REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6621729
Autores:
Tainara Amoroso Delazari1
Josiane Heck2
Silviane Galvan Pereira3
Beatris Tres4
RESUMO
Introdução: O aumento da perspectiva do envelhecimento populacional gerou nos últimos anos grandes mudanças eminentes no perfil demográfico mundial. No Brasil o número de idosos acima de sessenta anos correspondem a 13,09% da população, dados apontam que até 2060 atinja 30%. A depressão é uma doença que diferencia o indivíduo deprimido, caracterizada por diversas alterações psicopatológicas, com relação a sintomatologia, gravidade, curso e prognóstico. No mundo, cerca de 15% dos idosos apresentam pelo menos um sintoma da depressão. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo identificar os sintomas de depressão nos idosos em uma unidade básica de saúde do município de Medianeira/PR. Métodos: Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa, onde se aplicou dois questionários, um contendo questões sociodemográficas, e outro a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage. A Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, versão ampliada, consiste em 30 itens com questões fechadas: “sim ou não”. Sua pontuação total é de 30 e pontuações maiores ou iguais a 11 são indicativas de depressão. O estudo foi aplicado no município de Medianeira, a pesquisa teve foco em uma UBS do município, sendo o Centro Social Urbano (CSU). Resultados: Participaram da pesquisa 130 idosos, desses 65 são homens e 65 mulheres, a idade entre os entrevistados variou de 60 a 83 anos, sendo distribuídos em três faixa etária, de 60 a 69 anos 66,15%, de 70 a 79 anos 33,08%, e de 80 anos e mais, 0,77%. Com relação a avaliação da escala de depressão, 54 (41,54%) tiveram uma pontuação igual ou maior que 11, entre eles 23 (42,59%) homens, e 31 (57,41%) mulheres. Conclusão: Nesta pesquisa foi possível observar vários sintomas de depressão em idosos, tais como carência de atenção, falta de convívio social, medo e preocupação pelo fato de estar na terceira idade, envelhecer deve ser considerado um processo natural da vida, mas para muitos se torna triste e solitário.
Palavras-chave: Idoso, Depressão, Doença.
1. INTRODUÇÃO
O aumento da perspectiva do envelhecimento populacional gerou nos últimos anos grandes mudanças eminentes no perfil demográfico mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS), destaca que o indivíduo idoso é considerado aquele que apresentar idade igual ou superior a sessenta anos em países de terceiro mundo ou em desenvolvimento, e acima de sessenta e cinco anos para países de primeiro mundo (CUNHA et al, 2016).
No Brasil o número de idosos acima de sessenta anos correspondem a 13,09% da população, dados apontam que até 2060 atinja 30%. Referente a isso podemos destacar a importância de estudos e formações de profissionais qualificados, possibilitando um envelhecimento com qualidade (FERREIRA et al., 2017).
No decorrer dos anos, várias patologias se manifestam e acabam surgindo, podendo ser decorrente das mudanças corporais do próprio idoso, ou pelo modo que ele vive. A depressão é uma doença que diferencia o indivíduo deprimido, caracterizada por diversas alterações psicopatológicas, com relação a sintomatologia, gravidade, curso e prognóstico (LIMA, 2016).
No mundo, cerca de 15% dos idosos apresentam pelo menos um sintoma da depressão. Isso acontece pelo fato de que é nessa fase da vida em que os idosos refletem sobre as experiências provenientes dos seus anos vividos e sobre as suas escolhas do passado, procuram diversas formas de lidar com o envelhecimento e os problemas que podem enfrentar por conta do avanço da idade. No Brasil tem aumentado a presença de doenças psiquiátricas entre a população idosa, sendo a depressão, considerada o transtorno mais comum nesse segmento etário. As taxas de predomínio da depressão na terceira idade se diferenciam entre 5% e 35%, considerando as diferentes formas e gravidades da depressão (NAKANO, 2019).
