REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11540535
Maria das Neves de Jesus Silva¹; Rejane vilela de goes²; Marliene Genoveva de Oliveira³; Anderson Scherer4.
RESUMO
O tratamento de mulheres com neoplasia mamária demanda uma assistência de enfermagem especializada e multifacetada. O objetivo deste trabalho é descrever a importância dos enfermeiros na implementação de cuidados que abordam tanto as necessidades físicas quanto psicológicas das pacientes . Os enfermeiros não só administram tratamentos diretos como quimioterapia e radioterapia, mas também desempenham um papel crucial no suporte emocional, na educação sobre a doença, e na promoção de práticas de detecção precoce. A interação entre enfermeiros e pacientes é vital para uma comunicação eficaz, garantindo que as pacientes estejam bem informadas sobre suas condições e opções de tratamento. Além disso, a formação contínua e o desenvolvimento profissional dos enfermeiros são essenciais para manter a qualidade do atendimento alinhada com os avanços na medicina oncológica. A metodologia utilizada neste trabalho, foi uma revisão bibliográfica com pesquisa quantitativa, com período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados entre 2014 e 2024. O trabalho destaca a necessidade de pesquisa contínua para otimizar os protocolos de enfermagem e melhorar os resultados de saúde para as mulheres afetadas por essa condição. Foi possível concluir com está pesquisa que a assistência de enfermagem é indispensável no tratamento da neoplasia mamária, requerendo um compromisso com a competência profissional, a compaixão e a inovação contínua.
Palavras-chave: Assistência de enfermagem; Neoplastia Mamária; Tratamento.
ABSTRACT
The treatment of women with breast cancer requires specialized and multifaceted nursing care. The aim of this paper is to describe the importance of nurses in implementing care that addresses both the physical and psychological needs of patients. Nurses not only administer direct treatments such as chemotherapy and radiotherapy, but also play a crucial role in emotional support, education about the disease, and the promotion of early detection practices. Interaction between nurses and patients is vital for effective communication, ensuring that patients are well informed about their conditions and treatment options. In addition, continuous training and professional development for nurses is essential to keep the quality of care in line with advances in cancer medicine. The methodology used in this work was a literature review with quantitative research. The work highlights the need for ongoing research to optimize nursing protocols and improve health outcomes for women affected by this condition. It was possible to conclude from this research that nursing care is indispensable in the treatment of breast neoplasia, requiring a commitment to professional competence, compassion, and continuous innovation.
Keywords: Nursing care; Breast neoplasm; Treatment.
1 INTRODUÇÃO
O termo câncer ou neoplasia se refere a tumores malignos que afetam diversos tecidos e áreas do corpo. No Brasil, esta condição é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, ocupando a primeira posição de causa de morte por câncer no país em 2021, sendo responsável por 16,1% do total de mortes causadas por câncer no Brasil, segundo os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) com dados coletados em 2021 (INCA, 2023).
O câncer de mama é particularmente preocupante, caracterizado por sua heterogeneidade e complexidade. Manifesta-se de várias maneiras, tanto clínica quanto morfologicamente, exibindo variações antes e depois da menopausa, diversos níveis de agressividade e capacidade de metastizar. Nota-se que mulheres acima de quarenta anos apresentam maior risco, embora tenha sido observado um aumento da incidência em mulheres mais jovens (FERREIRA et al., 2020).
Apesar dos esforços do Ministério da Saúde em promover a detecção precoce através de campanhas educativas, incentivando o autoexame das mamas, a realização de mamografias anuais e o tratamento apropriado e multidisciplinar, o câncer de mama continua a ser a principal causa de morte por câncer entre mulheres (INCA, 2023).
