AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA

Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 87, Julho/Agosto de 2012. http://www.novafisio.com.br

Avaliação da qualidade de vida em pacientes com incontinência urinária
EVALUATION OF QUALITY OF LIFE IN PATIENTS WITH URINARY INCONTINENCE

Daniele Cordeiro Sena*; Angélica Ferreira Santos**; Mansueto Gomes Neto***
* Graduada em Fisioterapia pela Faculdade Social da Bahia; Pós graduanda em Fisioterapia Hospitalar pela Faculdade Social da Bahia e em Disfunções do Assoalho Pélvico pela Universidade Federal da Bahia: danielesena7@gmail.com
** Especialista em Psicomotricidade pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro; Supervisora do Estágio de Fisioterapia em Uroginecologia da Faculdade Social da Bahia
*** Mestre em Ciências da Reabilitação pela UFMG; Docente da Faculdade Social da Bahia e UNIME.
Revisado por: Rodrigo Silva Perfeito (rodrigosper@yahoo.com.br)
Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 87, Julho/Agosto de 2012. http://www.novafisio.com.br

Resumo

Objetivo: Identificar se a qualidade de vida está reduzida em indivíduos com incontinência urinária. Métodos: Foi realizado um estudo quantitativo e descritivo no ambulatório de Fisioterapia das Obras Sociais Irmã Dulce, onde 19 pacientes com diagnóstico clínico de incontinência urinária foram submetidos a um questionário para qualidade de vida, o King’s Health Questionnaire, composto por 30 perguntas, que são divididas em 9 domínios, além de uma escala de sintomas. Os valores são calculados através de fórmula matemática, obtendo-se o escore de qualidade de vida, variando de 0 a 100, considerando-se que quanto maior a pontuação, pior é a qualidade de vida. Resultados: Verificou-se que os domínios Impacto de Incontinência 49,12 (± 34,00), Saúde Geral 47,37 (± 28,74) e Medidas de Gravidade 36,84 (± 25,05) apresentaram maiores escores, seguidos por Limitações Físicas 27,19 (± 24,98) e Emoções 26,90 (± 29,00). Na comparação dos domínios do King’s Health Questionnaire com o sexo dos participantes da pesquisa, houve predominância do grupo masculino (5 domínios) em relação ao grupo feminino (4 domínios) quanto ao comprometimento da qualidade de vida. Os itens da escala de sintomas apontados pelos voluntários, com maior expoente de expressividade, foram Bexiga Hiperativa (73,7%), Frequência (57,9%) e Esforço (52,6%), seguidos de Noctúria (47,4%) e Urgência (42,1%). Considerações finais: A incontinência urinária é um fator limitante para o indivíduo, e está relacionada diretamente com a sua qualidade de vida. O King’s Health Questionnaire encontrou um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes entrevistados com diagnóstico clínico de incontinência urinária.  Vistos os resultados, sugere-se uma maior abordagem sobre o tema para indivíduos do sexo masculino, pois poucos estudos sobre o assunto foram encontrados na literatura.
Palavras chave: Incontinência urinária, qualidade de vida, domínios, king’s health questionnaire.

Abstract

Objetive: To identify if the quality of life is reduced in individuals with urinary incontinence. Methods: A quantitative and descriptive study in the ambulatory of Physiotherapy of the Obras Sociais Irmã Dulce, where 19 patients with clinical diagnosis of urinary incontinence had been submitted to a questionnaire for quality of life, the King\’s Health Questionnaire, composition for 30 questions, that are divided in 9 domains, beyond a scale of symptoms. The values are calculated through mathematical formula, getting itself prop up of quality of life, varying of 0 the 100, considering themselves that how much bigger the punctuation, worse is the quality of life. Results: It was verified that the domains Impact of Incontinence 49,12 (± 34,00), General Health 47,37 (± 28,74) and Measures of Gravity 36,84 (± 25,05) had presented greaters prop up, followed for Physical Limitations 27,19 (± 24,98)  and Emotions 26,90 (± 29,00).  In the comparison of the domains of the King\’s Health Questionnaire with the sex of the participants of the research, it had predominance of the masculine group (5 domains) in relation to the feminine group (4 domains) how much to the commitment of the quality of life. The item of the scale of symptoms pointed for the volunteers, with illustrious representative greater of expressivity, had been Overactive Bladder (73.7%), Frequency (57.9%) and Effort (52.6%), followed of Noctury (47.4%) and Urgency (42.1%). Final considerations: The urinary incontinence is a limiting factor for the individual, and is related directly with its quality of life. The King\’s Health Questionnaire found a negative impact in the quality of life of the patients interviewed with clinical diagnosis of urinary incontinence. Seen the results, a bigger boarding is suggested on the subject for individuals of the masculine sex, therefore few studies on the subject had been found in literature.
Keywords: Urinary incontinence, quality of life, domains, king’s health questionnaire.

