ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CASOS DE MASTITE PUERPERAL

NURSING ASSISTANCE IN CASES OF PUERPERAL MASTITIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10049354


Gabriela Aparecida Tavares Corado Loreno¹
Thaynara Costa Mazaro²
José Willian De Aguiar³


RESUMO

A atuação da Equipe de enfermagem no manejo dos casos de mastite puerperal desde o período do pré-natal, puerperal, diagnóstico e tratamento. A mastite acomete entre 2 e 10% das lactantes, é causada pela presença de microrganismos no tecido mamário, esta condição é resultante da má pega e esvaziamento incompleto da mama, ocasionando estase láctea e a presença de fissura mamilar. Objetivo: A pesquisa tem como finalidade analisar a assistência de enfermagem em casos de Mastite Puerperal. Método: Esse é um trabalho de análise a assistência de enfermagem, sendo fontes de pesquisa os sites Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico, sites verificados e livros voltados para área de maternidade, neonatologia e saúde da família. Resultado: Foi analisada todas as ações da equipe de enfermagem frente a casos de mastite puerperal, desde as ações de prevenção, reconhecimento precoce e tratamento. Conclusão:Com base nos artigos analisados, é visto que a inserção da informação de prevenção a mastite é necessária no pré-natal e a atuação da enfermagem no reconhecimento precoce deste caso, é de extrema importância para a involução do quadro.

Palavras-chave: Mastite puerperal. Cuidados de enfermagem. Lactantes. Tratamento.

SUMMARY

The role of the nursing team in managing cases of puerperal mastitis from the prenatal period, postpartum period, diagnosis and treatment. Mastitis affects between 2 and 10% of breastfeeding women, it is caused by the presence of microorganisms in the breast tissue, this condition is the result of poor attachment and incomplete emptying of the breast, causing milk stasis and the presence of nipple fissures. Objective: The research aims to analyze nursing care in cases of Puerperal Mastitis. Method: This is a work analyzing nursing care, with research sources being the websites Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Virtual Health Library (VHL), Google Scholar, verified websites and books focused on maternity, neonatology and family health. Result: All actions taken by the nursing team when dealing with cases of puerperal mastitis were analyzed, from prevention actions, early recognition and treatment. Conclusion: Based on the articles analyzed, it is seen that the inclusion of mastitis prevention information is necessary in prenatal care and nursing action in early case recognition is extremely important for the reversal of the condition.

Keywords: Puerperal mastitis. Nursing care. Breastfeeding. Treatment.

1. INTRODUÇÃO

A mastite puerperal é resultante de uma infecção na mama de lactantes, a qual é causada pela invasão de microrganismos como Streptococcus, Escherichia coli e Staphylococcus (albus e aureus). Esta condição clínica se desenvolve através de sintomas clínicos, os quais abrangem mastalgia, febre, edema, hiperemia, entre outros que podem surgir acompanhados de sensibilidade ao toque, episódios de estresse ou ansiedade e abertura de feridas ou abcessos (LUZ, 2018).

Atualmente encontramos diversos problemas relacionados à terapêutica eficaz no tratamento da mastite puerperal. No artigo “Caracterização clínica e epidemiológica da mastite puerperal em uma maternidade de referência” (Mota, Thamirys de Carvalho; 2019), conclui em uma pesquisa de campo realizada no Nordeste do Brasil com a presença de 52 prontuários de puérperas que tiveram mastite, de que 51,4% dessas mulheres que desenvolveram mastite tem a faixa etária entre 13 e 23 anos, a idade não justifica a patologia em si, mas evidencia que por serem jovens apresentam mais inexperiência e insegurança no processo de amamentação, 36,5% dessas mulheres são mães solteiras, o que pode-se considerar mais um fator de risco, visto que a puérpera enfrenta grandes problemas relacionados a insegurança, podendo desencadear assim doenças como mastite e depressão pós parto (MOTA, 2019).

Conforme a Febrasgo, são diversos fatores que influenciam a decisão da puérpera em realizar o desmame precoce, os quais estão diretamente ligados a complicações na lactação como o desenvolvimento da mastite, porém um dos principais motivos para a inflamação é o incompleto esvaziamento das mamas fazendo com que ocorra uma estase láctea, o que faz com que este desmame precoce atrapalhe ainda mais o processo de tratamento da mastite. Por isso, é de extrema importância que essa amamentação não seja interrompida e, para que isso ocorra é necessário que este assunto seja abordado no pré-natal, evitando assim que o desmame seja realizado de forma precoce (PIZA, 2018).

