AUTISMO: COMO TORNAR O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO INCLUSIVO?

AUTISM: HOW TO MAKE THE UNIVERSITY ENVIRONMENT INCLUSIVE?

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8025160


Beatriz Arruda Guimarães¹, Angélica Pereira Rocha¹.


Nessa pesquisa buscar-se-á analisar a inclusão do estudante com transtorno do espectro autista (TEA), em cursos de graduação em Odontologia, em Universidades que sejam realmente inclusivas. Como metodologia de pesquisa, optou-se por fazer uma revisão bibliográfica da literatura narrativa descritiva. As fontes utilizadas para pesquisa deste trabalho foram as plataformas virtuais: SciELO, Google Acadêmico, PubMed. As palavras-chave utilizadas foram: “autismo”, “transtorno do espectro autista”, “inclusão nas universidades”, “acadêmicos autistas” e “autismo na odontologia”. Durante a pesquisa encontrou 47 pesquisas potencialmente elegíveis. Após uma leitura mais detalhada foi selecionado 30 trabalhos. E, destes, 22 foram incluídos na pesquisa. Percebe-se que, por haver um número pequeno de autistas em universidades, quase não se encontra pesquisas relacionadas ao tema. No entanto, inferiu-se, no decorrer das leituras, que os universitários apresentam algum grau de dificuldade relacionadas a habilidades atencionais e organizacionais. Quando se diz respeito às relações sociais instituída pelo aluno no decorrer do curso, deduziu que, embora o autista seja aceito pelo grupo e tenha uma convivência satisfatória, não consegue aprofundar nos relacionamentos. Conclui-se, portanto, que é necessário maior preparo da comunidade acadêmica, a fim de aumentar a compreensão e a identificação das necessidades dos estudantes como TEA, fomentando a êxito acadêmico desse grupo de pessoas.

Palavras-Chave: Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Inclusão nas Universidades, Acadêmicos Autistas, Autismo na Odontologia.

This research will seek to analyze the inclusion of students with autism spectrum disorder (ASD), in undergraduates’ course in Dentistry, in universities that is truly inclusive. As a research methodology, it was decided to carry out a bibliographical review of the descriptive narrative literature. The sources used to research this work were the virtual platforms: SciELO, Google Scholar, PubMed. The keywords used were: “autism”, “autistic spectrum disorder”, “inclusion in universities”, “autistic academics” and “autism in dentistry”. During the search it found 47 potentially eligible searches. After a more detailed reading, 30 works were selected. And, of these, 22 were included in the research. It is noticed that, because there are a small number of autistic people in universities, there is almost no research related to the subject. However, it was inferred, during the readings, that university students have some degree of difficulty related to attentional and organizational skills. When it comes to the social relationships established by the student during the course, he deduced that although the autistic is accepted by the group and has a satisfactory coexistence, he is unable to deepen relationships. It is concluded, therefore, that greater preparation of the academic community is necessary to increase the understanding and identification of the needs of students with ASD, promoting the academic success of this group of people.

Keywords: Autism; Autism Spectrum Disorder; Inclusion in universities; Autistic Scholars; Autism in Dentistry.

1. INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade, a inclusão na educação refere-se a igualdade de oportunidades e direitos educacionais para todos os cidadãos, independentemente do nível de ensino. Sabe-se que educação inclusiva integra e inclui o ensino superior, com o intuito de diminuir as desigualdades acumuladas ao longo da história, e assegurar a isonomia de possibilidades às classes marginalizadas e descriminadas, como por exemplo, os acadêmicos que necessitam de uma educação especial (PAEE) – discentes com deficiência, dificuldade de desenvolvimento global, grandes habilidades, como os superdotados, ou os autistas, foco da pesquisa.

No que concerne as ações políticas, é salutar esclarecer que, a partir do ano 2000, alguns projetos governamentais procuraram reconhecer e assegurar o ingresso das pessoas PAEE ao ensino superior. Dentre esses programas, evidencia-se a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Especial (Brasil, 2020), que estabelece atividades que promovam ambientes inclusivos nas Universidades do país.

A inclusão de pessoas autistas na universidade é um grande desafio, mas vem sendo discutida com mais frequência, uma vez que as dificuldades com a comunicação, socialização e adaptações de mudanças são grandes empecilhos enfrentados pelos acadêmicos e pode interferir no seu desempenho (Oliveira & Abreu, 2019).

