ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO: PROJETO COMARU DA COMUNIDADE EXTRATIVISTA DO IRATAPURU

ASSOCIATIVISM AND COOPERATIVISM: PROJECT COMARU OF THE EXTRACTIVE COMMUNITY OF IRATAPURU

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12167673


Jessica Mônica Videira Lopes 1
Selma Maria Sarraf da Paixão 2
Alain Roel Rodrigues dos Santos 3


Resumo

O artigo sobre Associativismo e Cooperativismo: Projeto Comaru da Comunidade extrativista do Iratapuru, preocupado com o contínuo crescimento populacional no Vale do Jari e a correspondente demanda por alimentos, a produção agrícola expande-se, colocando desafios para os produtores rurais e extrativistas que precisam se organizar para atender a essas necessidades crescentes. Nesse contexto, o associativismo e o cooperativismo surgem como alternativas promissoras para fortalecer esses grupos e garantir sua sustentabilidade econômica e representatividade. O associativismo e o cooperativismo oferecem uma via eficaz para os extrativistas unirem-se por objetivos comuns, como a valorização de seus produtos e a melhoria das condições de vida. A COMARU exemplifica esse modelo, servindo como uma plataforma onde os extrativistas podem compartilhar experiências, tomar decisões de forma democrática e garantir uma representação justa de seus interesses. Ao unir forças, os extrativistas do Vale do Jari encontram na COMARU um espaço onde podem consolidar suas demandas, buscar vantagens econômicas e lutar pela defesa de seus interesses. Mais que uma simples entidade organizacional, a cooperativa representa um elo vital na cadeia produtiva local, promovendo a coletividade e o desenvolvimento sustentável da região. Dessa forma, o associativismo e cooperativismo emergem como pilares essenciais para os extrativistas do Vale do Jari, capacitando-os a enfrentar os desafios do mercado e a garantir um futuro próspero para suas comunidades. Este é um estudo que combina métodos qualitativos e quantitativos, utilizando a pesquisa como uma das ferramentas de coleta de dados para obter informações detalhadas sobre a cooperativa Comaru.

Palavraschave: Associativismo. Cooperativismo. Comaru. Extrativista.

Abstract

The article on Associativism and Cooperativism: Project Comaru of the Iratapuru Extractivist Community, concerned with the continuous population growth in the Jari Valley and the corresponding demand for food, highlights the expansion of agricultural production, which poses challenges for rural and extractivist producers who need to organize to meet these growing needs. In this context, associativism and cooperativism emerge as promising alternatives to strengthen these groups and ensure their economic sustainability and representation. Associativism and cooperativism offer an effective way for extractivists to unite for common goals, such as enhancing the value of their products and improving living conditions. COMARU exemplifies this model, serving as a platform where extractivists can share experiences, make decisions democratically, and ensure fair representation of their interests. By joining forces, the extractivists of the Jari Valley find in COMARU a space where they can consolidate their demands, seek economic advantages, and fight for the defense of their interests. More than just an organizational entity, the cooperative represents a vital link in the local production chain, promoting collectivity and sustainable development in the region. In this way, associativism and cooperativism emerge as essential pillars for the extractivists of the Jari Valley, empowering them to face market challenges and ensure a prosperous future for their communities. This is a study that combines qualitative and quantitative methods, using research as one of the data collection tools to obtain detailed information about the Comaru cooperative. 

Keywords: Associativism. Cooperativism. Comaru. Extractivist.

1 INTRODUÇÃO

O associativismo e o cooperativismo representam modelos organizacionais poderosos que têm desempenhado um papel vital no fortalecimento das comunidades, especialmente em áreas como o Vale do Jari, onde a pressão por recursos naturais e a demanda por alimentos estão em constante crescimento. Neste contexto, a Comunidade Extrativista do Iratapuru, por meio de sua cooperativa, a COMARU, emerge como um caso emblemático de sucesso.

O associativismo é uma forma de organização social que se baseia na colaboração e na gestão democrática dos seus membros, promovendo a união em torno de interesses e objetivos comuns. A participação em associações voluntárias desempenha um papel crucial na coesão social e no fortalecimento das comunidades (ABRANTES, 2004). argumenta que o declínio da participação cívica pode enfraquecer o capital social, que é essencial para a saúde democrática e o desenvolvimento comunitário. Assim, o associativismo, ao fomentar a cooperação e a participação ativa, contribui significativamente para a criação de redes sociais robustas e resilientes (ABRANTES, 2004).

