REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202502111723
Conceição De Maria Do Nascimento Vaz
Êmily Ramirya Vogado De Souza
Janaina Costa Silva
Karine De Sousa Gomes
Katiane Alves De Barros
Orientadora: Prof. Esp. Débora Tamires Gomes de Oliveira
RESUMO
As atividades lúdicas, por meio da utilização de jogos e brincadeiras em sala de aula são de suma importância para as crianças portadoras de transtorno do espectro autista, porque há o favorecimento em prol de seu desenvolvimento em várias competências e em diversas habilidades cognitivas, assim como no aspecto social, emocional e motriz. Considera-se o lúdico como um recurso pedagógico dotado de grande eficácia no processo de ensino-aprendizagem das crianças, sendo, assim, o objetivo geral da presente pesquisa consiste em investigar quais são os jogos e práticas pedagógicas que podem ser utilizadas pelo professor para atender alunos diagnosticados com autismo na educação infantil. Dentre os objetivos específicos ressaltam-se descrever as práticas pedagógicas com jogos usados para inclusão do aluno autista; Identificar os benefícios do uso de jogos na educação infantil; verificar como ocorre o processo de interação entre as crianças autistas e os demais alunos da sala de aula por meio do uso dos jogos. Por meio de uma revisão bibliográfica, analisando diversas fontes como artigos científicos, monografias, dissertações e consultas em sítios eletrônicos (internet) constatou-se que os jogos proporcionam uma série de benefícios para o processo de ensino aprendizagem dos alunos com autismo, como o aspecto da inclusão social e do desenvolvimento de diversas habilidades, principalmente quando existe um acompanhamento por profissionais habilitados no acompanhamento das diversas etapas enfrentadas por crianças autistas.
Palavras-Chave: Autismo. Lúdico. Inclusão. Desenvolvimento Cognitivo.
ABSTRACT
Play activities, through the use of games and games in the classroom, are of paramount importance for children with autistic spectrum disorder, because there is a favor in favor of their development in various skills and cognitive skills, as well as in the social, emotional and driving aspects. Play is considered a pedagogical resource endowed with great effectiveness in the teaching-learning process of children, thus, the general objective of this research is to investigate which are the games and pedagogical practices that can be used by the teacher to attend students diagnosed with autism in early childhood education. Among the specific objectives are to describe the pedagogical practices with games used for inclusion of the autistic student; Identify the benefits of using games in early childhood education. To verify how the process of interaction between autistic children and other students in the classroom occurs through the use of games. Through a literature review, analyzing various sources such as scientific articles, monographs, dissertations and consultations on electronic websites (internet) it was found that games provide a number of benefits for the teaching process learning of students with autism, as the aspect social inclusion and the development of various skills, especially when there is a follow-up by qualified professionals in the follow-up of the various stages faced by autistic children.
Keywords: Autism. Ludic. Inclusion. Cognitive Development.
INTRODUÇÃO
As crianças para se desenvolverem dependem significativamente do contexto social em que estão inseridas, no qual, esse indivíduo realiza diversas criações de sua realidade por meio das experiências vividas e da interação com seus pares, ampliando, dessa forma seus saberes e organizando ideias sobre o seu autoconhecimento.
Por essa razão é de suma importância que os educadores estejam conscientes da forma como as crianças desenvolvem os seus conhecimentos, quais as experiências de mundo que trazem consigo e as condições sociais em que inseridas, pois sem o devido conhecimento, torna-se bastante dificultoso criar estratégias em prol do desenvolvimento da criança.
A família é o alicerce primordial para estimular comportamentos e atitudes que estimulam a vida dos pequenos. O lar é o ambiente propício para oferecer a eles diversas situações, que muitas vezes podem ser criadas, cuja finalidade será a de educá-las para a vida no intuito de fazer com elas sejam capazes de interagir no meio social em que elas estão inseridas.
O que pode ser realizado em casa é: estabelecer atividades com as crianças, com o objetivo de estimular o seu aspecto comportamental. Quanto mais crianças em casa, melhor ainda para um bom relacionamento com as pessoas, dessa forma elas podem aprender a compartilhar seus brinquedos, e assim, brincar, conviver e aprender questões que serão levadas nas mais diversas situações sociais.
No entanto, compreender a realidade dos alunos não é uma tarefa fácil, em razão das características heterogêneas desses discentes, ou seja, cada um traz consigo experiências diversas, sendo de suma importância que os profissionais ao atuar na educação infantil possuam as habilidades e competências necessárias para lidar com o diferente.
Infere-se, então a importância da educação inclusiva, a qual possui como principal objetivo, proporcionar mais igualdade a todos, independentemente de classe social, de gênero ou da presença de alguma deficiência, pois conforme a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 todos devem ser tratados de forma igual, e não há como acontecer um tratamento isonômico se não houver cuidados especiais para com as pessoas que padecem com algum tipo de limitação, como é o caso, por exemplo, de crianças portadoras do transtorno do espectro autista.
O autismo pode ser compreendido como uma síndrome que origina diversas alterações no que se refere a capacidade na comunicação, na interação social e, consequentemente no comportamento da criança, como dificuldades ao falar, limitações no modo de expressar seus sentimentos, não gostando de interagir, agitações constantes ou repetição de movimentos. Esses sintomas dessa síndrome podem ser constatados por volta dos 2 a 3 anos de idade, período no qual a criança possui grande interação e diversos tipos de comunicação com os outros (BELTRAME, 2019).
O tema da pesquisa está diretamente relacionado com as práticas pedagógicas alicerçadas na utilização de jogos e brincadeiras com o escopo de realizar a devida inclusão de crianças autistas, tanto no ambiente escolar, como no ambiente social.
A sala de aula é um local onde existem crianças de diversos modos de ser, agir e pensar, desse modo todos os alunos terão algum desafio a ser superado. No caso das crianças com autismo não é diferente. Assim o professor torna-se um aliado para auxiliar com elas, pois eles têm as estratégias exatas na socialização dessas crianças.
Com isso, devem-se promover brincadeiras e atividades em grupo, as quais promovam a participação de todos, criação de ambientes que propiciem a permanência harmoniosa da criança junto às outras, uso de recursos com imagens e desenhos que estimulem a comunicação e a interação do pequeno, entre outros. Além disso, é importante frisar que o grupo da sala, a qual a criança fará parte, entenda que o colega tem autismo (e que ele merece uma atenção diferenciada e respeito). Um detalhe que não deve passar despercebido é a estimulação de trabalhos em conjunto incentivando sempre o respeito às diferenças.
O objetivo geral da presente pesquisa consiste em analisar como os jogos e práticas pedagógicas podem ser utilizadas pelo professor para atender alunos diagnosticados com autismo na educação infantil.
Dentre os objetivos específicos ressaltam-se: descrever as práticas pedagógicas por meio da utilização de jogos em prol da inclusão do aluno autista; Identificar os benefícios do uso de jogos na educação infantil; verificar como acontece o processo de interação entre as crianças autistas e os demais alunos em sala de aula por meio do uso dos jogos.
O problema deste trabalho de conclusão de curso da pesquisa consiste no seguinte questionamento: como as práticas pedagógicas por meio da utilização de jogos e brincadeiras podem contribuir para o desenvolvimento e a inclusão de crianças autistas na educação infantil?
