ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL: MANEJO NUTRICIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10419958


Francisco Xavier Martins Bessa


Resumo 

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma condição neuromuscular que apresenta  desafios clínicos complexos, incluindo questões nutricionais. Este estudo realiza uma  análise crítica da literatura existente sobre a interseção entre nutrição e AME,  buscando consolidar evidências científicas. A introdução aborda a complexidade da  AME e sua relação com alterações na composição corporal, necessidades  energéticas e impactos na função motora. O objetivo primordial é identificar e sintetizar  as relações nutricionais específicas para informar práticas clínicas. A metodologia  envolveu uma revisão abrangente da literatura, abordando estudos observacionais e  clínicos que exploram a nutrição em pacientes com AME. A análise crítica focou em  medidas antropométricas, composição corporal, requisitos energéticos e intervenções  nutricionais. Os resultados destacam lacunas na compreensão atual, enfatizando a  necessidade de pesquisas adicionais. Concluímos que a personalização dos cuidados  nutricionais é vital, considerando a heterogeneidade da AME. As intervenções devem  ser adaptadas às necessidades individuais, integrando avanços terapêuticos  recentes. Esta análise crítica oferece uma base para futuras pesquisas e orienta  profissionais de saúde na abordagem nutricional em pacientes com AME. 

Palavras-chave: Atrofia Muscular Espinhal, Nutrição, Composição Corporal,  Requisitos Energéticos, Cuidados Personalizados. 

Abstract

Spinal Muscular Atrophy (SMA) is a neuromuscular condition presenting complex  clinical challenges, including nutritional issues. This study critically analyzes existing  literature on the intersection of nutrition and SMA, aiming to consolidate scientific  evidence. The introduction addresses the complexity of SMA and its relationship with  changes in body composition, energy needs, and impacts on motor function. The  primary objective is to identify and synthesize specific nutritional relationships to inform  clinical practices. The methodology involved a comprehensive literature review,  encompassing observational and clinical studies exploring nutrition in SMA patients.  The critical analysis focused on anthropometric measures, body composition, energy  requirements, and nutritional interventions. Results highlight gaps in the current  understanding, emphasizing the need for further research. We conclude that  personalized nutritional care is vital, considering the heterogeneity of SMA.  Interventions should be tailored to individual needs, integrating recent therapeutic  advances. This critical analysis provides a foundation for future research and guides  healthcare professionals in nutritional approaches for SMA patients. 

Keywords: Spinal Muscular Atrophy, Nutrition, Body Composition, Energy  Requirements, Personalized Care. 

INTRODUÇÃO

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) representa uma condição neuromuscular  hereditária caracterizada pela degeneração progressiva das células motoras da  medula espinhal, culminando em atrofia muscular e comprometimento motor  significativo. Essa patologia, de caráter genético, manifesta-se de forma heterogênea  em sua gravidade, sendo classificada em diferentes tipos de acordo com a idade de  início e a intensidade dos sintomas. A AME, frequentemente diagnosticada na infância,  apresenta desafios clínicos consideráveis, demandando uma abordagem integral para  promover a qualidade de vida dos pacientes. 

A problemática central reside na escassez de estudos abrangentes que  explorem detalhadamente o papel da nutrição no manejo da AME, bem como na falta  de diretrizes específicas para orientar profissionais de saúde e cuidadores na  formulação de estratégias nutricionais adequadas. Nesse contexto, a pergunta de  pesquisa que norteia este trabalho indaga: “Qual é o impacto do manejo nutricional na  progressão da Atrofia Muscular Espinhal e como as intervenções nutricionais podem  ser otimizadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes?” 

O objetivo primordial é analisar criticamente a literatura existente sobre o tema,  consolidando evidências científicas que delineiem as relações entre a nutrição e a  AME.  

A justificativa para a realização deste estudo repousa na necessidade  imperativa de aprimorar as abordagens terapêuticas disponíveis para pacientes com  AME, considerando a integralidade do cuidado e a maximização da qualidade de vida.  A AME, por sua natureza debilitante, impõe desafios significativos aos pacientes e às  suas famílias, exigindo uma compreensão mais profunda dos fatores que influenciam  sua progressão e a eficácia das intervenções. 

A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliográfica abrangente,  explorando bancos de dados científicos renomados, tais como PubMed, Scopus e  Web of Science. A seleção criteriosa de artigos, revisões sistemáticas e metanálises proporcionou uma análise abrangente das evidências existentes, permitindo a síntese  de informações relevantes para fundamentar as conclusões apresentadas neste  trabalho. 