O cooperativismo é uma forma de organização econômica baseada na associação voluntária de pessoas que buscam alcançar objetivos comuns por meio da gestão democrática e da propriedade coletiva. (FARIAS, 2013), enfatiza que arranjos cooperativos eficazes podem promover a sustentabilidade e o desenvolvimento socioeconômico ao permitir que comunidades locais gerenciem seus recursos de forma eficiente e equitativa. Este modelo não só fortalece a economia local, mas também promove a inclusão social e a responsabilidade compartilhada entre os membros.

Com o aumento populacional no Vale do Jari, a produção agrícola se expande, apresentando desafios significativos para os produtores rurais e extrativistas. Diante dessa realidade, o associativismo e o cooperativismo surgem como soluções promissoras para fortalecer esses grupos, garantindo-lhes sustentabilidade econômica e representatividade. 

A COMARU, ao exemplificar esses modelos, oferece uma plataforma onde os extrativistas podem unir forças, compartilhar experiências e tomar decisões de forma democrática. Essa união possibilita a consolidação de demandas, busca por vantagens econômicas e defesa de interesses coletivos, representando não apenas uma entidade organizacional, mas um elo vital na cadeia produtiva local. No coração dessa discussão está a Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU), que representa um caso emblemático de sucesso. A COMARU não apenas exemplifica o modelo de associativismo e cooperativismo, mas também serve como uma plataforma onde os extrativistas podem compartilhar experiências, tomar decisões de forma democrática e garantir uma representação justa de seus interesses.

Neste cenário, o associativismo e cooperativismo não são apenas conceitos abstratos, mas pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável das comunidades extrativistas do Vale do Jari. Ao trabalhar em conjunto, os extrativistas podem superar desafios, promover a coletividade e assegurar um futuro próspero para suas comunidades. A COMARU, ao demonstrar esses princípios na prática, destaca-se como um exemplo inspirador de como a união pode gerar resultados significativos no panorama econômico e social da região. 

A justificativa para a abordagem do associativismo e cooperativismo na Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) repousa na necessidade de compreender e destacar os impactos dessas práticas colaborativas no contexto das comunidades extrativistas. Diante dos desafios econômicos e ambientais, investigar como a

cooperação fortalece os extrativistas e promove a sustentabilidade é crucial. A análise dessas dinâmicas permitirá identificar lições aprendidas, contribuindo para a disseminação de estratégias eficazes que possam ser replicadas em outras regiões, fomentando o desenvolvimento socioeconômico e a preservação dos recursos naturais em comunidades semelhantes.

A cooperativa COMARU tem enfrentado alguns desafios, como a redução no contrato de fornecimento de óleo de castanha em comparação ao ano anterior. Apesar disso, a cooperativa tem demonstrado capacidade de superar obstáculos, mantendo a entrega da produção dos produtores extrativistas mesmo com recursos limitados. Além disso, a COMARU está trabalhando para melhorar a parte industrial da cadeia produtiva da castanha e investindo em novos projetos, como a venda de castanhas secas, conhecidas como “castanhas Dry” (Comaru).

A problemática da pesquisa sobre o associativismo e cooperativismo no Projeto Comaru da Comunidade Extrativista do Iratapuru centra-se na análise dos desafios e benefícios que esses modelos organizacionais trazem para as comunidades extrativistas. Especificamente, investiga-se como a COMARU, uma cooperativa formada por produtores extrativistas, pode fortalecer a economia local e promover a sustentabilidade ambiental através da gestão coletiva e democrática.

O objetivo principal deste artigo é analisar e compreender o impacto do associativismo e cooperativismo na Cooperativa do Iratapuru (COMARU), destacando como essas práticas coletivas fortalecem os extrativistas, promovem a sustentabilidade econômica e ambiental da região, e contribuem para o desenvolvimento socioeconômico. Ao explorar as dinâmicas, desafios e benefícios dessas estratégias colaborativas, busca-se fornecer insights valiosos que possam inspirar e informar iniciativas semelhantes, visando à construção de comunidades mais resilientes e sustentáveis.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 Associativismo e Cooperativismo

O associativismo é a junção de pessoas ou entidades com interesses comuns, visando cooperação recíproca. Cândido Teobaldo de Souza Andrade define como “uma forma de organização social onde indivíduos se juntam voluntariamente para atingir objetivos comuns”. Surgiu como resposta às necessidades das classes trabalhadoras durante a Revolução Industrial. E. P. Thompson, em “The Making of the English Working Class” (1963), destaca a importância do associativismo na formação da consciência de classe dos trabalhadores ingleses, através de sociedades de ajuda mútua, clubes de discussão e sindicatos para melhorar condições de vida e trabalho.