A depressão pode ser estabelecida como um tipo de sofrimento mental crônico, tendo como características principais, humor deprimido, perda do interesse e do prazer, podendo ser estimulada por fatores biológicos, ou desencadeada pela genética (VAN ANCUN et al., 2017).
Segundo Rocha et al. (2015), a depressão pode ser desenvolvida e atingir todas as idades, incluindo homens, mulheres, crianças e idosos, pode-se destacar que as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens, por fatores de efeitos hormonais, estresse, parto, entre outros.
Os sintomas depressivos podem ocasionar em idosos um desenvolvimento de maior suscetibilidade e agravamento de doenças crônicas, aumentando o risco de morbidade, consequência disso, uma grande necessidade de apoio de profissionais de saúde que diminuam os agravos da doença. Pode-se destacar como principais sintomas, queixas físicas como fadiga, sono, falta de apetite e indisposição e alterações de humor (SOUSA et al., 2017).
A carência da rede social de apoio pode ser considerada uma das principais causas do aumento da depressão, nos idosos representa atualmente um desafio ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde os profissionais necessitam estar atentos e preparados para identificar e diagnosticar esses transtornos tão sérios e maligno a saúde. Desta forma, é responsabilidade do SUS oferecer apoio social, farmacológico e psicológico aos idosos na prevenção e no tratamento da depressão (OLIVEIRA, 2017).
A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o ambiente onde ocorre o primeiro contato do indivíduo com o atendimento à saúde, e tem como principal objetivo atender aos problemas de saúde da população, promovendo a saúde e prevenindo doenças. Consequentemente, a UBS é o espaço adequado para triagem da depressão e para o conhecimento do perfil socioeconômico e de saúde das pessoas na terceira idade na comunidade (MENEGUCI, 2019).
O presente estudo tem como objetivo identificar os sintomas de depressão nos idosos em uma unidade básica de saúde do município de Medianeira/PR.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa, onde se aplicou dois questionários, um contendo questões sociodemográficas, e outro a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage. O estudo foi aplicado no município de Medianeira, a pesquisa teve foco em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município, sendo o Centro Social Urbano (CSU). Participaram do estudo indivíduos com idade de 60 anos ou mais, de ambos os sexos, cadastrados na unidade, composta por 153 participantes, onde 23 não aceitaram participar da pesquisa, totalizando 130 participantes.
Os seguintes critérios de inclusão foram utilizados no estudo: ter idade de 60 anos ou mais, residir no município de Medianeira, realizar algum tipo de acompanhamento na UBS CSU do município, concordaram a responder o questionário proposto na entrevista, aceitaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). E os critérios de exclusão dessa pesquisa foram: pacientes que não tinham idade superior a 60 anos, pacientes que não aceitaram participar da pesquisa, pacientes que de alguma forma não se sentiram bem em responder alguma das perguntas, se negaram em assinar o TCLE.
O instrumento de coleta de dados utilizado nessa pesquisa foi a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, desenvolvida em 1983, sendo usado na pesquisa o modelo mais atualizado, este é um dos instrumentos mais comum utilizado para o rastreamento de depressão entre a população idosa (REICHEL et al., 2001).
A Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, versão ampliada, consiste em 30 itens com questões fechadas: “sim ou não”. Sua pontuação total é de 30 e pontuações maiores ou iguais a 11 são indicativas de depressão (REICHEL et al., 2001).
Para a coleta dos dados foi selecionada a UBS e feita uma relação de quantos idosos são atendidos na unidade, forneceram nomes e endereços de pacientes atendidos nos últimos 30 dias com idade superior a 60 anos, a aplicação dos questionários foi realizada a domicílio.