Apesar de estar crescendo o número de estudantes com TEA no ensino superior, ainda hoje, a porcentagem é muito pequena, sendo de apenas 3,3%, de acordo com o INEP (2018). Compreende-se que é necessário que as universidades façam mudanças significativas para, realmente, proporcionar uma educação verdadeiramente inclusiva. Inquestionavelmente, não é provável que haja inclusão dessas pessoas sem considerar que elas têm características motoras, sociais, cognitivas e sensoriais distintas.

Dessa forma, ao pensar na universidade e a inclusão de acadêmicos com TEA, existem poucos estudos realizados dentro do território nacional. E, dentre os que existem, evidencia-se um panorama de inclusão, por vezes, totalmente, excludente, manifestado, principalmente, pela inaptidão das instituições de ensino superior, dos professores, dos colegas de sala para cuidar, servir e conviver com as carências oriundas do autismo no campo universitário.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da comunicação, socialização e comportamento do indivíduo. O autismo é uma condição complexa e variável que pode interferir de diferentes maneiras e em três graus. Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TEA é caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (APA, 2022).

Embora, a causa exata do aumento na prevalência do autismo não seja clara, os avanços na identificação precoce, a conscientização e a melhoria nos métodos de análise podem estar contribuindo para o aumento das taxas de diagnóstico. Além disso, estudos também sugerem que fatores ambientais e genéticos podem estar envolvidos na etiologia do TEA (Medeiros, 2021).

De acordo com a legislação brasileira, a alteração do § 3º do art. 98 da Lei n.º 8.112/1990, visa garantir maiores direitos aos autistas quanto à educação, saúde e mercado de trabalho (Aragão, 2022). É fundamental destacar que os indivíduos com TEA demandam um atendimento que envolve diversos profissionais de áreas distintas como enfermagem, psicologia, medicina e odontologia. Dessa forma, torna mais eficaz o atendimento multidisciplinar entre as partes envolvidas, e otimiza mais bem resultados no tratamento a curto e longo prazo (Lemos et al., 2022).

O aumento na incidência do autismo destaca a importância de pesquisas contínuas para entender melhor os fatores que contribuem para a condição e desenvolver intervenções eficazes para indivíduos com espectro e suas famílias (Camargo & Bosa, 2019). Assim sendo, este estudo pretende contribuir para a promoção da inclusão de pessoas com autismo nas universidades de odontologia. Outrossim, busca-se entender como os estudantes autistas lidam comas dificuldades específicas da graduação, e como podem ser apoiados para uma formação acadêmica inclusiva e com bom êxito.

2. METOLOGIA

Este estudo trata de uma revisão de literatura narrativa descritiva sobre o tema proposto, a qual se baseia na análise de pesquisas acadêmicas para a investigação do objeto sobre o ambiente universitário preparado para receber pessoas com autismo. O levantamento bibliográfico deste trabalho foi feito pelas plataformas virtuais: SciELO, Google Acadêmico, PubMed, conforme figura 1. As palavras-chave utilizadas para pesquisa foram: “autismo”, “transtorno do espectro autista”, “inclusão nas universidades”, “acadêmicos autistas” e “autismo na odontologia”.

Figura 1: Identificação e Seleção dos artigos da revisão.

Fonte: Autora (2022).

Os trabalham que utilizam a metodologia de revisão de literatura narrativa são pesquisas amplas que objetivam arquitetar e debater o desenvolvimento de um tema sob o ponto de vista conceitual e teórico (Nunes, 2020).

Ao todo, em todas as bases de dados foram utilizados quatro termos: (inclusão) AND/0R (autista) AND/OR (acadêmicos) AND/OR (odontologia) AND/OR.

A escolha dos trabalhos e resumos foi feita individualmente, após a leitura, na íntegra dos artigos. Foram escolhidos trabalhos com publicação dos últimos cinco anos (Figura1), entre o período de 2018 ao primeiro trimestre de 2023, e, após apreciação das referências optadas, feitos os aportes e as cooperações científicas ao contexto (Sakamoto & Silveira, 2019).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Conceito sobre Autismo

Durante muitos anos o autismo tem sido pesquisado sob várias perspectivas teóricas, como, por exemplo, a teoria afetiva de Kanner (1996), fortalecida por Francis Tustin (1975). A discussão sobre autismo se deu a partir de várias teorias, procurando diferenciar as nomenclaturas psicose infantil, esquizofrenia e autismo, contrastando as dessemelhanças entre as abordagens orgânicas e psicogênicas, referenciadas nas pesquisas do Sistema Nervoso Central, que foi o precursor em correlacionar o autismo infantil com bases genéticas (Prista, 2022). Além disso, por volta do ano de 1980, apareceu uma profissão denominada de analista do comportamento aplicada, que trouxe progressos nas análises e tratamentos do TEA, e, até a atualidade, evidencia-se como um modelo terapêutico (Oda, 2018).