O cooperativismo é uma forma específica de associativismo focada na criação de cooperativas – empresas de propriedade e gestão conjunta dos membros. Charles Gide define a cooperativa como “uma associação de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer necessidades e aspirações comuns por meio de uma empresa de propriedade conjunta e controlada democraticamente”. A fundação da Sociedade dos Probos de Rochdale em 1844, na Inglaterra, é um marco histórico, considerada a primeira cooperativa moderna. Os princípios de Rochdale, como adesão voluntária, controle democrático e preocupação com a comunidade, formam a base do cooperativismo mundial.

2.2 Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU)

A Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) tem desempenhado um papel fundamental na comunidade de São Francisco do Iratapuru, localizada no município de Laranjal do Jari, no Amapá. Fundada em 1992, a COMARU surgiu da necessidade de estruturar melhor a coleta e a comercialização da castanha-do-brasil, um recurso natural abundante na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru. A criação da cooperativa visava agregar valor aos produtos extrativistas, melhorar as condições de negociação e, consequentemente, aumentar a renda dos produtores locais (COOPERATIVA COMARU, 2024). 

A COMARU começou a ganhar forma quando um grupo de extrativistas decidiu se unir para enfrentar os desafios de um mercado muitas vezes desfavorável para pequenos produtores. A cooperativa teve como uma de suas primeiras grandes conquistas a aquisição de uma prensa extratora de óleo de castanha-do-brasil, financiada por meio de um edital do Fundo Iratapuru. Esse equipamento permitiu que a cooperativa processasse a castanha localmente, aumentando significativamente o valor agregado do produto e beneficiando economicamente os membros da cooperativa. Além disso, a COMARU investiu na produção de castanhas secas, conhecidas como “castanhas Dry”, que são produzidas artesanalmente e têm sido bem aceitas no mercado local e em outros estados, contribuindo para a diversificação e aumento da renda dos extrativistas (GUIMARÃES, 2023).

Além da produção e comercialização, a COMARU está ativamente envolvida em iniciativas de ecoturismo e educação ambiental. A cooperativa desenvolveu projetos de ecoturismo que visam preservar o meio ambiente e fornecer uma fonte adicional de renda para a comunidade. Esses projetos incluem a capacitação de moradores locais em práticas sustentáveis e a promoção de cursos e intercâmbios que incentivam a educação ambiental e a sustentabilidade. Essas iniciativas não só contribuem para a preservação do meio ambiente, mas também promovem a conscientização e o engajamento da comunidade em práticas sustentáveis (FUNBIO, 2024).

A associação tem enfrentado desafios ao longo dos anos, como a redução de contratos de fornecimento de óleo de castanha em determinados períodos. No entanto, a cooperativa tem demonstrado resiliência, continuando a entregar a produção dos extrativistas mesmo com recursos limitados. A cooperativa também tem investido continuamente na melhoria da parte industrial da cadeia produtiva e em novos projetos, demonstrando a capacidade de se adaptar e superar dificuldades.

A história da COMARU é um exemplo inspirador de como o associativismo e o cooperativismo podem transformar comunidades. A cooperativa não só melhorou as condições econômicas dos extrativistas do Rio Iratapuru, mas também promoveu a coesão social e a sustentabilidade ambiental. Através de uma gestão democrática e participativa, a COMARU conseguiu consolidar a representatividade e os interesses dos seus membros, garantindo uma produção mais sustentável e um desenvolvimento econômico mais justo.

A COMARU também promove eventos e participa de discussões sobre temas relevantes como a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a gestão financeira. Esses esforços ajudam a manter a cooperativa atualizada sobre questões que afetam as comunidades tradicionais e a acessar oportunidades de apoio e crescimento. Em resumo, a história da COMARU demonstra que, com uma gestão participativa e projetos inovadores, é possível alcançar um desenvolvimento que respeita e preserva o meio ambiente ao mesmo tempo em que melhora a qualidade de vida dos seus membros.

2.3 Matéria prima extrativista                  

A Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) trabalha principalmente com a coleta, processamento e comercialização de produtos extrativistas, com um foco especial na castanha-do-brasil. A cooperativa está situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, no Amapá, e foi criada para organizar e fortalecer a economia local através do associativismo.

Uma das principais atividades da COMARU é a produção de óleo de castanha-dobrasil. Utilizando uma prensa extratora, a cooperativa processa as castanhas localmente, o que permite agregar valor ao produto antes da comercialização. Esse óleo é conhecido por suas propriedades nutritivas e cosméticas, e a produção local garante um produto de alta qualidade, além de proporcionar uma fonte de renda mais sustentável para os extrativistas envolvidos (SILVA, 2018).