Manejos terapêuticos de responsabilidade assistencial trazem uma visão de humanidade e cuidado para com a mãe, criança e família, pois, entende-se que a visão de cuidado familiar é necessária para uma boa educação acerca do manejo indicado para o tipo de condição. A intenção é trazer o lado da enfermagem assistencial relacionada a esse tipo de condição, sabendo que o cuidar é de longe o nosso maior dever para com essas mães, garantindo um tratamento humanizado e efetivo (PIZA, 2018).

2. MATERIAL(IS) E MÉTODOS

O trabalho foi feito com base em estudos de artigos utilizando como fonte de pesquisa os sites Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico, sites verificados e livros voltados para área de maternidade, neonatologia e saúde da família.

Por ser um tema de abrangência nacional encontramos diversos artigos com linguagens estrangeiras, visto que, a mastite é comum em todos os extremos da sociedade. Pela amplitude do tema, os critérios de escolha dos arquivos são palavras chaves que ligam diretamente ao conteúdo abordado que estão inseridas nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS), sendo pesquisadas as palavras “Mastite”, “Cuidados de enfermagem”, “Lactantes” e “Tratamento”, selecionando aqueles que foram publicados/revisados nos últimos 10 anos, em inglês, espanhol e português que estivesse disponível na íntegra. Além de matérias e relatos de profissionais habilitados para o tratamento e que há publicação em site verificado.

Foram encontrados o total de 13 artigos, 5 matérias de sites verificados e 3 documentos oficiais do ministério da Saúde com orientações sobre programas relacionados à pré-natal, planejamento familiar, Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM). O método de estudo utilizado foi iniciado com a leitura de todos os materiais grifando as informações relevantes, e após, desenvolvemos resumos sobre cada um, a fim de construir um bom desenvolvimento da pesquisa.

Durante a pesquisa, foi de praxe encontrar artigos e estudos de práticas antigas que se estendem até o presente momento como forma de prevenção e tratamento da patologia, como uma consequência positiva de materiais e métodos formulados pelo governo para o atendimento básico através da promoção de saúde hoje disponibilizada pelo SUS.

BASE DEDADOSDESCRITORESENCONTRADOSSELECIONADOS

SCIELO
Mastite puerperal AND Puerpério OR Saúde da família
8

6

BVS
Lactação AND Infecção mamária OR Profilaxias
9

5

GOOGLEACADÊMICO
Cuidados de enfermagem AND Condutas de enfermagem OR Tratamento.

11


6
LILACSMastite puerperal AND Puerpério OR Saúde da família
1

0
FEBRASGOMastite puerperal AND Infecção mamária
3

2

TOTAL3221

Fonte: Elaborado pelas autoras.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. ANATOMIA DA MAMA

A mama feminina é um órgão com diversas funções, uma delas é a participação indispensável na produção e ejeção do leite materno, onde contém os componentes necessários para sustentação nutricional da criança.

A anatomia mamária nada mais é que a identificação das estruturas que a compõem. É composta pela glândula mamária, lobos, ductos lactíferos, auréolas, mamilos, estroma, tecido adiposo e pele (MCLAUGHLIN, 2022).

A glândula mamária é responsável pela produção do leite materno, e todas as outras estruturas servem como apoio para que o processo seja realizado corretamente. A mesma é composta por algumas estruturas menores, são elas:

  • Lóbos

São pequenas estruturas que se localizam em volta da glândula mamária, tem formato de pétalas de rosa com bordas irregulares, o lóbo é uma estrutura crucial para o desenvolvimento do leite materno pois dentro dele há uma estrutura complementar chamada de ”LÓBULO” onde o leite é originalmente produzido.

  • Ductos lactíferos

Os ductos lactíferos fazem parte do processo de migração do leite materno para as aréolas e mamilos, sendo considerado assim responsável pelo transporte.

  • Aréolas

É considerada como a pele mais escura localizada ao redor do mamilo, ela possui algumas protuberâncias que são biologicamente chamadas de Tubérculos de Montgomery ou glândulas de Montgomery. As glândulas são responsáveis por produzir uma espécie de secreção lipídica que tem a função de lubrificar o mamilo e fazer uma barreira de proteção contra infecções que podem vir a adentrar no seio.