DESENVOLVIMENTO 

Os problemas nutricionais, como disfunção gastrointestinal com constipação,  esvaziamento gástrico retardado e refluxo gastroesofágico (RGE), são determinantes 

importantes de mortalidade e morbidade. A disfunção na deglutição e o refluxo  também contribuem significativamente para doenças pulmonares (Mercuri et al.,  2018). No entanto, os distúrbios nutricionais também resultam de uma redução  significativa na atividade física, diminuindo as necessidades energéticas e  aumentando o risco de sobrepeso e obesidade. 

Por outro lado, os pacientes com atrofia muscular espinhal (AME) correm risco  de baixo peso devido a problemas respiratórios e gastrointestinais. Problemas  respiratórios podem aumentar o gasto energético, enquanto problemas  gastrointestinais podem reduzir a ingestão de alimentos (Poruk et al., 2012). O estado  nutricional pode permanecer comprometido, resultando em falha de crescimento  (Mercuri et al., 2018). Estudos indicaram diferentes desequilíbrios nutricionais em  crianças com AME, variando de sobrenutrição a subnutrição (Bertoli et al., 2017). 

Mais de 50% das crianças com AME apresentaram um comprimento supino  acima da média, e nenhuma delas estava prejudicada no crescimento (Bertoli et al.,  2017). Crianças com AME tipo 1 mostraram redução no crescimento linear e ganho  de peso tardio, enquanto crianças com AME tipo 2 tendiam a ficar com sobrepeso ou  obesidade (Bertoli et al., 2017). A comparação entre crianças com AME tipo 1 e tipo 2  mostrou peso corporal semelhante, comprimento supino e comprimentos  segmentares, mas com uma prevalência dupla de desnutrição grave (Bertoli et al.,  2017). 

Além disso, a densidade mineral óssea (DMO) é reduzida em pacientes com  AME, com 50% de crianças italianas com AME tipo 2 e tipo 3 apresentando baixa  DMO e fraturas vertebrais assintomáticas (Vai et al., 2015). 

A AME, tradicionalmente considerada uma doença de neurônios motores, teve  sua visão evoluída com a identificação de defeitos em múltiplos tipos celulares não  neurais. A relação entre componentes extra-neuronais e a anormalidade genética  subjacente não está clara (Russman, 2007). Anomalias no metabolismo de ácidos  graxos, hiperlipidemia e hiperglicemia foram relatadas em pacientes com AME, com  alterações mais evidentes após a infusão de glicose intravenosa durante a doença ou  após jejum prolongado (Zolkipli et al., 2012). Evidências histopatológicas suportam a  hipótese de uma mudança progressiva na composição das ilhotas pancreáticas de  células β produtoras de insulina para células α produtoras de glucagon em modelos  murinos de AME e pacientes com AME tipo 1 (Bowerman et al., 2012).

As anormalidades nutricionais e metabólicas mencionadas têm sido pouco  investigadas de forma sistemática até o momento. É cada vez mais evidente que elas  devem ser gerenciadas com estratégias nutricionais apropriadas para melhorar a  qualidade de vida dessas crianças e suas famílias (Mercuri et al., 2018). Por exemplo,  a desnutrição e a sobrenutrição devem ser combatidas com uma ingestão adequada  de energia e nutrientes, e a redução da DMO deve ser parcialmente resolvida pela  introdução adequada de cálcio, vitamina D e magnésio (Vai et al., 2015). Por fim, uma  abordagem nutricional voltada para equilibrar a secreção de insulina e glucagon em  pacientes com AME pode ser valiosa para combater as anormalidades metabólicas  (Bowerman et al., 2012). 

Com os ensaios clínicos de agentes farmacêuticos e novos medicamentos  atualmente em andamento (Russman, 2007; Poruk et al., 2012; Kolb e Kissel, 2011;  Finkel et al., 2017), preservar uma nutrição ideal – especialmente para crianças – é  uma prioridade importante na Atrofia Muscular Espinhal (AME) (Moore et al., 2016).  As considerações nutricionais para crianças com AME são complexas e mal  compreendidas (Wang et al., 2007). A composição corporal alterada e a diminuição da  massa magra foram identificadas (Bertoli et al., 2017), mas o impacto do desperdício  muscular no crescimento e nos requisitos nutricionais não é claro (Sproule et al.,  2009). 

