EVALUATION OF OZONE THERAPY AS AN ALTERNATIVE TREATMENT FOR BOVINE SUBCLINICAL MASTITIS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412281545
Thuane de Aguiar Porn1; Nathália de Almeida Tavares1; Ana Carolina do Nascimento Deboni1; Marcella Santos de Marins1; Júlia Nascimento Estevam1; Bruna de Souza Figueira2; Eliene Porto Sad Pina3; Dala Kezen Vieira Hardman Leite3
RESUMO
A mastite é uma das principais doenças que afetam a pecuária leiteira em todo o mundo, caracterizada pela inflamação da glândula mamária. Essa condição gera significativos prejuízos econômicos, incluindo o descarte de leite contaminado, períodos de carência após o uso de antibióticos, a redução da qualidade do leite produzido, além de custos adicionais com tratamentos, assistência médica veterinária e o descarte precoce de animais acometidos. A doença pode se apresentar de duas formas: clínica e subclínica. A infecção é frequentemente tratada com antibióticos, mas essa abordagem tem sido questionada devido aos resíduos remanescentes no leite, os riscos que representa aos consumidores e a perda de produto no período de carência. A ozonioterapia vem se destacando por propriedades antimicrobianas (fungicidas, viricidas e bactericidas), anti-inflamatórias e imunomoduladoras. O objetivo deste estudo visa avaliar a ozonioterapia como tratamento alternativo para mastite subclínica bovina. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na utilização de animais da Universidade Iguaçu – UNIG, com o protocolo PEBIO/UNIG Nº 014/2023. A pesquisa foi realizada na fazenda escola, Cacaria, na universidade UNIG, Campus Nova Iguaçu. Três fêmeas bovinas foram diagnosticadas com mastite subclínica após a realização do teste da caneca e do California Mastitis Test (CMT) e submetidas a tratamento com ozonioterapia. Observou-se uma melhora de 50% dos animais, piora em 3 tetos e os outros 3 não apresentaram mudanças após a utilização do soro fisiológico ozonizado, aplicação direta de gás ozônio nos tetos afetados e o bagging. Embora os casos tratados tenham apresentado uma resposta terapêutica inicial positiva, os tratamentos não foram conduzidos de forma contínua, o que comprometeu a eficácia a longo prazo. Supõe-se que isso tenha contribuído para dificultar a recuperação completa dos animais. Esse cenário reforça a importância de uma abordagem terapêutica personalizada, que considere a gravidade da infecção, a resposta individual de cada animal e as condições de manejo da propriedade.
Palavras-chave: Bovino de Leite. Glândula Mamária. Ozônio.
ABSTRACT
Mastitis is one of the main diseases affecting dairy cattle worldwide, characterized by inflammation of the mammary gland. This condition causes significant economic losses, including the disposal of contaminated milk, withdrawal periods after the use of antibiotics, reduced milk quality, as well as additional costs for treatments, veterinary assistance, and early culling of affected animals. The disease can present in two forms: clinical and subclinical. Infection is often treated with antibiotics, but this approach has been questioned due to the residuals left in the milk, the risks to consumers, and the product loss during the withdrawal period. Due to these factors, alternative treatments have been studied. Among them, ozone therapy has stood out for its antimicrobial (fungicidal, virucidal, and bactericidal), anti-inflammatory, and immunomodulatory properties. The objective of this study is to evaluate ozone therapy as an alternative treatment for bovine subclinical mastitis. This study was approved by the Ethics Committee for the Use of Animals at the Universidade Iguaçu – UNIG, with protocol PEBIO/UNIG Nº 014/2023. The research was conducted at the farm school Cacaria, at the UNIG campus in Nova Iguaçu. Three female cattle were diagnosed with subclinical mastitis after performing the California Mastitis Test (CMT) and the strip cup test, and were treated with ozone therapy. A 50% improvement was observed in the animals, with worsening in three teats, while the other three showed no changes after the use of ozonized saline, direct ozone gas application to the affected teats, and “bagging.” Although the treated cases initially showed a positive therapeutic response, the treatments were not conducted continuously, which compromised long-term effectiveness. It is assumed that this contributed to the difficulty in achieving full recovery of the animals. This scenario reinforces the importance of a personalized therapeutic approach, considering the severity of the infection, the individual response of each animal, and the management conditions of the farm.
Keywords: Dairy Cattle. Mammary Gland. Ozone.