No que se refere à metodologia utilizou-se a pesquisa bibliográfica, por meio da análise de diversas teorias sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento de alunos autistas e a inclusão dessas crianças na sala de aula. As fontes para a fundamentação dessa pesquisa foram pautadas em artigos científicos, monografias, dissertações e consultas em sítios eletrônicos direcionados a pesquisas acadêmicas.
O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo aborda sobre o transtorno do espectro autista, por meio da definição de conceitos e histórico das pesquisas sobre o autismo e das limitações de crianças autistas. O segundo capítulo discorreu sobre o lúdico, abordando o conceito de jogos, o histórico da utilização de jogos na educação e os tipos de jogos utilizados para o processo de ensino-aprendizagem de crianças autistas. O terceiro capítulo analisa a importância da ludicidade no processo de ensino aprendizagem de autistas, verificando o papel do professor na utilização de jogos e os benefícios dos jogos para o processo de desenvolvimento de crianças autistas.
Justifica-se a escolha do tema em razão da grande falta de informação sobre o que poderá ser realizado e o que não poderá ser aplicado em sala de aula com a finalidade de incluir uma criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista), devido à constatação do crescimento de crianças com esse transtorno, necessitando, assim de investigações contínuas sobre as práticas referentes à utilização de jogos e brincadeiras para crianças autistas, com o intuito de incluí-la em sala de aula sem que haja nenhum tipo de descriminação ou de preconceito.
O presente trabalho é pertinente, podendo servir de fonte de pesquisa para futuros acadêmicos de diversas áreas direcionadas às crianças portadoras do transtorno do espectro autista, assim como áreas voltadas para o processo de inclusão social, pois nenhuma forma deve ser admitida a exclusão de seres humanos em razão de suas limitações, pelo contrário, devem ser elaboradas pesquisas e ações contínuas referentes ao atendimento de forma adequada daqueles que necessitam de maiores cuidados para o seu desenvolvimento.
1. O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
1.1 Conceito
Para devida compreensão da definição de transtorno do espectro autista, faz-se necessário entender a sentido da nomenclatura da palavra autismo. “autos” possui tradução literal como “próprio”, já o sufixo “ismo” traduz-se, de forma literal, como um estado ou uma orientação de um ser humano recluso em si (OLIVEIRA, 2015).
No entanto, o termo autismo sofreu uma série de transformações no decorrer do tempo, sendo nos dias atuais, intitulado como o transtorno do espectro autista, conforme, preceituado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
O autismo é definido como um estado ou uma condição, na qual o sujeito parece recluso em si, sendo um transtorno extremamente dotado de complexidade no que se refere ao desenvolvimento comportamental, por meio de várias etiologias distintas, as quais manifestam através de graus variados de gravidade (GADIA, 2016).
O transtorno do espectro autista, embora seja complexo sua definição, pode ser compreendido como um transtorno que vai além da sua complexidade, muito distante e que possui um conceito exato, porque não há, de forma alguma, meios pelos quais se possam realizar testes e muito menos realizar a sua medição, pois as investigações realizadas no período vigente estão muito distantes no que se refere à cura dessas pessoas acometidas por esse transtorno, que consequentemente, fará parte do indivíduo durante todo o seu ciclo vital.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (2019) o autismo é definido como uma síndrome que já pode estar presente desde o nascimento de uma criança ou que se inicia durante os 30 (trinta) primeiros meses de vida, identificado por meio de respostas anormais a diversos estímulos, tantos auditivos ou visuais, além de problemas gravíssimos no que se refere à compreensão da linguagem produzida por meio da fala.
O falar geralmente nas pessoas autistas demora muito a aparecer e, quando ocorre, é marcado pela ecolalia, pela utilização de pronomes inadequados, além de uma enorme falta de habilidades e de competências que os integrem ao meio social, contribuindo para a exclusão dos portadores desse transtorno, devendo haver a atenção mais eficiente para com essas pessoas que possuem uma série de limitações.
1.2 Histórico das pesquisas sobre o autismo
O Transtorno do espectro autista ou simplesmente autismo iniciou-se na literatura da área de medicina, por meio do teórico Eugen Bleuler no ano de 1911, classificando indivíduos que demonstravam sinais de dificuldade ao se expressarem e interagirem socialmente, e consequentemente tendendo para a exclusão em razão do isolamento, proporcionando em um grande trabalho de pesquisa referente à esquizofrenia, tanto de indivíduos adolescentes como pessoas já adultas (PEREIRA, 2015).
No ano de 1943, o médico psiquiatra Leo Kanner, analisou um grupo de 11 (onze) crianças que eram dotadas de um padrão de comportamento muito incomum com as outras pessoas, pois apresentavam diversas incapacidades, como por exemplo, a dificuldade de relacionamento com os seus pares, ausência de fala interferindo diretamente na comunicação, fascinação por objetos e destreza em seu manuseio, além de uma ansiedade extrema de que fosse preservado o ambiente em que estavam inseridos e a repetição de rotinas cotidianas. Após dois anos nessa pesquisa, Kanner cria um substantivo passando a compreender esses indivíduos com transtornos em autismo no grau primário, decorrente desde o nascimento e o autismo secundário, que se manifesta somente após decorrer alguns anos (CUNHA, 2015).
Um ano seguinte após as pesquisas científicas de Leo Kanner, mais precisamente, no ano de 1944, o pesquisador de descendência austríaca Hans Asperger realizou a publicação, por meio de sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância, fundamentado em um estudo, através da observação de aproximadamente 400 crianças, avaliando minuciosamente os seus padrões comportamentais e suas respectivas habilidades. Por meio dessa pesquisa conseguiu realizar a descrição de um transtorno da personalidade, o qual apresentava como principais características a falta de empatia, a reduzida capacidade de fazer amizades, monólogos, hiperfocos em assuntos de interesse especial, além de demonstrarem uma extrema dificuldade no que se refere à coordenação motora, o qual intitulou esse quadro como a síndrome de Asperger (SILVA, GAIATO & REVELES, 2012).
Posteriormente, já no ano de em 1947, continuam os estudos sobre transtornos da personalidade, com a pesquisadora Bender utilizando o termo Esquizofrenia Infantil, pois considerava o autismo como a modalidade inicial dos transtornos relacionados com a esquizofrenia (CUNHA, 2015).
No ano de 1952, Mahler, se utiliza do termo Psicose Simbiótica, atribuindo a causa principal no que se refere aos transtornos da personalidade, o relacionamento existente entre a mãe e seu filho, pois nessa espécie psicótica as crianças se aproximam demais de suas mães, sendo que aparentemente isso não tenha nada a ver com o autismo. No entanto, no transtorno do espectro autista há momentos em que a criança deseja atenção exclusiva da mãe, já em outros momentos prefere a solidão e o distanciamento da genitora (PEREIRA, 2015).
Na década de 1960 a psiquiatra de descendência inglesa Lorna Wing descreve, de forma inicial, os principais sintomas do autismo de forma clara, ressaltando-se as alterações no aspecto social, na comunicação e na linguagem e padrão alterado de comportamentos, possuindo como finalidade criar a noção de que os sintomas podem ocorre-nos mais diversos graus de intensidade e com modos distintos de manifestações nas crianças (SILVA, GAIATO & REVELES, 2012).