  • Mamilos

Ele consiste na junção dos ductos mamários, nos quais são responsáveis pela produção do leite materno. O mamilo se projeta de dentro para fora tornando-se o principal canal de excreção do líquido ao ser estimulado pela criança.

  • Estroma

O estroma é uma espécie de tecido que traz sustentabilidade à mama, embora não seja tão conhecido, o estroma é formado por diversos tecidos, entre eles, os mais presentes são os tecidos adiposos e tecidos conjuntivos.

  • Tecido adiposo

Como introduzido acima, a mama tem em sua anatomia em maior predominância o tecido adiposo que ajuda na sustentação e volume mamário. O tecido adiposo está em toda a sua extensão, preenchendo os espaços entre as outras estruturas, a idade e obesidade tendem a aumentar o acúmulo do tecido nas mamas fazendo com que exames investigativos de imagem não tragam 100% de visibilidade em seus laudos.

  • Pele

É o maior órgão do corpo humano, trazendo cobertura e maior segurança de nossas estruturas internas, na mama não poderia ser diferente. Atuando como uma principal barreira de proteção contra bactérias e microrganismos que podem adentrar em nossos sistemas, além de ter função sensorial e uma espécie de regulação térmica, mantendo por maior tempo a nossa temperatura corporal. (MCLAUGHLIN, 2022).

FONTE: (Society,AmericanCancer;2021)

3.2. FISIOLOGIA DA MAMA

A fisiologia da mama tem início com a puberdade, onde se caracteriza a maior marca de transição da infância para fase adulta, tem início por volta dos 8 anos da criança e vai até os 13 anos cujo tem o maior índice de incidência da menarca (Primeira menstruação). O primeiro sinal da puberdade é o broto mamário, que pela liberação de hormônios pelo cérebro é desenvolvido o ovário que consequentemente é responsável pela produção/liberação de estrogênio, causando assim o desenvolvimento do sistema reprodutor feminino. Com a menarca a mulher começa o seu ciclo menstrual, que dispõe de fases denominadas como folicular, ovulatória e lútea, em sequência, iniciando com o primeiro dia da menstruação (1º dia da fase folicular) (MCLAUGHLIN, 2022).

O desenvolvimento da mama materna é marcado através da fase lútea com a interrupção desse ciclo menstrual pela fecundação do óvulo liberado, fazendo com que a produção de progesterona pelo corpo lúteo permaneça. Após a fecundação o feto e revertido por várias células que começam a produzir/liberar um hormônio cujo nome é gonadotrofina coriônica (HCG), esse hormônio garante que a progesterona permaneça em seu processo de produção até que o feto desenvolva seus próprios mecanismos de liberação hormonal. Esse aumento de produção de estrogênio e progesterona fazem com que os ductos de leite no seio materno dilatem (MCLAUGHLIN, 2022).

3.3. FISIOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO

Pode-se dizer que grande parte do desenvolvimento estrutural da glândula mamária é durante a gestação, tendo em vista as mudanças que ocorrem no sistema materno, o qual fornece proteção, calor, umidade, efetua funções metabólico-sensoriais como também provê minerais, vitaminas, proteína e energia ao recém-nascido, visto que no parto acontecem transformações metabólicas e fisiológicas importantes (VIEIRA E MARTINS, 2018).

O processo de formação e crescimento das mamas é denominado de mamogênese, a qual é determinada pela ação de hormônios gonadais, hipofisários, corticoadrenais, tireoidianos, placentários e pancreáticos. Assim sendo, eles atuam proporcionando alterações metabólicas, endócrinas e fisiológicas originando o desenvolvimento das mamas (VIEIRA E MARTINS, 2018).

Após o período de gestação, inicia-se a lactogênese, que é a descida do leite, diretamente relacionada à adaptação pós-parto e puerpério, principalmente à sucção constante do recém-nascido na mama. Neste processo, há a atuação fundamental de alguns hormônios como a prolactina, a ocitocina, estrogênio, progesterona e lactogênio placentário (UFMG, 2018).

A prolactina é um hormônio proteico produzido nas células acidófilas da hipófise anterior, e atua eficientemente no início e também na manutenção da amamentação, visto que de acordo com o estímulo de sucção, seja pelo neonato ou por meio de estímulo mecânico (ordenha), a mesma se encontra com as células dos alvéolos mamários e estimula progressivamente a produção láctea (VIEIRA E MARTINS, 2018).