Além do óleo, a COMARU também produz e vende castanhas secas, chamadas “castanhas Dry”. Estas castanhas são preparadas de maneira artesanal, o que mantém suas qualidades nutricionais e sabor único. Esse produto tem encontrado um mercado crescente tanto localmente quanto em outros estados brasileiros, o que ajuda a diversificar a economia da cooperativa e a aumentar os ganhos dos seus membros (SILVA, 2018).

Outra vertente importante do trabalho da COMARU é o desenvolvimento de projetos de ecoturismo. A cooperativa tem investido em iniciativas que promovem o turismo sustentável, com o objetivo de preservar o meio ambiente e gerar uma renda adicional para a comunidade. Esses projetos incluem a capacitação dos moradores locais para receber turistas e a criação de trilhas ecológicas que permitem aos visitantes conhecerem a biodiversidade da região e as práticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais (FUNBIO, 2024).

A COMARU também se engaja em programas de educação ambiental, oferecendo cursos e workshops para a comunidade e visitantes. Essas atividades visam aumentar a conscientização sobre a importância da conservação ambiental e promover práticas que contribuam para a sustentabilidade da região. A cooperativa participa ainda de eventos e discussões sobre temas como conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável, buscando sempre manter-se atualizada e ativa na defesa dos interesses das comunidades tradicionais.

2.4 Coleta da matéria prima

A coleta de castanhas-do-brasil pelos colaboradores da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) é um processo que combina métodos tradicionais com práticas sustentáveis, adequadas ao ambiente da floresta amazônica. Situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, no Amapá, a cooperativa organiza a coleta de forma a garantir a qualidade do produto e a preservação do ecossistema.

Os colaboradores da COMARU iniciam o processo com a identificação e mapeamento das castanheiras (Bertholletia excelsa) na área da RDS. Esse mapeamento é crucial para organizar a coleta e assegurar que todas as árvores produtivas sejam visitadas. A coleta ocorre durante a estação chuvosa, quando os frutos maduros caem naturalmente ao chão. Equipados com botas e ferramentas de segurança, os coletores percorrem a floresta recolhendo os frutos. Cada fruto, conhecido como ouriço, contém várias castanhas protegidas por uma casca dura. Os coletores abrem os ouriços com facões ou machados para extrair as castanhas.

Após a coleta, as castanhas são transportadas para um ponto de armazenamento temporário. Esse transporte pode ser feito manualmente ou com pequenos veículos adaptados para o terreno da floresta. O objetivo é centralizar a coleta em locais estratégicos antes de encaminhar as castanhas para a unidade de processamento da cooperativa.

Na unidade de processamento, as castanhas passam por uma limpeza inicial para remover resíduos e impurezas. Em seguida, elas são submetidas a um processo de secagem para reduzir a umidade, evitando o crescimento de fungos e garantindo a conservação das castanhas até a fase de processamento final. Durante todas as etapas, a COMARU mantém um rigoroso controle de qualidade. Os colaboradores são treinados para identificar possíveis problemas, como contaminação por fungos ou castanhas danificadas, assegurando que apenas castanhas de alta qualidade sejam enviadas ao mercado.

A COMARU adota práticas sustentáveis para garantir a conservação das castanheiras e da biodiversidade local. Isso inclui o manejo responsável das áreas de coleta, respeitando os ciclos naturais das árvores e evitando a sobre-exploração. A coleta é realizada de forma a minimizar o impacto ambiental, preservando o solo e a cobertura vegetal da floresta.

Em entrevista com o presidente da cooperativa, foi afirmado que aos colaboradores da COMARU, que incluem membros da comunidade local, recebem capacitação contínua em técnicas de coleta sustentável e manejo de recursos naturais. A cooperativa promove workshops e treinamentos para disseminar conhecimentos sobre práticas sustentáveis e fortalecer a cultura de conservação ambiental entre os extrativistas. A coleta de castanhas-dobrasil é uma atividade econômica vital para os membros da COMARU. Além de proporcionar uma fonte de renda, essa prática fortalece a coesão social e cultural da comunidade, valorizando o conhecimento tradicional e incentivando a participação ativa dos extrativistas na gestão sustentável dos recursos naturais da região. 

2.5 Fundo Iratapuru

O Fundo Iratapuru é uma importante iniciativa voltada para a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na região amazônica. Criado com o objetivo de promover a proteção dos recursos naturais e o fortalecimento das comunidades locais, esse fundo desempenha um papel fundamental na promoção de práticas sustentáveis e na melhoria da qualidade de vida das populações que habitam a Amazônia (FUNDO IRATAPURU, 2020).