INTRODUÇÃO
A mastite é uma inflamação da glândula mamária que afeta as vacas leiteiras, resultando em prejuízos econômicos devido à redução da produção e qualidade do leite, aumento de custos com medicamentos e assistências médicas veterinárias, e, em alguns casos, o descarte precoce de animais. A doença também apresenta riscos à saúde pública, pois pode envolver bactérias patogênicas que afetam a saúde humana. As principais causas de infecção são microrganismos provenientes da microbiota da pele, mucosas e conjuntivas dos animais, e do ambiente de ordenha, como bactérias como Streptococcus e Staphylococcus (Coser et al., 2012; Constable et al., 2021).
Como a mastite bovina é a doença que mais encarece a atividade de animais de interesse zootécnico, destinados à produção de leite, a prevenção, controle e tratamento dessa doença são de fundamental importância para a pecuária leiteira A mastite tem grande destaque no cenário mundial, em função de seu tratamento caro, sendo considerada uma das doenças de maior acometimento do rebanho leiteiro (Santos, 2017; Caciano et al., 2023; Oliveira et al., 2023; Porn et al., 2024.).
A mastite pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica. A forma clínica apresenta sinais visíveis, como alteração no leite (pus, sangue ou grumos) e sinais de inflamação no úbere (edema, aumento de volume, e áreas endurecidas). A mastite subclínica não apresenta sinais visíveis, sendo diagnosticada principalmente pela queda na produção de leite. O grau da mastite clínica pode variar, com os estágios mais graves envolvendo alterações no leite, no úbere e sintomas sistêmicos no animal, como febre e apatia (Langoni, 2013; Megid, Ribeiro, Paes, 2016; Santos, 2017; Gonçalves et al., 2021).
A doença pode ter várias origens, incluindo tóxica, traumática, alérgica, metabólica ou infecciosa, sendo as causas infecciosas as mais predominantes. Dentre essas, destacam-se as infecções bacterianas, que podem ser de origem ambiental ou contagiosa, especialmente durante a ordenha (Oliveira et al., 2023).
A mastite contagiosa geralmente se manifesta na forma subclínica da doença. Nesses casos, a contagem de células somáticas no leite (CCS) tende a permanecer elevada por um longo período, e os patógenos envolvidos são frequentemente encontrados na pele do úbere e do teto dos animais, o que favorece a infecção em momentos oportunos. A disseminação da doença ocorre principalmente através das mãos do ordenhador, entre os próprios animais e por meio de aparelhos de ordenha contaminadas (Massote et al., 2019; Junior, 2021).
Na mastite de origem ambiental, os microrganismos responsáveis são encontrados no ambiente onde o rebanho vive, como em áreas com resíduos de fezes, urina, barro e camas orgânicas. Nesses casos, as infecções geralmente se manifestam de forma clínica, aguda e por um período curto. Por se tratar de microrganismos presentes no ambiente, sua erradicação é mais difícil, pois os animais estão constantemente em contato com esses agentes (Caliman; Gasparotto; Ribeiro, 2023).
A mastite bovina é a principal doença que eleva os custos na produção de leite, impactando diretamente a atividade de rebanhos leiteiros. Devido ao alto custo de seu tratamento, a mastite ocupa um papel de destaque no cenário mundial, sendo a enfermidade que mais afeta os rebanhos leiteiros. Por isso, a prevenção, o controle e o tratamento eficaz dessa doença são fundamentais para a sustentabilidade e a rentabilidade da pecuária leiteira (Mbindyo, Gitao e Mulei 2020; Porn et al., 2024).
Na mastite subclínica, não há alterações visíveis no leite, mas, ao realizar uma análise, é possível identificar mudanças em sua composição. Há um aumento na contagem eletrônica de células somáticas (CECS), além de elevação nos níveis de cloro (Cl-), sódio (Na+) e proteínas séricas. Essas alterações ocorrem devido ao aumento da permeabilidade vascular, que permite a passagem desses componentes para o leite. Simultaneamente, observa-se uma diminuição nos níveis de lactose, gordura e caseína, resultado das lesões nas células secretoras de leite, o que compromete a síntese desses componentes (Lemos, 2018).
O controle e o tratamento da mastite representam um desafio no sistema de produção de leite e nos estabelecimentos de laticínios em todo o mundo. Entre os tratamentos mais utilizados para essa enfermidade, os antimicrobianos são os mais comuns, tornando a mastite a doença que mais exige o uso desses fármacos em rebanhos leiteiros. No entanto, esse método terapêutico apresenta desafios, como os altos custos e o risco de desenvolvimento de resistência dos agentes infecciosos aos antimicrobianos, além da preocupação com os resíduos desses medicamentos no leite (Megid et al., 2016; Mushtaq et al., 2018).