Somente na década 1980 o transtorno do espectro autista recebeu o devido reconhecimento, sendo direcionadas diversas preocupações em torno desse transtorno. Houve nessa década a diferenciação entre autismo e esquizofrenia, proporcionando, assim, a origem de um número cada vez maior de pesquisas científicas, o diagnóstico correto e criação de critérios de inclusão, por meio de ações afirmativas. A partir desse período o autismo passa a ser compreendido como uma síndrome pautada no distúrbio do desenvolvimento e não mais sendo considerado como uma espécie de psicose (SILVA, GAIATO & REVELES, 2012).
No ano de 2007, ratifica-se a imensa preocupação com o transtorno do espectro autista, pois no referido ano a Organização das Nações Unidas instituiu o dia internacional da conscientização do autismo, o qual foi celebrado pela primeira vez no dia 2 de abril de 2008. Essa preocupação se deu em razão do grande crescimento de casos de crianças com autismo, com aproximadamente 70 milhões em todo o mundo, acometendo, até mesmo mais que a AIDS e o câncer (CUNHA, 2015).
Para a constatação da CID–10 quanto ao que preceitua o DSM – IV há a necessidade de vários critérios para caracterizar a pessoa com o transtorno do espectro autista, devendo haver obrigatoriamente transformações em diferentes, ressaltando-se: alterações qualitativas nas relações sociais; limitações na comunicação; interesses extremamente restritos e quase sempre pautados na repetição (CUNHA, 2015).
No ano de 2013 ocorreu o lançamento do DSM-V sendo utilizado o termo transtorno do Espectro do Autismo, inserido no grupo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento. No que refere ao conceito também há mudanças com a publicação do DSM-V, pois conforme esse manual para ser considerado portador de autismo a crianças deve, obrigatoriamente, demonstrado diversos sintomas que se originam durante a infância de modo precoce, além de haver o comprometimento relacionado com capacidade do indivíduo no seu cotidiano. Infere-se que, conforme o DSM V os déficits devem estar necessariamente relacionadas com as interações sociais e, consequentemente problemas de comunicação, possuindo extrema dificuldade no estabelecimento de manter conversas racionais, pois se constata a ausência da capacidade de proporcionar a origem de uma interação e problemas com a atenção compartilhada. Outro ponto digno de realce é problemas graves em prol da manutenção de relações, caracterizando pela ausência de interesse em outras pessoas, apresentando dificuldades de executar jogos, por meio do fingimento que está motivado e engajado nas atividades sociais apropriadas à faixa etária. (American Psychiatric Association, 2014).
O quadro de número 1 demonstra um breve histórico sobre os principais fatos que contribuíram para a evolução de pesquisas referentes ao transtorno do espectro autista
Quadro 1 – Breve histórico sobre o desenvolvimento dos estudos sobre o autismo
Fonte: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2014)
Conforme se observa no quadro 1, houve diversas transformações referentes ao autismo, por meio de pesquisas de diversos teóricos, em especial profissionais da medicina e da psiquiatria, havendo desde o estabelecimento de terminologias, da exposição de uma série de conceitos diferentes referente ao transtorno do espectro autista, e o estabelecimento de características indispensáveis para caracterizar um ser humano como portador de autismo.
Posteriormente, serão analisadas as principais limitações que são identificadas de forma evidente em crianças portadoras do transtorno do espectro autista.
1.3 Causas, limitações e comportamentos evidenciados em crianças autistas
É de suma importância analisar as principais limitações, principalmente referente às pessoas com o transtorno do espectro autista, além de procurar identificar as principais limitações dessas crianças nas diversas modalidades de seu desenvolvimento, como na interação com outras pessoas.
Embora existam diversas pesquisas na atualidade sobre o autismo, já lograram êxito em muitos aspectos desse transtorno, no entanto, ainda não se chegou ao consenso das principais causas. Sendo que as causas principais do autismo são desconhecidas, podendo estar relacionada aos fatos que ocorreram durante o lapso temporal da gestação ou, ainda há quem defenda que podem ser provocadas durante o momento da realização do parto. Outros estudiosos também defendem a ideia de que decorre de anormalidades no cérebro, entretanto ainda não foi definido com precisão o fato também de possuir origem genética, embora alguns cientistas afirmam que os genes são considerados fatores diretamente relacionados com diversos casos diagnosticados (MARTINS, 2014).
Embora não haja uma constatação precisa sobre a origem do autismo em crianças, os modos comportamentais de crianças portadoras desse transtorno já são constatadas por meio de várias pesquisas, principalmente de estudiosos da psiquiatria.
Dentre os comportamentos de autistas, conforme a American Psychiatric Association, (2014, p. 853) os principais são evidenciados em crianças autistas. São os seguintes abaixo relacionados:
➢ Isolamento perante a sociedade;
➢ Hiperatividade;
➢ Ausência de contato visual;
➢ Movimentos altamente estereotipados;
➢ Utilização de objetos de modo incomum, quando comparado a outras crianças de igual faixa etária;
➢ Utiliza as pessoas como simples ferramentas;
Conforme evidenciado, são diversos os comportamentos de crianças portadoras do espectro do transtorno autista, constatando-se o modo peculiar como atuam nos cotidianos.
No que se refere às limitações, constata-se que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é marcado por uma série de prejuízos, principalmente no que se refere às áreas de interação social, comunicação, comportamento e processamento sensorial.
Conforme o American Psychiatric Association (2014, p.853) as limitações decorrentes do transtorno do espectro do autismo podem ser divididos em 2 níveis centrais, ressaltando-se déficits relacionados à comunicação social e a interação com a sociedade, além de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades.
Entretanto, além desses dois níveis supracitados, ainda constatam-se 3 níveis de gravidades decorrentes do transtorno do espectro autista em crianças, conforme disposto no quadro 2:
Quadro 2 – Níveis de gravidade do autismo
Níveis de gravidade Comunicação social Comportamento restritivo e repetitivo Exigência de apoio Nível 3 Déficits extremamente graves referentes às habilidades e competências relacionadas com aspectos da comunicação social verbal e, também, não verbal, proporcionando uma diversidade de prejuízos graves de funcionamento, enorme limitação em dar início à interações sociais e respostas mínimas a aberturas sociais que partem de outros indivíduos. Ausência de flexibilidade comportamental, dificuldade extrema em lidar com as transformações no contexto em que está inserido ou outros comportamentos caracterizados pela restrição e pela repetição interferindo significativamente no funcionamento em todas as esferas. Grande sofrimento e dificuldade para trocar o foco ou as ações a serem executadas. Exige apoio extremamente substancial Nível 2 Déficits graves referentes às habilidades e competências relacionadas com a comunicação social verbal e, também, não verbal; Prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio; Limitações em iniciar interações sociais e respostas altamente reduzidas ou anormais a aberturas sociais que partem de outros indivíduos. Ausência de flexibilidade comportamental, dificuldade de lidar com as transformações ou outros comportamentos alicerçado na restrição e na repetição; Sofrimento ou enorme dificuldade de trocar o foco ou as ações que serão executadas. Exige apoio substancial Nível 1 Em caso de falta do devido apoio, os déficits na comunicação social proporcionam prejuízos severos. Dificuldades relacionadas a realizar o início de interações sociais e exemplos evidentes de respostas atípicas ou pautadas no insucesso a aberturas sociais dos outros. Interesse reduzido por interações sociais. Ausência de flexibilidade comportamental proporciona grande interferência no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em mudar de atividades. Problemas referentes com a organização e planejamento obstaculizando a autonomia e independência da criança. Exige apoio
Fonte: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2014)
Conforme se observa no quadro 2, relacionado aos níveis de gravidades relacionados com o transtorno do espectro autista, constatando-se dessa forma que crianças autistas não podem ser tratadas de forma homogênea, necessitando que os profissionais da saúde e professores estejam realmente habilitados para proporcionar o apoio conforme a necessidade do indivíduo, sempre em prol da redução dos prejuízos que limitam e trazem grandes sofrimentos para crianças em desenvolvimento, pois o brincar com indivíduos de faixa etária semelhante é primordial para o apaziguamento da exclusão social que pode ser proporcionado por esse transtorno.