A região do Rio Iratapuru, no estado do Amapá, é um dos focos de atuação do Fundo Iratapuru. Nesse contexto, a COMARU (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista do Rio Iratapuru) desempenha um papel crucial como representante dos interesses das comunidades locais. Composta por moradores e produtores que vivem na Reserva Extrativista, a COMARU busca garantir os direitos e promover o bem-estar das populações ribeirinhas, ao mesmo tempo em que defende a preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais. A parceria entre o Fundo Iratapuru e a COMARU é fundamental para o alcance desses objetivos. Por meio dessa colaboração, o fundo pode apoiar projetos e iniciativas desenvolvidas pela associação, que visam promover o manejo sustentável dos recursos naturais, como a coleta de castanha e a pesca artesanal, e fortalecer as atividades econômicas tradicionais das comunidades locais. Além disso, o fundo pode contribuir para a implementação de projetos sociais e educacionais que beneficiem as populações ribeirinhas, como a melhoria da infraestrutura, o acesso à saúde e à educação, e o fortalecimento da organização comunitária (ECNODATA, 2021).

A atuação conjunta do Fundo Iratapuru e da COMARU também visa combater ameaças como o desmatamento, a exploração ilegal de recursos naturais e os conflitos fundiários, que representam sérios desafios para a conservação da Amazônia e o bem-estar das comunidades locais. Por meio de ações integradas de conservação e desenvolvimento sustentável, essas duas instituições buscam promover um modelo de desenvolvimento que concilie o crescimento econômico com a preservação ambiental e o respeito aos direitos das populações tradicionais.

Assim, a parceria entre o Fundo Iratapuru e a COMARU representa um importante exemplo de como é possível promover o desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade na Amazônia, por meio da cooperação entre diferentes atores sociais e instituições. Essa colaboração demonstra que é possível construir um futuro mais justo, equitativo e sustentável para as comunidades amazônicas, preservando ao mesmo tempo a rica diversidade biológica e cultural dessa região tão importante para o planeta.

3 METODOLOGIA 

Para a realização desta pesquisa sobre a Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU), adotamos uma abordagem metodológica que visa proporcionar uma análise detalhada e rigorosa das práticas de associativismo e cooperativismo da cooperativa, bem como seu impacto socioeconômico e ambiental. A metodologia foi estruturada em várias etapas, abrangendo a definição do tipo de pesquisa, a população estudada, a amostragem, os instrumentos de coleta de dados e os procedimentos de análise dos dados.

A metodologia desta pesquisa incluiu uma entrevista presencial com o líder da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU), realizada com o objetivo de obter insights detalhados sobre o funcionamento e os desafios enfrentados pela cooperativa. A entrevista foi conduzida por alunos pesquisadores, que prepararam uma lista de perguntas específicas abordando temas como a gestão administrativa da COMARU, práticas de coleta sustentável, impactos econômicos e sociais na comunidade, e estratégias para superar dificuldades. Este método qualitativo permitiu uma compreensão aprofundada e contextualizada das operações da cooperativa, fornecendo dados valiosos que complementam as informações obtidas por meio de revisão bibliográfica e análise documental. A interação direta com o líder da COMARU possibilitou uma análise mais rica e detalhada, capturando nuances e perspectivas que seriam difíceis de obter por outros meios.

Esta pesquisa é de natureza bibliográfica e exploratória. A escolha por uma abordagem bibliográfica se justifica pelo objetivo de compreender em profundidade as dinâmicas internas da COMARU, as experiências dos seus membros e os impactos das suas práticas. A pesquisa descritiva é adequada para mapear e detalhar as características das práticas de gestão e organização da cooperativa, bem como os resultados alcançados.

A metodologia adotada permitiu uma análise abrangente e aprofundada das práticas e impactos da COMARU. O uso de múltiplos métodos de coleta e análise de dados proporcionou uma visão holística e detalhada, facilitando a compreensão das dinâmicas internas da cooperativa e dos seus efeitos nas comunidades extrativistas do Rio Iratapuru. A abordagem metodológica também garante a possibilidade de replicação da pesquisa em outras cooperativas ou contextos semelhantes, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre cooperativismo e sustentabilidade na Amazônia.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A nossa fonte principal é Bruno Dutra de Freitas, presidente da Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU). Bruno forneceu respostas detalhadas a um questionário, abordando diversos aspectos da cooperativa, desde sua história, desafios e inovações, até o impacto social e práticas sustentáveis. Suas respostas refletem sua profunda compreensão e compromisso com a cooperativa e a comunidade, oferecendo uma visão abrangente e autêntica sobre o funcionamento e a importância da COMARU. Esta entrevista com Bruno foi fundamental para entender melhor o papel do associativismo e do cooperativismo na promoção do desenvolvimento sustentável e na melhoria das condições de vida na comunidade de São Francisco do Iratapuru.