Para o diagnóstico das mastites, diversos testes podem ser utilizados. O California Mastitis Test (CMT) é o mais comum e fácil de ser aplicado na propriedade para detectar a mastite subclínica. Já a caneca do fundo preto ou telado é utilizada para identificar a mastite clínica. Outro teste disponível é o Wisconsin Mastitis Test (WMT), uma versão aprimorada do CMT, realizada com o auxílio de um viscosímetro em tubo graduado. A Contagem eletrônica de Células Somáticas (CECS) é realizada em laboratórios da Rede Brasileira da Qualidade do Leite (RBQL) por meio do sistema de citometria de fluxo. Além desses, a cultura microbiológica também pode ser feita para isolar o agente etiológico através de cultivo (Santos, 2017).
Práticas simples e frequentes de observação dos animais, associadas à palpação dos quartos mamários e à verificação do aspecto do leite por meio do teste da caneca do fundo preto, são suficientes para identificar a mastite clínica. O animal com mastite clínica nem sempre apresenta todos os sinais típicos da doença, mas os principais indicadores incluem inflamação de uma ou mais glândulas mamárias, podendo haver edema, nódulos, fibrose e aumento da sensibilidade à dor. Além disso, é comum a presença de sangue, grumos e pus no leite (Santos, 2017, Porn et al., 2024).
O tratamento da doença geralmente é feito com antibióticos, que exigem o descarte do leite durante o tratamento. Esses processos causam alterações no tecido glandular, comprometendo tanto a quantidade quanto a qualidade do leite produzido (Ruegg, 2017; Gonçalves et al., 2021).
A ozonioterapia surge como uma alternativa promissora, utilizando o gás ozônio como medicamento no tratamento de diversas condições de saúde. Trata-se de um tratamento natural, com poucas contraindicações e efeitos colaterais. A ozonioterapia oferece várias vantagens, como a redução significativa do tempo de recuperação de lesões, maior eficácia na cicatrização de feridas e a diminuição de custos com tratamentos adicionais, entre outras (Pena, 2006; Santos et al., 2014; Faria; Neto, Afonso, 2024; Porn et al., 2024).
O ozônio exerce ação inativadora sobre vírus, fungos, bactérias, protozoários e leveduras devido à sua comprovada capacidade de modular o estresse oxidativo e biológico, o que o torna eficaz no uso terapêutico. Ao entrar em contato com o organismo, o ozônio reage com ácidos graxos poliinsaturados nas membranas celulares, gerando uma série de peróxidos que estimulam a formação de substâncias desoxigenantes ou antioxidantes (Lima et al., 2020; Oliveira et al., 2023; Porn et al., 2024).
Os efeitos antimicrobianos da ozonioterapia contra os microrganismos causadores da mastite são satisfatórios, pois o tratamento com ozônio nos ductos galactóforos requer um tempo mínimo de contato, além de volume e concentração adequados para esterilizar os agentes patogênicos. Além disso, o leite de vacas afetadas pela mastite e tratadas com ozônio pode ser utilizado imediatamente na indústria ou na alimentação, sem riscos para a saúde (Souza et al., 216; Ogatha; Naghata, 2000; Arévalo et al., 2022; Fuentes et al., 2022).
Existem diversas vias para a aplicação da ozonioterapia, incluindo insuflação intramamária, auto-hemoterapia, aplicação retal, subcutânea, uretral, endovenosa, intrarticular, intraperitoneal, intramuscular, além do uso de soluções ozonizadas, como solução fisiológica, óleos, água, soros, entre outros fluidos (Oliveira et al., 2023).
O tratamento local com bolsas, bag ou toucas é uma técnica altamente eficaz para o tratamento de lesões em membros de animais, úlceras, escaras, feridas abertas e lesões pós-operatórias. Esse método exige um sistema fechado para controlar a área de aplicação do gás. Os membros são cobertos com um material resistente ao ozônio, garantindo que a concentração de gás seja mantida dentro da área tratada. O tratamento é realizado por cerca de 20 a 30 minutos, e os resultados após algumas sessões são bastante satisfatórios (Oliveira, 2007; Batista et al., 2017; Faria; Neto; Afonso, 2024).
METODOLOGIA
O experimento foi conduzido em uma Fazenda Escola parceira do curso de Medicina Veterinária da Universidade Iguaçu (UNIG), situada no estado do Rio de Janeiro, com a devida autorização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para o uso de animais em pesquisa. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da UNIG, em conformidade com as diretrizes e normas estabelecidas pelo comitê de ética e experimentação animal, registrado sob o número PEBIO/UNIG Nº 014/2023.
