ABSENCE OF SPECIALIZED PEDAGOGICAL SUPPORT FOR STUDENTS WITH LEARNING DISORDERS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410131031
Vera Lúcia Nascimento de Freitas1; Adília Diana de Lima2; Marisete Fernandes dos Santos3; Marivone de Fátima Abitante Rossi4; Michelle de Souza Vale5; José Amauri Siqueira da Silva6
Resumo
. Os alunos acometidos pelo transtorno de aprendizagem enfrentam barreiras que ultrapassam os limites das intervenções pedagógicas tradicionais, por isso, necessitam receber atendimento especializado para que consigam aprender mesmo com as suas limitações. Evidencia-se que essa problemática não é uma prerrogativa de uma escola ou outra e muito menos de uma região geográfica em específico, mas é um problema que assola a educação pública brasileira como um todo. Objetivo: discutir sobre a importância da intervenção do Atendimento Especializado Efetivo (AEE) junto aos alunos com transtornos de aprendizagem do 4º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual localizada no município de Manaus-Amazonas. Justificativa: a pesquisa se justifica por sua relevância aos estudos sobre os impactos que os transtornos de aprendizagem podem causar na vida escolar dos alunos e os desafios enfrentados pela educação pública diante dos casos de infrequência e abandono escolar. compreende-se que este estudo também pode contribuir através de uma reflexão sobre os desafios que as escolas, família e sociedade enfrentam diante dos casos de transtornos de aprendizagem na contemporaneidade. Metodologia: primeiramente foi realizado um estudo da arte com o levantamento das literaturas pertinentes para o estudo e análise dos dados coletados. A pesquisa se qualifica como qualitativa, tendo como lócus uma escola pública estadual localizada na periferia da cidade de Manaus. Os dados preliminares aqui apresentados fazem parte de nossa dissertação de mestrado defendida em 2022 na Universidade del Sol- Paraguai. Como instrumento de coleta de dados utilizamos questionários com perguntas abertas e fechadas ao corpo docente, gestor e pais dos alunos. Resultados: Mesmo com algumas estratégias criadas pelas escolas, percebeu-se que alguns alunos demonstravam não compreender, não avançar em seu aprendizado, obrigando o professor a solicitar apoio pedagógico especializado, mas indisponível na escola. O estudo demonstrou que a parte de leitura/ escrita e interpretação de textos é o que os alunos mais apresentam dificuldades e exige mais esforço do professor quando esse aluno apresenta ter algum tipo de transtorno porque exige uma abordagem pedagógica especializada. Conclusão: O transtorno de aprendizagem não tem relação com heranças hereditárias, mas com um ambiente escolar, estrutura familiar, fatores culturais e socioeconômico e por fim, possíveis problemas emocionais e de saúde que precisam de intervenções médica e acompanhamento terapêutico. Feitas essas teorizações, chega-se um fecho provisório de que a educação inclusiva apresenta muitas falhas e muitas barreiras a serem enfrentadas que se quer sabemos se conseguiremos superá-las a longo prazo. Contudo, defende-se aqui em investirmos em mudanças pedagógicas urgentes se quisermos melhorar o ensino brasileiro e garantir uma educação pública justa para todos.
Palavras-chave: Educação Pública; Transtornos de Aprendizagem; Atendimento Pedagógico Especializado
1 INTRODUÇÃO
A prática pedagógica vai muito além do ato de ensinar em sala de aula, é acima de tudo uma ação que proporciona o despertar do outro para vivenciar uma nova história, a do saber. Durante suas experiências o professor certamente encontrará desafios pela frente e a dificuldade de aprendizagem tem sido um de seus maiores desafios em sala de aula, visto que, tem se tornado em um problema recorrente e crescente do qual escola, família e sociedade estão sendo obrigados a enfrentar. A dificuldade de aprendizagem nem sempre é notada pelos familiares, mas na maioria das vezes é identificada pelos professores no início do processo de alfabetização das crianças quando eles demostram não aprender a ler, escrever e interpretar textos durante as aulas do professor.
