NURSING CARE FOR ELDERLY PATIENTS WITH LEPROSY.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202506150710
Ivonete Moraes da Silva Reis1
Maria do Socorro Espindola de Brito Angelim2
Marta da Silva e Silva3
Maria Ivete Rabelo Barbosa4
Nailza Padilha Elias5
Jamilly Karoliny da Silva Miranda6
Resumo
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium leprae, de alto poder incapacitante e considerado um problema de saúde pública. Na população idosa é particularmente preocupante devido a maiores complicações e gravidade. Objetivo: Conhecer as intervenções de enfermagem ao paciente idoso com diagnóstico de Hanseníase. Metodologia: Revisão integrativa da literatura, elaborada com artigos oriundos das bases de dados Literatura Latino-americana do Caribe em Ciências da Saúde e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, e da biblioteca Scientific Eletronic Library Online. Resultados: As obras mostram a importância do profissional enfermeiro no acompanhamento do paciente idoso em relação a adesão ao tratamento medicamentoso, além de monitorar os contatos próximos ao paciente hansênico, este profissional deve orientar quanto às mudanças no estilo de vida do paciente e alertar sobre possíveis reações que podem aparecer durante o tratamento.
Palavras-chave: Hanseníase; Idoso, Tratamento, Enfermagem
1-INTRODUÇÃO
A doença de Hansen é uma doença infecciosa crônica causada por um organismo intracelular obrigatório chamado Mycobacterium leprae. O espectro da doença varia entre dois pólos, a saber, tuberculoide e lepromatosa, dependendo da resposta imunológica do paciente ao M. leprae . É uma das mais antigas infecções conhecidas em humanos, tornando-se rara nos tempos modernos graças aos esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas permanecendo principalmente endêmica em algumas regiões do mundo ( Toledo et al, 2024).
O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos de hanseníase. Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória. A hanseníase pode se desenvolver em qualquer idade, entretanto, a idade avançada é um fator de risco, uma vez que a população idosa apresenta maiores complicações e maior gravidade da doença (Da Silva,2024).
A população brasileira está envelhecendo em ritmo acelerado, esse aumento no Brasil no ano de 2023 aumentou 57,4%, e estima-se que a proporção elevada de idosos deve aumentar nos anos consecutivos. Com o aumento significativo da população idosa nos últimos anos requer cuidados especiais e uma atenção humanizada dos profissionais de saúde. Conforme dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que até o ano de 2025 o Brasil deverá possuir a sexta maior população idosa do mundo, com aproximadamente 32 milhões de pessoas em idade superior a 60 anos (De Faria;2023).
Sob o aspecto de Saúde Pública, a hanseníase que é uma doença onde é visualizada na população idosa, o envelhecimento da população permite o aparecimento de um maior número de doenças próprias das idades mais avançadas, as doenças crônico-degenerativas. Com isso ocorre a demanda crescente por cuidados de longa duração, devido ao envelhecimento da população e ao aumento das doenças crônicas e degenerativas (Jesus et al;2023).
Diante disso, é válido considerar o aumento da população de idosos no Brasil, um fenômeno que, embora mundial, vem adquirindo características particulares no país. A transição demográfica tem ocorrido de forma bastante acelerada em comparação com outros países, fazendo com que o Brasil tenha dobrado o contingente de pessoas idosas em um intervalo de apenas 25 anos e com projeções de, em 2060, ter mais de um quarto da população formada por pessoas acima de 60 anos. Esse fator serve de alerta para um provável aumento dos casos de hanseníase no Brasil e no mundo, de toda forma, na população idosa é particularmente preocupante devido a maiores complicações e gravidade (Mrejen; 2023).