O primeiro leite secretado após o parto pela glândula mamária, é rico em anticorpos e é formado de gordura, açúcar, proteínas, sais minerais e água, e é denominado colostro, o qual desempenha um papel fundamental na imunidade e desenvolvimento saudável do bebê. Similarmente, o leite maduro, que vêm após o colostro, é rico em anticorpos e vitaminas, contém mais proteína e menos açúcar e gordura, logo, é menos calórico (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2022).

3.4. PATOLOGIA

A mastite é uma condição clínica/patológica resultante de uma infecção na mama de gestantes, lactantes e pós lactantes. A infecção é causada pela invasão de microrganismos no tecido mamário, através da amamentação e exposição de feridas causadas pelo atrito da má pega do bebê ao peito materno (SOUTO, 2017).

Sendo uma patologia mais comum em primíparas (Mães de primeiro filho), a mastite se torna um pesadelo entre as mães de primeira viagem, hoje a incidência da mastite puerperal não ultrapassa 10%, ocorrem principalmente entre as primeiras 7 semanas de amamentação podendo se estender durante todo o processo de lactação (ZUGAIB, 2016).

O processo de infecção tem início com a resposta do nosso sistema imunológico, quando há a estase do leite aumenta a pressão intraductal, causando o achatamento das células alveolares e formando espaços entre elas. Através desse espaço é transportado grande quantidade de componentes do plasma que migram para o leite, e do leite infiltra no tecido intersticial da mama, causando automaticamente uma resposta inflamatória em nosso sistema. A resposta inflamatória, o leito acumulado pelo mal aproveitamento do bebê com a falta da pega correta e a danificação do tecido mamário, tendem a favorecer a instalação de infecções (Bonilla, 2019).

As principais bactérias responsáveis pelas infecções são Streptococcus, Escherichia coli e Staphylococcus (albus e aureus), tendo como sua principal porta de entrada as fissuras mamilares e a fadiga materna como um grande facilitador de instalação da mastite (PANNARAJ, 2020).

3.5. CAUSAS (Principais causas e fatores predisponentes)

Como falado no tópico anterior, a principal causa da mastite é dada por agentes biológicos de ação infecciosa, mas essa não é a única e exclusiva causa da mastite. Atualmente, tanto mulheres não lactantes/gestantes, quanto homens podem desenvolver mastite, com uma menor proporção (LUZ, SERGIO, 2018).

Em gestantes e lactantes as duas principais causas são o acúmulo de leite nas mamas ou por algum tipo de bloqueio que afeta o ducto mamário, quando o leite acaba retornando fazendo com que haja uma reação inflamatória. (BROMBERG, 2021).

Já nos outros casos de mastite que envolvem não gestantes e homens em sua menor quantidade, se dá a partir de alguns fatores de risco, citaremos alguns deles.

  • Fumar

Estudos mostram que as substâncias contidas na fumaça do cigarro podem danificar os ductos localizados atrás dos mamilos, podendo gerar uma mastite chamada de “Abscesso subareolar crônico recidivante” (BROMBERG, SILVIO; 2021)

  • Ter piercing nos mamilos;

Facilita a entrada de microrganismos responsáveis pela infecção.

  • Fazer depilação dos pelos ao redor dos mamilos;

Eles funcionam como uma barreira de proteção, além da exposição podem surgir feridas de acordo com a técnica utilizada para depilação.

  • Estar com os mamilos rachados;
  • Terinflamaçãocrônicanapele(eczema);
  • Estar com o sistema imunológico debilitado;
  • Terdiabetes;

Mais conhecida como mastopatia diabética, é uma patologia fibrótica benigna que pode se desenvolver em pacientes com deficiência de insulina.

  • Ter desenvolvido anteriormente mastite durante período de amamentação;
  • Usar alguns tipos de medicamentos, como corticoides;

Os corticoides acabam combatendo o processo inflamatório, deixando o organismo do paciente sem a proteção necessária para combater os microrganismos que adentram em nosso sistema, podendo evoluir para uma infecção, necessitando de tratamento medicamentoso com antibióticos. (BROMBERG, 2021).