A abordagem terapêutica do câncer de mama deve ser cuidadosamente escolhida após a confirmação diagnóstica, considerando características do tumor e do paciente. Aspectos como o estágio menopausa, idade, comorbidades, e fatores socioculturais são cruciais na seleção do tratamento. Em certos casos, o perfil genético do tumor também é avaliado para determinar a estratégia terapêutica mais adequada (ROCHA; MARQUES, 2021).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2023), os métodos recomendados para o tratamento do câncer de mama incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Entre os profissionais da saúde, os enfermeiros estão em contato mais direto com os pacientes com câncer, desempenhando um papel crucial ao oferecer um cuidado humanizado e fundamentado em bases científicas. Isso é vital para garantir uma assistência de enfermagem organizada que acompanhe o paciente desde o diagnóstico até o tratamento do câncer, visando preservar sua qualidade de vida ao longo deste período. O câncer muitas vezes é associado a sentimentos de dor, morte e angústia pela sociedade. Nesse contexto, é responsabilidade da equipe de enfermagem reconhecer suas próprias percepções sobre o câncer e desenvolver estratégias de enfrentamento que estejam alinhadas com a normativa do COFEN N ° 736/2024, as quais fornecem suporte legal e diretrizes para a prática (COFEN, 2024).
Essa abordagem visa oferecer um cuidado eficiente, humanizado e que efetivamente contribua para aliviar o sofrimento dos pacientes e de seus familiares. Este enfoque ganha ainda mais importância diante do crescente número de casos e óbitos por câncer de mama no Brasil, conforme dados do INCA (2023) , motivando um interesse crescente na investigação sobre como a assistência de enfermagem é prestada durante o tratamento do câncer de mama, desde a detecção precoce até o acompanhamento póstratamento.
O objetivo deste trabalho é compreender integralmente como a assistência de enfermagem pode otimizar o tratamento do câncer de mama, proporcionando suporte abrangente ao paciente em cada fase do seu percurso terapêutico, desde o diagnóstico precoce até os cuidados paliativos e de suporte à família após o falecimento.
Problemática abordada neste trabalho: Como deve ocorrer a assistência de enfermagem no auxílio ao tratamento do câncer de mama em mulheres, buscando a maior qualidade de vida para estas pessoas durante o tratamento?
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
O tipo de pesquisa que foi realizado neste trabalho, foi uma pesquisa quantitativa, no qual foi realizada uma consulta a livros, dissertações e por artigos científicos selecionados através de busca nos seguintes bases de dados: Biblioteca da universidade Anhembi Morumbi, PUBMED, PUBSAÚDE, Scielo e Google Acadêmico. O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados entre 2014 e 2024. As palavras-chave utilizadas na busca foram: ?Assistência de Enfermagem?, ?Câncer de mama? e ?Tratamento?.
2.2 Referencial Teórico
O termo câncer ou neoplasia refere-se a tumores malignos que se formam em diversos tecidos e áreas do corpo. Este é um grave problema de saúde pública no Brasil, sendo a segunda maior causa de morte desde 2003, responsável por aproximadamente 17% dos óbitos de causas identificáveis (ROCHA; MARQUES, 2021).
O câncer de mama é particularmente temido e se destaca pela sua heterogeneidade e complexidade. Esta patologia manifesta-se de diversas formas clínicas e morfológicas, variando entre as fases pré e pósmenopausa, apresentando diferentes níveis de agressividade e potencial para formar metástases. Tradicionalmente, mulheres com mais de quarenta anos são mais suscetíveis a esta doença, embora tenha sido notado um aumento de casos em mulheres mais jovens nos últimos anos (FERREIRA et al., 2020).
No esforço de combate a esta condição, o Ministério da Saúde do Brasil tem promovido campanhas educativas focadas na detecção precoce do câncer de mama. As iniciativas incluem a promoção do autoexame das mamas, a realização anual de mamografias e o emprego de terapias adequadas e abordagens de tratamento multidisciplinares. Essas estratégias visam a identificação precoce e o controle eficaz da doença, embora o câncer de mama continue sendo a principal causa de morte por câncer entre mulheres no país (ROCHA; MARQUES, 2021).