Kramer e Oswald (2001) enfatizam que a dificuldade de leitura/escrita e interpretação de textos contribuem para resultados insuficientes durante o futuro escolar dos alunos. O contexto sócio-histórico e econômico das famílias principalmente após a pandemia acentuou os casos de dificuldades de aprendizagem e deixou evidente os casos de crianças com transtornos de aprendizagem que até aquele momento não tinham recebido nenhuma intervenção pedagógica, médica e nem terapêutica.
Ao falarmos da realidade das escolas públicas e principalmente das escolas da periferia de Manaus muitos fatores acabam sendo responsáveis pelo crescente número de alunos que estão chegando ao 5º ano do ensino fundamental sem se quer saber ler, escrever e interpretar um texto básico. É importante ressaltar que deve-se levar em consideração a realidade atual do ensino brasileiro que enfrenta problemas como superlotação de salas, falta de incentivo aos profissionais da educação, pouco investimento na formação de professores , falta de salas de recursos em muitas escolas ou falta de profissionais qualificados para trabalhar com as crianças através de recursos tecnológicos e a ausência do Atendimento Pedagógico Especializado (AEE) para atender os alunos com dificuldades de aprendizagem. Esse contexto repleto de ausência de aparatos essenciais tem contribuído com a realidade atual do ensino público brasileiro.
Em função dessas inquietações observadas, este estudo tem como objetivo apresentar os desafios enfrentados por professores e famílias diante do problema dos transtornos de aprendizagem em alunos do 4º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual localizada no município de Manaus. Essas observações foram realizadas durante nossa experiência na gestão da escola que nos exigia criar intervenções internas para atender os alunos com transtornos de aprendizagem, mas que não recebiam atendimento pedagógico especializado pela Secretaria de Educação por não possuírem laudo médico.
As crianças com transtornos de aprendizagem não estão incluídas na Lei Nº 13.146/2015, mais conhecida como lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, por isso, sempre foi difícil oferecer um atendimento pedagógico com profissionais voltados para atender as necessidades específicas desses alunos. Em 2021 foi aprovado a Lei de Nº 14.254/21, que dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem, mas tem-se observado que as escolas ainda se encontram despreparadas para atender esse público. Aprova-se uma lei, mas não se garante os meios básicos para que essa lei se concretize no espaço escolar. Partindo desse pressuposto, este estudo traz uma reflexão crítica sobre as burocracias que impede o aluno de receber atendimento necessário para que seu processo de escolarização seja efetivado.
2. MÉTODO
Este estudo é de caráter qualitativo exploratório, desenvolvido através de uma revisão de literatura nas bases indexadas, onde se buscou artigos que pudessem nos subsidiar na construção e análise teórica de nosso estudo. Nosso objetivo principal é analisar de que forma o AEE pode contribuir com a melhoria do aprendizado de crianças acometidas pelos transtornos de aprendizagem, com isso, como técnica de coleta de dados foi utilizado questionário com perguntas abertas e fechadas do qual foi aplicado junto ao corpo docente, gestor da escola (lócus da pesquisa) e aos pais dos alunos. Com esse questionário foi possível identificar os desafios enfrentados pela escola e pela família durante o ano letivo de 2021/2022 (período de pandemia) com as aulas online. Lembrando que durante a coleta de dados foi respeitado as normas de isolamento social do qual nos obrigou a enviar o material por via E- mail e rede social dos pais e professores. Alguns pais não nos responderam e aqueles que não possuíam rede social ou condições de acessar o material tivemos que atendê-los presencialmente, contudo, respeitando todas as normas de proteção.
3.RESULTADO E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NO AMBIENTE ESCOLAR E SEUS DESAFIOS: A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DENTRO DAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA
Ao longo dos anos percebeu-se que as dificuldades da aprendizagem no ambiente es- colar não estão ligadas a um único fator, ou seja, somente pedagógico. São decorrentes de diversos fatores como o espaço escolar, a falta de material didático e pedagógico elaborado para atender a necessidade específica dos alunos, falta de capacitação de muitos professores, falta de compromisso da família para com os filhos. Por fim, a falta de políticas públicas que não privilegia a educação inclusiva em nosso país.