Para a execução do projeto foram respeitadas as diretrizes da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e todos os participantes do estudo, juntamente com os pesquisadores, assinaram em duas vias do TCLE. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC sob o parecer 53934921.4.0000.8527.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram da pesquisa 130 idosos, desses 65 são homens e 65 mulheres, a idade entre os entrevistados variou de 60 a 83 anos, sendo distribuídos em três faixa etária, de 60 a 69 anos 66,15%, de 70 a 79 anos 33,08%, e de 80 anos e mais, 0,77%, referente ao estado civil, á um número expressivo de participantes casados, sendo estes representados por 70,77% dos participantes, já para os viúvos a um percentual de 20,77% e 8,46% separados.
Com relação a escolaridade da população estudada, 3,08% são analfabetos, 67,69% tinham o ensino fundamental completo ou incompleto, 20,00% ensino médio, e 9,23% ensino superior. Quanto a renda, a maioria, 74,62% eram aposentados, e 25,38% são assalariados. Referente a religião 77,69% eram católicos, e 22,31% eram evangélicos (Tabela 1).
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS, ATRAVÉS DE VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E SEXO, MEDIANEIRA PR – 2022
Estudos realizados têm mostrado correlação positiva entre a idade (acima de 65 anos) e os sintomas depressivos. Pesquisas epidemiológicas mostram que a depressão é o distúrbio da saúde mental mais frequente na terceira idade e que está associada à maior morbidade e mortalidade nessa faixa etária, principalmente quando doença física ou declínio cognitivo estão presentes (SNOWDON, 2002).
A literatura aponta que mulheres são mais suscetíveis ao aparecimento de sintomas depressivos durante a velhice. Possíveis interpretações está o fato de que as mulheres vivem, em média, mais do que os homens e idades avançadas são acompanhadas por maior incidência de doenças crônicas, entre elas a depressão. Também, as alterações hormonais ocorridas no climatério, como a diminuição da autoestima, a irritabilidade, a diminuição da concentração, da memória e da libido, contribuem para o surgimento de sintomas depressivos (NOGUEIRA, 2014).
Constata-se que idosos que não possuem religião têm maior prevalência de sintomas depressivos, condição essa que merece destaque dada a contribuição da religiosidade/espiritualidade para o bem-estar do idoso, entre os fatores ligados à cultura, a religião exerce mais impacto para o indivíduo. Participar de atividades religiosas, aumenta as chances de convívio social, estabelecendo e fortalecendo novos laços de amizade, além de possibilitar a participação em atividades de cultura e lazer, estimulando o convívio e a socialização, caracterizando-se como um recurso de enfrentamento ou alívio contra a depressão. A espiritualidade pode ajudar a superar momentos difíceis, as perdas do envelhecer e o processo saúde doença, dando suporte social e possibilitando uma melhora da saúde e qualidade de vida (FERNANDES, 2010).
Segundo Sousa et al., (2010) idosos divorciados tendem à maior prevalência de sintomas de depressão, caracterizando a solidão como possível fator de risco para o desenvolvimento desses sintomas. Estudos mostram que a perda do companheiro tem sido associada a declínio mental e físico, acarretando sintomas depressivos cerca de dois a seis meses após a perda. Dessa maneira, pode representar um evento de sobrecarga, aumentando a vulnerabilidade para acometimentos à saúde.
Entre o grupo de idosos, os aposentados possuem maiores índices de quadros depressivos. A ocupação do idoso é um fator importante para o aparecimento da depressão, uma vez que envolve fatores psicossociais, emocionais e econômicos. Devido à desvalorização que o idoso sofre na sociedade, existe maior frequência de sintomas depressivos entre os idosos que não possuem trabalho, principalmente nos países em desenvolvimento, pode indicar que aqueles que se mantêm no mercado de trabalho continuam se sentindo úteis à comunidade. Entretanto, não se pode desconsiderar a possibilidade de causalidade reversa nessa associação, pois tanto a ausência de trabalho quanto o inverso podem levar à depressão (MEZUK, 2011).