A história da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) remonta a 1992, quando foi fundada com o objetivo de unir a produção dos cooperados e melhorar as condições de negociação de preços, afastando-se do mercado de trocas de mercadorias para um modelo mais sustentável de aquisição monetária. A criação da cooperativa foi um marco significativo para a comunidade, que até então era dispersa, levando à formação da Vila do Iratapuru. Inicialmente, a COMARU focava na produção de biscoitos de castanha e torta de castanha, com esses produtos sendo destinados à merenda escolar através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, em 2001, após a construção de uma indústria para produção de biscoitos, um incêndio destruiu a estrutura, forçando a cooperativa a reorientar suas atividades. Em 2004, a COMARU passou a se concentrar na fabricação de óleo de castanha, abandonando a produção de biscoitos.

A trajetória do líder atual da COMARU, que se associou em 2006, reflete uma evolução pessoal e profissional paralela ao crescimento da cooperativa. Inicialmente, ele trabalhou na fábrica que foi destruída pelo incêndio, contribuindo indiretamente para as operações da cooperativa. Após uma pausa para estudos, ele retornou à comunidade em 2010, assumindo um papel ativo na indústria de beneficiamento de castanha e extração de óleo. Em 2021, ele foi eleito presidente da cooperativa, cargo que ocupa até o presente, mostrando seu comprometimento com o desenvolvimento e sucesso contínuo da COMARU.

Atualmente, a COMARU diversificou seus produtos e nichos de mercado, focando principalmente na castanha descascada. Além disso, a cooperativa expandiu suas operações para incluir a venda de breu para a Natura e óleo de copaíba para clientes como 100% Amazônia. Outro produto importante é a torta de castanha, agora utilizada como um componente valioso na fabricação de suplementos alimentares voltados para a saúde muscular, fornecidos a empresas como Suma Ingredientes e Bielos, bem como à Mata. Esta diversificação não só fortaleceu a posição da COMARU no mercado, mas também proporcionou benefícios econômicos e sociais significativos para a comunidade extrativista do Iratapuru.

Figura 1: Produtos comercializados pela cooperativa COMARU.

Fonte: COMARU, 2024.

O processo produtivo da COMARU começa com o planejamento de volume baseado na demanda do mercado, especialmente no segmento business-to-business (B2B), que é difícil de prever. A cooperativa planeja a safra de acordo com a demanda das empresas parceiras e estabelece contratos com os cooperados. Os cooperados, por sua vez, organizam suas equipes de trabalho para a produção e coleta da castanha, formando um processo estruturado e sequencial. Esse planejamento envolve desafios ambientais, incluindo a necessidade de licenciamento para a coleta de produtos madeireiros dentro da unidade de conservação. A secretaria estadual emite as licenças, e a coleta da castanha começa a partir do dia 15 de março, quando os ouriços já estão no chão, minimizando os riscos de acidentes.

A safra da castanha dura cerca de três meses, começando em março, com um período de atividade de aproximadamente 45 dias. Durante este período, os castanheiros frequentemente levam suas famílias para as áreas de coleta, o que impacta diretamente o calendário escolar das crianças. Em resposta, as férias escolares foram ajustadas para coincidir com o período de coleta, garantindo que os alunos não sejam prejudicados. O castanheiro realiza o controle de qualidade inicial na área de coleta, lavando, armazenando e transportando as castanhas até a indústria. Além disso, a comunidade participa tanto da coleta quanto do beneficiamento das castanhas, promovendo uma economia circular, onde os processos são interligados e sustentáveis.

Figura 2: Cooperados da Cooperativa Comaru na colheita da castanha.

Fonte: COMARU, 2024.

Atualmente, a Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU) conta com 120 cooperados. A maioria desses cooperados são membros das famílias envolvidas, incluindo homens, mulheres e seus filhos maiores de idade. Esta estrutura familiar reflete a natureza comunitária e integrada das operações da cooperativa, onde a participação de todos os membros é crucial para o sucesso das atividades coletivas e sustentáveis.

No que se refere à quantidade de castanha colhida destinada à cooperativa, a COMARU busca absorver o máximo possível da produção de seus cooperados para atender a um mercado imprevisível. Atualmente, a cooperativa lida com aproximadamente 3 mil hectolitros, o que equivale a cerca de 250 toneladas de castanha. Este volume significativo demonstra a capacidade da cooperativa de manejar grandes quantidades de matéria-prima, garantindo a continuidade do abastecimento mesmo em face de flutuações de mercado.

Figura 3: Colheita de castanhas da Cooperativa Comaru.

Fonte: COMARU, 2024.