Quando um aluno apresenta dificuldades de aprendizagem, este por sua vez, deve ser mais bem avaliado, mas nem sempre um diagnóstico precoce acontece. O que se tem visto nas escolas são crianças que não conseguem acompanhar as atividades e que tem suas limitações de aprendizagem ignoradas pelos pais que justificam a falta de aprendizado dos filhos como falta de interesse. Muitas famílias não compreendem o problema, outras ignoram por não con- seguirem dar atenção aos filhos, terceirizando a educação deles somente aos professores.
A criança com dificuldade de aprendizagem precisa passar por avaliações diagnósticas para que a escola crie alternativas de intervenção pedagógica e consiga identificar se essa dificuldade é decorrente de algum transtorno, condição que exige métodos de ensino diferen- ciados, acompanhamento médico e abordagens terapêuticas contínuas. Contudo, esse diag- nóstico precoce nem sempre acontece, tendo em vista as próprias limitações das escolas como não possuir uma equipe multidisciplinar para dar suporte ao trabalho do professor junto aos alunos, falta de apoio familiar e de uma rede de atenção capaz de ajudar os alunos a vencerem esse processo. A dificuldade de aprendizagem não é uma deficiência e tão pouco consegue ser vencida apenas com atividades pedagógicas diferenciadas criadas pelo professor em sala de aula, mas é preciso ser identificada o quanto antes para ser trabalhada de acordo com as orientações de especialistas.
A escolas estão a enfrentar sérios problemas decorrentes da infrequência e evasão es- colar, por isso, os profissionais da educação estão tendo que lidar com o problema do baixo rendimento escolar através de adaptação de métodos pedagógicos e, assim, conseguirem me- lhorar o aprendizado dos alunos. apesar dos esforços dos professores, o problema precisa de intervenção profissional qualificada para trabalhar não somente a parte pedagógica, mas emocional e terapêutica desses alunos. Perguntamos a gestora quais os principais desafios enfrentados pela escola diante da dificuldade de aprendizagem dos alunos. vejamos sua res- posta:
Aqui enfrentamos todas as dificuldades possíveis porque esses alunos por não possuírem um laudo estão basicamente à margem da lei que acabou por não contemplar os alunos com transtorno de aprendizagem dentro de uma educação inclusiva. O sistema não se importa com esses casos por achar que é um probleminha, que com o tempo qualquer trabalhinho vai resolver os problemas dessas crianças e não vai. Eu vejo o descaso por parte do poder público que não procura desenvolver políticas públicas específicas para atender essas crianças. A própria literatura atual confronta umas com as outras quando umas afirmaram ser um problema patológico e outras definem o problema como pedagógico. Não temos nas escolas uma cota de professores especializados para atender esses alunos, visto que o professor sem o conhecimento sobre determinado problema não consegue trabalhar junto as dificuldades desses alunos. A apresentação de um laudo ‘garantiu’ direitos de uns, excluindo o direito de outros. Essas crianças com transtorno de aprendizagem precisam receber atendimento pedagógico e terapêutico especializado para que dentro de seu tempo e limites possam compreender mais as atividades em sala de aula. Com isso, ganha-se também a escola. (GESTORA, Entrevista/2021)
Inquirimos a gestora da escola sobre como os professores diferenciam o transtorno da aprendizagem das dificuldades de aprendizagem. Vejamos suas respostas:
Temos alunos que possuem uma maneira diferente de aprender, ou seja, um obstáculo, barreiras ou até mesmo o seu estado emocional dificulta em seu processo de aprendizado e parte desses problemas podem ser resolvidos no ambiente escolar com práticas pedagógicas diferenciadas. Porém, alguns casos nos deparamos com situações que fogem aos critérios de observação e de intervenção do professor. São questões psicopedagógicas e terapêuticas que foge da formação e conhecimento do professor. Se na escola tivéssemos disponível o AEE ajudaria (PROFESSORA 1, Entrevista 2021).