O tratamento para o câncer de mama é cuidadosamente planejado após a confirmação diagnóstica, levando em consideração não apenas as características do tumor, mas também aspectos do paciente, como estado de menopausa, idade, comorbidades, e o entendimento e contexto sociocultural do paciente. Adicionalmente, o perfil genético do tumor pode influenciar as decisões terapêuticas (FERREIRA et al., 2020).
De acordo com o INCA (2023), as opções de tratamento recomendadas incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Os enfermeiros, que frequentemente são os profissionais de saúde mais próximos dos pacientes oncológicos, desempenham um papel crucial no tratamento.
Eles são encarregados de oferecer um cuidado humanizado e baseado em evidências científicas, promovendo uma assistência de enfermagem organizada e eficaz desde a detecção até o tratamento da doença, visando manter a qualidade de vida do paciente ao longo de todo o processo (ROCHA; MARQUES, 2021).
O câncer é frequentemente associado, na percepção popular, a conceitos como dor, morte e sofrimento. Diante dessa visão, é fundamental que a enfermagem examine suas próprias percepções sobre a doença e desenvolva estratégias de enfrentamento, apoiadas pelas normativas do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2024) ? resolução nº 736/2024? que fornecem suporte legal e ético.
O número de mortes causadas por certos tipos de câncer é considerável e, embora varie globalmente, uma análise de 2012 conduzida pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) identificou que, nos diferentes continentes, os cânceres com maior taxa de mortalidade entre homens foram os de pulmão, próstata, estômago e colorretal. Para as mulheres, as maiores taxas de mortalidade foram observadas em câncer de mama, seguido por pulmão, colorretal, colo do útero e estômago (FERREIRA et al., 2020).
Um estudo mais recente da IARC, realizado em 2020, revelou que o câncer de mama continua sendo o mais comum entre mulheres em todo o mundo, com cerca de 2,3 milhões de novos casos, correspondendo a 24,5% de todos os novos casos de câncer em mulheres (ROCHA; MARQUES, 2021). Também é a principal causa de morte por câncer entre mulheres, com cerca de 684.996 mortes estimadas naquele ano, representando 15,5% dos óbitos por câncer feminino. Esses números reforçam a importância de abordar o câncer de mama como um problema de saúde pública global (FERREIRA et al., 2020).
O câncer de mama é multifatorial, ou seja, sua ocorrência pode ser influenciada por uma combinação de fatores genéticos/hereditários, hormonais/endócrinos e ambientais/comportamentais, destacando a complexidade na prevenção e tratamento desta doença (ROCHA; MARQUES, 2021).
A maioria dos fatores de risco para o câncer de mama está intimamente ligada à saúde feminina e inclui elementos como idade avançada, menarca precoce, nuliparidade, primeira gestação a termo após os 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia, terapia de reposição hormonal, consumo de bebidas alcoólicas, sobrepeso e obesidade, sedentarismo e exposição à radiação ionizante, entre outros (FERREIRA et al., 2020).
A idade é particularmente destacada como um fator de risco significativo; mulheres mais velhas, especialmente após os 50 anos, enfrentam um risco aumentado de desenvolver câncer de mama devido ao acúmulo de exposições ao longo da vida e mudanças biológicas associadas ao envelhecimento (FERREIRA et al., 2020).
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2023), o câncer de mama é um dos tipos de câncer que mais atingem mulheres, com uma estimativa de 66.280 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022. Isso traduz-se em um risco estimado de 61,61 novos casos a cada 100 mil mulheres. Neste cenário, o câncer de mama gera significativa angústia e medo entre as mulheres, devido às altas taxas de incidência e mortalidade evidenciadas em diversas pesquisas. A presença e o apoio da equipe de enfermagem são cruciais para que as mulheres diagnosticadas com câncer de mama possam enfrentar o tratamento oncológico de maneira mais suportável e acolhedora. Os enfermeiros desempenham um papel fundamental nesse processo, oferecendo não apenas cuidados técnicos, mas também suporte emocional (ROCHA; MARQUES, 2021).