Existem poucos relatos que abordam especificamente a antropometria, a  composição corporal e as expectativas de crescimento de pacientes com AME. A  Declaração de Consenso para Padrões de Cuidado na Atrofia Muscular Espinhal  recomenda medir regularmente peso, altura/comprimento, peso para  altura/comprimento e velocidade de crescimento para detectar sinais de falha de  crescimento ou estado nutricional alterado (Wang et al., 2007). O uso de dados de  referência (Organização Mundial da Saúde, 2002; Kuczmarski et al., 2000)  desenvolvidos para crianças saudáveis é sugerido, mas as limitações desse método  são reconhecidas devido à natureza peculiar da AME (Moore et al., 2016). 

Considerando a redução da massa muscular e mobilidade, pode-se  razoavelmente presumir que a composição corporal em crianças com AME tipo 1 e  tipo 2 é bastante diferente daquela de crianças saudáveis (Bertoli et al., 2017). Dados  anteriores sugeriram que as medidas de antropometria podem ser enganosas na  avaliação do estado nutricional, especialmente em crianças com AME tipo 1 e tipo 2,  com uma massa de gordura “normal” ou “aumentada” que pode ser classificada como abaixo do peso devido à diminuição da massa livre de gordura, levando a diagnósticos  errôneos de desnutrição e, por sua vez, a intervenções dietéticas excessivas (Sproule  et al., 2010). 

Outras descobertas que demonstram que a massa de gordura – mas não a  massa livre de gordura – aumenta com a idade sugerem que o “crescimento” pode ser  impulsionado pelo aumento da gordura corporal, em vez do crescimento e maturação  dos músculos esqueléticos (Mehta et al., 2016). Há uma forte necessidade de uma  descrição dos padrões de crescimento de crianças com AME, preliminar a um possível  desenvolvimento de gráficos de crescimento específicos para AME (Isojima e Yokoya,  2017). 

Enquanto isso, a composição corporal deve ser considerada ao interpretar  medidas antropométricas em crianças com AME. A antropometria básica sozinha pode  ser enganosa e levar à superalimentação dos pacientes (Bertoli et al., 2017). A  Absorciometria de Raios-X de Energia Dupla (DEXA) é o método padrão para medir  o conteúdo mineral ósseo, a massa gorda segmentar e a massa livre de gordura, mas  esses métodos podem não estar disponíveis fora de ambientes avançados de  pesquisa clínica (Vai et al., 2015). Além disso, a disponibilidade de dados de referência  para composição corporal é um grande problema que limita a avaliação da  composição corporal na idade pediátrica (Vai et al., 2015). Para a avaliação ordinária  da composição corporal, métodos mais simples, como a antropometria, são  necessários, mas não há dados disponíveis sobre a capacidade da antropometria de  servir como medida substituta de gordura em crianças com AME. 

Muito pouco se sabe sobre os requisitos energéticos na AME (Moore et al.,  2016). As necessidades reduzidas de energia em pacientes com AME podem refletir  sua composição corporal única. O gasto energético em repouso (GER) parece ser  menor em AME quando comparado a pares saudáveis (Sproule et al., 2010). Portanto,  as fórmulas de energia preditivas baseadas apenas em dados antropométricos podem  ter valor limitado nessa população, e é provável que a composição corporal  desempenhe um grande papel na definição das necessidades calóricas (Cutillo et al.,  2014). 

A avaliação dos requisitos energéticos é fundamental para evitar a falha de  crescimento e manter ou atingir um estado nutricional adequado (Wang et al., 2007).  O método de referência para a avaliação do GER é a calorimetria indireta, geralmente  disponível apenas em centros de pesquisa ou clínicas avançadas. Por esse motivo, 

equações preditivas são usadas na prática clínica para estabelecer o GER de sujeitos  saudáveis e doentes. No entanto, é bem sabido que as equações preditivas de GER  são específicas para a população, e a maioria das doenças requer fórmulas  específicas (Kasarskis et al., 2014; Krick et al., 1992). Recentemente, foi mostrado  que as equações preditivas de GER desenvolvidas em crianças saudáveis  superestimam o GER em crianças com AME (Davis et al., 2014). A Declaração de  Consenso para Padrões de Cuidado na Atrofia Muscular Espinhal conclui que “até que  mais dados específicos estejam disponíveis, a ingestão de nutrientes deve atender às  recomendações diárias recomendadas para a idade” (Wang et al., 2007). Espera-se  que um estudo detalhado do GER e sua relação com a antropometria e a composição  corporal aumente substancialmente o conhecimento sobre o manejo nutricional  adequado de crianças com AME. 