Além disso, é indispensável que a família esteja habilitada, por meio de orientações profissionais, para saberem lidar com os filhos, conforme a gravidade detectada por meio do diagnóstico do transtorno do espectro autista, independentemente da idade.
1.4 Importância da família no desenvolvimento de crianças com autismo
A partir do enfoque da interação social e de diversas pesquisas de teóricos da área da linguística, constata-se que é relevante no processo de desenvolvimento do autista haja um ambiente no qual as crianças interajam com outras pessoas, em especial com seus familiares para que possam adquirir habilidades e competências comunicativas, ressaltando, dessa forma, o alicerce do adulto, o qual deve possuir a devida responsabilidade de realizar a adequação de suas capacidades. Dessa forma considera a família como indispensável para realizar a adaptação de seus comportamentos comunicativos com a finalidade de lograr as respostas das crianças autistas (SALOMÃO, 2014).
Conforme a Associação Brasileira para a Ação por Direitos das Pessoas com Autismo (2019) é de imprescindível o papel da família nessa contínua busca pelo desenvolvimento e inclusão social das pessoas portadores do Transtorno do Espectro Autista:
A inclusão social das pessoas com autismo deve começar em casa. Todo autista tem direito de ser acolhido por sua família que deve ser fortalecida, instruída e instrumentalizada para defender os direitos humanos das pessoas com autismo, possibilitando seu pleno desenvolvimento e a inclusão nas sociedades. Não se perde direitos por ser autista. Crianças, jovens e adultos com autismo gozam dos mesmos direitos e dignidade que as demais pessoas. Sendo que, se necessário, devem ser garantidos os apoios e adaptações razoáveis para o exercício desses direitos. A CDPD reconhece papel crucial da família para o desenvolvimento das pessoas autistas e que isso pode ser determinante no enfrentamento das barreiras impostas pela sociedade. Mesmo assim, é frequente que lhes falte apoio e orientação. É comum ainda que as famílias assimilem preconceitos e concepções equivocadas acerca do autismo e da deficiência que permeiam o meio social, o que pode se constituir num componente reforçador de estigmas e das barreiras que levam à exclusão e segregação. Apoio e orientação aos familiares, portanto, é fundamental para que elas possam desempenhar o papel de defender os direitos e promover o desenvolvimento das pessoas com autismo de maneira inclusiva. As famílias, quando conscientes do seu papel, apoiam a inclusão e empoderam as pessoas com autismo em todos os aspectos da vida para que participem cada vez mais na sociedade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA A AÇÃO POR DIREITOS DAS PESSOAS COM AUTISMO, 2019).
Constata-se que é significativa a participação da família no que concerne o desenvolvimento de crianças com autismo e consequentemente sua inclusão social, esta deve sempre que possível manter-se presente de forma participativa. A família exerce um papel importantíssimo na vida das crianças autistas, além de também sofrer um grande impacto na rotina cotidiana quando um filho é diagnosticado com o transtorno do espectro autista, pois os familiares dificilmente estão preparados para lidar com essa situação.
No entanto, após o primeiro impacto a família deve procurar continuamente o auxílio de profissionais especializados nesses transtornos, além de profissionais da educação, como pedagogos, por exemplo, procurando sempre compreender sobre tratamentos eficazes, além de saber realmente lidar e promovendo uma boa qualidade de vida para esses indivíduos.
1.5 Políticas públicas direcionadas à inclusão social de autistas
No momento em que se fala em processo de inclusão, deve ser analisada uma diversidade de ângulos, pois os vários pontos são interligados, sendo de suma importância que o indivíduo autista não esteja inserido somente em aspectos isolados, como por exemplo, no ambiente escolar, mas deve está integrado em todos os aspectos da sociedade, necessitando-se, dessa forma que o Estado, por meio de seu poder legislativo, elabore leis em prol dessas crianças autistas, e o Poder Executivo atuem juntamente da aplicação dessas normas, e caso haja descaso, o Poder Judiciário atue de forma eficiente para sanar aspectos relacionados com a exclusão de crianças portadoras do transtorno do espectro autista.
O ordenamento jurídico brasileiro no que se refere à inclusão de crianças com autistas, está alicerçado por meio de tratados internacionais, em especial a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, a qual por meio de seus artigos preceitua que os indivíduos portadores de deficiência possuem direitos humanos iguais, assim como liberdades fundamentais de forma isonômica com as outras pessoas, sendo compreendido como discriminação a diferenciação ou exclusão de deficientes, impedindo ou anulando o exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais (CUNHA, 2015)
Uma lei que preceitua sobre os direitos das pessoas com deficientes, com base na inclusão social é o Decreto Federal nº 3.956 do ano de 2001, ao exigir que sejam reinterpretados aspectos referentes à educação especial no território brasileiro, procurando continuamente a promoção da eliminação de entraves que geram obstáculos ao acesso à escolarização (BRASIL, 2001).
Outro diploma normativo extremamente importante para o processo de inclusão da criança com autista é a Lei Federal 12.764 promulgada no ano de 2012 instituindo a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, preceituando vários direitos e garantias, dentre eles o acesso à educação em todas as suas modalidades, como por exemplo, o ensino profissionalizante, além de determinar que o responsável pela gestão escolar que, sem motivo justificado realiza a recusa da matrícula de crianças autistas será punido com a imposição de multa, e havendo a reincidência específica deverá obrigatoriamente ser afastado do cargo (BRASIL, 2012).