Além da extração e venda do óleo de castanha, a COMARU diversificou suas atividades para incluir a produção de castanha descascada embalada a vácuo. Outro produto importante é a torta da castanha. Estes produtos adicionais não só ampliam o portfólio da cooperativa, mas também agregam valor à produção local, oferecendo mais oportunidades de mercado e contribuindo para a sustentabilidade econômica dos cooperados.

Figura 4: Transporte de castanhas colhidas na Cooperativa Comaru.

Fonte: COMARU, 2024.

A COMARU enfrenta vários desafios, principalmente relacionados à gestão e à inserção no mercado. Um dos maiores obstáculos é o conhecimento limitado dos cooperados sobre práticas de gestão eficazes e os princípios do cooperativismo, que ainda é um conceito relativamente novo e pouco difundido no Brasil. A gestão eficiente é crucial, e encontrar pessoas interessadas e capacitadas para contribuir é essencial para superar esses desafios. Além disso, a estrutura do mercado local e as oportunidades de exportação representam grandes gargalos. A regulamentação do produto e a fiscalização ineficaz na região de fronteira complicam ainda mais a situação. Esses desafios se estendem tanto à esfera política quanto à institucional, exigindo esforços contínuos para serem superados e garantindo que a cooperativa possa prosperar e se expandir.

A cooperativa exerce um impacto social significativo na comunidade de São Francisco do Iratapuru e seus arredores através de diversas iniciativas. Uma das principais é o “Dia C”, o dia de cooperar, onde a cooperativa se dedica a atender a comunidade. Nesse dia, a COMARU se associa a diferentes parceiros, como cartórios, Superfácil, Secretaria de Assistência Social e outros órgãos governamentais, para proporcionar serviços essenciais à população sem que eles precisem se deslocar para centros urbanos mais distantes. Essa iniciativa garante que os moradores tenham acesso a serviços importantes, como a atualização do Bolsa Família, mesmo em dias de feriado ou outras situações que poderiam impedir o atendimento.

Além disso, se promove a inclusão social e econômica de seus membros e da comunidade local de forma orgânica, aproveitando as atividades sazonais e a infraestrutura da cooperativa. Durante o inverno, a renda dos moradores é principalmente oriunda da coleta de castanha, enquanto no verão, a caça e a pesca predominam. No entanto, a cooperativa oferece uma alternativa sustentável ao criar empregos na sua estrutura industrial, reduzindo a dependência de práticas predatórias de caça e pesca. Assim, a COMARU assegura uma fonte de renda estável e promove a sustentabilidade ambiental, alinhando as necessidades econômicas da comunidade com a preservação dos recursos naturais.

Recentemente, a COMARU tem introduzido inovações significativas em seus processos e produtos. A cooperativa está construindo duas novas indústrias, uma em Laranjal do Jari e outra na própria comunidade. Essas novas indústrias serão equipadas com tecnologia moderna e trarão novos conhecimentos para a região, o que permitirá um impacto positivo no processo produtivo. Essas inovações visam melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aumentar a eficiência e a sustentabilidade das operações da cooperativa, consolidando a COMARU como uma referência em práticas cooperativistas e de desenvolvimento sustentável.

A COMARU adota diversas práticas sustentáveis na produção e comercialização da castanha do Brasil, destacando-se a implementação da cadeia de custódia. Esta abordagem assegura uma precificação justa ao considerar todos os custos envolvidos desde o planejamento até a chegada do produto ao consumidor final. Tal prática garante a transparência e a sustentabilidade econômica e ambiental ao longo de toda a cadeia produtiva, promovendo um impacto positivo em cada etapa do processo.

Em relação aos desafios futuros, especialmente com as mudanças climáticas e a economia global, a COMARU se prepara através da adaptação. Embora a cooperativa não tenha controle direto sobre as questões climáticas globais, ela foca em promover o conhecimento e a implementação de práticas de produção e beneficiamento sustentáveis. A adaptação envolve a contínua educação dos cooperados sobre métodos sustentáveis e a busca por soluções inovadoras que mitiguem os impactos ambientais e melhorem a resiliência da cooperativa diante das mudanças climáticas.

A cooperativa está ativamente explorando novos mercados e desenvolvendo produtos a partir da castanha do Brasil, maximizando o aproveitamento de todos os seus subprodutos. Um exemplo notável é a transformação dos resíduos da torta de castanha, que anteriormente poluíam os rios, em novos produtos. Atualmente, a cooperativa trabalha em projetos para utilizar o ouriço na produção de biojóias e a casca da castanha na fabricação de sacos plásticos biodegradáveis. Esses esforços refletem o compromisso da COMARU em inovar e agregar valor a cada componente da castanha, promovendo uma utilização integral e sustentável dos recursos.