A falta de uma equipe pedagógica especializada para atender os casos tanto de dificuldades de aprendizagem quanto de transtornos de aprendizagem tem dificultado o trabalho dos professores da escola lócus de nossa pesquisa que nem sempre conseguem lidar com as diferentes alterações de humor e comportamental dos alunos. Para a criança o não saber ler, escrever ou resolver uma atividade matemática na frente dos demais colegas acaba interferindo no comportamento desse aluno que se isola, não mais se socializando com os colegas e nem professores. Santos et.al ((2009), enfatiza que o fracasso do aluno pode também ser entendido como o fracasso da escola por não saber lidar com as diversidades que o universo escolar lhe apresenta. Infelizmente, evidencia-se que muitas escolas estão a enfrentar esses desafios.
Conforme relato da professora entrevistada que também é gestora, o transtorno de aprendizagem, assim como as dificuldades de aprendizagem são limitações do aluno que podem ser detectadas pelo professor em sala de aula e trabalhadas com intervenções pedagógicas específicas. Aliás, tem sido o professor o profissional que mais identifica os casos de dificuldades ou transtornos de aprendizagem em alunos tanto da educação infantil quanto em alunos do ensino fundamental. Contudo, se faz importante para o processo de intervenção pedagógica a presença de profissionais capacitados para oferecer suporte não somente às escolas, mas aos pais e familiares que também se encontram perdidos diante do problema. É necessário compreendermos que:
Dificuldade de Aprendizagem (D.A.) é um problema que está relacionado a uma série de fatores e podem se manifestar de diversas formas como: transtornos, dificuldades significativas na compreensão e uso da escuta, na forma de falar, ler, escrever, raciocinar e desenvolver habilidades matemáticas. Esses transtornos são inerentes ao indivíduo, podendo ser resultantes da disfunção do sistema nervoso central, e podem acontecer ao longo do período vital. Podem estar também associados a essas dificuldades de aprendizagem, problemas relacionados as condutas do indivíduo, percepção social e interação social, mas não estabelecem, por si próprias, um problema de aprendizagem. (GARCÍA, 1998, p. 31-32).
A sociedade não tem compreendido o crescente número de diagnósticos de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e o poder público não tem investido em políticas públicas de inclusão que possam atender os casos de crianças com transtornos de aprendizagem por entender que não requer além de intervenção pedagógica do professor. É necessário entendermos que:
Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para a criança, para os pais e para a escola ocorre a dificuldade de aprendizagem. Antes que o problema se desenvolva é necessário a identificação desse problema, onde o esforço, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: criança, pais, professores e orientadores se faz relevante (FURTADO, 2007, p. 03).
A dificuldade na leitura também é uma das maiores queixas dos professores, pais e responsáveis, assim demonstrou nosso estudo. Vê o seu filho ou filha lendo é o sonho dos pais que não compreendem o porquê de tal dificuldade. Tem se observado que um dos maiores desafios enfrentados pela escola e familiares com relação a dificuldade de aprendizagem apresentado pelas crianças com transtornos de aprendizagem é o não saber ler.
O percentual de alunos que demonstraram dificuldade de leitura chega a ser alarmante e preocupante para a escola que precisa lidar com o problema, mas que não possui suporte necessário pata atender as crianças. Cria-se aulas de reforço em horários diferentes, realiza-se atividades em grupos como forma de incentivar a interação entre os alunos, proporciona gincanas para estimular os alunos aprenderem o conteúdo de forma lúdica, o professor tenta trabalhar focando a dificuldade daquele aluno em específico, mas não é o suficiente quando o caso ultrapassa a necessidade de intervenção pedagógica comum. Nas aulas de leitura fica mais evidente a dificuldade que o aluno apresenta ao ler um simples texto.
No gráfico abaixo, fizemos um levantamento para verificarmos o percentual de alunos que apresentavam dificuldade de leitura. Conforme o resultado abaixo, 89% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentam dificuldades de leitura e apenas 11% desses alunos não apresentavam dificuldades de leitura ou não apresentava tantas dificuldades de realizar leituras.
Gráfico 1. Dificuldade de leitura
Fonte: Coleta de dados, 2021.