Eles estão frequentemente ao lado das pacientes, devido ao longo tempo de permanência no ambiente hospitalar e aos retornos contínuos exigidos pelos protocolos de tratamento. Assim, a relação entre paciente e enfermeiro é marcada por uma interdependência significativa, onde os cuidados profissionais e humanizados oferecidos são essenciais para o bem-estar das pacientes durante este período desafiador (ROCHA; MARQUES, 2021).
Geralmente, o câncer é percebido como um processo doloroso, sofrido e frequentemente fatal. Diante dessa visão, cabe ao enfermeiro refletir sobre suas próprias concepções da doença e desenvolver estratégias de enfrentamento e cuidado, orientadas pela legislação que respalda a prática profissional, como as Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2024).
Neste contexto, o enfermeiro especializado em oncologia baseia seu trabalho nas diretrizes estabelecidas pelas Resoluções COFEN: a nº 736/2024, que trata das Normas Técnicas de Biossegurança nos procedimentos de quimioterapia antineoplásica e a nº 358/2009, que orienta sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes onde ocorre o cuidado profissional de enfermagem. Essas normativas guiam o enfermeiro na oferta de um atendimento eficaz, adequado e humanizado, visando reduzir o sofrimento não apenas das pacientes, mas também de seus familiares (COFEN, 2024).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A assistência de enfermagem no tratamento do câncer de mama em mulheres é essencial para promover a qualidade de vida das pacientes ao enfrentarem um processo tanto física quanto emocionalmente desgastante. Esta assistência deve ser personalizada, adaptando-se às necessidades individuais em diferentes fases do tratamento (BARROS, 2021).
Um componente crucial da assistência de enfermagem é a educação do paciente, onde enfermeiros fornecem informações claras sobre diagnóstico, tratamentos disponíveis e seus possíveis efeitos colaterais , além de estratégias eficazes para o manejo dos sintomas. A comunicação eficaz ajuda a garantir que a paciente compreenda seu tratamento, o que reduz a ansiedade e melhora a adesão ao regime terapêutico proposto (CARVALHO; PAES, 2019).
Além disso, o suporte emocional e psicológico oferecido pelos enfermeiros é vital. A utilização de técnicas de aconselhamento ajuda a paciente a lidar com sentimentos de medo, ansiedade e depressão que podem surgir. Grupos de apoio e terapias em grupo também são recursos valiosos, proporcionando um espaço para compartilhar experiências e encontrar suporte mútuo (BARROS, 2021).
O manejo da dor e dos sintomas físicos é outra área fundamental. Os enfermeiros administram medicamentos para a dor, aplicam técnicas de relaxamento e podem integrar terapias complementares como acupuntura ou massagem para aliviar o desconforto físico. Isso não só melhora o bem-estar físico da paciente, mas também seu estado emocional e qualidade de vida geral (CARVALHO; PAES, 2019). A assistência de enfermagem também aborda mudanças na imagem corporal devido a tratamentos como a mastectomia. Os enfermeiros ajudam as pacientes a adaptarem-se a essas mudanças, fornecendo suporte para escolha de próteses mamárias e orientação sobre opções de cirurgia reconstrutiva. A reabilitação física através de exercícios especializados também é crucial para ajudar a recuperar a força e a mobilidade, o que é essencial para a recuperação da autoestima e a independência da paciente (BARROS, 2021).
“Neoplasia” e “câncer” são termos utilizados para descrever tumores malignos que se manifestam em diversos tecidos e regiões do corpo. Devido ao aumento progressivo nas taxas de mortalidade, o câncer tem se estabelecido como a segunda maior causa de morte globalmente, com uma incidência ainda mais acentuada em nações pobres e em desenvolvimento. Estima-se que, se a tendência atual persistir, o câncer poderá se tornar a principal causa de morte nas próximas décadas (CARVALHO; PAES, 2019). O Instituto Nacional de Câncer (INCA) sugere vários tratamentos para o câncer de mama, embora cada caso demande abordagens específicas. Em geral, os tratamentos mais comuns incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. A adoção de terapias adequadas, combinadas com uma abordagem multidisciplinar, pode contribuir para estratégias focadas na detecção precoce e, por consequência, no controle eficaz da doença (BARROS, 2021).