  • Ter cansaço ou estresse excessivos.
  • Uso de roupas apertadas.

O uso de roupas como sutiãs, blusas apertadas podem gerar a mastite por conta de fatores clínicos que podem agravar, como por exemplo uma infecção pelo fungo CandidaAuris,que se dá pelo uso de roupas e tecidos que podem acumular uma

grande quantidade de sujeira ou auxiliar na produção de sudorese nas regiões, facilitando a instalação do fungo gerando uma porta de entrada para outros microrganismos que tendem a aparecer, como o Staphylococcus,um dos responsáveis pela mastite infecciosa. (BROMBERG, 2021).

3.6. SINAIS E SINTOMAS

O Ministério da Saúde preconiza que seja realizado o exame clínico das mamas em gestantes em conjunto com as orientações sobre o aleitamento no pré-natal, tendo como objetivo avaliar o desenvolvimento das mamas no processo de gestação e reconhecer precocemente qualquer anormalidade que prejudicasse o processo de aleitamento (BERGMAM, 2018).

No Brasil, foi instituído também o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) e o Programa de Assistência Integral à Saúde da criança (PAISC), os quais são focados para ações contra as maiores causas de mortalidade, mas também trazem Manuais de assistência ao pré-natal e puerpério, humanização e educação em Saúde, os quais também possui orientações sobre a importância do exame físico das mamas no período gestacional e puerperal (SOUTO, 2017).

O exame físico das mamas, guiado pela inspeção e palpação, é uma das técnicas utilizadas para a avaliação das mamas em lactação visto que na inspeção é possível avaliar a pele, o tipo de mamilo (protuso, plano ou invertido), sinais de assimetrias, eritema, edema, fissuras ou abcessos, equimoses, retração, entre outros (BERGMAM, 2018).

Já na palpação é evidenciado sinais como ingurgitamento, presença de colostro, ductos obstruídos, identificação dos quadrantes mais acometidos e presença de massa endurecida, a qual pode sugerir abscesso, em estágios mais agressivos (DIAS, 2017).

As queixas expostas por pacientes acometidas por mastite abrangem sintomas como mastalgia, febre, edema, hiperemia, mal-estar geral, astenia e calafrios, que podem surgir repentinamente ou virem acompanhados de sensibilidade ao toque, episódios de estresse ou ansiedade (DIAS, 2017).

Além disso, devido a dor e ao desconforto e também o déficit de conhecimentos, inexperiência e insegurança materna, algumas mulheres desmamam precocemente seus filhos, ocasionando diversos fatores como desnutrição, desidratação, diarreia e obesidade infantil (ALVARENGA, 2017).

3.7. TRATAMENTO

O tratamento da mastite é constituído por diversas medidas, as quais se tornam importantes para a evolução do quadro, dentre elas estão a manutenção da lactação, a qual se faz necessário para a garantir a drenagem láctea, o repouso e aumento da ingestão hídrica oral.

De acordo com o Protocolo clínico de manejo de pacientes com mastite puerperal da UFTM (2023), a terapia medicamentosa é iniciada com a cefalexina por via oral (1g) ou amoxacilina (500mg) + ácido clavulânico (125mg), por 10 dias.

Em casos de sinais de bacteremia, abscesso, sepse, resposta insatisfatória da primeira antibioticoterapia, recomenda-se internação hospitalar e terapia via parenteral. Neste caso, são opções para o tratamento:

  • 1ª opção: Oxacilina 2,0 g, de 4/4 horas, endovenosa (EV);
  • 2ª opção: Clindamicina, 600 mg, de 6/6 horas, EV;

*Após 72 horas, alta com cefalexina, 1g, de 6/6 horas, ou amoxacilina, 500 e 125 mg de clavulânico, por 10 dias.

  • 3ª opção (na suspeita de anaeróbio): acrescentar metronidazol, 500 mg, de 8/8 horas, por 3 dias. Portanto: oxacilina, 2 g, 6/6 horas + metronidazol,

500 mg, 8/8 horas, por 72 horas. Alta com cefalexina ou amoxacilina/clavulanato + clindamicina 300 mg (2 comprimidos), de 6/6 horas, por 10 dias.

  • 4ª opção: casos graves ou recidivas. Vancomicina, 1 g, de 12/12 horas (correr em 2 horas), por 72 horas. Alta com vancomicina (hospital dia) até completar 10 dias.