A hanseníase em pessoas idosas merece relevância, pois vem apresentando um comportamento diferenciado em relação às demais faixas etárias, representado por altos coeficientes de detecção e maior risco de desenvolver a doença em suas formas mais graves. Neste contingente populacional, frequentemente observa-se presença de incapacidades físicas e baixa qualidade de vida, assim como a possibilidade de ser uma importante fonte de infecção para a comunidade. A hanseníase pode gerar uma dupla carga de morbidade principalmente na população idosa, tanto pela coexistência com os declínios funcionais de alterações morfofuncionais e fisiológicas, como pela presença de múltiplas comorbidades (Da Silva et al., 2024).
Este cenário impõe a necessidade de uma vigilância diferenciada à detecção e tratamento precoce dos casos novos de hanseníase em pessoas idosas, buscando interromper sua cadeia de transmissão e prevenindo a instalação de incapacidades físicas. Com isto, a vigilância epidemiológica deve ser utilizada como ferramenta de monitoramento, visando garantir informações sobre a magnitude, carga e distribuição da doença no tempo e em diversas áreas geográficas. A epidemiologia espacial é um componente interdisciplinar importante à saúde coletiva, pois permite aprofundar o conhecimento das interrelações entre pessoas, doenças, espaço e tempo (Paes et al;2023).
A integração dos programas de controle da hanseníase na rede básica de saúde é considerada atualmente a melhor estratégia para eliminação da doença, principalmente para o público idoso que corresponde a mais da metade da população brasileira para o diagnóstico precoce e melhoria na qualidade do atendimento aos acometidos da hanseníase, facilitando o acesso ao tratamento, a prevenção de incapacidades, e a diminuição do estigma e da exclusão social. (Mendes et al, 2024).
A responsabilidade da execução do atendimento e cuidado aos pacientes hansenianos é de responsabilidade do profissional de enfermagem, além de realizar exames, oferecer apoio psicológico durante o tratamento. O enfermeiro realiza uma função fundamental no diagnóstico e tratamento da doença, colaborando na interrupção do processo de transmissão e aliviando o agravamento da doença.(Silva et al,2024).
O objetivo deste estudo é conhecer as intervenções de enfermagem ao paciente idoso com diagnóstico de Hanseníase.
2-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 VISÃO GERAL SOBRE A HANSENÍASE
A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa que apresenta manifestações clínicas acometendo tanto os fatores dermatológicos, quanto neurológicos, em razão do seu tropismo pelas células de Schwann. Apesar de não fazer distinção de acometimento em relação ao sexo ou faixa etária, por se tratar de uma doença negligenciada, sua prevalência persiste em populações expostas a maior vulnerabilidade social e econômica (De Sousa et al;2024).
A hanseníase se manifesta a partir de alterações dermato-neurológicas, todavia, o diagnóstico e a classificação da doença, apoiam-se na abordagem clínico-epidemiológica, no qual ocorre uma análise da história e das condições de vida, um exame dermato-neurológico e avaliação laboratorial como diagnóstico complementar onde se avalia através da baciloscopia em linfa, a presença ou não de bacilos na microscopia, auxiliando a classificação clínica em paucibacilar ou multibacilar. E ao diagnosticar um grave comprometimento neural o paciente deve ser enviado para unidade de saúde de maior complexidade, para se confirmar o diagnóstico (Silva et al,2024).
Na suspeita do paciente com hanseníase, o enfermeiro deve realizar de imediato a avaliação clínica e os exames dermato-neurológico, a avaliação de sensibilidade cutânea é dívida em três etapas, sensibilidade térmica onde um tubo temperado é coloca sob a lesão e o paciente precisa reconhecer se o tubo está morno, frio ou quente, sempre comparando com um local de pele saudável. O teste de sensibilidade dolorosa usando uma agulha hipodérmica, no qual se encosta a ponta da agulha nas lesões e na pele normal para comparação, onde a anestesia ou hipoestesia do local auxilia na confirmação do diagnóstico. E por fim o teste de sensibilidade tátil na qual geralmente é a última a ser perdida, devendo ser avaliada utilizando algodão, fio dental ou monofilamentos verdes, presentes nos kits de estesiômetro que avalia a sensibilidade protetora das mãos e pés, no qual avalia o grau de incapacidade física ( Rollemberg et al,2024).