Idosos sem escolaridade costumam apresentar quadros depressivos. Entende-se que com o aumento do nível de escolaridade diminuíam-se os casos de idosos com quadros depressivos. Estudos nacionais e internacionais confirmam esse resultado em seu estudo, em que foi detectada grande proporção de idosos sem escolaridade e depressivos. Ainda afirmam que, assim como para outras doenças de caráter crônico, a escolaridade mais alta mostrou-se um fator protetor importante para a ocorrência de sintomas depressivos, talvez pelo melhor conhecimento sobre o assunto, mais acesso a medidas preventivas que melhoram a qualidade de vida e melhor situação financeira (OLIVEIRA, 2012).
Com relação a aplicação da escala de depressão geriátrica Yesavage dos participantes da pesquisa 89,23% dos homens e 84,62% das mulheres afirmaram estar satisfeitos com sua vida. Ao perguntar se sentiam que a vida estava vazia, 30,77% sentem que sim, entre as mulheres 40%. Abandonaram muito de seus interesses 56,92% dos homens, das mulheres 60%.
Sobre se sentirem aborrecidos 27,69% dos homens afirmaram que sim, já entre as mulheres foram 46,15%. Sentem-se feliz na maioria do tempo, 80% dos homens, entre as mulheres 75,38%. Sobre ficar frequentemente triste 36,92% dos homens dizem que sim, entre as mulheres 32,31%. Sentem frequentemente vontade de chorar 33,85% dos homens, entre as mulheres, 43,08%. Sentem-se frequentemente intranquilos 41,54% dos homens, entre as mulheres 36,92%. Sobre se sentirem inútil 26,15% dos homens afirmam se sentir inútil, entre as mulheres, 29,23%.
Sobre ter fé no futuro 83,08% dos homens tem fé no futuro, entre as mulheres 75,38% tem fé no futuro. Se preocupam muito com o passado 63,08% dos homens, entre as mulheres 67,69%. Entre os participantes homens 35,38% afirmaram ter pensamentos negativos, entre as mulheres 40%. Com relação a ter medo que algo de mal vá acontecer 43,08% dos homens afirmam ter, entre as mulheres 49,23%. Sobre se sentir sem esperança 24,62% dos homens afirmam não ter esperança, entre as mulheres 27,69% afirmam não ter. Sobre achar bom estar vivo 92,31% acham bom, entre as mulheres 86,15%. Acham a vida muito interessante 83,08% dos homens, entre as mulheres 80%.
Entre se sentirem desamparados ou adoentado 21,54% dos homens afirmaram que sim, entre as mulheres 24,62% afirmam também se sentirem desamparadas. Sobre preferir ficar em casa ao invés de sair 60% dos homens afirmam que preferem ficar em casa, entre as mulheres 56,92%. Com relação a achar que tem mais problemas de memória 44,62% dos homens acreditam ter, entre as mulheres, 40%.
Sobre dificuldade de começar novos projetos 47,69% dos homens relatam ter, entre as mulheres 53,85%. Sobre o raciocínio estar tão claro como antigamente, 40% dos homens relataram que sim, entre as mulheres 44,62%. Sentem-se cheio de energia 70,77% dos homens, entre as mulheres 75,38%. Sobre achar que os outros tem mais sorte 33,85% dos homens acreditam que os outros tem mais sorte, entre as mulheres 38,46%. Preocupam-se muito com coisas sem importância 38,46% dos homens, entre as mulheres 43,08%. Sobre a dificuldade de se concentrar, 49,23% dos homens relatam ter dificuldades, entre as mulheres 52,31% relatam ter dificuldades. Sentem-se bem ao despertar 66,15% dos homens, entre as mulheres 69,23%. Preferem evitar reuniões sociais 35,38% dos homens, entre as mulheres, 43,08% afirmam evitar reuniões. Sobre ter facilidade em tomar decisões, 41,54% dos homens afirmam que tem facilidade, entre as mulheres 47,69% (Tabela 2).
