ATUAÇÃO DO COE, CORPO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ, NA OPERAÇÃO REGISTRO. CONTRA-GUERRILHA NO VALE DA RIBEIRA EM 1970.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505130408


Rafael Cezar Simino


Resumo 

A Operação Registro, realizada em 1970 no Vale do Ribeira, destaca-se como um dos  principais episódios do enfrentamento à guerrilha armada durante o regime militar no  Brasil. Este artigo analisa a participação do Corpo de Operações Especiais da Polícia  Militar do Paraná (COE/PMPR), ressaltando seu preparo técnico-operacional, ações  desenvolvidas e contribuições à doutrina de operações especiais no país. Baseado em  documentos oficiais, relatos de militares, literatura especializada e registros da imprensa,  o estudo valoriza a memória institucional e o legado da unidade. O trabalho também  evidencia como a atuação do COE influenciou a formação de estruturas semelhantes em  outras corporações policiais. 

Palavras-chave: Operação Registro. Guerrilha. COE. Polícia Militar do Paraná. Segurança Pública. 

Abstract 

The Registro Operation, conducted in 1970 in the Vale do Ribeira region, stands out as  one of the most significant episodes of counterinsurgency during Brazil’s military regime.  This article examines the involvement of the Special Operations Corps of the Paraná  Military Police (COE/PMPR), highlighting its technical-operational preparation, field  actions, and contributions to the development of special operations doctrine in Brazil.  Based on official documents, military accounts, scholarly literature, and press records,  the study emphasizes the institutional memory and legacy of the unit. It also shows how  the COE’s performance influenced the creation of similar structures in other police forces. 

Keywords: Registro Operation. Guerrilla. COE. Paraná Military Police. Public Security.

1. INTRODUÇÃO 

A década de 1970, no Brasil, foi marcada por intensos embates entre o regime  militar e grupos de oposição armada que defendiam a instauração de um governo  socialista. Dentre esses conflitos, destaca-se a Operação Registro, deflagrada em abril de  1970, no Vale do Ribeira, como resposta à instalação de um núcleo de treinamento  guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob a liderança do ex-capitão  do Exército Carlos Lamarca.  

Este artigo tem por objetivo analisar a participação do Corpo de Operações  Especiais (COE) da Polícia Militar do Paraná (PMPR) nessa operação, destacando seu  protagonismo no combate à guerrilha rural e sua atuação coordenada com outras forças  de segurança. A análise fundamenta-se em documentos oficiais, relatos de militares  envolvidos, registros da imprensa e literatura historiográfica, buscando resgatar a  memória institucional e valorizar a importância do preparo técnico-operacional das forças  policiais estaduais naquele contexto.  

Ao documentar a presença e atuação do antigo COE/PMPR na Operação Registro,  pretende-se reconhecer a contribuição singular dessa unidade paranaense nas ações de  contra-guerrilha e seu papel precursor nas operações especiais no Brasil 

2. O MILITAR DESERTOR E GUERRILHEIRO CARLOS LAMARCA 

Carlos Lamarca era capitão do Exército Brasileiro quando desertou em 1969.  Tornou-se um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar instaurada no país em  1964. Atuando como um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR),  organização da guerrilha armada de extrema esquerda que combatia o regime vigente.  

Nascido em 1937, no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro. Filho de um  sapateiro e de uma dona de casa, Lamarca viveu com os sete irmãos até os 17 anos. Em  1955 ingressou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, e dois anos depois  foi transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, onde se formou  aspirante a oficial. Seu primeiro posto foi o Regimento de Infantaria de Quitauna, em  Osasco, na Grande São Paulo. 

Exímio atirador e instrutor da matéria, representava o então II Exército em  torneios de tiro. Participou da Força de Paz da ONU integrando o Batalhão de Suez, oportunidade em que teve contato com a realidade árabe. Lamarca intensificou suas  leituras sobre escritores voltados para a resolução de problemas sociais. Já em solo  brasileiro, retomou leituras de jornais como “A Voz Operária” e deu mais espaço aos  clássicos da literatura marxistas. Sobre sua experiência na Faixa de Gaza e Palestina,  Bregalda, (2018, p.34) destaca o seguinte:  

Ali se deparou com uma realidade diferente da que pensava, porém, não inédita.  Identificou que os árabes viviam e conviviam com e na pobreza, assim como alguns  brasileiros. Percebeu que a realidade daquele povo era muito mais cruel, adotou  firmemente uma posição a favor dos oprimidos e “se fosse para combater, para ser justo,  teria de passar para o lado deles. E passaria se houvesse combate”. Neste cenário tomou  maior consciência do significado real da pobreza.  

Após passagem pela 6º Companhia de Polícia do Exército, em Porto Alegre,  Lamarca retorna para Quitaúna, onde foi promovido a capitão em 1967. Mesmo dentro  do quartel conseguiu reunir um pequeno grupo que comungava das suas opiniões contra  o governo militar. Enquanto atuava como instrutor de tiro para agências bancárias, por  indicação do Exército, treinando funcionárias para enfrentar os assaltos que vinham sendo  praticados pelos grupos de extrema esquerda, estreitava contato e planos com esses  mesmos grupos. 