As manifestações clínicas da hanseníase dependem mais da resposta imunocelular do hospedeiro ao Mycobacterium leprae que da capacidade de multiplicação bacilar. São precedidas por período de incubação longo, entre 2 e 10 anos. Na forma tuberculoide, a doença é limitada pela boa resposta imunocelular do hospedeiro. As lesões cutâneas, isoladas e assimétricas, são placas eritêmato-hipocrômicas ou eritematosas, bem delimitadas, frequentemente com bordas externas elevadas e centro normal, apresentando alteração importante da sensibilidade. Podem apresentar alopecia e anidrose, pelo comprometimento dos anexos cutâneos, e espessamento de filete nervoso próximo. Alteração sensitiva, com ou sem espessamento neural evidente, é a única manifestação na forma neural pura. (Lastoria et al,2024).
Na forma virchowiana, o Mycobacterium leprae multiplica-se e dissemina-se por via hematogênica, pela ausência de resposta imunocelular do hospedeiro. As lesões cutâneas, múltiplas e simétricas, caracterizam-se por máculas hipocrômicas, ou acastanhadas, com bordas mal definidas, geralmente sem anestesia . Não há espessamento neural, exceto na evolução da forma dimorfa. É comum edema dos membros inferiores. Com a progressão, formam-se nódulos e a fácies leoninas, com infiltração e queda dos supercílios (madarose). Pode ocorrer comprometimento das mucosas, olhos, testículos, e ossos, além da perda dos dentes incisivos centrais superiores, perfuração do septo nasal e manifestações viscerais. (De Azevedo,2021)
2.2 A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO AO IDOSO PORTADOR DA HANSENÍASE
Por muito tempo alguns fatores contribuíram para que, os indivíduos portadores de hanseníase fossem excluídos da sociedade, no entanto, na forma virchowiana, o Mycobacterium leprae multiplica-se e dissemina-se por via hematogênica, pela ausência de resposta da doença ainda está diretamente ligada a condições socioeconômicas e sanitárias desfavoráveis, o desconhecimento da população instalou o medo e o pré-conceito acerca dos limites entre a transmissão e o grau das manifestações clínicas que em casos mais graves, e sem tratamento, levam às consequências que incapacitam o doente. Diante disso, o trabalho de informação, o tratamento precoce e a continuidade do mesmo, reduzindo o abandono à terapêutica hoje utilizada no combate à essa enfermidade, são parte de um trabalho incansável que profissionais da atenção básica precisam desenvolver para que países com alta prevalência da doença consigam controlar e manter baixos os níveis de transmissão (Cardoso et al,2023).
A Atenção Básica é considerada o pilar inicial de sustentação diante de toda cadeia de acolhimento na hierarquia do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo responsável pela resolução de 85% da demanda assistida nesse serviço. Diante dos programas de atenção básica está à política de saúde ao paciente com hanseníase, que permite através da busca ativa e ações planejadas o diagnóstico precoce e acompanhamento durante o tratamento e intervenções de cuidados individual e coletivo. Apoiados em conceitos de clínica ampliada, integralidade, subjetividade e multidimensionalidade do indivíduo. (Rocha et al;2020).
A Enfermagem é indispensável e fundamental na assistência à saúde da população e faz parte de um processo coletivo de trabalho dentro da UBS no controle da hanseníase, atuando diretamente nas ações de controle da doença, seja individualmente com os acometidos, as famílias ou comunidade.(Santos et al,2024).