A lei 12.764 e outras leis do ordenamento jurídico brasileiro, como a lei 8.742 do ano de 1993, a Lei 8.899/94, a Lei 13.370/2016, as quais preceituam por meio de seus artigos vários direitos de pessoas portadoras do transtorno do espectro autista, conforme pode ser evidenciado no quadro de número 3:
Quadro 3 – Direitos dos autistas, conforme o ordenamento jurídico nacional
Direitos Comentários Curatela Há segurança jurídica para os autistas com mais de 18 anos. Chama-se curatela e nada mais é que um ato tomado por um juiz de estender a responsabilidade dos pais para os cuidados com o filho quando este atinge a maioridade e não tem autonomia para gerir as diferentes situações da vida civil (relacionadas a questões financeiras e decisões sobre sua saúde, por exemplo). Vale ressaltar que o instituto da curatela só é concedido mediante pedido judicial. Jornada de trabalho Uma pessoa autista precisa de atenção especial e isso, claro, demanda tempo de quem é responsável por ela. Por isso, conforme a Lei 13.370/2016, há a redução da jornada de trabalho dos pais de filhos autistas. A autorização tira a necessidade de compensação ou redução de vencimentos para os funcionários públicos federais que são pais de pessoas com TEA. A legislação ainda só comporta os cargos públicos e, para solicitar a redução da jornada, é preciso requerimento administrativo junto ao órgão gestor, apresentando a comprovação das necessidades do dependente. Impostos O autista tem como benefício o não pagamento de impostos na compra de qualquer automóvel. Através de uma autorização judicial para a venda, com laudo preenchido e assinado por um médico, um psicólogo e o representante de serviço médico vinculado ao SUS, a compra pode ser efetuada dessa forma. Transporte O Passe Livre pode ser compreendido como outro benefício da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo, conforme a Lei 8.899/94 garante a gratuidade no transporte interestadual à pessoa autista que comprove renda de até dois salários mínimos. A solicitação é feita através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Em caso de viagens aéreas, o autista que precisa de auxílio durante o trajeto pode ser acompanhado de uma pessoa maior de 18 anos, que terá um desconto médio de 80% em sua passagem. O pedido deve ser feito diretamente à empresa aérea do voo. Previdência O INSS somente estará disponível para aquelas pessoas que contribuíram no decorrer dos anos antes de se aposentar. No entanto o poder estatal criou regras especiais para as pessoas portadoras do transtorno do espectro autista, conforme pode ser evidenciado por meio da análise da Lei 8.742/93, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que oferece o Benefício da Prestação Continuada (BPC). Para ter direito a um salário mínimo por mês, o TEA deve ser permanente e a renda mensal per capita da família deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Para requerer o BPC, é necessário fazer a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e o agendamento da perícia no site do INSS.
Fonte: BRASIL (2012)
Conforme se observa, há leis internacionais e nacionais em prol da inclusão de crianças autistas, no entanto não basta apenas isso para que esse processo seja profícuo, é necessário que haja a capacitação por meio de formações contínuas de profissionais em na devida habilitação e competências para atuarem com crianças diagnosticadas com o transtorno do espectro autista, proporcionando o devido apoio a esses indivíduos, não podendo mais ser admissível, que essas crianças sejam alvos de preconceitos e exclusão social.
Neste sentido, é imprescindível que se considere a inclusão como um processo equitativo e de qualidade para todas as crianças autistas, contribuindo dessa forma para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
2. O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS AUTISTAS
Para amenizar as dificuldades enfrentadas pelas crianças portadoras do espectro autistas devem ser utilizados todos os recursos disponíveis. Os jogos e brincadeiras são de suma importância para esse desenvolvimento e interação social, no entanto deve ser acompanhado por pessoas que possuam a competência para aplicar os jogos conforme o grau de autismo evidenciado.
2.1 Conceito de jogos
O lúdico pode ser compreendido como o adjetivo que proporciona significação e qualificação de tudo o que se relaciona com o jogo ou com as mais diversas brincadeiras e, principalmente, compreender que a criança é um ser feito para brincar. Por meio das atividades lúdicas, a criança adquire diversas experiências, pois a brincadeira é uma parcela de suma importância da sua vida e, também, evoluem por meio de suas próprias brincadeiras e das intervenções de brincadeiras feitas por outras crianças e adultos (KISHIMOTO, 2005).
Assim, nas brincadeiras podem ser definidas como uma atividade psicológica extremamente complexa, sendo também considerada uma atividade lúdica proporciona e desencadeia a utilização da imaginação criadora pela impossibilidade de satisfação imediata de desejos por parte da criança. Por meio da brincadeira há o enriquecimento da identidade da criança, pois ela experimenta outro modo de ser e uma nova forma de pensar, ampliando consideravelmente suas concepções referentes às coisas e as pessoas, pois o faz desempenhar diversos papeis de cunho sociais no momento que faz a representação de diferentes personagens.
O jogo nessa perspectiva pode ser definido como um recurso do instinto mais importante para a educação. O jogo é conhecido popularmente como um recurso somente para a criança passar o tempo. No entanto, a partir da observação, pode-se constatar que o jogo está presente historicamente nas diversas culturas, representando uma peculiaridade que é natural do ser humano.
O jogo é um instrumento direcionado ao desenvolvimento, sendo definido como um processo de interação entre a criança, o meio ambiente, a percepção e os movimentos, levando as crianças a compreenderem os valores do grupo no confronto e no respeito de ideias e vontades dos outras pessoas, quando há a interação com os pares, consequentemente adquirem as destrezas sociais de fundamental importância para a vida adulta e a sua devida integração na sociedade (PEREIRA, 2013).
Ainda podem ser definidos os jogos por meio do significado literal da palavra “ludere” que significa literalmente exercer ou treinar. Dessa forma infere-se que o jogo é um impulso inato à natureza da criança funcionando, dessa forma, como um grande recurso motivador, mobilizando esquemas mentais, estimulando o pensamento, ordenando tempo e o espaço, além de realizar a integração entre as várias dimensões da personalidade, tanto no aspecto afetivo, no aspecto social, na questão e motora e no aspecto cognitivo, favorecendo a aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimento de competências e habilidades da coordenação, da destreza, da rapidez, da força e em fatores relacionados com a concentração (HANZE, 2019).
Os jogos ainda podem ser definidos conforme análise de um ângulo antropológico e social, em razão de suas características de serem reflexos evidentes nas mais diversas culturas, de forma peculiar, em cada sociedade, por meio de seus costumes e a formação do processo histórico das diferenças culturais assim como as suas diversas influências do contexto no qual diferentes grupos de crianças realizam as mais variadas brincadeiras. Enfim, os jogos são processos que jamais podem ser destacados do aspecto social, pois jogos demonstram a cultura de um povo (BROTTO, 2014).
O jogo é considerado como um fenômeno extremamente antropológico o qual deve ser levado sempre em consideração no desenvolvimento de indivíduos na idade infantil, principalmente no que se refere à utilização de forma adequada para crianças que apresentam alguns tipos de transtornos da personalidade, ressaltando-se o Transtorno do Espectro Autista, sendo sempre uma constante em todas as civilizações, estando sempre unido à cultura dos respectivos povos, a sua história, ao mágico, ao imaginário, ao sagrado e ao profano, ao amor, a arte, a língua, a literatura, aos costumes, a guerra. O jogo sempre foi um aparato indispensável, servindo de vínculo entre os mais diversos povos ao longo da história, sendo uma espécie de facilitador da comunicação entre seres humanos (MÚRCIA, 2015).
Por esta razão faz-se necessário analisar a trajetória histórica dos jogos educacionais, até chegar aos dias atuais, sendo de importante no processo de ensino-aprendizagem no ambiente escolar.
2.2 Histórico da utilização de jogos na educação
O histórico da utilização de jogos é primordial para a compreensão de como podem ser utilizados nos dias atuais, pois conforme analisado nas culturas dos povos constata-se que o lúdico está estritamente relacionado com o aspecto cultural.
Durante a antiguidade as mulheres e crianças não possuíam o direito de brincar, pois a sociedade da época não os considerava na condição de cidadãos, desse modo, ficava apenas apreciando os homens jogarem. As crianças, praticamente, não realizavam nenhum tipo de interação social com os adultos, realizando as brincadeiras de forma isolada e apenas com pessoas da mesma faixa etária, ou seja, as crianças brincavam apenas com outras crianças.
Durante a antiguidade clássica, ressaltando-se, especialmente, na Grécia e na Roma antiga as crianças eram vistas apenas como espécies de miniaturas de adultos e deviam trabalhar ao invés de estarem envolvidos com brincadeira, chegando até mesmo a considerar as crianças como meros objetos, não portadoras de direitos. Sendo assim os únicos momentos de integração eram através dos jogos comunitários nos quais havia o envolvimento de crianças e mulheres (CUNHA, 2015).