Para ele, o socialismo seria o caminho para enfrentar o capitalismo, com o objetivo de  tornar a sociedade um lugar mais justo. com o objetivo de derrubar a ditadura, Lamarca  preconizava sobre as ações via armas; ele enxergava que a formação de um partido  operário seria muito burocrática e lenta, logo, precisaria arrumar uma alternativa mais  eficiente, rápida e enérgica. (BREGALDA, 2018, p.38) 

Lamarca “tinha em mente que o folclórico Ernesto Guevara, o “Chê”, era modelo  a ser seguido em toda a América Latina” (BREGALDA, 2018, p.39). O objetivo era que  a guerrilha rural se multiplicasse em todo país. Agindo de maneira coordenada e  simultânea para tomar o poder, sobrepujando as forças armadas e o governo vigente. Aos  moldes do que ocorreu com sucesso em Cuba, no ano de 1959.  

Em 24 de janeiro de 1969, Carlos Lamarca, em um único movimento, partiu para  o fim de sua carreira como capitão do Exército e para o início de sua trajetória como líder  insurgente. Seu plano inicial, de furtar mais de 500 fuzis e implementar uma série de  grandes atentados, foi frustrado devido a apreensão do caminhão, pintado das cores do  Exercito, que carregaria as armas. Então, ele e mais 3 militares simpatizantes usaram  uma Kombi para furtar do 4º Regimento de Infantaria, 63 fuzis, cinco metralhadoras e  muita munição, desertando e passando para a clandestinidade.

A sociedade brasileira foi envolvida por uma violência política que percorreu todo o  período do Regime Militar, mas que teve sua fase mais nefrálgica entre os anos de 1968  e 1974. Numa perspectiva da dialética violência e contra violência, os órgãos de  segurança sempre argumentavam que suas ações eram respostas à violência dos grupos  de esquerda que representavam uma ameaça real ao Estado, dado o poderio bélico e a  ousadia dos integrantes dessas organizações postas na ilegalidade. Se por um lado os  órgãos de segurança do Estado utilizavam de todo os meios para manter o status quo  vigente, onde a ordem pública e a “segurança” nacional era prioridade daquele Regime;  por outro lado os grupos guerrilheiros armados desencadearam ações violentas visando  desestabilizar o governo militar e tomar o poder. (NOGUEIRA, 2009, Carlos Lamarca:  O Militar Guerrilheiro 1969/1971, p. 34) 

Muitas ações violentas dos grupos armados da extrema esquerda brasileira já  haviam acontecido até 1969, tais como as “”expropriações” (termo usado para designar  assaltos a bancos)” de bancos, a tomada de emissora e colocação de mensagens de  protesto no ar, o sequestro de diplomatas para trocá-los por presos políticos, e o  “justiçamento” de inimigos. Neste cenário, Lamarca passa a comandante da VPR,  Vanguarda Popular Revolucionária . “Foi da caserna à luta armada” (BREGALDA, 2018,  p. 56). 

“expropriações” (termo usado para designar assaltos a bancos), era o termo  evasivo utilizado pelos grupos armados, verdadeiras guerrilhas urbanas, para a prática de  roubos a bancos e veículos de transporte de valores. Já o justiçamento, era o assassinato  de qualquer pessoa que poderia agir contra as intenções destes grupos,m, ou simplesmente  simpatizantes do governo militar. Ustra (1987, p. 36), pontua as ações destes grupos  durante o ano de 1969 da seguinte forma: 

O terrorismo aumentava.  
Sentinelas dos quartéis continuavam sendo assassinadas.  
Viaturas militares eram assaltadas e as armas “expropriadas” pelos terroristas. 
Em São Paulo, mais de uma vez, militares fardados foram atacados em plena via pública  e, sob a ameaça de morte, obrigados a se ajoelharem e a dar vivas ao comunismo.  Recebemos ordens para, se possível, não transitar fardados na rua. 
Os assaltos a bancos e aos carros transportadores de valores agora eram rotina e a cada  dia a sua técnica se tornava mais sofisticada. Era fruto da experiência adquirida por  militantes brasileiros que, no exterior, se aperfeiçoaram em cursos de Guerrilha Urbana.
Quatro aviões já tinham sido seqüestrados e desviados para Cuba. 
O Embaixador dos Estados Unidos fora seqüestrado. 
Quartéis haviam sido assaltados e suas armas roubadas.  
Assassinatos de policiais tomavam conta das manchetes dos jornais.  
A Polícia Civil e as Polícias Militares – despreparadas para estas novas ações, agora muito  bem planejadas e melhor executadas – todas recheadas de cunho ideológico – sofriam  grandes revezes. 
Bombas eram lançadas contra quartéis, delegacias de polícia, repartições públicas e  órgãos de imprensa. 