Como integrante da equipe multiprofissional na atenção básica, o enfermeiro deve assistir o paciente hansênico desde o momento do diagnóstico, até o acompanhamento pós-alta, com uma assistência individualizada e sistematizada, possibilitando melhor interação com o cliente, maior adesão ao tratamento, promoção do autocuidado e redução das incapacidades físicas consequentes à doença. Além disso, deve-se estimular a participação dos clientes no programa, oferecendo oportunidades e estimulando a troca de experiências e a discussão dos problemas, e dos valores implícitos na sua vida e de seus familiares e diante da reconhecida importância das ações que os enfermeiros devem executar frente aos pacientes acometidos pela hanseníase.(Santos et al,2024).
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a assistência para o tratamento e acompanhamento dos pacientes em unidades básicas de saúde e em referência, não sendo necessário internação. Já o tratamento medicamentoso é realizado com a associação de três antimicrobianos, rifampicina, dapsona e clofazimina, a qual denominamos de Poliquimioterapia Única (PQT-U). ( Rollemberg et al,2024).
Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença. A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença, principalmente para os idosos. Para pacientes com hanseníase paucibacilar (PB) a duração é de seis meses e para pacientes com hanseníase multibacilar (MB) a duração é de doze meses. Os medicamentos são seguros e eficazes. Ainda no início do tratamento, a doença deixa de ser transmitida. Familiares, colegas de trabalho e amigos, além de apoiar o tratamento, também devem ser examinados. (Cardoso et al,2023).
O enfermeiro possui um papel fundamental no processo de controle da hanseníase, pois, o mesmo faz parte do cotidiano da comunidade, em programas de atenção primária e centros de atendimentos, o enfermeiro possui um papel fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento contra a hanseníase, cabe a ele oferecer supervisão necessária ao paciente durante a ação terapêutica, tirando as dúvidas, fornecendo a dose supervisionada, além de fazer o diagnóstico durante o exame físico. O profissional de enfermagem deve estar atento aos sinais e sintomas, quanto maior atenção às queixas maiores as chances de diagnosticar e tratar precocemente.(Sanches et al;2023).
3-METODOLOGIA
O estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, elaborada por meio da análise em publicações científicas publicadas nos últimos cinco anos, com abordagem relevante sobre a proposta temática. A busca ocorreu nas seguintes bases de dados, como Literatura Latinoamericana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online e biblioteca Scientific Eletronic Library Online (Scielo).
Foram utilizadas as seguintes palavras chaves para selecionar as obras usadas na elaboração deste trabalho, como Hanseníase, Idoso, Tratamento, Enfermagem. Foram incluídas na pesquisa um total de 26 publicações entre os anos de 2019 a 2024 com a finalidade de alcançar o objetivo do estudo. No entanto foram excluídas um total de 10 publicações que não estavam de acordo com a proposta temática. O levantamento dos dados para análise ocorreu no período entre o início de Agosto e final de Novembro de 2024.
4-RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela anexada abaixo, apresenta os resultados encontrados para discussão sobre o tema em evidência.
Tabela 1: Apresentação dos resultados sobre o tema
Título | Objetivo | Autores | Ano |
Hanseníase e impactos na qualidade de vida de pessoas com incapacidades físicas: revisão de escopo | Falar sobre a relevância da qualidade de vida de pacientes com Hanseníase | Araújo Douglas Moreira de et al. | 2024 |
Perfil epidemiológico para tuberculose e hanseníase no município de barra do Garças-MT | Perfil da doença Hanseníase em pacientes de um determinado povoado | Cardoso, E. P., Machado, É. M. N., Luchetti, B. F. C., Devotte, N. C., & Lima, F. A | 2023 |
Hanseníase: características clínicas e imunopatológicas | As características da doença | Da Silva, Marcos Rossi et al. | 2024 |
A enfermagem no cuidado ao paciente portador de hanseníase multibacilar. | Papel do enfermeiro ao paciente | Da Silva Pereira et al | 2024 |
Conhecimento do enfermeiro acerca da assistência ao paciente com hanseníase. | Conhecimento científico com os pacientes de hanseníase | De Brito et al | 2024 |
Estratégias de enfrentamento, limitação de atividades diárias e participação social de idosos que têm ou tiveram hanseníase: Enfrentamento de Idosos com Hanseníase | Estratégias de trabalho do enfermeiro sobre a doença. | De Oliveira et al | 2024 |
Conhecer a hanseníase cura seu preconceito | Definição da doença e estratégias | Golçalves et al | 2024 |
Práticas dos profissionais de saúde da atenção primária diante da hanseníase: revisão de escopo | Práticas de trabalho e perspectivas futuras | Macedo et al | 2023 |
Segundo De Oliveira (2024) A Hanseníase é uma das principais causas de incapacidade física permanente, sendo que um terço dos casos novos apresenta danos neurais no diagnóstico e o paciente pode desenvolver incapacidades, o perfil etário dos novos casos de hanseníase recém diagnosticados acompanha o envelhecimento da população brasileira.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, 14% dos diagnósticos da doença foram feitos em indivíduos com 60 anos ou mais. (Gonçalves,2024).