Apesar dos esforços concentrados do Ministério da Saúde em promover a detecção precoce e incentivar práticas como o autoexame das mamas e a realização de mamografias anuais, o câncer de mama permanece como a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial, pois aumenta significativamente as chances de cura e permite tratamentos menos invasivos e focados no tecido mamário (COELHO et al., 2020).
O tratamento do câncer de mama exige uma abordagem multidisciplinar envolvendo uma equipe de profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, entre outros, para garantir um cuidado abrangente à paciente. As principais modalidades de tratamento incluem cirurgia, radioterapia , quimioterapia e hormonioterapia (CARVALHO; PAES, 2019).
A escolha do tratamento adequado depende de vários fatores, incluindo o estágio do câncer, tamanho e características histológicas do tumor, presença de metástase nos linfonodos, níveis de receptores de estrogênio e progesterona, status menopausa da paciente e suas condições clínicas gerais. Geralmente, a terapia combina dois ou três desses métodos (BARROS, 2021).
Um diagnóstico precoce do câncer de mama não apenas melhora significativamente o prognóstico, mas também permite uma intervenção mais efetiva. Portanto, o tratamento deve ser conduzido por uma equipe multiprofissional, considerando que o impacto do câncer se estende além do físico, afetando a feminilidade da mulher, seja através dos efeitos da quimioterapia ou das marcas deixadas por uma cirurgia mais extensa (CARVALHO; PAES, 2019).
A atuação dos profissionais de enfermagem é crucial no acompanhamento de pacientes oncológicos, desempenhando um papel central no atendimento e suporte. É essencial que esses profissionais empreguem uma abordagem humanizada, fundamentada em conhecimento científico, para proporcionar uma assistência de enfermagem sistematizada. Esse cuidado é vital não apenas na detecção e tratamento do câncer, mas também na manutenção da qualidade de vida das pacientes ao longo de todo o processo terapêutico (ROCHA; MARQUES, 2021).
Desde que a oncologia se consolidou como especialidade, a assistência de enfermagem nesta área tem evoluído significativamente. Os enfermeiros, que já exerciam um papel vital no conforto dos pacientes, tanto em situações cirúrgicas quanto em cuidados paliativos para casos terminais, hoje expandem sua atuação para além dos cuidados técnicos. Eles estão cada vez mais envolvidos em pesquisa e no suporte psicológico dos pacientes e de seus familiares (COELHO et al., 2020).
Com o advento de novos tratamentos para o câncer de mama, tornou-se imperativo adotar uma abordagem multidisciplinar que transcenda o cuidado direto, integrando pesquisa e apoio emocional. Incorporar uma equipe de enfermagem no tratamento da paciente oncológica exige profundos conhecimentos e habilidades, além de uma grande responsabilidade. Os objetivos devem ser claros e focados não apenas na paciente, mas também em sua família e em outras pessoas significativas em sua vida, cobrindo aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais (ROCHA; MARQUES, 2021).
A prática de enfermagem em oncologia deve ser abrangente, englobando todas as subespecialidades da enfermagem e podendo ser aplicada em qualquer ambiente de saúde. A assistência prestada pode envolver todos os membros da equipe de enfermagem, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares, cada um com suas responsabilidades específicas e legalmente definidas (BARROS, 2021).
Profissionais de enfermagem que atuam na atenção primária e secundária têm a responsabilidade de utilizar seu conhecimento sobre os fatores de risco para o câncer de mama e sobre as medidas preventivas, como a mamografia e o autoexame das mamas (CARVALHO; PAES, 2019).