Introdução

A Incontinência Urinária (IU) é uma disfunção que acomete cada vez mais a população brasileira, afetando a qualidade de vida, principalmente em pessoas de meia idade, fase em que sua incidência aumenta. Segundo o conceito da International Continence Society (ICS) a IU compreende qualquer perda involuntária de urina. Muitas pessoas acreditam que essa é uma condição normal que acompanha a evolução da idade e não buscam tratamento adequado para os sintomas. A IU é vista como um problema de saúde pública, e também como um problema de bem estar social, levando à redução da auto-estima, desconforto de forma geral, interferindo diretamente na qualidade de vida dos indivíduos, podendo trazer também sérias implicações médicas, psicológicas e econômicas (FONSECA, 2005; LOPES, 2006; DEDICAÇÃO, 2009; BORGES, 2009).
Os principais fatores de risco para IU são: idade, climatério, tabagismo, obesidade, trauma do assoalho pélvico, fatores hereditários, doenças crônicas, como diabetes mellitus; constipação, raça, exercícios intensos na região abdominal e uso de medicações como simpaticomiméticos e parassimpaticolíticos. A IU pode ser classificada em Incontinência Urinária de Esforço (IUE) que é a perda involuntária de urina associada a atividades como tossir ou espirrar, e representa o tipo mais frequente; a Incontinência Urinária de Urgência (IUU) é a perda involuntária de urina associada com um desejo incontrolável de urinar; por fim a Incontinência Urinária Mista, que compreende ao mesmo tempo a IUE e IUU (SILVA, 2005; HIGA, 2006).
Devido a gama de fatores e riscos abarcados, e, principalmente às consequências verificadas na classificação da IU, esta apresenta um impacto significante na qualidade de vida do indivíduo. Pesquisas comprovam que dentre as restrições mais citadas pelos indivíduos estão as atividades sexuais, sociais, domésticas e ocupacionais (HIGA, 2006; LOPES, 2006; DEDICACÃO, 2009).
A qualidade de vida (QV) é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como percepção das pessoas de sua posição na vida, dentro do contexto de cultura e sistema de valores nos quais elas vivem e em relação à suas metas, expectativas e padrões sociais. O objetivo desse estudo foi identificar se a QV está reduzida em indivíduos com IU.