Os dados acima demonstram uma realidade que não é exclusivamente da escola aqui pesquisada. Pelo contrário, muitas escolas, principalmente as que estão localizadas nas periferias da cidade de Manaus estão a vivenciar tal realidade. Esse problema além de ser um desafio para a escola, torna-se uma angústia muito maior aos pais que almejam pelo aprendizado dos filhos. Melo & Baracat (2017) nos explica que normalmente os pais têm pressa e querem ver os resultados imediatos de seus filhos, muitos não entendem que pode ser um problema que precise de intervenção de profissionais especializados por achar que o professor quer rotular o seu filho através de um diagnóstico. Por isso, defende-se aqui, a necessidade de a família também buscar compreender sobre o problema e quem sabe receber também acompanhamento.
Ao perguntamos ao nosso segundo sujeito como ela identifica o transtorno de aprendizagem em sala de aula e as consequências enfrentadas pelo aluno durante sua vida escolar, sua resposta se delineou da seguinte forma.
Normalmente as crianças apresentam dificuldades na leitura, escrita e na matemática. Aqui na escola, existem crianças que também apresentam dificuldades na escuta e na fala. Sem um tratamento específico fica difícil esse aluno acompanhar as atividades escolares e muitos se sentem constrangidos, envergonhados e passam a faltar as aulas. Com isso, muitos desistem dos estudos. (PROFESSORA 2, Entrevista,2021)
Não conseguir acompanhar o percurso normal das aulas por quem apresente dificuldades de aprendizagem em sala acaba impulsionando a falta de interesse por parte do aluno pelo ambiente escolar mesmo que estruturalmente essa escola ofereça condições saudáveis para este aluno estudar. Alunos com dificuldade de aprendizagem apresentam também outros sintomas como a falta de atenção e foco nos estudos. Os dados da avaliação diagnóstica realizada com os alunos do 3º ano do ensino fundamental nos mostram que a maioria deles apresentam falta de atenção. Vejamos:
Gráfico 2. Aluno apresenta falta de atenção
Fonte: Coleta de dados, 2021.
A falta de atenção em crianças com TDAH, por exemplo, chega a ser muito e faz parte da condição neurológica do aluno que precisa na maioria dos casos de tratamento medicamentoso e acompanhamento terapêutico. A criança com déficit de atenção em idade escolar apresenta comportamento de desatenção, distração, dificuldade em sustentar esforço em atividades que exigem uma atenção maior por um longo período (MELO&BARACAT, 2017, p. 2).
Outra característica observada pelos professores e pais dos alunos com dificuldade de aprendizagem tem sido a dificuldade de eles conseguirem concluir suas atividades tanto na escola quanto em casa. Alguns até tentam, mas ficam dispersos, perdem o foco, o interesse, costumam a se aborrecer porque não compreendem e não conseguem ler/escrever, interpretar e nem a resolver equações matemática. O quadro abaixo nos mostra que 75% dos pais entrevistados afirmaram que seus filhos apresentam dificuldades de realizar atividades escolares em casa mesmo recebendo apoio e orientação de alguém.
Gráfico 3. Apresenta dificuldade de realizar atividades escolares em casa
Fonte: Coleta de dados, 2021
Considerando o exposto no gráfico acima, a dificuldade de leitura é muito visível em alunos com dificuldades de aprendizagem e ela geralmente se manifesta em crianças com dislexia, que para GUERRA, (2002, p. 46), “caracteriza-se por uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com paradas, correções e bloqueios, ocorrendo também um transtorno de compreensão de leitura”.
A escola lócus de nossa pesquisa segue os padrões das escolas estaduais do estado do Amazonas. Contém dez (10) salas de aula com capacidade para atender em média trinta e cinco (35) alunos, sala para professores, uma quadra poliesportiva coberta, refeitório com capacidade para cento e cinquenta alunos sentados, uma biblioteca e uma sala de jogos pedagógicos com capacidade para trinta alunos. É no espaço escolar, considerado o segundo ambiente em que a criança passa mais tempo de sua vida, que ela mais se conecta com as pessoas. É nele que se é forjado novas formas de sociabilidade e interação, muitos outros saberes também são adquiridos e repassados, por isso, o espaço escolar é um dos lugares mais importantes para a formação do indivíduo. A necessidade do diagnóstico precoce dos alunos com transtornos de aprendizagem é muito importante para que professores e demais corpo técnico pedagógico da escola possam elaborar e aplicar intervenções o quanto antes e conseguir amenizar as perdas que os alunos possivelmente possam ter caso não recebam um atendimento pedagógico especializado.