A primeira pessoa a se dedicar ao TEA e utilizar a análise do Comportamento Aplicado no tratamento do autismo foi Ivar Lovaas. Após a sua pesquisa, ele ganhou notoriedade, pois conseguiu desenvolver o modelo de tratamento compreensivo, enfocando na mediação e influências de diversos comportamentos de naturezas distintas, de forma simultânea, e executou um paralelo contra positivo aos formatos de terapias voltadas para condutas específicas. (Oda, 2018). Além do mais, pesquisas subsequentes assentiram que o autismo é considerado uma síndrome com comportamentos singulares, manifestados previamente, com alterações em vários setores do desenvolvimento, como cognição, percepção e linguagem.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma denominação que descreve uma combinação de déficits na comunicação social e comportamentos sensórios motores repetitivos. Essas características estão associadas a desordem heterogênea e multifatorial, influenciada por fatores ambientais, genéticos e neurológico (Zeldovich, 2018)

É importante ressaltar que a perspectiva atual para indivíduos dentro desse espectro é mais positiva em comparação a 50 anos atrás, quando era considerado um distúrbio raro e rigidamente definido como algo que surgia exclusivamente no início da infância (Ferreira da Silva, Araújo & Dornelas, 2020). De acordo com os critérios de diagnóstico do espectro do autismo descritos no DSM-V, é crucial identificar os sintomas nos primeiros 36 meses de vida. Quando intervenções precoces são implementadas, há um impacto favorável no prognóstico, uma vez que a idade desempenha um papel determinante na evolução positiva do indivíduo (Lopes et al., 2019).

Segundo o DSM-V, são descritos três níveis de funcionalidade e variação na sintomatologia do TEA: nível 1, de suporte, nível 2, de suporte substancial e nível 3, de suporte muito substancial. Assim, devido à diversidade de perfis encontrados no autismo se utiliza do termo espectro (APA, 2022; Vieira, 2022).

O nível 1, de suporte ou autismo leve, é caracterizado por dificuldades de interação inicial, respostas atípicas e redução da de demonstração de interesse em relação a situações sociais. Este nível, apesar de requerer pouco suporte, a falta dele pode resultar em prejuízos notáveis. O nível 2, de suporte substancial ou moderado, observa-se déficits mais grave em relação a comunicação verbal e não verbal, a inflexibilidade e outros padrões repetidos/restritos que interferem em vários contextos. Mesmo na presença de suporte, alguns indivíduos desse nível apresentam prejuízos sociais notáveis. O nível 3, de suporte muito substancial ou grave, apresenta deficiência na habilidade comunicativa que leva a prejuízos importantes, devido a mínima abertura social de terceiros, extrema inflexibilidade e resistência acentuada em relação a mudanças. Indivíduos desse nível podem apresentar atrasos cognitivos e requerem maior suporte (APA, 2022; Araújo et al., 2022).

Os níveis de gravidade e comunicação social estão representados na Figura 2.

Figura 2: Níveis de gravidade e comunicação social do Autismo.

Fonte: site www.usp.br

Nos últimos anos tem aumentado o índice de diagnóstico do autismo. Esse crescimento tem impactado a demanda por apoio educacional para esse grupo em todos os níveis de ensino, incluindo a entrada de jovens com TEA nas universidades (Olivati & Leite, 2019). Ainda há uma escassez de estudos que se propõem a investigar as vivências acadêmicas de estudantes com TEA (Rosa, Matsukura & Squassoni, 2019), principalmente a partir da perspectiva dos próprios estudantes (Bolourian, Zeedyk, & Blacher, 2018; Olivati & Leite, 2019). No contexto das universidades brasileiras, infelizmente, existe uma escassez de estudos que abordem especificamente estudantes com TEA, apesar do grande número desses, matriculados em faculdades do país. A falta de pesquisas nesse campo é resultado da escassez de políticas públicas que incentivam sua inclusão (Olivati & Leite, 2019; Sanches & Freiras, 2022).