3. OPERAÇÃO REGISTRO, O CONTRA-GUERRILHA NO VALE DA  RIBEIRA  

Formado em 1966 a partir da união de dissidentes da organização Política  Operária (POLOP) com remanescentes do Movimento Nacionalista Revolucionário  (MNR), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foi um grupo da extrema esquerda armada, que lutou contra o regime militar brasileiro. Visando à instauração de um governo  de cunho socialista no país.  

Para atingir seus objetivos frente ao governo, Lamarca, agora líder da VPR, sabia  que seu grupo precisava, além de aumentar seu efetivo, profissionalizar seus integrantes.  Com este objetivo, criou uma “escola de guerrilheiros”, localizada no Vale do Ribeira,  para a formação de um “Exército revolucionário”. Pois a preparação de guerrilheiros no  exterior, além de demorada, era muito custosa.  

A região escolhida, montanhosa e de densa floresta, era uma área muito carente,  aliada a um vazio populacional, ideal para o estabelecimento de uma base de treinamento  rural, formatada como um núcleo guerrilheiro revolucionário. Situava-se no sul do Estado  de São Paulo, divisa com o Paraná, na altura do quilômetro 250 da BR-116, que liga São  Paulo a Curitiba. 

Os 17 integrantes da VPR que estiveram na região no início de 1970, passaram a  conhecer bem a local, tanto para realizarem seus treinamentos, incluindo tiro e táticas de  combate, sem chamarem a atenção dos moradores locais, tanto para terem controle em  um possível confronto e fuga, caso forças do governo descobrissem seus objetivos e  localização.  

(…) fizeram treinamento de guerrilha em meio à Mata Atlântica, partindo do sítio  Capelinha, onde hoje está localizado o Parque Estadual Rio Turvo (em Cajati, Vale do  Ribeira). Os guerrilheiros passavam dentre as trilhas nos municípios de Jacupiranga,  Registro, Eldorado, Cajati e Sete Barras, no rompimento com o cerco estratégico do  Exército. (TUTUI e OLIVEIRA, 2018, p.13)

Figura 01: Mapa da região do Alto do Ribeira com destaque para o Parque Estadual Rio Turvo

Fonte: TUTUI e OLIVEIRA (2018, p.14) 

Os militantes formados com a fundamentação teórica e prática revolucionária,  rebelariam as populações rurais, ali e em outros locais, mão de obra para o  desenvolvimento de uma revolução socialista. Aos moldes do que ocorreu com sucesso  em Cuba, no ano de 1959.  

Porém, o núcleo-escola revolucionário do Vale da Ribeira foi descoberto.  Surgindo em abril de 1970, como reação das forças de segurança, a Operação Registro.  Formada por tropas do Exército e Força Aérea, além de efetivo da Polícia Militar do  Estado de São Paulo e do COE, Corpo de Operações Especiais, da Polícia Militar do  Estado do Paraná. O objetivo prioritário da Operação foi a neutralização daquele foco  guerrilheiro, cujo líder era Carlos Lamarca.  

Logo a seguir, através de interrogatórios, em abril de 1970, tomamos conhecimento de  que a VPR, sob o comando de Carlos Lamarca, havia instalado uma área de treinamento  de guerrilheiros no Vale da Ribeira, no Sul do Estado de São Paulo. Nossos esforços  foram então direcionados para neutralizar esta área que poderia transformar-se em foco  de guerrilha. (USTRA, 1987, p. 41). 

No dia 20 de abril, após agentes da inteligência do Exército já circularem na  região, as aeronaves quebram o silêncio e os primeiros efetivos ostensivos chegam no  Vale da Ribeira. Mesmo com o início do cerco e dos bloqueios na BR116, 10 integrantes  da VPR, desarmados e integrados à rotina dos nativos, conseguiram sair da região. Os 7  restantes, inclusive Lamarca, permanecem num 2º local, mais bem escondido, para fazer  a guarda do armamento, munição e equipamento do grupo. 

Até o dia 7 de maio o efetivo e estrutura das forças de segurança eram grandes,  mantinham bloqueios, patrulhamento em estradas secundárias e patrulhas nas matas. Mas  não tiveram êxito. Então a ordem do comando do II Exército, que coordenava a operação,  foi desmobilizar parte do efetivo. 

Porém, as patrulhas haviam chegado muito perto de encontrá-los. O que motivou a  movimentação do grupo, buscando a fuga, mesmo que fosse preciso o confronto. Foi o  que ocorreu no dia 08 de maio. Os sete guerrilheiros, bem armados com os fuzis  automáticos FAL, tentavam sair do município de Eldorado com um caminhão.  Surpreenderam 6 policiais que faziam um bloqueio, ferindo 3 deles e continuaram a fuga  no caminhão, um F-350 com toldo de lona, com destino a Sete Barras, distante 40 km de  Eldorado.  