Eles são essenciais na orientação dos pacientes sobre sinais e sintomas de alerta para o câncer, o que pode levar a um diagnóstico precoce e melhorar significativamente o prognóstico. Esses profissionais também desempenham um papel crucial no pré-operatório de pacientes submetidos à mastectomia, seja ela conservadora ou radical (COELHO et al., 2020).
Por outro lado, os profissionais de enfermagem que trabalham na atenção terciária concentram-se em atender às necessidades de pacientes que estão em tratamento complementar, como quimio prevenção, radioterapia e hormonioterapia (ROCHA; MARQUES, 2021).
Conforme estabelecido pelo Decreto nº 94.406/87, as atribuições do enfermeiro cobrem uma ampla gama de ações em todos os campos que necessitam de assistência de enfermagem. A assistência oncológica, portanto, deve ser abrangente e integral, focando não apenas no cuidado físico, mas também no suporte social e emocional do paciente (BARROS, 2021).
Independentemente do nível de atenção ? primária, secundária ou terciária ?, cabe ao enfermeiro e sua equipe desempenhar um papel vital no controle da doença, responsabilizando-se pela avaliação diagnóstica, intervenção e monitoramento do tratamento, sempre mantendo uma comunicação eficaz com o paciente. A compreensão dos diversos fatores que interagem nos processos da doença e dos sintomas no paciente oncológico é fundamental para uma interpretação cuidadosa e eficaz do atendimento de enfermagem ao paciente com câncer de mama (COELHO et al., 2020).
Tratamentos utilizados para o câncer de mama
A descoberta do câncer de mama geralmente provoca uma série de desafios emocionais e práticos para a mulher, incluindo a ansiedade pela busca de um serviço de mastologia de qualidade, o medo da possível perda de um órgão frequentemente associado à feminilidade, e a preocupação com o estigma de um câncer potencialmente incurável. Por isso, é crucial que a decisão sobre o tratamento seja tomada em conjunto com a paciente e sua família, garantindo que todos estejam bem informados sobre os procedimentos diagnósticos, as opções de tratamento disponíveis e os possíveis efeitos colaterais (CARVALHO; PAES, 2019).
A Política Nacional de Atenção Oncológica assegura um atendimento integral aos pacientes de câncer, por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) e dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). De acordo com a Portaria nº 2.439/GM/MS de 8 de dezembro de 2005, essas unidades são capacitadas para realizar o estadiamento da doença, tratar o paciente, e garantir a qualidade dos serviços de assistência oncológica (ROCHA; MARQUES, 2021). O tratamento de pacientes com câncer de mama confirmado é cuidadosamente planejado com base em exames complementares que levam em consideração aspectos do tumor e do hospedeiro. No que diz respeito ao tumor, consideram-se fatores como o estadiamento, a presença de receptores de estrogênio (RE) e progesterona (RP), o grau histológico e a invasão vascular ou angio linfática. Em relação ao hospedeiro, aspectos como o estado menopausa, a idade, as comorbidades e o nível de compreensão e contexto sociocultural do paciente são fundamentais na definição da abordagem terapêutica (BARROS, 2021).
O Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2023) recomenda diversos métodos para o tratamento do câncer de mama, incluindo cirurgia (mastectomia), quimio prevenção, e em certos casos, radioterapia e hormonioterapia. A decisão de optar pela cirurgia como primeiro passo no tratamento é altamente seletiva e baseia-se nas características individuais de cada paciente, como o grau de progressão do tumor. A escolha específica do tipo de cirurgia é determinada pela classificação e pelo estadiamento clínico do tumor, com o objetivo primário de impedir a propagação do câncer além dos tecidos mamários (COELHO et al., 2020).
A mastectomia, embora eficaz, pode afetar profundamente a percepção de feminilidade da paciente, pois muitas vezes é vista como uma “mutilação” de um órgão profundamente ligado a padrões estéticos valorizados na sociedade contemporânea. Apesar das implicações psicológicas e físicas, continua sendo uma abordagem comum devido à sua capacidade de remover todas as células malignas do câncer primário de forma eficaz (CARVALHO; PAES, 2019).