Segundo a Lei nº 12.764, os indivíduos com o transtorno são considerados pessoas com deficiência, dessa forma, para a inclusão delas existe a Lei nº 13.146 que determina, assegurar e promover condições de igualdade, exercício dos direitos e das liberdades fundamentais, visando à sua inclusão social e cidadania (Sanches & Freiras, 2022).

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, enfatiza a importância de implementação de ações que assegurem o acesso, a permanência e a participação dos estudantes com deficiência. Essas ações englobam a disponibilização de recursos e serviços que promovam a acessibilidade em termos de infraestrutura, comunicação, sistemas de informação, materiais didáticos e pedagógicos. Além disso, é de fundamental importância que esses serviços sejam disponibilizados nos processos seletivos e durante o desenvolvimento de todas as atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão (Brasil, 2020).

3.2 Estudo de propagação de doenças, aspectos clínicos e sintomas do autismo

Pesquisas tem demonstrado que o índice que indivíduos que possuem TEA está aumentado a cada dia mais. No Brasil, esse índice já alcança 1% da população, ou seja, 2 milhões de pessoas (Ribeiro, 2022). Além disso, estudos comprovam que, quando se refere a gênero, para cada quatro crianças do sexo masculino, uma criança do sexo feminino terá TEA, e destes, entre 45% a 60% terão algum grau de deficiência intelectual (Gomes et al., 2022).

Os primeiros sintomas de autismo propendem a ser notados pelos membros da família nos primeiros 2 anos de vida, com o retardo, principalmente, no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, distúrbios comportamentais repetitivos e sociais (Guimarães, 2021), e argumentações estereotipadas, neologismos e ecolalia (Gyawali & Patra, 2019). É significativo realçar que crianças com idade mais avançada, adolescentes e jovens podem ter diagnóstico simultâneo com hiperatividade, transtornos de humor e ansiedade, que podem acentuar ou camuflar o TEA (Lord et al., 2018; Lord et al., 2020).

Igualmente, observa-se que o TEA exibe um quadro clínico difícil de diagnosticar, além das demonstrações clínicas de cognição, comportamento, intelecto e de comunicação. Pondera-se que os sintomas clínicos se mostram como uma tríade de contratempos na utilização da imaginação, comunicação e sociabilização (Mello, 2020). A identificação dos espectros modifica conforme o contexto, as especificidades de cada pessoa, o ambiente, o os graus do transtorno (DSM5). Dentre as doenças que podem ser associadas ao TEA, estão a depressão, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), insuficiência intelectual, ansiedade, insônia e epilepsia (Masi et al., 2022). Comportamentos agressivos e irritadiços acometem 25% dos pacientes autistas, variando entre agressão verbal e física (Lord et al., 2018). Além do mais, é confirmado que indivíduos autistas, também, podem apresentar comportamento infrator, estereotipias, transtornos psiquiátricos, de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), bem como deficiência auditiva e/ou intelectual (Silva Neto et al., 2022).

O exame de saúde e a identificação do TEA é basicamente clínico, feita por profissionais competentes, familiares e queixas expressas pelo doente, por meio de análise comportamental. Desta maneira, evidencia-se que, muitas vezes, as mudanças próprias do transtorno são percebidas por entes próximos, e estes apresentarão, aos profissionais de saúde, as queixas referentes ao neurodesenvolvimento anormal do indivíduo que tem TEA. Esses profissionais, por sua vez, seguirão algumas etapas para chegar a uma conclusão, como a anamnese, conversa com os responsáveis, supressão de análises individuais, e diagnósticos de agentes que poderão ser modificados com a espectro. É interessante explicar que a diagnose pode ser feita de maneira pluriprofissional, incluindo psicólogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, pediatras e neuropediatras, que juntos, observação as especificidades da evolução do cidadão (Bezerra et al., 2019).

Portanto, para contribuir com o diagnóstico pluriprofissional e clínico do TEA, existem algumas ferramentas que visam investigar as pessoas, e também, comprovar o controle cognitivo e comportamental, que podem ser prejudicados pela comorbidade. Os assistentes mais importantes são os questionamentos e escalas de rastreio (perguntas e testes), usados pelos profissionais de saúde, que direcionarão, de forma mais assertiva, para o diagnóstico de autismo. Essas ferramentas podem ser utilizadas tanto em pessoas que já apresentam algum tipo de retardo no neurodesenvolvimento quanto os não clínicos (Fernandes, Tomazelli & Girianelli, 2020).