Para a seleção dos animais do estudo, as vacas da raça Gir em produção foram submetidas a um exame físico detalhado, com o objetivo de identificar possíveis quartos mamários apresentando sinais clínicos de mastite, como inchaço, calor, edema, hiperemia, endurecimento, sensibilidade ao toque, alterações no tamanho dos tetos e modificações comportamentais. Após essa avaliação, as 3 vacas avaliadas, sem sinais clínicos de mastite, foram conduzidas ao local de ordenha para a realização de exames diagnósticos complementares, como a caneca de fundo preto e o teste da Califórnia Mastitis Test (CMT).
Para dar continuidade ao exame iniciou-se o processo com a aplicação do pré-dipping, uma solução desinfetante utilizada para higienizar os tetos antes da ordenha, seguida de secagem cuidadosa com papel toalha descartável para garantir a limpeza.
O diagnóstico da mastite foi realizado com o uso da caneca telada de fundo preto e o CMT para identificação dos quartos mamários afetados (Figura 1 A, B e C). Com a confirmação do diagnóstico, iniciou-se o tratamento com ozonioterapia. O tratamento consistiu em apenas uma aplicação logo após a ordenha com o descarte do leite afetado. Para a aplicação, utilizou-se um gerador de ozônio da marca Ozone Life, 1/4 (Figura 2), capaz de transformar o oxigênio puro contido no cilindro em gás em ozônio.
Figura 1. Diagnóstico de Mastite: (A) Teste da caneca telada de fundo preto (B) Coleta do leite para posterior exame (C) Teste de CMT
Posteriormente, a confirmação do diagnóstico, foi iniciado o tratamento com ozonioterapia, que consistiu em uma única aplicação logo após a ordenha, com o descarte do leite contaminado. Para a aplicação, foi utilizado um gerador de ozônio da marca Ozone & Life, modelo 1/4 (Figura 2 A e B), que converte o oxigênio puro presente no cilindro em gás ozônio. Utilizou-se 500 mL de soro fisiológico ozonizado por 10 minutos em um aparelho calibrado para 41 µg/mL a 9 mg/min. O tratamento foi administrado com o auxílio de uma seringa de silicone, equipada com sonda uretral tamanho n° 4, que foi introduzida no teto afetado (Figura 3 A e B).
Figura 2 A e B: Aparelho de Ozônio marca Ozone & Life utilizado no estudo de mastite em uma vaca da raça Gir
Figura 3 A e B: Aplicação intramamária de soro fisiológico ozonizado através de uma sonda uretral n° 4 introduzida no teto mamário em uma vaca da raça Gir
Cada teto mamário recebeu 20 mL do soro fisiológico ozonizado, seguido pela administração de 60 mL de gás ozônio na mesma concentração diretamente no interior da glândula mamária. Para complementar o tratamento, foi realizado um procedimento de bagging no úbere e nos tetos afetados, utilizando o gás ozonizado na mesma concentração por 15 minutos (Figura 4 A e B). Após o tratamento, foi aplicado o pós-dipping, uma solução desinfetante utilizada para higienizar os tetos e fechar o esfíncter do teto após a ordenha. Uma semana após o tratamento, foi realizada uma nova coleta de leite para análise da composição do leite e repetição do CMT.
Figura 4 A e B: Realização do procedimento de bagging no úbere e nos tetos afetados, utilizando o gás ozonizado
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No caso desta pesquisa, a avaliação clínica foi realizada antes da coleta de material para os testes diagnósticos. A avaliação foi realizada através da inspeção e da palpação da glândula mamária e não foram observadas alterações físicas externas que indicassem sinais evidentes de inflamação ou complicações no úbere das vacas. Esses resultados corroboram com estudos anteriores, como os de Ogatha; Naghata, 2000; Caciano et al., 2023 assim como Policarpo (2021), que descrevem que o número de animais que apresentam mastite subclínica, sem sinais inflamatórios, é maior que os animais que apresentam mastite clínica. Mbindyo, Gitao e Mulei (2020) em estudo recente descrevem uma prevalência de mastite subclínica de 73.1% (289/395), mais uma vez mostrando que este tipo de mastite é o mais comum de ser observado.