Na sequência dos fatos, na noite do dia 08, o jovem 2º Tenente da PMESP Alberto  Mendes Júnior, de apenas 23 anos, reuniu sua patrulha, composta por 17 integrantes (01  Tenente, 02 Sargentos e 14 Cabos/Soldados), embarcando-os em um caminhão e um  veraneio C-14 em perseguição aos guerrilheiros, com velhos e obsoletos fuzis de  repetição Mauser 1908. 

Figura 02: Trecho do Relatório da Operação Registro, relatando o encontro entre a patrulha da PMESP  com Lamarca e demais integrantes da VPR. 

Fonte: Relatório da Operação Registro, de 20 de junho de 1970. (MJ – II Exército, 1970) 

Com a vantagem da surpresa, domínio do terreno, camuflagem da noite e poder  de fogo superior, Lamarca parou o caminhão em uma curva, impedindo a passagem dos  veículos, e aguardou a patrulha policial para a emboscada. A 10 metros do caminhão cilada, os guerrilheiros abriram fogo. Na medida em que saíam do caminhão e da C-14,  os policiais militares foram atingidos pelos disparos das FALs (Fuzis Automáticos Leves).  14 foram feridos, inclusive o Ten. MENDES Jr., ferido no pé. 

Ao observar o grande número de soldados feridos, Lamarca intimou a tropa para  que cessasse o tiroteio e se entregassem. Muitos dos feridos, inertes, estavam na mira dos  revolucionários. “O Tenente Mendes verificou que diversos de seus comandados estavam necessitando de urgentes socorros médicos. Julgando-se cercado, Mendes aceitou render se desde que seus homens pudessem receber o socorro necessário” (AZEVEDO, 2010). 

Lamarca e seu grupo prosseguem na fuga, levando o Tenente para franquear a  passagem numa barreira policial que pudesse surgir à frente. Porém, o caminhão fica  preso em um atoleiro, com tropa à frente e a retaguarda, dois dos guerrilheiros separam se do grupo, sendo presos dias depois. O grupo restante embrenha-se na mata, ainda  mantendo o Tenente refém, marcando os momentos finais da breve trajetória do jovem  Oficial. “O covarde e cruel assassinato de Mendes Junior vem comprovar o ânimo de  Lamarca, de espalhar o terror no país.” (XAVIER, 2014, p. 99).  

Depois de caminharem um dia e meio na mata, os terroristas e o tenente pararam para  descansar. Carlos Lamarca, Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza afastaram-se e formaram um “tribunal revolucionário”, que resolveu assassinar o Tenente Mendes.  Os outros dois, Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima, ficaram vigiando o  prisioneiro. Poucos minutos depois, os três terroristas retornaram. Yoshitame Fujimore  desfechou-lhe violentos golpes na cabeça, com a coronha de um fuzil. Caído e com a base  do crânio partida, o Tenente Mendes gemia e se contorcia em dores. Diógenes Sobrosa  de Souza desferiu-lhe outros golpes na cabeça, esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena  vala e com seus coturnos ao lado da cabeça ensangüentada, o Tenente Mendes foi  enterrado. Em 08/09/70, Ariston Lucena foi preso pelo DOI-CODI e apontou o local onde  o tenente estava enterrado. (AZEVEDO, 2010) 

Durante o transcorrer da Operação Ribeira, o menos controverso foi a execução  do Ten. Mendes Junior, uma vez que, localizado e preso um dos algozes, este contou  detalhadamente como se deu o crime. Além disso, acompanhou as forças de segurança,  indicando o local onde estava o corpo e a forma de execução. “Comprovado por perícia – golpes de coronha e facadas na cabeça. Há fotos de seu cadáver, inclusive do crânio que  comprovam o desfecho trágico em detalhes que atestam o crime cometido”. (XAVIER,  2014, p. 100) 

41 dias depois do início da Operação, na tarde de 31 de maio, os guerrilheiros  resolveram parar qualquer veículo que viesse pela estrada e tomá-lo. O primeiro a aparecer  foi justamente um caminhão do Exército. Os ocupantes, cinco soldados, foram rendidos  e deixados de cuecas dentro do veículo. Usando os uniformes da patrulha, o grupo  consegue passar pela última barreira, perto de , e chegar até São Paulo. Lamarca e alguns  de seus homens tinham escapado da maior mobilização da história do II Exército.  

Localizado no interior da Bahia, Lamarca é morto em 17 de setembro de 1971.

O Tenente Mendes Jr. é enterrado com honras. Herói da PMESP, patrono de batalhões e  homenageado, até hoje, em várias instituições do Estado de São Paulo e do Brasil, foi  promovido post-mortem ao posto de Capitão.  