Assim sendo, é importante evidenciar, que no Brasil, utiliza-se algumas escalas validadas como a escala de avaliação de traços autísticos (ATA) – afere, pontualmente, os sinais existentes, e o Modified Checklist for Autism in Toddlers (MCHAT). Ainda tem a Childhood Autism Rating Scale (CARS), que outorga a verificação da proporção da doença. Além disso, ainda há questionários extremante específicos, sensíveis e confiáveis, como o Protocolo de Avaliação Comportamental para Crianças com Suspeita de Transtorno do Espectro Autista (Protea), que consiste em entrevistar os responsáveis, buscando informações sobre comunicação, linguagem, interação social, ligação com brincadeiras e objetos e condutas estereotipadas. Ainda tem a Autism Diagnostic Interview-Revised (ADIS-R), que procura, por meio dos responsáveis, os padrões do desenvolvimento infantil (quando, como e se aconteceu) e o Autism Diagnostic Observation Schedule (Ados), que leva em conta a interação social e a comunicação (Fernandes, Tomazelli & Girianelli, 2020).

3.3 Autismo na Educação Superior

A inclusão de autistas no ensino superior ainda se depara com muitos obstáculos. Por isso é fundamental apoiar a bagagem desses acadêmicos, bem como legitimar parâmetros que determinam o aumento de oportunidades em relação a qualidade de vida e engajamento social desses sujeitos, especificamente, no curso de odontologia. As pessoas com autismo enfrentam diversos obstáculos, como dificuldade de relacionamento, ansiedade, estresse, inabilidade de gerenciar emoções, autodeterminação, problema com autodefesa. Por isso, é tão importante a inclusão integral desses alunos no ensino superior (Canal, 2021).

O número de matriculados do Público-alvo da Educação Especial (PAEE) no ensino superior vem aumentando gradativamente, e essa tendência também acompanha o número de pessoas consideradas com TEA matriculadas no ensino superior brasileiro (presencial ou a distância). No ano de 2012, havia um total de 186 ingressos e em 2017 chegou a 754, e esse número saltou para 1.122 em 2018, um aumento de 503% em 6 anos (2012–2018 – Figura 3).

Figura 3: Matrículas na Educação Superior de pessoas consideradas com TEA.

Fonte: https://educadiversidade.unesp.br/guiadeorientacoessobretranstornodoespectroautista/

Porém, essas pessoas trazem consigo características peculiares que podem assessorá-los em circunstâncias sociais, quando entram em uma universidade, como por exemplo, desejo de ouvir as outras pessoas, senso de justiça e sinceridade. Ademais, alguns estudantes enxergam o ingresso na faculdade como uma chance de experienciar e aferir as aptidões pessoais. Por isso, é primordial que o acadêmico entenda e capitalize seus pontos fortes e suas oportunidades (Gurbuz, Hanley & Riby, 2019).

Dentro do curso de odontologia, o convívio e comunicação entre as pessoas, principalmente, de forma estruturada (pessoa para pessoa), ou seja, um a um, tem uma anuência maior em afiliados aos espectros, e podem contribuir mais na interatividade social do que a socialização em grupos, propriamente dita. Não obstante, as universidades, em específico, o curso de odontologia, trazem, em seus currículos componentes basicamente sociais, como, por exemplo, trabalhos em grupos, exposições orais, formação de tutorias, pertencentes a metodologia de ensino na aprendizagem baseada em problemas (PBL – Problem Based Learning). Embora esse método tenha demonstrado ser eficaz em grupos de universitários neurotípicos, ele impacta, negativamente, em alunos com TEA. Atividades dessa natureza, além de excluir universitários autistas, acarretam ansiedade e traz consequências consideráveis no seu desenvolvimento. Assim sendo, para envolver todos os estudantes com TEA, o curso de odontologia, nas universidades precisa ser mais flexível e inclusivo quanto as suas metodologias de ensino (Conceição, Escalante, & Silva, 2021).

Estudantes universitários com transtorno do espectro autismo são tão comprometidos com suas responsabilidades acadêmicas quanto qualquer outro aluno. Todavia, graus parecidos de envolvimento e participação não significa o mesmo progresso dentro do campo acadêmico. As diferenças mais significativas entre os autistas e neurotípicos é a performance acadêmica. O baixo desempenho acadêmico pode ser irrogado a aspectos restritivos do autismo, como dificuldade de executar as tarefas. Apesar disso, esse baixo desempenho, também, pode ser consequência da organização e objetivos do curso de odontologia ofertado nas universidades. Vê-se, em muitas disciplinas, que as leituras são extensas e com um alto grau de complexidade, para os indivíduos dos espectros, mesmo altistas que apresentam habilidades excepcionais de organização e gestão (alto funcionamento), podem dificultar o entendimento, afetando, dessa forma, o desempenho acadêmico (McLeod, Meanwell & Hawbaker, 2019).