Materiais e métodos

Trata-se de um estudo quantitativo descritivo, utilizando um questionário para avaliação da qualidade de vida, o King’s Health Questionnaire (KHQ), realizado no ambulatório de Fisioterapia Uroginecológica das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) em Salvador – BA. Foram entrevistados 19 pacientes (10 homens e 9 mulheres) com diagnóstico clínico de incontinência urinária no período de Agosto de 2010 à Janeiro de 2011.
Pacientes com déficit cognitivo, doenças psiquiátricas, patologias associadas que possam interferir na QV (ex: doenças neuropáticas, doenças ortopédicas) e que se recusaram a preencher o questionário foram excluídos do estudo.
Este estudo foi avaliado e aprovado Pelo Comitê de Ética e Pesquisa da OSID (protocolo 42/10) e todos os pacientes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, elaborado de acordo com as recomendações estabelecidas pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
O KHQ possui 30 perguntas, que são divididas em 9 domínios que relatam: a percepção da saúde, impacto da incontinência, as limitações nos desempenhos das tarefas, a limitação física, a limitação social, o relacionamento pessoal, as emoções, o sono/energia e as medidas de gravidade. Ainda no questionário, existe uma escala de sintomas composta por: aumento da frequência urinária, noctúria, urgência, hiperreflexia vesical, incontinência urinária de esforço, enurese, incontinência no intercurso sexual, infecções urinárias e dor na bexiga. A todas as respostas são atribuídos valores numéricos, somados e avaliados por domínio. Os valores são calculados através de fórmula matemática, obtendo-se o escore de qualidade de vida, variando de 0 a 100, considerando-se que quanto maior a pontuação, pior é a qualidade de vida (FONSECA, 2005).
Os dados foram plotados em planilhas específicas do Microsoft Excel. Medidas de tendência central e dispersão foram utilizadas para variáveis quantitativas, que foram expressas em frequência absoluta e relativa. Os resultados foram expressos em tabelas e gráficos. As análises foram realizadas no software SPSS (Statistical Package For The Social Sciences) for Windows (versão 17.0).
A confidencialidade dos participantes foi respeitada e em nenhum momento serão divulgados seus dados pessoais.

Resultados

A amostra foi representada por 10 indivíduos com média de idade de 65 anos. Dentre eles, 9 pacientes (47,4%) levaram até 2 anos entre o tempo de cirurgia e início da fisioterapia, enquanto 10 pacientes (52,6%) levaram mais de 2 anos entre o tempo de cirurgia e início da fisioterapia.
A tabela 1 apresenta as características dos indivíduos avaliados, dos quais 10 pacientes (52,6%) eram do sexo masculino e 9 (47,4%) eram do sexo feminino. Quanto à etnia, 10 pacientes (52,6%) eram negros, 1 paciente (05,6%) era branco e 8 pacientes (42,1%) eram pardos. Com relação ao nível de escolaridade da população de estudo 4 pacientes (21,1%) eram analfabetos, 8 pacientes (42,1%) possuíam 1° grau incompleto, 4 (21,1%) possuíam 1° grau completo, 2 (10,5%) possuíam 2° grau completo e 1 paciente (05,3%) possuía 3° grau completo.

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A tabela 2 apresenta o nível de comprometimento da qualidade de vida, através dos domínios do KHQ: Saúde Geral, Impacto da Incontinência, Limitação das AVD’s, Limitações Físicas, Limitações Sociais, Relações Pessoais, Emoções, Sono-Disposição e Medidas de Gravidade, apresentados pelos voluntários deste estudo. Verificou-se que os domínios: Impacto de Incontinência 49,12 (± 34,00), Saúde Geral 47,37 (± 28,74), e Medidas de Gravidade 36,84 (± 25,05) apresentam os maiores escores, seguidos por Limitações Físicas 27,19 (± 24,98), e Emoções 26,90 (± 29,00).

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A tabela 3 corresponde às questões relacionadas aos problemas apresentados pelos participantes (escala de sintomas), a saber: Frequência, Noctúria, Urgência, Bexiga Hiperativa, Urgência, Esforço, Enurese, Incontinência no Intercurso Sexual e Dor. Dos 19 sujeitos, 14 (73,7%) queixaram-se de bexiga hiperativa, 11 (57,9%) referem polaciúria (frequência), e 10 (52,6%) queixaram-se quanto ao esforço. Noctúria e Urgência foram o quarto e quinto sintomas mais apontados, sendo referidos por 9 (47,4%) e 8 (42,1%) participantes, respectivamente.