O registro dos aspectos em que se deu a rendição, o socorro dos feridos e a condução do prisioneiro Mendes Junior e sua execução não deixam dúvida de que ele foi  vitimado, como resultado de deliberada atitude de defender seus comandados. E  defendeu, ao se colocar como refém pelo socorro dos feridos e libertação dos demais.  (XAVIER, 2014, p. 103) 

4. AÇÕES DO COE/PMPR NA OPERAÇÃO REGISTRO 

Correa, (2021, p.75) afirma que “Logo que surgiram os informes sobre a presença  de guerrilheiros no Vale da Ribeira, o COE foi chamado.” Em 1970, este efetivo já tinha  experiência e notoriedade na sociedade paranaense e nos demais órgãos de segurança  pública, inclusive nas unidades do Exército Brasileiro da capital paranaense. Isso devido  a ocorrências que exigiram conhecimentos e treinamentos não rotineiros, e foram bem  solucionadas pela intervenção desta unidade. devido a essa confiança, o apoio foi de  imediato requisitado pelas forças federais e pelo comando da corporação estadual, assim  que se iniciaram as ações no Vale da Ribeira. Moraes, (2015, p. 51) menciona o  relato do Coronel da reserva Eugênio Semmer, que serviu como tenente no COE durante  o período em que ocorreu a Operação Registro: 

O COE foi com grande efetivo, que ficou dividido basicamente em dois grupos: uma parte ficou no Estado do Paraná, acampado próximo a rodovia, e fechou a divisa com  o estado de São Paulo, realizando bloqueios, revistando veículos e conferindo os  passageiros e cargas; outro grupo se deslocou à região da Barra do Turvo, já no Estado  paulista, onde ocupou diversos pontos, incursionando patrulhas nas matas e vilas da  região e auxiliando na prisão de alguns guerrilheiros. 

Figura 03: Efetivo do COE no marco de divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná. BR 116, maio de 1970. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

Em 1970 o COE/PMPR já dispunha de um bom número de efetivo, especializado  através de treinamento constante e diferenciado das demais tropas da PMPR e outra  Polícias Militares do Brasil. Detinham equipamentos, armamentos e viaturas  consideradas modernas à época. E o mais importante, tinham experiência de combate em  ambientes hostis, rurais e em matas. Requisito para o combate anti-guerrilha rural, que  inexistia nas demais Polícias Militares brasileiras, e que apenas os Forças Especiais,  Paraquedistas e Guerras na Selva do Exército brasileiro tinham. 

Muitas dificuldades se apresentavam para os efetivos que participaram da  Operação Registro. As duas principais, sem dúvida, eram as seguintes: o preparo técnico  dos guerrilheiros, armados com modernos fuzis automáticos FAL e a Mata Atlântica do  Vale do Ribeira. Região montanhosa, coberta por vegetação densa, de alto porte e difícil  permeabilidade, que limitava os deslocamentos. Realizados somente através de picadas e  trilhas.

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

Figura 06: Maj. Raul, Cap. Lúcio e Ten. Hercílio e outros policiais do COE. Montanhas do Vale  da Ribeira ao fundo. Operação Registro, maio de 1970. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

A mata densa facilitava o homizio dos militantes da VPR que já conheciam o  local. A observação tanto terrestre como aérea era extremamente dificultada. Vastos  bananais, palmitais e a culturas de chás, possibilitam a sobrevivência nela por algum tempo. “Como se não bastasse, o inimigo havia instalado algumas armadilhas, troncos de árvores e farpas de madeira transformadas em setas mortais ao mínimo deslocar de um  cipó colocado como gatilho.” (CORREA, 2021, p. 75) 

Figura 07: Efetivo do COE observa uma das aeronaves das Forças Armadas que deram apoio  durante a Operação. Maio de 1970. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

Os policiais Militares do COE participaram efetivamente das atividades da  Operação Registro, executando bloqueios na BR 116 e outras estradas na divisa entre  Paraná e São Paulo, assim como patrulhas exploratórias e de combate, inclusive com  efetivo misto, entre policiais paranaenses e paulistas.  

Colocamos uma barreira em Rio Pardinho sob o comando do Cap. Sony Martins,  uma patrulha em Barra do Turvo sob o comando do Cap. Lucio de Matos Júnior e uma  patrulha na Serra Negra sob o comando do Major Raul Lopes, integrada também por  elementos da PM de S.Paulo. O Ten. Gilberto Oiti era nosso Oficial de ligação com o  Exército. (CORREA, 2021, p.75).  

Figura 08: Patrulha com efetivo de Policiais Militares do Paraná e de São Paulo deslocam-se em busca de Lamarca e demais militantes do VPR. Vale da Ribeira. Maio de 1970.  

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR.