Dessa forma, é de extrema importância abordar as questões relacionadas ao processo de adoecimento em idosos, especialmente, relacionado com a hanseníase, pois transcorre de um adoecimento com mais impacto, uma vez que o bacilo possui vertentes incapacitantes. Com isso, há um comprometimento na dinâmica da vida do indivíduo, principalmente, aquele em que já existe um comprometimento de capacidade funcional em decorrência do curso natural do processo saúde-doença, além de que, esse grupo tende a experimentar quadros mais complexos da doença (Araújo et al., 2024).
Sendo assim, durante o tratamento da doença, o enfermeiro deve oferecer apoio, atendendo às ansiedades relacionadas ao impacto do diagnóstico de hanseníase, e prestar todo esclarecimento acerca da doença, bem como orientar quanto à prevenção de incapacidades, autocuidado e todo desconforto decorrente do tratamento. A assistência de enfermagem se torna essencial no estabelecimento do vínculo entre enfermeiro e a pessoa com hanseníase. (Macêdo et al,2024).
Da Silva (2024) aborda sobre a capacitação dos profissionais que realizam assistência em hanseníase constitui um dos resultados esperados com o desenvolvimento do Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase, estabelecido pelo Ministério da Saúde, a fim de sustentar a eliminação da doença enquanto problema de saúde pública nos municípios, assim como deve ficar claro é que esses profissionais devem buscar sempre o conhecimento, sem necessariamente esperar a iniciativa dos gestores que, na maioria das vezes, não priorizam a educação continuada de suas equipes.
Durante o tratamento da hanseníase, segundo Golçalves et al (2024), o enfermeiro deve oferecer apoio, atendendo às ansiedades relacionadas ao impacto do diagnóstico, e prestar todo esclarecimento acerca da doença, bem como orientar quanto à prevenção de incapacidades, autocuidado e todo desconforto e reações decorrente do tratamento.
De Brito et al (2024), fala que a assistência da enfermagem se torna essencial no estabelecimento do vínculo entre enfermeiro e a pessoa com hanseníase. Dessa forma, o profissional de saúde, em especial o enfermeiro, deve identificar os determinantes essenciais na qualidade de vida do paciente; identificar caraterísticas que têm relação direta com a sua saúde; identificar os fatores de risco no qual o paciente está exposto; realizar planejamento de ações voltadas a individualidade de cada paciente de modo a prevenir agravos; programar atividades respeitando a base cultural de cada indivíduo e fazer o possível para atender todas as demandas do paciente; realizar a busca ativa dos casos e vigilância epidemiológica; participar das atividades de pesquisa e de educação continuada. (Macêdo et al,2024).
Concomitante a isso, as ações de controle da hanseníase em idosos, incluem a realização da consulta de enfermagem que deve abranger o histórico completo do paciente, o exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem na qual o enfermeiro deve buscar obter uma abordagem paciente, bem contextualizada e com a participação do paciente, uma vez que o paciente é a peça principal nesse processo. O enfermeiro da APS é o mais atuante no cuidado integral ao paciente, realizando acompanhamento e supervisão dos medicamentos, contribuindo para o retorno do paciente estigmatizado à sociedade através da reabilitação física e social. (Cardoso et al,2023).