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Na tabela 4 foi realizada uma comparação entre domínios do King´s Health Questionnaire, com o sexo dos participantes desta pesquisa. Dentre os 9 itens elencados, houve predominânica do grupo masculino (5 itens), em relação ao grupo feminino (4 itens) quanto ao comprometimento da qualidade de vida. Os domínios: Medidas de Gravidade 40,83 (±21,68), Relações Pessoais 35,00 (± 31,86), com diferença estatisticamente significativa em relação ao sexo feminino; e Emoções 30,00 (± 31,1), foram referidos com maior escore de insatisfação pelo grupo masculino, seguidos pelos domínios Limitações Sociais 25,55 (± 30,56) e Sono-Disposição 16,66 (±31,42). Em contrapartida, o grupo feminino apresentou maior comprometimento nos domínios: Saúde geral 58,33 (± 25,00), Impacto Incontinência 51,85 (± 24,21), seguidos de Limitações das AVD’s 33,33 (± 22,04) e Limitações Físicas 29,63 (± 16,20).

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A tabela 5 mostra a comparação entre os períodos de até dois anos ou mais de cirurgia até o início da fisioterapia dos escores domínios do King’s Health Questionnaire. Os indivídos com até 2 anos entre o tempo de cirurgia e início da fisioterapia apresentaram maiores escores em 7 dos 9 domínios. Saúde Geral 55,55 (± 32,54), Impacto da Incontinência 51,85 (± 37,68), Medidas de Gravidade 40,74 (± 25,84) e Limitações Físicas 33,33 (± 32,27) foram os domínios mais afetados, seguidos de Relações Pessoais 31,48 (± 33,80), Limitações Sociais 28,39 (± 28,39) e Sono-Disposição 18,51 (± 32,75). Os indivíduos com mais de 2 anos entre o tempo de cirurgia e início da fisioterapia apresentaram maiores escores apenas nos domínios Limitação das AVD’s 30,00 (± 30,22) e Emoções 28,88 (± 31,51).