No tratamento dos abscessos é indicado a drenagem das lesões, seja por aspiração com agulha em consultório ou drenagem cirúrgica, as quais é realizada anestesia e a retirada do material, assim como é recomendado o cuidado com a limpeza dessa lesão e aplicação de coberturas para a cicatrização da ferida (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA, 2021).

Dentre as coberturas utilizadas é possível utilizar a pomada de colagenase em feridas extensas, já nas feridas limpas e exsudativas, pode-se utilizar curativos com hidrogel e alginato de prata e realizar trocas de acordo com a umidade/sujidade, geralmente é realizado a cada 24 horas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA, 2021).

3.8. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A equipe de Enfermagem tem função essencial nos cuidados com as gestantes e puérperas na prevenção e tratamento em casos de complicações mamárias, oferecendo orientações através de ações educativas e contribuindo para que essa fase de amamentação seja uma experiência prazerosa (MEIRÙ, 2016).

A atuação da equipe de enfermagem deve iniciar desde o período puerperal, na maternidade e durante a estadia da nutriz no hospital, este apoio deve ser realizado proporcionando o alojamento conjunto, supervisionar, corrigir e demonstrar a técnica correta de amamentação, a fim de prevenir problemas e alcançar o êxito na amamentação. (Teixeira, 2019).

Na existência de casos como a mastite, a equipe de enfermagem ficará responsável principalmente pelo apoio físico e emocional da puérpera em conjunto com a equipe multidisciplinar, garantindo que o processo de alimentação da criança não seja interrompido visto que, tal atitude pode gerar consequências para ambas as partes agravando a mastite pelo acúmulo do leite materno no ducto mamário já inflamado. Em conjunto com a equipe deve-se avaliar cada caso de acordo com sua peculiaridade, desenvolvendo propedêuticas eficazes ao tratamento de forma que haja resolutividade de maneira rápida para evitar o agravamento do caso. (MEIRÙ, 2016).

3.9. PROFILAXIAS

Atualmente nos deparamos com diversas técnicas formais/informais de prevenção a mastite, levando sempre em consideração as diversidades culturais e científicas, equilibrando os dois fatores para que não haja impactos que possam trazer prejuízos tanto para mãe quanto para criança (SOUTO, 2017).

O sistema único de saúde (SUS) contém programas de integração e educação das mães ainda durante a gestação, política nacional de atenção integral à saúde da mulher- PAISM), onde são divididos conhecimentos e experiências de mães que já passaram pelo processo de maternidade e dos profissionais de saúde capacitados para a função. Através do pré natal realizado no posto de saúde são marcadas reuniões mensais para garantir a conscientização de todas as gestantes onde já se integra com a política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança – PNAISC (MINISTÉRIO DA SAÚDE, portaria Nº 1.130; 2015) (SOUTO, Kátia; 2017).

“Mas como podemos evitar a mastite?”, São várias recomendações que podemos passar para as mães ainda durante a gestação, um delas e mais importante é o esvaziamento total das mamas, de forma que o bebê consiga ter

acesso a todos os nutrientes que o leite de ambas as mamas podem oferecer, de uma forma sequencial é necessário o esvaziamento de uma mama para depois passar o bebê para a outra mama, se o bebê não mamar todo o leite é indicado a ordenha até garantir que todo o leite seja removido. Atualmente vemos que muitas mães acabam produzindo mais leite do que a criança precisa, é importante sempre incentivar a doação do leite materno para o banco de leite de sua região. (VARELLA, 2023)

Uma forma muito comum de evitar mastite é o cuidado com as fissuras, assim como qualquer ferida que temos no corpo que pode infeccionar se não for tratada, nos seios também pode haver esse tipo de exposição. Durante o pré natal é ensinado para as mães a necessidade do cuidado ao retirar o mamilo da boca da criança, a força exercida na sucção pode gerar fissuras se interrompido, por isso é importante sempre introduzir o dedo na boca da criança durante a amamentação para induzi-lo a parar a sucção. Outra forma muito significativa na provocação de fissuras é o uso de piercings na região, é importante sempre orientar sobre os riscos de permanência do acessório para a gestante (BERGMAM, 2018).