Quanto à composição de macronutrientes (lipídios, proteínas e carboidratos) e  micronutrientes (vitaminas e minerais) em relação a gênero, idade, peso e  comorbidades na AME, as chamadas Recomendações Dietéticas Permitidas (RDA)  ou Livelli di Assunzione Raccomandati di energia e Nutrienti per la popolazione Italiana  (SINU, 2014) são usadas para definir a ingestão de energia e nutrientes de pessoas  saudáveis em relação a sexos e faixas etárias (0,5-0,99, 1-3, 4-6, 7-10, 11-14, 15-17,  18-29, 30-59, 60-74, ≥ 75 anos) e condições fisiológicas especiais, como gravidez e  lactação (SINU, 2014). As RDA/LARN são baseadas em dados experimentais e  epidemiológicos coletados de pessoas em bom estado de saúde. No entanto, é sabido  que os requisitos energéticos e nutricionais são diferentes na maioria das doenças, e  a AME é provavelmente uma delas (Wang et al., 2007). A Declaração de Consenso  para Padrões de Cuidado na Atrofia Muscular Espinhal conclui que “até que mais  dados específicos estejam disponíveis, a ingestão de nutrientes deve atender às  recomendações diárias recomendadas para a idade, conforme proposto para crianças  saudáveis. Além disso, é desencorajado o uso de suplementos para fornecer mais do  que a ingestão dietética recomendada de vitaminas, minerais, proteínas ou gorduras”  (Wang et al., 2007). Isso reflete a atual falta de conhecimento sobre os requisitos  nutricionais de crianças com AME. No entanto, é provável que algumas das  deficiências metabólicas das crianças com AME possam responder a uma dieta  especialmente adaptada (Wang et al., 2007). 

Outras lacunas significativas de conhecimento referem-se à relação entre  estado nutricional, composição corporal, gasto energético e função motora. Estudos preliminares em uma pequena coorte de pacientes mostraram que a redução da  massa magra reflete a perda de massa muscular e que o aumento da adiposidade  pode piorar as habilidades motoras e respiratórias devido ao efeito mecânico do  aumento da massa corporal na mobilidade e função muscular residual em crianças  com AME tipo 1 de alta funcionalidade (Kinali et al., 2004; Bertoli et al., 2017).  

Por outro lado, os pacientes mais graves (particularmente AME tipo 1 e AME  tipo 2 “de baixo funcionamento”) podem estar mais em risco de desnutrição (Sproule  et al., 2010). Estudos de correlação do estado nutricional, composição corporal, gasto  energético e grau de comprometimento da função motora são necessários para  identificar a melhor composição corporal que pode garantir mobilidade máxima e  função motora residual, especialmente no cenário atual com a aprovação recente de  nusinersen pela FDA e EMA, que alterou drasticamente a história natural da doença,  prolongando a sobrevida e melhorando a função motora em pacientes tratados (Finkel  et al., 2017).  

As avaliações padronizadas de função motora demonstraram ser factíveis,  confiáveis e válidas na monitorização da gravidade da doença e resposta ao  tratamento (Krosschell et al., 2018). No entanto, dada a ampla variabilidade no curso  clínico natural e evolução após o tratamento, há uma necessidade crescente de  validar novos biomarcadores, que podem ser mais objetivos e úteis, além das  avaliações padronizadas de função motora, no desenho de futuros ensaios clínicos e  no planejamento de programas terapêuticos específicos para pacientes (Krosschell et  al., 2018). 

Revisar a base de evidências para a nutrição na AME revela limitações  consistentes em todas as áreas, com poucas evidências de alta qualidade para  orientar a prática (Moore et al., 2016). Os estudos intervencionais são escassos,  sendo necessário extrapolar de estudos observacionais com tamanhos de amostra  adequados para compor as evidências mais fortes e precisas disponíveis para auxiliar  esse grupo vulnerável (Moore et al., 2016). Especialmente nos dias de hoje, com o  advento de novos medicamentos terapêuticos, a disponibilidade de dados de história  natural durante a doença é útil para entender o efeito de novos tratamentos (Finkel et  al., 2017). 