As técnicas cirúrgicas para a remoção da mama variam desde procedimentos conservadores, como a tumorectomia (remoção do tumor sem margens adicionais) e a setorectomia (ressecção segmentar com margens), até abordagens não conservadoras, como a adenomastectomia subcutânea (retirada da glândula mamária preservando a pele e o complexo aréolo-papilar), a mastectomia simples ou total (que inclui a remoção da pele e do complexo aréolo-papilar) e a mastectomia radical modificada, que preserva um ou ambos os músculos peitorais junto com uma linfadenectomia axilar (BARROS, 2021).
A linfadenectomia axilar, que envolve a remoção dos linfonodos na axila, é realizada para o estadiamento e controle da doença na região axilar, ajudando a prevenir recidivas locais e distantes e a orientar terapias complementares para melhorar o prognóstico do paciente (COELHO et al., 2020).
A remoção cirúrgica do tumor mamário é uma etapa crítica no tratamento do câncer de mama, proporcionando não apenas uma sobrevida prolongada, mas também orientando a escolha da terapia sistêmica subsequente. Esse procedimento possibilita a definição precisa do estadiamento cirúrgico da doença e ajuda a identificar os riscos de metástase. Frequentemente, após a mastectomia, pode-se optar pela quimio prevenção, que é uma forma de tratamento quimioterápico destinado a prevenir a recorrência do tumor no local original (ROCHA; MARQUES, 2021).
Quando esse tratamento complementar é escolhido, a paciente mastectomizada pode enfrentar desafios emocionais significativos. Além do impacto psicológico da perda da mama, ela deve enfrentar períodos extensivos de sessões de quimioterapia e lidar com os efeitos colaterais dos medicamentos, que podem ser bastante agressivos (CARVALHO; PAES, 2019).
A quimio prevenção na neoplasia mamária é considerada uma parte essencial da terapia contra o câncer, mas deve ser aplicada criteriosamente, seguindo protocolos estritos para garantir a seleção de medicamentos adequados e eficazes. Este tratamento pós-operatório envolve o uso de agentes químicos, naturais ou sintéticos, que atuam para reverter ou inibir a progressão de lesões pré-malignas a carcinomas invasivos. O objetivo é impedir a metástase de células remanescentes após a retirada do tumor primário. Dentre os medicamentos empregados na quimioterapia, os moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERM) são particularmente notáveis, pois atuam na diminuição da absorção de estrogênio e na redução da proliferação celular (BARROS, 2021).
Aproximadamente metade dos pacientes submetidos a tratamentos oncológicos, incluindo aqueles para o câncer de mama, recorrem à radioterapia em alguma fase do tratamento da doença. O Ministério da Saúde descreve a radioterapia como uma técnica que utiliza feixes de radiações ionizantes para destruir células tumorais. Este método envolve a aplicação de uma dose de radiação cuidadosamente calculada, durante um período específico, em um volume de tecido que inclui o tumor. Por ser um tratamento localizado, causa danos mínimos às células normais adjacentes (COELHO et al., 2020).
Além da radioterapia, a hormonioterapia paliativa é outro tratamento fundamental no manejo do câncer de mama, destacando-se por sua alta eficácia e perfil favorável de toxicidade em relação às células malignas.
Este tratamento visa reduzir os níveis de estradiol, um tipo de estrogênio que contribui para o desenvolvimento de tumores malignos. Com o avanço e aperfeiçoamento da medicina oncológica, surgiram novos medicamentos, como o fulvestranto. Esta nova classe de fármacos opera com um mecanismo de ação similar ao dos tratamentos anteriores, mas com eficácia aprimorada (CARVALHO; PAES, 2019).