Seja na missão de bloqueios, onde ficavam 24 horas por dia mantendo fiscalização  cerrada em todos veículos que deslocavam para o Paraná, seja nas incansáveis patrulhas  nas matas da região, a missão foi conduzida com êxito pelos militares estaduais. A  exemplo do descrito pelo Soldado Correia, que serviu no COE de 1969 a 1974:  

Descemos barrancos e despenhadeiros, com os frangalhos ao vento, em sangue o pé  estropiado, esfarrapando as mãos a tatear nos espinhos, rompendo o mato e rolando a  montanha, por moitas e barrocais, até que finalmente, ao amanhecer fazemos contato com  a patrulha do Sgt. Irineu e seguimos na pista dos fugitivos, capturando-os já próximos da  BR.ll6. 
Saímos na estrada, pegamos uma viatura, eu, o Cabo Lopes e mais dois companheiros, e levamos os presos à Jacupiranga, onde somos recebidos pelo Gal. Paulo,  com quem conversamos, ocasião em que ele nos diz de sua satisfação em poder contar  com o Coe sob seu comando, uma garantia de que pela fronteira do Paraná o inimigo  jamais passaria, como de fato não passou. (CORREA, 2021, p.77) 

Figura 09: Bloqueio realizado pelo COE/PMPR na BR 116 sentido Curitiba, próximo a divisa  entre os Estados do Paraná e São Paulo. Maio de 1970. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

O jornal O Estado do Paraná de domingo, 3 de maio de 1970, trouxe ao leitor  paranaense uma reportagem especial sobre a participação do efetivo da PMPR na  “Caçada” aos guerrilheiros. Em reportagem de duas páginas, Costa e Schmidt relatam a  rotina dos militares estaduais paranaenses durante a Operação Registro. Também com  rico material fotográfico, demonstram as fiscalizações nos bloqueios da BR116, visto que  as áreas de mata não estavam liberadas para acesso dos jornalistas. E mostram o desvio  que o motorista tinha como opção para chegar a São Paulo, partindo de Curitiba, sem  passar pelo bloqueio. 

Estamos espremendo o limão para o caldo sair. Esta frase de um Oficial do Exército explica toda a situação que ocorre, há 12 dias, na região fronteiriça entre o Paraná e São Paulo, e mais precisamente entre os municípios paulistas de Registro e Jacupiranga.  Na explicação do Oficial está contida a informação de que o II Exército, a Polícia Militar  de São Paulo e a do Paraná – que atuam em ação conjunta – apertam cada vez mais o  cerco aos redutos de guerrilheiros que se concentram naquela área. (COSTA e  SCHMIDT, 1970, p. 7). 

Figura 10 e 11: Respectivamente páginas 7 e 8 do jornal O Estado do Paraná, domingo, de 03 de  maio de 1970. Reportagem especial sobre a Operação Registro. 

Fonte: Impresso do Jornal O Estado do Paraná, domingo, de 03 de maio de 1970.  

O Corpo de Operações Especiais está com um posto montado a quatro quilômetros da divisa, onde fiscaliza o tráfego e se organizam patrulhas volantes. Uma  destas patrulhas, que deixou Cedro ao anoitecer de quinta-feira, atingiu, ontem pela  manhã, Guaraqueçaba, passando pela Serra Negra. Uma turma do posto avançado de  Barra do Turvo está retornando a Cedro, passando pela selva (em linha reta a distância é  de 40 quilômetros). O número de efetivo do COE não foi dado a conhecer, bem como  não foram reveladas as identidades dos Oficiais de serviço, por questão de segurança.  (COSTA e SCHMIDT, 1970, p. 7). 

5. COE, EFETIVO RECONHECIDAMENTE PREPARADO PARA O  COMBATE CONTRA-GUERRILHA EM 1970  

Criado em 1964, como uma Companhia do Batalhão de Guardas, o COE já tinha  entre suas missões o combate contra guerrilha. Em 1968, a estrutura de Companhia passa  a ser um Corpo, a comando de um Oficial Superior, Major. Com efetivo maior, mais  oficiais capacitados para dar treinamento e responsável pela execução de diversas missões em todo o Paraná, o COE passou a ser demandado para várias missões reais. Relato do  Cel. RR Goro Yassumoto, primeiro comandante do COE: 

(…) o Comandante Geral da Polícia Militar em 1964, o chamou em seu gabinete, e o  convidou, ainda como Capitão, para criar e comandar uma Companhia de Operações  Especiais, que seria responsável por atuar em controle de tumultos, realizando ações de  controle de distúrbios civis, e outras ocorrências para as quais a tropa regular não estivesse  preparada, como busca e resgate em ambientes hostis, combate contra guerrilha, entre  outras. (MORAES, 2015, p. 43). 

Figura 12: Efetivo do COE em instrução de busca e salvamento na Serra do Mar paranaense, 1969. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR.

No período do Governo Militar, o combate anti guerrilha em ambiente hostil, área  rural e de mata, era uma novidade para a grande maioria das tropas policiais e militares  brasileiras. Correa (2021, p.75), afirma que “éramos a única Unidade realmente  profissional nesta área, pois o pessoal da PM de S. Paulo estava habituado às lutas na cidade e o pessoal do Exército era formado por recrutas incorporados há apenas dois  meses.” 

Figura 13: Trecho do Relatório da Operação Registro, relatando a deficiência do efetivo da PMESP para  a execução no tipo de missão durante a Operação Registro.  