4.CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A temática central deste texto levou a uma discussão em torno dos desafios enfrentados pela escola, pela família e pelos próprios alunos em decorrência dos transtornos de aprendizagem, desafio esse que tem impedido muitas crianças de progredirem nos estudos e até na vida social, o problema também tem sido motivo de discussões pedagógicas e encontros entre profissionais e estudantes da área da educação como forma de se pensar em novas intervenções pedagógicas de enfrentamento do problema.
Ao longo deste estudo, investigou-se quais as principais consequências enfrentadas pelos alunos, pais e professores causadas pelos transtornos de aprendizagem quando não há um diagnóstico precoce. O envolvimento com a temática partiu de experiências vivenciadas durante os anos de 2019 a 2020 enquanto docente na escola, lócus de nossa pesquisa. Nosso estudo evidenciou que mesmo com aprovação da legislação Lei de Nº. 14.254/21, que garante o acompanhamento integral aos alunos com Transtornos de Aprendizagem, Dislexia e Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o Atendimento educacional especializado não tem sido oferecido as crianças que não apresentam laudo médico, mesmo elas apresentando os sintomas.
Por meio de análises realizadas neste trabalho, pôde-se observar que os transtornos de aprendizagem ocasionam perdas cognitivas que impactam negativamente no aprendizado dos alunos. As dificuldades de aprendizagem impedem na sociabilidade e interação das crianças em sala de aula.
Apesar dos desafios enfrentados durante a coleta de dados, ocorrida durante período de pandemia, os dados coletados foram satisfatórios para o nosso estudo e considera-se esta pesquisa relevante por cooperar com a escola e poder público na formulação de políticas públicas que possam contribuir com o atendimento educacional especializado às crianças com Transtornos de Aprendizagem das escolas públicas de Manaus.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. LEI Nº 14.254, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2021. Dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com dislexia ou Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2021/Lei/L14254.htm. Data de acesso em 20/02/2024.
FURTADO, Ana Maria Ribeiro,BORGES, Marizinha Coqueiro. Módulo: Dificuldades de Aprendizagem. Vila Velha – E S, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, 2007. p. 03. GARCIA, J.N. Manual de dificuldades de aprendizagem, leitura, escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
GUERRA, Leila Boni. A Criança com Dificuldade de Aprendizagem: Considerações Sobre a Teoria Modos de Fazer. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002.
KRAMER, Sonia; OSWALD, Maria Luiza. Didática da Linguagem: Ensinar a ensinar ou ler e escrever? Campinas: Papiro, 2001.
MELO, Maria Aparecida Soares de; BARACAT, Juliana. DEFÍCIT DE ATENÇÃO EM CRIANÇAS COM IDADE ESCOLAR: UM OLHAR GESTÁLTICO. Revista Científica Eletrônica de Ciências Sociais Aplicada, FAEEF, – 2017.
SANTOS, C. C. P., et. al. Dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Revista Científica em Educação à Distância. Edição especial – Out 2009. Disponível em https://periodicos.unimesvirtual.com.br/index.php/paideia/article/view/139/82. Data de acesso em 28/3/2024.
1 Mestra pela Universidad del Sol – Paraguai, graduada em Gestão escolar (UFAM), graduada em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Professora da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (SEDUC).
2 Mestra pela Universidad del Sol – Paraguai, graduada em Licenciatura em Matemática (UFAM), professora da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (SEDUC) e Secretaria Municipal de Educação de Apuí (SEMED).
3 Mestra pela Universidad del Sol – Paraguai, graduada em Normal Superior (UEA), professora da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (SEDUC).
4 Mestra pela Universidad del Sol – Paraguai, graduação em Educação Infantil e Anos Iniciais pela Universidade Cândido Mendes, doutoranda em Educação pela Universidad del Sol, professora da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (SEDUC).
5 Mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), pós-graduada em Antropologia Social, Graduada em Serviço Social, membro do grupo de estudos e pesquisas Laboratório de Gênero da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
6 Doutor em Ciência da Educação pela Universidad San Lorenzo, Professor da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (SEDUC)