O fulvestranto atua ao se ligar e bloquear os receptores de estrogênio, induzindo a degradação da proteína receptora e inibindo a sinalização intracelular, o que resulta na diminuição da proliferação de células cancerígenas.O tratamento do câncer de mama quer seja por mastectomia, quimio prevenção, radioterapia ou hormonioterapia, torna-se um motivador de luto para paciente e sua família, por causa da falta de conhecimento sobre o assunto, o tabu da doença oncológica, o afastamento de suas atividades diárias, os efeitos colaterais e a alteração da imagem corporal. Além disso, gera angústias, inseguranças e medo dificultando a luta desses pacientes contra o câncer mamário (BARROS, 2021).
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que a assistência de enfermagem desempenha um papel fundamental no tratamento de mulheres com neoplasia mamária. A revisão de literatura evidenciou que os profissionais de enfermagem estão na linha de frente do atendimento, proporcionando cuidados integrais que abrangem tanto as demandas físicas quanto as emocionais das pacientes.
A literatura também ressalta a importância da do acompanhamento do profissional de enfermagem aos pacientes, garantindo que todas as informações sobre as opções de tratamento e seus possíveis efeitos sejam claramente discutidas, assim com a maior eficiência do tratamento através do acompanhamento dos procedimentos e a orientação ao paciente.
Observa-se uma necessidade contínua de educação e treinamento especializado para enfermeiros que atuam na oncologia, para assegurar que a assistência prestada esteja alinhada com as práticas baseadas em evidência e com os avanços tecnológicos e farmacológicos na área.
Esta revisão destaca que o investimento em pesquisas futuras é crucial para explorar ainda mais as dinâmicas do cuidado de enfermagem e sua influência nos resultados clínicos e na qualidade de vida das mulheres tratadas por neoplasia mamária. Portanto, a integração de novos conhecimentos e a colaboração contínua entre pesquisadores e profissionais clínicos são imperativos para evoluir e adaptar os cuidados de enfermagem às necessidades cada vez mais complexas dos pacientes oncológicos.
REFERÊNCIAS
BARROS, A. C. D. Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Mama. 3 Ed. Sociedade Brasileira de Mastologia: Brasília, 2021.
CARVALHO, J. B.; PAES, N. A. Taxas de mortalidade por câncer corrigidas para os idosos dos estados do Nordeste brasileiro. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, 24(10),3857-3866. 2019.
COELHO, M. S.; SAMPAIO, M. S. B.; PEREIRA, E. R.; MARTINS, C. C.; SILVA, R. M. C. R; A.; MEDEIROS, C. L. Mulheres mastectomizada: uma proposta de cuidado de si com base nas concepções de Michel Foucault. Revista de Enfermagem- UFPE. Recife, 2020.
COFEN ? Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN N° 736 de 17 de Janeiro de 2024. Disponível em: <https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/>. Acesso em: 02 abr. 2024.
FERREIRA, D. S.; BERNARDO, F. M. S.; COSTA, E. C.; MACIEL, N. S.; COSTA, R. L.; CARVALHO, C. M. L. Conhecimento, atitude e prática de enfermeiros na detecção do câncer de mama. Rev. Escola Anna Nery, 2020;24(2):e20190054. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ean/a/fcH45Y8Q8HPfLqWFKKCmbMr/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 03 abr. 2024.
INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Dados e números sobre câncer de mama, Relatório anual 2023. Brasil, 2023. Disponível em: <ttps://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document /relatorio_dados-e-numeros-ca-mama-2023.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2024.
ROCHA, S.R.; MARQUES, C.A.V. Capacidade funcional de mulheres com neoplasia mamária em quimioterapia paliativa. Rev Esc Enferm USP. 2021; 55:e03714. Disponível em: <https://doi .org/10.1590/S1980-220X2020006303714>. Acesso em: 02 abr. 2024.
¹Acadêmico(a) do curso de Enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
²Acadêmico(a) do curso de Enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
³Acadêmico(a) do curso de Enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
4Orientador(a). Docente do curso de Enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.