Fonte: Relatório da Operação Registro, de 20 de junho de 1970. (MJ – II Exército, 1970)

Bregalda ainda destaca a análise de uma reportagem sobre o relatório da Operação  Registro divulgada pelo II Exército em fevereiro de 1980, em que os seguintes erros são apontados pelos próprios militares:  

a) o emprego de jovens soldados sem experiência em confronto com guerrilheiros, os  quais tinham uma média baixa de idade;  
b) a utilização de material humano despreparado para combater a guerrilha, uma vez que  poucos ali tinham treinamento antiguerrilha;  
c) o emprego de grande contingente para caçar poucos guerrilheiros: o que era para ser  uma vantagem numérica acabou sendo desvantajoso, pois permitiu que os inimigos  escapassem mais rápido devido a lentidão das grandes patrulhas nas matas;  
d) fardamento e armamento obsoletos, o que impactou negativamente o moral dos  soldados;  
e) o baixo nível de combatividade dos soldados. (BREGALDA, 2018, p. 145) 

A estrutura logística, o efetivo e a experiência combativa do COE se apresentava  diferente do exposto acima no início da década de 70. Acumulando instrutores  especializados em diversas áreas, tais como guerra na selva, paraquedismo,  sobrevivência, busca e salvamento na selva, montanhismo, armamento e tiro, entre outras,  o COE figurava como grupo percussor de Operações Especiais na atividade policial  brasileira. Além dos treinamentos, extremamente evoluídos à época, para uma tropa  policial, o COE já acumulava uma grande experiência em ações reais.  

Figura 14: Instrução de combate e sobrevivência na selva aos policiais que passariam  a integrar o COE. Início de 1970. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

O COE, subordinado diretamente ao Comandante Geral da PMPR, passou a contar  com um histórico de eficientes atendimentos de diversas ocorrências, sempre em apoio aos próprios policiais militares ou a outros órgãos de segurança. Ocorrências com milícias  armadas, captura de criminosos homiziados, quadrilhas violentas, além de busca e  salvamentos em áreas de mata. Uma destas situações, recorrentes, era a questão da terra,  conforme relata o Cel. RR Semmer:  

Neste período, do final da década de 1960 e início de 1970, ainda ocorreram muitos  conflitos de posse no Estado do Paraná, em especial na região oeste. Nestes locais  atuavam grileiros e jagunços, pessoas que se apossaram de terras do Estado ou de  particulares à força, e bandos armados que eram contratados para retomar as terras – COE  muito empregado nesses conflitos até meados da década de 70. Muitos mortos e presos  (MORAES, 2015, p. 48). 

Figura 15: Efetivo do COE de preparação para patrulha na busca de posseiros e jagunços armados. Sudoeste  do Estado, final da década de 1960. 

Fonte: Arquivo fotográfico do COE, Cia. de Comandos e Operações Especiais, do BOPE/PMPR. 

A seriedade com que o COE foi tratado pelo comando da PMPR, somado a  dedicação de sua tropa e seus Oficiais, visionários, naquele período de estruturas simples  e modestas oferecidas às organizações de Segurança Pública, aliado, ainda, a grande  experiência em ações reais durante a década de 1960, contribuíram para o destaque do  Corpo de Operações Especiais nas ações do contra guerrilha no Vale da Ribeira, Operação  Registro. Tal fato foi reconhecido pela sociedade e pelo Exército Brasileiro, através do  Comando da 5º Região Militar, conforme reportagem sobre o elogio do General Aragão  ao COE, apresentado na figura 16. 

Figura 16: Reportagem sobre o elogio do comando da 5 Região Militar ao COE, jornal  O Estado do Paraná, de 06 de junho de 1970.

Fonte: Impresso do Jornal O Estado do Paraná, de 06 de junho de 1970.

Outra forma com que o COE/PMPR foi reconhecido pelas ações no Vale da  Ribeira, foi o convite e a presença de seu comandante, Major Raul Vitor Lopes e de alguns  de seus oficiais, no sepultamento do Tenente Alberto Mendes Junior. O sempre lembrado  Herói da PMESP, marcou os homens paranaenses que, honrados, ombrearam as missões  na Operação Registro. O Soldado Correa, em 1979, esteve no antigo 1º Batalhão da  PMESP, durante a inauguração da estátua do Herói Capitão Mendes Jr., compartilhando  um pouco deste reconhecimento:  

Complementando as recordações seguimos até o pátio do quartel para conhecer a estátua  em tamanho natural, ocasião em que um oficial que guiava um grupo de jovens estudantes  em visita à ROTA, inesperadamente me apresenta e faz um improvisado e emocionante  discurso exaltando nossa atuação junto com o lendário Batalhão Tobias de Aguiar. 

Foi comovente ver o nosso COE ser aplaudido por aqueles jovens paulistas ao lado do  monumento de nosso companheiro Tenente Alberto Mendes Júnior. (CORREA, 2021,  p.83).  

Após a Operação Registro, ainda no ano de 1970, a Polícia Militar do Estado de  São Paulo, tendo observado a deficiência de seu efetivo frente às novas formas de  violência, incluindo as ações dos grupos armados de extrema esquerda, formam suas  subunidades especiais. A demanda urgente e o contato com o COE/PMPR durante as  ações no Vale da Ribeira, fez surgir duas importantes unidades de policiamento  especializado em operações policiais especiais. Atualmente referências nacionais, já há  algumas décadas.  