Na Idade Média, marcado pela enorme influência do Cristianismo, segundo o processo educacional era marcado por uma grande carga alicerçada na disciplina, por meio da imposição de uma grande diversidade de dogmas, alicerçada de forma expressa em uma visão tradicionalista referente à educação, onde em sala de aula exigia-se um silêncio absoluto, sendo o aluno um ser extremamente e passivo e o professor o único dono da verdade, utilizando quase sempre de um autoritarismo exacerbado, os pais temiam que seus filhos não aprendessem e a escola pouco sabia sobre como a criança aprende. Dessa forma, durante o Período da Idade Média havia a impossibilidade da expansão dos jogos, que, nesta época eram até mesmo considerados como uma infração da lei, semelhantes à embriaguez e à prostituição (KISHIMOTO, 2005).
Na época da Idade média não havia as menores condições para a expansão dos jogos, sendo utilizados apenas os jogos das festas religiosas, os quais não possuíam os objetivos que os jogos possuem na atualidade, pois não proporcionam o desenvolvimento das crianças e principalmente davam as condições necessárias para que as crianças lograram êxitos em sua autonomia e conhecimento de si (OLIVEIRA, 2016).
No período renascentista os jogos e as brincadeiras eram considerados muito diferentes do período grego e romano, pois eram compreendidos como condutas livres que favoreciam significativamente o desenvolvimento da inteligência e a facilitação nos estudos, sendo adotada como uns recursos de extrema importância para o processo de ensino-aprendizagem de conteúdos escolares.
Os jogos durante o renascimento foram utilizados para se contrapor aos processos tradicionais de ensino, por meio de recursos retrógrados, ressaltando-se à palmatória vigente. Desde então seria mais benéfico que o pedagogo proporcionasse forma lúdica aos conteúdos ministrados em sala de aula. O jogo veio a ser reconhecido como um instrumento pedagógico, já no período renascentista, porque mesmo as brincadeiras livres, ajudam, de forma extremamente benéfica, o desenvolvimento do raciocínio lógico e da inteligência. A partir de então passou a fazer parte do currículo escolar, mas de forma lúdica (KISHIMOTO, 2005).
Durante o Renascimento, especialmente por volta do século XVII há a grande expansão de forma contínua dos jogos didáticos ou educativos, nomeadamente com o avanço dos estudos matemáticos, permite que uma nova visão de jogo seja resgatada provocando, dessa forma, uma espécie de reavaliação intelectual do jogo. Constatam-se a multiplicação de diversos tipos de jogos, em especial a jogos que propiciam o processo de ensino-aprendizagem referente leitura, bem como uma variedade de jogos destinados à tarefa didática nas áreas de diversas disciplinas, ressaltando-se a História, a Geografia, a Moral, a Religião, dentre muitas outras. Os jogos que antes eram restritos a educação de nobres da realeza popularizam-se, tornando-se, a posteriori, grandes veículos de divulgação e crítica (CUNHA, 2015).
Com a eclosão da Revolução Francesa, no século XIX houve grandes inovações nas áreas pedagógicas, constatando-se um esforço contínuo em prol de colocar em prática princípios de diversos teóricos, dentre eles Rousseau, quem deu um sentido extremamente novo à filosofia de Kant que possuiu uma influência direta sobre Schiller no aspecto lúdico. Esses teóricos defendiam que os jogos e a utilização de brincadeiras ofereciam uma aprendizagem de vida e o, consequentemente, desenvolvimento do ser humano de forma indissociável. A partir das teorias elaboradas por Schiller, surgem diversas mudanças, com a marcante frase da décima quinta das cartas da obra Cartas para a educação estética do homem, segundo a qual “o homem só é de facto homem quando joga” (VELOSO, 2019).
O jogo conforme Schiller (1990) é um vetor de harmonia, um vetor de beleza e principalmente um norte em direção ao equilíbrio. Dessa forma, o jogo evidencia-se como uma espécie de princípio de unidade e de liberdade e, também de legalidade. Os jogos exercitam de diversas formas o corpo humano, os sentidos e as aptidões, preparando o indivíduo para toda a vida nas mais diversas relações sociais. (CUNHA, 2015)
No entanto, uma das principais influências sobre a importância dos jogos foi advinda por meio do teórico Rebel ao preceituar que os jogos são aptos a proporcionar a liberdade e a espontaneidade, devendo sempre ser uma ferramenta para a da educação, pois permite que os discentes construam suas principais representações do mundo, pois os jogos, quando utilizados por educadores habilitados são considerados excelentes meios de proporcionar a devida formação dos alunos (KISHIMOTO, 2005).
A expansão dos jogos na área educacional inicia-se de forma significativa somente no século XXI devido, principalmente, ao crescimento da rede de ensino infantil e também pelas discussões referentes às relações entre os jogos e as brincadeiras e suas inserções no processo educacional. Infere-se que nem sempre o jogo no ambiente da escola foi, realmente, aceito ou entendido como um significativo recurso didático, deparando-se, até mesmo nos dias atuais, algumas resistências referentes às suas aplicações durante o desenvolvimento das aulas.
Há alguns profissionais da educação que defendem que o jogo, de forma alguma, pode ocupar o lugar de lições voltadas para o moral, não sendo digno de absorver um grande lapso temporal, que poderiam ser utilizados para a transmissão de mais conteúdos, entende-se, dessa forma, ressalta-se que a utilização de jogos educativos, em nada contribui para a formação moral dos alunos, e muito menos possui aptidão para colaborar significativamente para o desenvolvimento cognitivo dos alunos infantis (COSTA, 2011).
O quadro 4 demonstra um breve resumo sobre a trajetória histórica sobre a devida importância dos jogos para o processo de ensino-aprendizagem.
Quadro 4 – Trajetória histórica da importância dos jogos para o processo de ensino-aprendizagem
Período histórico Comentários Antiguidade Clássica Crianças eram consideradas, somente, como meros objetos, jamais participando de jogos em prol da interação social com pessoas de faixa etária diferentes. Idade Média Jogos possuíam importância ínfima, devido ao grande tradicionalismo cristão determinado pela Igreja, não havendo espaços para as suas aplicações em prol do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Renascimento Jogos começam a se popularizar entre todas as camadas sociais, não sendo utilizados somente pelas famílias nobres da época. Século XIX (Pós Revolução Francesa) Grandes inovações nas áreas pedagógicas, constatando-se um esforço contínuo em prol de colocar em prática princípios iluministas de Rousseau, quem deu um sentido extremamente novo à filosofia de Kant, quem possuía uma influência direta sobre Schiller no aspecto lúdico. Esses teóricos defendiam que os jogos e a utilização de brincadeiras ofereciam uma aprendizagem de vida e o, consequentemente, desenvolvimento do ser humano de forma que não poderia ser dissociado. Século XXI Ratifica-se a importância dos jogos para o processo de ensino-aprendizagem, embora ainda uma parcela mínima que defendem a tese da pouca importância da utilização dos jogos nas salas de aula.
Fonte: COSTA ET.AL (2011).
Conforme se observa, os jogos nem sempre tiveram os mesmos significados nas diferentes épocas da história, sendo que teve períodos em que os jogos e brincadeiras praticamente não foram utilizados no processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem das crianças.
