônica de Medicina Veterinária, v. 7, n. 12, p. 1-6, 2009. 

MAPA. Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Diário oficial da união: portaria MAPA nº 593, 2023. 

PNSE. Programa Nacional de Sanidade Equina. 2021. 

RIBEIRO F. S.; ACURCIO T. O. R.; ACURCIO L. B. Cenário de mormo e anemia infecciosa equina no Brasil: revisão de literatura; p. 1-11, 2023.  

Silva, M. L.;  Almeida, R. M. Desafios da equinocultura no Brasil: uma perspectiva regional. Brasil, 2020.


1Discente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Universidade Iguaçu Campus Nova Iguaçu e-mail: vet.nathaliatavares@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Universidade Iguaçu Campus Nova Iguaçu. Doutora em Zootecnia. E-mail: marina_lemos@yahoo.com
3Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Universidade Iguaçu Campus Nova Iguaçu. Doutora em Medicina Veterinária. E-mail: dmvferrer@gmail.com
4Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Universidade Iguaçu Campus Nova Iguaçu. Doutora em Medicina Veterinária. E-mail: liana@villela.com