Após essa avaliação inicial, foi dado início à realização do teste da caneca telada de fundo preto e ao CMT, testes não só utilizados neste estudo mas amplamente aplicados para o diagnóstico de mastite assim como para a determinação da gravidade da mastite com base na gelificação do leite estando de acordo com os autores Oliveira et al 2023; Caciano et al. 2023, Mbindyo; Gitao; Mulei; 2020; Policarpo, 2021. No diagnóstico, as três vacas foram identificadas com mastite subclínica, uma forma da doença que, compromete tanto a produção quanto a qualidade do leite. Este achado reforça os resultados de estudos dos autores como Megid; Paes; Ribeiro, 2016; Santos, 2017; Gonçalves et al., 2021, realtando a semelhança das características da mastite subclínica em diferentes rebanhos, como a ausência de sintomas visíveis, a elevação dos níveis de células somáticas e o impacto direto na composição do leite. (Figura 6). Dos 12 tetos avaliados, 9 apresentaram gel moderado, indicando uma inflamação de grau médio, 2 mostraram gel leve e 1 apresentou gel firme, sugerindo um grau mais grave de mastite em uma das glândulas.
Figura 6: Comparação de resultados de CMT nas vacas da raça Gir
Antes do tratamento (A) – Uma semana após o tratamento (B)
A ozonioterapia foi escolhida como tratamento principal, e uma semana após seu início, realizou-se uma nova avaliação dos tetos das vacas para monitorar a evolução do quadro. Dos 12 tetos tratados, 6 apresentaram melhora significativa, com redução na classificação para um grau inferior, indicando uma resposta positiva ao tratamento. Esse resultado está alinhado com os estudos de Santos, Silva e Almeida, 2014; Lima, Costa e Cavalcanti, 2020; Oliveira et al., 2023; Faria, Neto, Afonso, 2024, que demonstram a eficácia do ozônio tanto no tratamento da mastite subclínica quanto da clínica.
Dos 12 tetos tratados, 6 apresentaram melhora significativa, com redução na classificação para um grau inferior, indicando uma resposta positiva ao tratamento. No entanto, 3 tetos apresentaram piora, com a classificação aumentando para um grau mais grave. Esse resultado pode estar relacionado a complicações adicionais no processo inflamatório ou à ausência de continuidade no tratamento. O que dificulta a confirmação de resistência bacteriana como fator determinante, citado pelos autores Policarpo (2021) que relatam que o aumento da resistência bacteriana é um problema crescente e que pode dificultar o sucesso do tratamento em alguns casos de mastite. Ressalta ainda, que a aplicação inadequada do ozônio ou a severidade do quadro inflamatório também podem ser fatores limitantes para o sucesso do tratamento. Esses achados reforçam a importância de protocolos consistentes e bem planejados para maximizar os benefícios do tratamento.
Batista et al. (2017) discutem em seu artigo que, em casos mais graves de mastite, como a mastite crônica, a ozonioterapia pode não ser suficiente para reverter completamente o quadro, sendo necessária a terapia antibiótica para erradicar infecções mais agressivas. No entanto, é importante ressaltar que, no presente estudo, não foram realizadas terapias antibióticas e nem diagnosticada mastite clínica. Portanto, os resultados obtidos não permitem uma comparação direta com os estudos mencionados, sendo necessário cautela na interpretação e generalização dos achados. Os resultados obtidos estão sintetizados no Quadro 1. Esses achados corroboram os resultados de Ogata e Naghata (2000), que observaram melhorias significativas em 60% e 50% dos casos tratados com ozônio puro, respectivamente, sugerindo que, embora o ozônio seja eficaz, em casos mais graves a combinação com outros tratamentos pode ser fundamental para o sucesso terapêutico.
Quadro 1: Resultados do CMT antes e depois do tratamento em graus de gelificação.
CONCLUSÃO
O diagnóstico de mastite subclínica, confirmado pelo teste do CMT, evidencia a eficácia desse método, que se destaca por ser uma ferramenta prática e acessível para a detecção da mastite em vacas leiteiras. Embora os casos tratados tenham apresentado uma resposta terapêutica inicial positiva, os tratamentos não foram conduzidos de forma contínua, o que comprometeu a eficácia a longo prazo. Supõe-se que isso tenha contribuído para dificultar a recuperação completa dos animais.
Esse cenário reforça a importância de uma abordagem terapêutica personalizada, que considere a gravidade da infecção, a resposta individual de cada animal e as condições de manejo da propriedade. O uso de estratégias combinadas, associadas a um planejamento que facilite a continuidade do tratamento, é essencial para alcançar a erradicação completa da mastite e minimizar os prejuízos na produção leiteira.
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1Discente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu, RJ, Brasil.
2Médico Veterinário – autônomo
3Docente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu, RJ, Brasil dkezen@gmail.com