2.3 Tipos de jogos que podem ser utilizados no processo de ensino-aprendizagem de crianças autistas
Assim é imprescindível que se conheça o máximo possível das crianças autistas que estão inseridas no ambiente escolar, pois somente, assim, serão utilizados as técnicas, jogos e brincadeiras capazes de proporcionar a motivação de crianças autistas e contribuir satisfatoriamente para o processo de ensino-aprendizagem e sua interação social, a qual deverá ocorrer principalmente com os próprios colegas de classe.
Na presente pesquisa foram analisados diversos jogos, que podem ser aplicados em salas de aula com alunos autistas, conforme a identificação das necessidades pelo professor.
Uma atividade considerada importante para o desenvolvimento motor de crianças autistas é a brincadeira “cócegas” do personagem favorito, atividade esta que é caracterizada pelo suspense e máscara do personagem que a criança mais gosta. Para a execução da atividade o professor necessita vestir uma fantasia que se assemelha ao personagem que a criança autista se identifica e posteriormente inicia um processo de cócegas na criança (TOLEZANI, 2019).
No momento em que a criança está participando da atividade ele tende a sorrir, este estimula de forma significativa à coordenação motora da criança portadora do transtorno do espectro autista (LUZ, 2019).
A criança autista interage e se torna sujeito ativo da brincadeira no momento que fala a palavra “cócegas”, solicitando que o professor ou um adulto qualquer realize as cócegas no seu corpo. Infere-se que o principal objetivo dessa brincadeira consiste no desenvolvimento da comunicação da criança, em especial a comunicação verbal. No entanto, há a necessidade prévia de conhecer a criança antes de iniciar qualquer brincadeira, pois no exemplo da brincadeira “cócegas do personagem favorito” se a criança autista possui fobia a máscaras, essa brincadeira jamais poderá ser aplicada, porque objetiva-se a motivação por meio da deverao e não trazer mais danos psicológicos para essas crianças por meio do medo (INSPIRADOSPELOAUTISMO.COM, 2019).
Uma segunda atividade que pode ser aplicada nas classes que existam crianças portadoras do transtorno do espectro autista é a brincadeira “passeio no supercarro”. Esta brincadeira utiliza apenas um colchonete o qual coloca o aluno autista sobre ele e o puxa por toda a sala, representando um carro em movimento, levando a criança a passeios imaginários. Esse jogo possui como principal objetivo a Comunicação verbal e a concentração, com o autista sendo sujeito ativo da brincadeira no momento que pronuncia a palavra “passear”, solicitando que o professor continue a brincadeira (TOLEZANI, 2019).
Uma terceira atividade é intitulada “O sapo comedor de bolhas”. Por meio dessa atividade há criação de bolhas de sabão além da utilização de um fantoche em forma de sapo que come as bolhas, havendo a participação como sujeito ativo da brincadeira no momento em que as crianças falam “Bolha”. Dessa forma é possível lograr êxito na comunicação verbal e no contato visual, ou seja, dois aspectos que são limitados pelas crianças autistas (TOLEZANI, 2019).
Posteriormente foi pesquisa a atividade lúdica intitulada “TV musical”, a qual é desenvolvida por meio de Canções, de gestos, danças, dentre outras atividades, procurando sempre motivar as crianças com os professores utilizando um coelho dentro de uma TV que pode ser feita com uma caixa de papelão. Dessa forma, no momento em que o coelho está cantando as crianças possui uma grande concentração além de haver a comunicação não verbal dessas crianças por meio do gestual, possuindo como principal finalidade da brincadeira o contato visual. A imitação e a participação física (TOLEZANI, 2019).
A quinta atividade analisada refere-se à brincadeira “Dada das brincadeiras” atraindo as crianças autistas por meio de pulos, brincadeiras de rodar, de balançar dentre outras, possuindo como objetivo a concentração das crianças autistas, a melhoria da flexibilidade e a participação física (TOLEZANI, 2019).
Outra atividade importante para o desenvolvimento das crianças autistas é a brincadeira “Fazendo a história” por meio da demonstração de desenhos ou de brinquedos de animais, de meios de transporte, por exemplo, na qual o professor conta histórias na sala de aula, contribuindo significativamente para a expressividade facial, expressividade corporal e de voz em encenações, que além de motivar as crianças autistas, ainda atraem a sua atenção (TOLEZANI, 2019).
Outra atividade que pode ser aplicada em sala de autista é o “Show das Charadas”, analisando o grau de conhecimento de mundo que a criança tem, com o professor atuando como se fosse um programa de TV de perguntas e respostas, sendo a criança considerada um sujeito ativo na brincadeira no momento em que tenta descobrir as charadas propostas pelo professor. Esse jogo possui como objetivo conhecer um pouco do aluno para posteriormente adequar o processo de ensino-aprendizagem conforme as suas necessidades (TOLEZANI, 2019).
A oitava atividade pesquisada foi “Seu próprio jogo de tabuleiro”, identificando o conhecimento que os autistas trazem de fora da escola, além de ser de suma importância para o desenvolvimento da flexibilidade de crianças autistas. A nona atividade é intitulada “A aventura da caça ao tesouro” a qual possui como principais objetivos a integração social do aluno com as outras crianças, além do desenvolvimento da flexibilidade e da concentração desses alunos portadores do transtorno do espectro autista (TOLEZANI, 2019).
Conforme evidenciado, são diversos os jogos e atividades lúdicas que podem contribuir significativamente para o processo de ensino-aprendizagem do aluno, além de proporcionar a integração com todos os alunos em sala de aula, evitando-se dessa forma que haja uma segregação.
No entanto, de nenhuma forma procurou-se impedir a inserção dos jogos e brincadeiras direcionados às crianças portadoras do transtorno do espectro autista, pois a cada dia que passa, por meio de pesquisa são elaborados jogos direcionados para esse público-alvo.
Há muitos outros jogos que são utilizados nas salas de aula que existem alunos autistas, como “formas geométricas divertidas”, “fazendo arte”, “parada na estação cheirosa”, “jogo de metades correspondentes”, “pintar com gelo”, “bolhas perfumadas”, “a hora do show”, “jogos de adivinhação”, “espionagem”, “garrafas do alfabeto”, dentre muitas outras, conforme pesquisa em diversos sites que proporcionam detalhadamente brincadeiras direcionadas ao desenvolvimento de crianças autistas, como os sites: inspiradospeloautismo.com; cursodebaba.com; entendendo o autismo.com, dentre outros.
O quadro de número 5 faz um breve resumo das 9 (nove) atividades analisadas e seus respectivos objetivos para o desenvolvimento de crianças autistas.
Quadro 5 – Atividades que podem ser aplicadas a alunos autistas
Jogos Metas principais Cócegas do personagem favorito. Comunicação verbal; Desenvolver período de atenção compartilhada de 5min ou mais; Passeio no supercarro Comunicação verbal. Desenvolver período de atenção compartilhada de 10min ou mais. O sapo comedor de bolhas Comunicação verbal. Contato visual. Desenvolver período de atenção compartilhada de 5min ou mais. TV musical Contato visual; Imitação; Participação física. Dado das brincadeiras Desenvolver atenção compartilhada de 15 minutos ou mais; Flexibilidade; Participação física; Fazendo a história Acompanhar e compreender uma sequência narrativa;
Participação física;Show das charadas (sessão a 3) Desenvolver interesse em informações pessoais; Flexibilidade. A aventura da caça ao tesouro Participação física em jogo simbólico.