Universidades, principalmente, no curso de odontologia, podem adotar ações benéficas para amenizar o choque cultural da pessoa altista diante do ambiente acadêmico, como ajudar as pessoas com o espectro a fortalecerem suas possibilidades e habilidades profissionais, planejar ações de transição para a universidade, mostrando, antecipadamente, como é o ambiente acadêmico. Além disso, é necessária uma reestruturação acadêmica, onde as faculdades se abram para se adaptarem, de maneira sensorial, em seus ambientes, relativizando conteúdos, a fim de que os universitários tenham condições de processam todas as informações, com espaço e tempo adequados. Ademais, os docentes devem ser preparados, com cursos específicos, para atenderem a este público (Cage & Howes, 2020).

4. CONCLUSÃO

É extremamente relevante que as universidades, mormente, o curso de odontologia, abra espaço que que o estudante com TEA possa atuar com individuo sensível e pensante, participando ativamente do processo de ensinoaprendizagem, através da externalização de suas experiências e dificuldades, seja por meio de alguma manifestação artística, da escrita, ou qualquer outra maneira de expressar o que ele é, o que sente e como se sente neste ambiente.

As instituições de ensino superior necessitam preparar seu ambiente (estrutura, currículos, professores e demais profissionais que atuam na educação superior), de modo que eles possam contribuir para a formação acadêmica do estudante com TEA, através do suporte, apoio e atenção. Outrossim, é primordial que as pessoas levem em consideração os interesses individuais de seus discentes, compreendendo que esses objetivos podem ser modificados ou desenvolvidos, permitindo, assim, que o autista se abra para o mundo, na construção de laços afetivos, sociais e profissionais.

Sob esta ótica, sabe-se que a inclusão dos alunos com TEA, na educação superior, sobretudo no curso de odontologia, não acontecem apenas oferecendo a esses acadêmicos um tratamento gentil e respeitoso. É primordial fomentar a formação de docentes para atuarem junto aos alunos autistas. Dessa forma, os professores serão capazes de operarem, com eficiência, em relação ao fazer pedagógico inclusivo.

É preciso que as universidades considerem as especificidades biológicas dos alunos com autismo, baseada em diagnósticos médicos, transferindo as concepções do espectro para dentro da educação. Não se pode desprezar a sensorialidade, a forma de relacionar-se com outras pessoas, a apego exacerbado a certos objetos, as particularidades de linguagem e comunicação, especificidades que podem integrar na construção do conhecimento do aluno com TEA.

Percebeu-se que, em muitos aspectos, as universidades – curso de odontologia- não estão preparadas para receber alunos autistas. É necessários maiores investimentos e esforços por parte de toda comunidade acadêmica para que esses estudantes se sintam acolhidos e pertencentes dentro desse ambiente. A inclusão do profissional odontológico, mais especificamente, um CD, dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), faz com que as ações deste especialista deixem de ser centralizadas, fracionadas e específicas, e passe a ter uma fundamentação teórica, que objetiva uma um maior auxílio, através de técnicas educativas de prevenção, que intentem atenuar não apenas as doenças bucais, mas todas as patologias que podem acometer uma pessoa. Por isso, entende-se que a ação do CD na Atenção Básica proporciona uma probabilidade de progresso na saúde de toda comunidade. Desta forma, é preciso que o grupo que cuida da saúde bucal labore, conjuntamente, com os outros profissionais nas UBSs, por meio de uma comunicação clara e objetiva, um atendimento eficiente e humanizado aos enfermos, de maneira que atenda aos requisitos propostos pelo SUS.

5. REFERÊNCIAS

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5.3 Dissertações e Teses

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5.4 Fontes Eletrônicas

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Canal, S. (2021). A inclusão do estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educação superior (Master’s thesis, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Disponível em: https://hdl.handle.net/10923/17047. Acesso em: 15 mai. 2023.

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar da educação básica. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/ dados-abertos/microdados/censo-escolar. Acesso em: 13 mai. 2023.


Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em Odontologia. Araguaína, UNITPAC, 2023.
¹Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. E-mail:
beatrizarruda34@gmail.com; angelica.p.rocha@outlook.com