CONCLUSÃO

estudo destacou a variabilidade clínica da AME e como ela impacta diretamente  a composição corporal, os requisitos energéticos e a função motora dos pacientes.  Neste contexto, o papel da nutrição é multifacetado e desafiador, exigindo uma  abordagem personalizada e adaptável. 

A importância de uma avaliação nutricional regular e detalhada para pacientes  com AME é inegável. Esta avaliação deve considerar não apenas as medidas  antropométricas, mas também a composição corporal específica de cada paciente. Tal  abordagem permite identificar e tratar tanto a desnutrição quanto a sobrenutrição,  ambas comuns nesta condição. A complexidade da AME exige que as intervenções  nutricionais sejam altamente personalizadas, levando em conta o tipo específico de  AME, o nível de funcionalidade e as comorbidades existentes. 

A pesquisa destacou a escassez de estudos abrangentes focados no manejo  nutricional da AME, o que sublinha a necessidade premente de mais pesquisas nesta  área. É crucial que futuros estudos abordem as lacunas no conhecimento atual,  especialmente no que diz respeito às necessidades energéticas específicas e ao  impacto da nutrição na progressão da doença e na qualidade de vida dos pacientes. 

Outro aspecto vital é a integração dos avanços no cenário terapêutico da AME,  incluindo novos medicamentos e terapias, na abordagem nutricional. Com a evolução  contínua do tratamento da AME, é essencial que as estratégias nutricionais se  adaptem para oferecer suporte ao bem-estar geral e à qualidade de vida dos  pacientes. 

Além disso, é imperativo que profissionais de saúde, cuidadores e familiares  reconheçam a importância dos cuidados nutricionais como parte integrante de uma  abordagem multidisciplinar. Isso não apenas aborda as necessidades físicas  específicas dos pacientes com AME, mas também desempenha um papel crucial no  suporte emocional e psicológico, contribuindo significativamente para a melhoria da  qualidade de vida. 

Em resumo, este estudo realça a complexidade do manejo nutricional na AME  e a necessidade de uma abordagem holística e personalizada. As intervenções  nutricionais devem ser adaptadas às necessidades individuais de cada paciente e  integradas aos avanços terapêuticos. A colaboração contínua entre pesquisadores,  profissionais de saúde e famílias é essencial para avançar no entendimento e no  tratamento desta condição desafiadora. A nutrição, longe de ser um aspecto secundário, é uma pedra angular no manejo eficaz da Atrofia Muscular Espinhal,  essencial para o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes. 

Em conclusão, os cuidados nutricionais na Atrofia Muscular Espinhal (AME)  representam uma faceta crucial no manejo abrangente dessa condição neuromuscular  complexa. A compreensão dos desafios específicos enfrentados por indivíduos com  AME, em termos de composição corporal, requisitos energéticos e impacto na função  motora, é essencial para proporcionar uma abordagem nutricional adequada. A  avaliação regular do estado nutricional, utilizando medidas antropométricas e  considerando a composição corporal, emerge como um elemento fundamental. A  complexidade da AME, com sua variabilidade clínica, destaca a necessidade de  personalização nos cuidados nutricionais, levando em conta fatores como o tipo de  AME, o nível de funcionalidade e a presença de comorbidades. 

É evidente que as intervenções nutricionais devem ser adaptadas às  necessidades individuais, considerando as peculiaridades metabólicas e as  demandas específicas da condição. Além disso, a evolução do cenário terapêutico  com o desenvolvimento de novos medicamentos para AME reforça a importância de  avaliações nutricionais contínuas, integrando os avanços clínicos à prática. 

A falta de evidências robustas destaca a necessidade premente de pesquisas  adicionais para preencher lacunas no entendimento dos requisitos nutricionais  específicos para AME. Enquanto isso, é imperativo que profissionais de saúde,  cuidadores e familiares estejam conscientes da importância dos cuidados nutricionais  como parte integrante da abordagem multidisciplinar para otimizar a qualidade de vida  e o bem-estar desses pacientes. Em resumo, a atenção dedicada aos cuidados  nutricionais na AME não apenas busca abordar as necessidades físicas específicas,  mas também desempenha um papel crucial no suporte global e na melhoria da  qualidade de vida para aqueles que enfrentam os desafios dessa condição  neuromuscular. 

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