O POE, Pelotão de Operações Especiais, foi formado buscando dentro do efetivo  já existente, policiais com formações específicas no Exército Brasileiro. Em 1971, este  efetivo passou a formar o COE, Comandos e Operações Especiais da PMESP, sendo então  o efetivo especializado para o combate à contra guerrilha rural. Nesta mesma esteira, em  15 de outubro de 1970 o 1º Batalhão da PMESP, Batalhão Tobias Aguiar, passa a ser  denominado ROTA, Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, responsável pelo contra guerrilha  e repressão ao crime violento urbano.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A Operação Registro, como tantas ações ocorridas durante o regime militar  brasileiro, permanece como um capítulo complexo e controverso da história nacional,  permeado por disputas narrativas e interpretações políticas diversas. Contudo,  independentemente do viés ideológico que se adote, é inegável a gravidade do contexto  enfrentado à época, bem como o impacto das ações desenvolvidas por grupos armados e  pelas forças de segurança nacionais. 

Este trabalho demonstrou que, diante da ameaça representada pela instalação de  um núcleo guerrilheiro no Vale do Ribeira, as forças de segurança atuaram com o  propósito de restaurar a ordem e neutralizar focos insurgentes. Nesse cenário, o Corpo de  Operações Especiais da Polícia Militar do Paraná destacou-se não apenas pelo apoio  operacional, mas por seu elevado grau de preparo técnico e adaptabilidade em ambiente  hostil, características que o colocaram em posição de referência para outras corporações. 

A atuação do COE/PMPR na Operação Registro evidenciou o pioneirismo da  unidade no campo das operações especiais em território nacional, demonstrando a  importância da formação continuada, da doutrina específica e da integração entre as  forças policiais e militares. A experiência adquirida nessa missão contribuiu diretamente para o desenvolvimento de estruturas semelhantes em outras unidades da federação. 

Ao resgatar e documentar esse episódio, este estudo contribui para a valorização  da memória institucional e para o reconhecimento do papel desempenhado por policiais  militares paranaenses em um dos momentos mais emblemáticos do enfrentamento à  guerrilha no Brasil. A história do COE/PMPR, construída com profissionalismo e  dedicação, merece ser preservada e transmitida como legado às futuras gerações de combatentes. 

REFERÊNCIAS 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação  documentação, trabalhos acadêmicos, apresentação. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004; 

NBR 6023: informação e documentação, referências, elaboração. Rio de Janeiro,  2005; 

AZEVEDO, Reinaldo. Todas as Pessoas Mortas por Terroristas de Esquerda 3 – A  Impressionante Covardia de Lamarca. Revista Veja, 12 jan 2010. Disponível em:  <https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/todas-as-pessoas-mortas-por-terroristas-de esquerda-3-8211-a-impressionante-covardia-de-lamarca/>. Acesso em 14 jun de 2021; 

BREGALDA, Afonso Campos. Ousar lutar, ousar vencer: Carlos Lamarca – da  caserna à luta armada (1960-1971). Trabalho para obtenção do título de Mestre em  História Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2018;   

CORREA, Luiz Carlos. Soldado Correa. Memorias do Comandos e Operações  Especiais PMPR/COE 1964-1974. 8. ed. Curitiba: Playtime Editora, 2022; 

COSTA, Waldomiro. SCHMIDT, Walter. Caçada na Estrada para Evitar a Fuga. O  Estado do Paraná, Curitiba, 3 de maio de 1970, p. 7a; 

Ministério do Exército. II Exército. Relatório da Operação Registro, de 20 de junho  de 1970. São Paulo, 1970; 

MORAES, Bernardo Cosenza. 50 anos de Operações Especiais na Polícia Militar do  Paraná. Monografia do Curso de Formação de Oficiais da Academia Policial Militar do  Guatupê. São José dos Pinhais-Pr, 2015; 

NOGUEIRA, Jefferson Gomes. Carlos Lamarca: O Militar Guerrilheiro  (1969/1971). Trabalho para obtenção do título de Mestre em História da Universidade  Federal do Espírito Santo. Vitória, 2009; 

TUTUI, Mariane Pimentel. OLIVEIRA, Raoni A. Ferreira. “Ousar lutar, ousar  vencer”: O busto de Carlos Lamarca como arte pública e patrimônio histórico de  Cajati. Artigo publicado na Revista de Arqueologia Pública da Universidade Estadual  de campinas, 2018. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/article/view/8652673/18973>. Acesso em 10 jun de 2021; 

USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo o Silêncio. São Paulo: Editerra, 1987.  Disponível em: <https://www.averdadesufocada.com/…/rompendosilencio.pdf>. Acesso  em 10 jun de 2021; 

XAVIER, José Carlos. Tributo a um Herói. Campanha do Vale do Ribeira. São Paulo: Scortecci Editora, 2014.