Formas de autocuidado exercido pela mãe durante a amamentação é de extrema importância, como o aumento da ingestão hídrica, massagear as mamas, não coçar ou espremer a pele das mamas, interromper o uso de substâncias tóxicas como o tabaco e manter a diabetes controlada, se o tiver. A higienização da mama entra como fator primordial no processo de amamentação, visto que, assim como a mãe, o bebê também pode ser prejudicado, o procedimento deve ser realizado antes e após a mamada (BERGMAM, 2018).

4. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que a mastite é uma patologia mais comum entre as puérperas primíparas, que enfrentam diversos desafios com o primeiro acesso a maternidade, como o manejo com bebê, a pega do bico do peito e o reconhecimento do esvaziamento total das mamas, que são fatores primordiais para a prevenção da infecção dos ductos.

A enfermagem se faz muito presente em cada etapa, garantindo uma assistência efetiva, humanizada e de qualidade em todo o processo descrito. A amamentação entra como um ato de amor, zelo e proteção tanto com o RN quanto com mãe, visto que, o leite materno transporta em sua integralidade os nutrientes necessários para o desenvolvimento do bebê, contudo, o esvaziamento total das mamas diminui consideravelmente o risco de desenvolvimento da patologia, pois não haverá excesso de leite materno acumulado nas glândulas mamárias e garantirá a nutrição necessária para o bebê.

Uma educação de qualidade através do pré-natal, ensina para a mãe maneiras de prevenir e tratar a patologia. A assistência prestada pela equipe de enfermagem é focada em ambos os lados, principalmente nas unidades básicas de saúde (UBS), onde podem acompanhar de forma ambulatorial o processo, se houver progressão de doença a mãe e o bebê serão acompanhados de forma intra-hospitalar, através da internação com o acompanhamento integral de uma equipe especializada para o tratamento.

5. REFERÊNCIAS

  1. ALVARENGA, Sandra Cristina et al. Fatores que influenciam o desmame precoce. 2017; 17(1): 93-103. DOI: 10.5294/aqui.2017.17.1.9, Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657-5997201700 0100093#:~:text=O%20desmame%20precoce%20%C3%A9%20um,aumento%20da%20mortalidade%20infantil%207
  2. BERGMAM, Ingrid N S. MEDEIROS, Natasha S R. Diagnósticos e intervenções de enfermagem na mastite puerperal. 2018. Disponivel em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conapesc/2019/TRABALHO_EV126_MD1_SA10_ID2763_11082019155310.pdf
  3. BONILLA, Oscar A S. Mastitis puerperal. Revista de la Escuela de Ciencias de la Salud de la Universidad Pontificia Bolivariana, Medicina UPB Colombia. 2019. Disponivel em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1023409
  4. DIAS, Janaina. et al. Fatores associados ao trauma mamilar no período lactacional: uma revisão sistemática. 2017.
  5. LUZ, Sérgio H. et al. Infecçãopuerperal.Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Obstetrícia, nº 117/Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério).
  6. MCLAUGHLIN, JESSICA. E; MD, Medical University of South Carolina. Ciclomenstrual. 2022. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-femini na/biologia-do-sistema-reprodutor-feminino/ciclo-menstrual
  7. MEIRÙ, Maria I L. Construção de um instrumento para a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao Lactente. 2016. Disponível em: https://repositorio.unilab.edu.br/jspui/bitstream/123456789/580/1/Maria%20Im aculada%20Louren%C3%A7o%20Meir%C3%BA.pdf
  8. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIANº1.130,DE5DEAGOSTODE2015Disponível em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1130_05_08_2015.htm l
  9. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Ações Programáticas Estratégicas:Área Técnica de Saúde da Mulher;(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pre_natal_puerperio_3ed.pdf
  10. MOTA, Thamirys C. et al. Construção de um instrumento para a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao Lactente, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/fr/biblio-1015893
  11. PANNARAJ, Pia S. et al. A Microbiota do Ecossistema Mamário Humano. 2020. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcimb.2020.586667/full
  12. PIZA, Silvia Regina; FEBRASGO: Mastite puerperal. 2018. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/309-mastite-puerperal
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¹Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre do Centro Universitário Uni LS, Gabriela.loreno@lseducacional.com.

²Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre do Centro Universitário Uni LS, Thaynara.mazaro@lseducacional.com

³Professor Orientador José Willian de Aguiar, Esp. Auditoria Gestão e planejamento em saúde, Esp. Oncologia e Esp. Docência do Ensino Superior.