TABELA 2 – QUESTIONÁRIO DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA DE YESAVAGE MEDIANEIRA-PR, 2022
Essa escala foi utilizada em idosos residentes numa Instituição de Longa Permanência, no sul do Rio Grande do Sul, fazendo parte de um instrumento de avaliação multidimensional do idoso, apresentando-se eficaz aos objetivos do estudo proposto (SANTOS, 2005).
Tier (2006) também utilizou essa escala em pesquisa que envolveu cinquenta e cinco idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência (ILP) e identificou vinte e seis idosos com transtornos depressivos; desses, dezoito foram mulheres e oito homens. Tal Escala mostrou-se eficaz ao alcance dos objetivos propostos e direcionou a elaboração de propostas de ações de enfermagem/saúde, para contribuir na melhoria da qualidade de vida dos idosos investigados.
Sobre alterações no processo de pensamento relacionado ao fator de envelhecer, evidenciada por dificuldade de concentração, falta de clareza de raciocínio, aumento do bem-estar espiritual evidenciado por felicidade por estar vivo, e por achar a vida interessante e sobre mau humor desse tentar ajudar os idosos a não se verem como desamparados, permitir que os idosos tenham tempo para expressar seus sentimentos e engajá-los na tomada de decisões, cuidar do idoso como pessoa, dedicando tempo para ouvir os sentimentos e preocupações, identificar o que podem fazer por si mesmos para que não se sintam mais limitados incentivá-los a orar, meditar, conversar, participar de atividades religiosas, incentive os idosos a participar de atividades que promovam o bem-estar, como festas com participação de familiares (TIER, 2006).
Desesperança relacionada ao abandono secundária à separação de pessoas significativas, evidenciada por vida vazia, falta de fé no futuro, verbalização de que os outros têm mais sorte, preocupação com coisas sem importância, vontade de chorar, dificuldade em tomar decisões Solidão relacionado a isolamento social. Tier (2006) afirma que deve-se transmitir empatia para facilitar a linguagem dos idosos, buscar compreender suas preocupações e discutir seus medos, avaliar os fatores que causam e contribuem para os sentimentos de abandono expressos pelos idosos; deve se envolvê-los em atividades e programas de exercícios que promovam sua socialização, identificar causas e possíveis ações que podem acarretar solidão.
Em alguns momentos os idosos revelam sentimentos e sensações contraditórias, mostrando, assim a complexidade humana. O ser humano é um ser ‘unidual’, que ao mesmo tempo é um ou mais de um; que é uma coisa e outra. É um duplo que, de cada um dos lados, concentra aspectos diferentes, complementares e contraditórios (PETRAGLIA, 2001).
Com relação a avaliação da escala, 54 (41,54%) tiveram uma pontuação igual ou maior que 11, entre eles 23 (42,59%) homens, e 31 (57,41%) mulheres, conforme Tabela 3.
TABELA 3 – RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Segundo Bretanha et al. (2015), apesar de comum em idosos, a depressão é frequentemente subdiagnosticada e não tratada. O diagnóstico da depressão é basicamente clínico, no entanto os índices de reconhecimento dos sintomas e tratamento depressivos adequado são mínimos, especialmente na atenção básica. Em geral, os profissionais de saúde interpretam os sintomas depressivos como manifestações normais desinente do próprio processo de envelhecimento ou os confundem com ansiedade e tristeza.
O engano no diagnóstico e a carência de uma intervenção adequada podem determinar pior prognóstico e comprometimento físico, social e funcional, acarretando impactos negativos na qualidade de vida do idoso (BRETANHA, 2015).
A depressão é um adoecimento que acomete os idosos, mas ainda assim tem seus sintomas pouco estudados e subdiagnosticados. Colaborando para maior mortalidade, tanto pelo aumento do risco de suicídio quanto pelo acréscimo de doenças crônicas (SILVA, 2019).