Macêdo (2023) reintegra dizendo que a enfermagem, assim como os demais profissionais que atuam no acompanhamento do paciente idoso no âmbito da Saúde , pretende a integralidade do cuidado, a promoção da prevenção de incapacidades e a qualidade de vida, busca de diagnóstico precoce, tratamento, monitoramento através dos instrumentos, orientações ao autocuidado e vigilância epidemiológica, assim também como é papel do enfermeiro estar sempre incentivando as pessoas acometidas por essa doença a respeito da importância do tratamento e encorajá-lo diante das inúmeras reações adversas advindas das drogas utilizadas na poliquimioterapia, bem como orientá-las sobre os cuidados que se deve ter para evitar as possíveis complicações desta afecção.
5-CONCLUSÃO
Quando pensamos no processo de envelhecimento da população brasileira e as consequentes mudanças no perfil demográfico e epidemiológico, implica em perceber que essas situações produzem demandas que requerem respostas das políticas sociais envolvendo o estado e a sociedade e desdobram-se em novas formas de cuidado sistematizado, contínuo e articulado em rede.
Nota-se que os idosos de modo geral apresentam alterações fisiológicas com o passar do tempo o que facilita a exposição a doenças e agravos a sua saúde. Um paciente idoso com diagnóstico de Hanseníase tardio e sem assistência dos profissionais, tende a apresentar complicações da doença, implicando diretamente na qualidade de vida desses pacientes.
A hanseníase é uma doença que registra novos casos todos os anos no Brasil e no mundo. Apresenta vários fatores que dificultam o seu controle, desde a realização do diagnóstico precoce de pacientes multibacilíferos, necessário para reduzir a transmissibilidade ao monitoramento para reduzir o abandono ao tratamento por parte dos pacientes.
É papel do enfermeiro, um atuante dentro da atenção básica e que lida rotineiramente no manejo da hanseníase, estar sempre incentivando as pessoas e principalmente os idosos acometidos pela doença a respeito da importância do tratamento e encorajá-los diante das inúmeras reações que os medicamentos podem apresentar , bem como orientá-las sobre os cuidados que se deve ter para evitar as possíveis complicações desta enfermidade.
Por meio da assistência de enfermagem é possível proporcionar mudanças na rotina do idoso proporcionando-lhe cuidado holístico e adequado a suas necessidades Percebe-se a importância de acompanhar o idoso com hanseníase com base em suas necessidades de cuidados específicos dessa etapa da vida, para que recebam cuidados e ações consoantes às limitações funcionais preexistentes e que podem ser acrescentadas ou agravadas por incapacidades geradas pela hanseníase.
Torna-se, portanto, importante a atuação do profissional enfermeiro ao acompanhar o paciente com hanseníase, desde o momento da descoberta da doença até a finalização do tratamento, além de promover ações de reabilitação às incapacidades que a doença pode manifestar ao longo do tempo. O enfermeiro é uma peça fundamental ao longo do processo doença e cura da hanseníase, pois ele precisa acompanhar o paciente em todas as etapas do tratamento, fortalecer o vínculo com os seus pacientes a fim de obter a adesão dos acometidos pela doença ao tratamento medicamentoso, além de promover junto a sua equipe o controle epidemiológico da doença.
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1Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN- e-mail:
ivonereis928@gmail.com
2Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN- e-mail:
socorroangelim12@hotmail.com
3Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN- e-mail:
silvamartaa10@gmail.com
4Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN- e-mail:
Iveterabelo2020@gmail.com
5Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN- e-mail:
padilha.nailza9@gmail.com
6Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal- UNIPLAN.
e-mail: jamillymoranda854@gmail.com