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Discussão

A QV tem um conceito subjetivo e o propósito de avaliar a repercussão que determinadas condições de saúde física e mental tem nas atividades do cotidiano e no bem-estar emocional da vida familiar e social dos indivíduos, podendo apresentar vários níveis de comprometimento na vida daqueles que apresentam IU.
O presente estudo revela que os domínios, que tiveram maior comprometimento em homens e mulheres foram: Impacto da Incontinência 49,12 (± 34,00), Saúde Geral 47,37 (± 28,74) e Medidas de Gravidade 36,84 (± 25,05), seguidos por Limitações Físicas 27,19 (± 24,98) e Emoções 26,90 (± 29,00). Acredita-se que o domínio Impacto da Incontinência seja o mais comprometido, pois esse revela a condição do indivíduo afetado de forma abrangente. De acordo com vários autores, a IU afeta diversos aspectos do cotidiano desses sujeitos, não só o aspecto físico, como o psicológico, fazendo com que homens e mulheres mudem seus hábitos de vida por medo de que as pessoas percebam o odor da urina ou presenciem um episódio de perda de urina, tentando, dessa forma, evitar constrangimento, causando isolamento social e a baixa autoestima do indivíduo (AUGE, 2006; RETT, 2007; HONÓRIO, 2009; HIGA, 2010; CAETANO, 2009).
Robles em 2006 mostra que a maioria da população feminina com IU, desenvolve hábitos como a utilização de algum tipo de protetor higiênico para manter-se seca, o que corrobora com o comprometimento do domínio Medidas de Gravidade encontrado nesta pesquisa.
O estudo verificou também a tabela de sintomas correspondente às questões relacionadas aos problemas apresentados pelos participantes. Foram constatadas com maior expressividade a bexiga hiperativa (73,7%), polaciúria (57,9%) e incontinência urinária (52,6%), seguidos pela noctúria (47,4%) e urgência (42,1%). A literatura confirma o achado quando Rett, 2007 e Borges, 2009, mostram em seus estudos que os sintomas que mais afetam os pacientes com IU são incontinência urinária de esforço, o aumento da frequência urinária, noctúria e urgência miccional. Resultados similares foram encontrados no estudo de Correia, 2009, onde este afirma que sintomas de bexiga hiperativa são comuns na população adulta.
Foi realizada uma comparação entre os domínios do KHQ e os sexos dos participantes da pesquisa. Houve predominância do comprometimento da QV, quanto ao número de domínios, do sexo masculino (5 itens) em relação ao sexo feminino (4 itens). Dentre os nove itens, Medidas de Gravidade 40,83 (± 21,68), Relações Pessoais 35,00 (± 31,86), Emoções 30,00 (± 31,01), Limitações Sociais 25,55 (± 30,56) e Sono-Disposição 16,66 (± 31,42) foram apontados com os maiores escores no grupo masculino.
Perchon, 2008, contrapondo com este resultado mostra que os domínios mais afetados em uma pesquisa realizada com um grupo masculino foram saúde geral e impacto na incontinência urinária.
Neste estudo foi verificado que os homens referem grande incômodo por necessitarem do uso de protetores higiênicos e por diminuir ou suspender a prática da atividade sexual, além de se sentirem ansiosos e deprimidos, o que resulta em uma limitação da vida social e no sono afetado.  O que também foi verificado no estudo de Orsola, 2009, sobre câncer de próstata e qualidade de vida onde este afirma que a incontinência urinária e a disfunção sexual são fatores que afetam diretamente na qualidade de vida desses indivíduos. Não foi encontrada de forma satisfatória na literatura a discussão do tema IU e QV em relação ao sexo masculino.
O grupo feminino apresentou maior comprometimento nos domínios saúde geral 58,33 (± 25,00), impacto na incontinência 51,85 (± 42,21), limitações nas AVD’s 33,33 (± 22,04) e limitações físicas 29,63 (± 16,20). Caetano (2009) e Santos et al (2009) verificaram que muitas mulheres abandonaram a prática de esportes para evitar a perda de urina durante a atividade física ou apresentaram episódios de perda urinária enquanto realizavam algum tipo de atividade esportiva. Confrontando com o estudo realizado, Lopes (2006), verificou na sua pesquisa que menos de 1/3 das pacientes entrevistadas queixaram-se de limitação nas AVD’s. O estudo realizado por Auge (2006) aponta que as mulheres reportaram maior prejuízo na realização de atividades físicas e atividades domésticas. No escore do domínio relações pessoais houve diferença estatisticamente significativa do grupo masculino 35,00 (± 31,86) em relação ao grupo feminino 3,70 (± 7,35), provavelmente pelo fato do homem sentir-se mais prejudicado em relação à diminuição ou suspensão da prática de atividade sexual.
Quando realizada comparação entre os períodos de até dois anos ou mais de dois anos de cirurgia até o início da fisioterapia com os escores dos domínios do King’s Health Questionnaire, foi visto que os pacientes com até 2 anos entre a cirurgia e o início da fisioterapia estiveram mais comprometidos (7 domínios) que os pacientes com mais de 2 anos entre cirurgia e o início da fisioterapia ( 2 domínios). Este resultado pode ser atribuído à baixa escolaridade dos entrevistados, fato que pode ter levado a um entendimento equivocado do questionário.

Considerações finais

A incontinência urinária é um problema de saúde pública, além de um fator limitante para o indivíduo e está relacionada diretamente com a sua qualidade de vida por atingir diretamente a auto-estima e o cotidiano das pessoas que apresentam esse sintoma.
O King’s Health Questionnaire encontrou um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes entrevistados com diagnóstico clínico de incontinência urinária. Verificou-se que o grupo masculino obteve um maior comprometimento de qualidade de vida, especialmente no domínio Impacto de Incontinência, enquanto no grupo feminino o domínio mais afetado foi Saúde Geral. Contudo, o domínio Impacto de Incontinência obteve maior expressividade em relação aos mais comprometidos de forma geral.
Espera-se que mais projetos desse porte sejam elaborados a fim de embasar planejamentos de políticas públicas e medidas de intervenção a cerca da qualidade de vida de sujeitos com incontinência urinária. Vistos os resultados, sugere-se uma maior abordagem sobre o tema para indivíduos do sexo masculino, devido a escassez de estudos encontrados na literatura.

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