Alguns estudos apontam que o tempo melhora e diminui parte das doenças depressivas, sendo tratadas ou não. Outros defendem o uso medicamentoso como melhor adepto na superação dessa patologia, já que trabalha diretamente na disfunção fisiológica que essa patologia causa. Apenas a utilização de medicamentos não é suficiente para resolver todos os fatores envolvidos na depressão, porém torna-se necessário a atuação de uma equipe multiprofissional dominada a utilizar métodos próprios e não farmacológicos de tratamento. A finalidade dessa forma alternativa de tratamento é fazer com que a pessoa deprimida volte a sentir-se útil, deliberando assim, mesmo que minimamente, seus problemas (PAPINI JUNIOR, 2018).
A qualidade de vida dos idosos é um fator definitivo no potencial acréscimo do quadro depressivo. Simeão (2018) a determina como um fenômeno de difícil interpretação, visto que é egocêntrico, complexo e com bastante perspectivas, abrangendo tanto aspectos de julgamento individual de domínios específicos quanto aspectos referentes ao convívio social e particularidades que cercam o indivíduo.
Refletindo sobre a depressão como uma doença com grande potencial de estimular ideias e atitudes suicidas é preciso pensar também em medidas que advirtam, minimizem e impeçam que essa doença se desenvolva na vida dos idosos. Acredita-se que essas novas alternativas de tratamento restaurem ao idoso deprimido sua autoestima e reduza significativamente seus sentimentos negativos. É importante que se mantenha a qualidade de vida, a saúde mental e as atividades sociais, não apenas no tratamento, mas também no dia a dia dos idosos (PAPINI JUNIOR, 2018).
Entre os meios não medicamentosos podemos destacar: psicoterapias, atividades comportamentais empregadas por psicólogos que têm a finalidade de ampliar a consciência do paciente incentivando a enfrentar situações e lidar com as dificuldades em seu ambiente; atividades físicas, que devem ser realizadas regularmente, a fim de elevar os níveis de endorfina, diminuindo assim o nível de estresse e consequência disso os sintomas depressivos; tarefas lúdicas como jogos, brincadeiras, rodas de conversa, trabalhos manuais, musicais e artísticos assegurando a diversão como terapia, fornecendo o cognitivo, a autoestima, a interação social; atividades de interação social que contam com a participação de familiares, conhecidos, pessoas especiais e amigos, tentando diminuir a sensação de solidão e isolamento, fortificando vínculos e promovendo sensações como a gratidão, felicidade, amor e afeição (PAPINI JUNIOR, 2018).
4. CONCLUSÃO
Nesta pesquisa foi possível observar vários sintomas de depressão em idosos, tais como carência de atenção, falta de convívio social, medo e preocupação pelo fato de estar na terceira idade, o fato de envelhecer deve ser considerado um processo natural da vida, mas para muitos se torna triste e solitário.
Desta forma, almejamos que este estudo contribua para uma assistência de enfermagem, sensibilizando e conscientizando o enfermeiro sobre a necessidade do amparo e assistência de enfermagem ao idoso portador de depressão na Unidade Básica de Saúde.
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1Acadêmica concluinte do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu. E-mail: amoroso.tainara123@hotmail.com
2Psicóloga. Mestre em Políticas Públicas pela UNILA. Especialista em Psicanálise Clínica de Freud a Lacan pela PUC. Especialista em Dependência Química pela Faculdade Eficaz Orientadora do presente trabalho. E-mail: josianeheck@hotmail.com
3Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela USP, Professora da Disciplina de Seminário e Monografia II da Faculdade Uniguaçu. E-mail: sil_galvan@hotmail.com
4Enfermeira. Especialista em Saúde do Adulto e Idoso, em Unidade de Terapia Intensiva e em Gestão Hospitalar, Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Uniguaçu. E-mail: beatris.tres@hotmail.com