A COMARU mantém contato e intercâmbio com outras cooperativas através de ações governamentais, como as promovidas pelo SEBRAE, em eventos chamados SICOP (Sistema de Comunicação entre Cooperativas). Nessas reuniões, o sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) facilita a comunicação entre as cooperativas, permitindo que elas troquem experiências e superem dificuldades em conjunto. Em um intercâmbio recente, a COMARU colaborou com uma cooperativa do Pará que trabalha com agricultura familiar. Embora a área de atuação seja diferente, a troca de conhecimento e experiências foi extremamente enriquecedora para ambas as partes, destacando a importância dessas interações para o crescimento e fortalecimento mútuo.

As expectativas da COMARU para o futuro incluem, a curto, médio e longo prazo, tornar-se uma referência no mercado de castanha-do-brasil. Apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido, a visão da cooperativa está fortemente orientada para alcançar esse reconhecimento. No entanto, o objetivo principal permanece focado na melhoria da vida da população da comunidade. A cooperativa busca continuamente formas de aprimorar as condições de vida dos seus membros e da comunidade local, entendendo que o sucesso comercial está intimamente ligado ao bem-estar social e econômico dos seus cooperados.

A parceria da COMARU com a Natura proporciona um acesso crucial ao Fundo do Iratapuru, que oferece editais sazonais aos quais a cooperativa se alinha para obter investimentos monetários necessários à execução de seus planos. Essa colaboração é um exemplo concreto de como alianças estratégicas podem fortalecer uma cooperativa, não apenas financeiramente, mas também em termos de suporte técnico e logístico. A COMARU, ao se adaptar a esses editais e direcionar esses fundos de forma eficiente, demonstra uma gestão proativa e resiliente, capaz de superar as adversidades que se apresentam.

Além disso, a estrutura organizacional da COMARU reflete a essência do cooperativismo, com a assembleia geral exercendo soberania sobre as decisões mais importantes, em conformidade com a legislação vigente. Cada cooperativa possui um “esqueleto” administrativo próprio, e no caso da COMARU, esse processo de gestão diferenciada tem permitido superar desafios constantes. A boa gestão, aliada ao apoio de parceiros estratégicos e ao comprometimento dos cooperados, tem sido fundamental para que a cooperativa não apenas sobreviva, mas prospere, cumprindo seu objetivo principal de melhorar a vida da comunidade local.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após uma análise detalhada dos resultados obtidos neste estudo sobre a Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (COMARU), podemos concluir que a cooperativa desempenha um papel crucial no desenvolvimento sustentável da comunidade local. Através de práticas cooperativistas e sustentáveis, a COMARU promove não apenas a geração de renda, mas também a preservação ambiental e o fortalecimento da coesão social.

Os resultados revelam que a COMARU conseguiu diversificar suas atividades, expandindo seu portfólio de produtos e mercados, o que contribui para sua resiliência econômica e social. Além disso, a cooperativa adota práticas inovadoras, como a transformação de resíduos em novos produtos, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade e a eficiência na utilização dos recursos naturais. Embora a cooperativa enfrente desafios, como a gestão e a inserção no mercado, seus esforços para superá-los são evidentes. A parceria com organizações como a Natura e o Fundo Iratapuru tem sido fundamental para fortalecer a COMARU, tanto financeiramente quanto em termos de suporte técnico e logístico.

É importante destacar que a COMARU não apenas atinge seus objetivos econômicos, mas também promove o bem-estar social e econômico da comunidade local. Através de iniciativas como o “Dia C” e a inclusão de membros da comunidade em suas atividades, a cooperativa contribui para a melhoria das condições de vida dos cooperados e de suas famílias. 

Ainda que este estudo tenha fornecido insights valiosos sobre as práticas e impactos da COMARU, reconhecemos que existem limitações, como a falta de dados quantitativos em algumas áreas. Recomenda-se, portanto, que futuras pesquisas abordem essas lacunas e explorem ainda mais o potencial do cooperativismo e do desenvolvimento sustentável na região amazônica.

Concluindo, os resultados desta pesquisa destacam a importância da COMARU como um exemplo de sucesso de associação e cooperativismo na Amazônia. Sua abordagem inovadora e compromisso com a sustentabilidade oferecem lições valiosas para outras comunidades e organizações interessadas em promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.

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1Discente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari. E-mail: selmasarraf1@gmail.com

2Discente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia doAmapá, Campus Laranjal do Jari. E-mail: jm.videiralopes@gmail.com

3Docente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari. Mestre Ciências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Graduado em Administração pela Faculdade de Macapá; Pós-graduado em Docência do Ensino Superior; Pós-graduado em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá(IFAP). e-mail: alain.santos@ifap.edu.br