Flexibilidade – participação em jogo com diversas etapas, estrutura complexa e um conjunto de regras.
Desenvolver um período de atenção compartilhada de 20 minutos ou mais.
Solução de problemas.
Comunicação verbal.Seu próprio jogo de tabuleiro Flexibilidade. Desenvolver um período de atenção compartilhada de 20 minutos ou mais. Participação física em jogo simbólico. Comunicação verbal.
Fonte: TOLEZANI (2019)
Conforme evidenciado, são diversos os benefícios proporcionados pela utilização de jogos em sala de aula por professores, proporcionando tanto benefícios referentes ao processo de ensino-aprendizagem, como também a aspectos relacionados com a inclusão social dos alunos. No entanto, mesmo com tantos recursos disponíveis o professor não pode utilizar jogos de forma aleatória, devendo então estar apto a conhecer a realidade do aluno autista, pois essas pessoas não podem ser caracterizadas como um grupo heterogêneo, mas cada um marcado por sua individualidade.
A utilização de jogos e atividades lúdicas pode contribuir para despertar o interesse dos alunos pelas diversas atividades propostas pela a escola e melhorar o desempenho das crianças autistas, facilitando o processo de ensino aprendizagem. Segundo Vygotsky (apud ROLIM,GUERRA e TASSIGNY, 2008, p.177)
“O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem”.
Desse modo existem estudiosos que defendem a utilização de jogos e atividades lúdicas como ferramenta facilitadora do processo de ensino e aprendizagem. Pois segundo eles, o trabalho empregando a ludicidade contribui para que haja uma interação diferenciada entre aluno e professor. Por isso é importante frisar uma elaboração assertiva sobre atividades relacionadas ao uso de jogos e de atividades lúdicas como recurso facilitador do ensino e aprendizagem. Através do lúdico, o professor tem a oportunidade de tornar sua prática pedagógica inovadora, pois além de desenvolver atividades divertidas e encantadoras, o docente pode proporcionar diversas situações de interação entre os alunos melhorando a forma de convivência entre os mesmos.
3. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS EDUCATIVOS PARA A AMENIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DE CRIANÇAS AUTISTAS
No presente capítulo serão abordados os vários desafios que são enfrentados pelas crianças autistas, em especial no processo de integração no ambiente escolar, além de constatar os principais benefícios que a utilização de jogos em sala de aula pode proporcionar para essas crianças que apresentam diversas limitações.
3.1 Desafios enfrentados pelos alunos autistas no ambiente escolar
São vários os desafios encontrados pelos alunos autistas no ambiente escolar, em razão, principalmente, das dificuldades de inclusão, devido à dificuldade de interação com outras crianças, e consequentemente ocorre a exclusão desses indivíduos.
As dificuldades podem ser evidenciadas em três aspectos, ressaltando-se a socialização, a comunicação e a imaginação. No que se refere à socialização existe a aproximação social de modo incomum, a ausência de reciprocidade social e emocional, além das dificuldades no desenvolvimento de relacionamentos com as crianças de mesmas idades. No aspecto da comunicação os desafios evidenciados são as limitações na compreensão e na utilização de comunicação não verbal; dificuldades de integração; dificuldade de comunicação verbal e não verbal e dificuldade relacionados a padrões incomuns na linguagem. Já no aspecto da imaginação as crianças autistas apresentam dentre as dificuldades padrões de comportamento restritivos e repetitivos, respostas sensoriais pouco usuais e prejuízo qualitativo na brincadeira (WOLFBERG, 2013).
São diversos os problemas enfrentados pelas crianças autistas necessitando de atenção especial, pela atuação de profissionais extremamente habilitados, pois, de outra forma, os jogos, ao invés de proporcionar benefícios para o desenvolvimento cognitivo e de inclusão desses indivíduos no ambiente escolar, pode provocar ainda uma exclusão social.
Infere-se que vários desafios são encontrados pelos autistas. Essas dificuldades estão presentes de forma expressa, conforme o quadro 1.
Quadro 6 – Dificuldades enfrentadas pelos autistas na utilização de jogos em sala de aula
Desafios Comentários Íntimas oportunidades para participar dos jogos Pouco ou, mesmo nenhum tempo para a realização de atividades por meio de jogos, tanto com a presença de outras crianças ou sozinhos, pois os jogos e brincadeiras, ainda, não são considerados como uma atividade adequada para os autistas, havendo a prioridade de atividades dirigidas pelos adultos na educação e nas sessões de terapias. Meios Insuficientes para a execução de jogos Existência de poucos educadores habilitados, com o conhecimento adequado, competências, habilidades e experiências para auxiliar, de forma efetiva, as crianças portadoras de autismo nas experiências fundamentais de jogo. Acesso de modo desigual a ambientes de jogos apropriados A maioria dos ambientes referentes a jogos adaptados apresentam diversas falhas ao considerar as necessidades únicas sociais, simbólicas e sensoriais das crianças portadoras de autismo. Exclusão de crianças portadoras de autismo da cultura dos jogos e brincadeiras no ambiente escolar As crianças sem autismo tendem a rejeitar ou ignorar as crianças no momento que percebem que não se encaixam nas normas esperadas de grupo, pois as outras crianças não conseguem realizar a interpretação das maneiras sutis e incomuns que os autistas possuem para expressar seus interesses, para jogar e para se socializarem.
Fonte: WOLFBERG (2013)
No que se refere especificamente ao ambiente escolar os desafios encontrados pelas crianças autistas são enormes, evidenciando, dessa forma, o preconceito que existe com crianças diagnosticadas com esses transtornos.
Por meio da presente pesquisa constatou-se uma série de desafios. Conforme um estudo da Associação Brasileira para ação por direitos das pessoas com autismo (Abraça), ressalta-se como principais desafios de crianças autistas e seus familiares os abaixo relacionados:
➢ Instituições Escolares privadas particulares que negam matrícula e cobram taxas adicionais, apesar de ser crime previsto em Lei;
➢ Irregularidade na oferta de apoios e a ausência de um planejamento nas escolas públicas o que, apesar dos avanços que precisam ser reconhecidos, são um problema significativo no processo de inclusão;
➢ Centros Especializados de Reabilitação (CER) em número insuficientes e baixa cobertura da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para atender à demanda;
➢ Muitos autistas em situação que perderam os laços familiares vão parar em instituições similares a asilos, o que é ilegal e fere a dignidade humana;
➢ Os municípios contam com poucas residências inclusivas em conformidade com a lei;
➢ Não existe ainda uma Política Nacional de Cuidadores e Assistentes Pessoais para garantir esse apoio em domicílio quando necessário, conforme determina o artigo 19 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Conforme se observa, são diversos os desafios enfrentados pelas crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista. As dificuldades só aumentam principalmente devido à falta de estrutura direcionada ao atendimento desses indivíduos.
3.2 Papel do professor frente à utilização de jogos por crianças autistas
O papel do professor no que se refere aos jogos é de suma importância, pois inicialmente deve conhecer a realidade em que estão inseridas as crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista, pois não há como utilizar jogos se não souber as formas que motivam essas crianças que apresentam uma série de dificuldades como problemas relacionados à concentração.
Os professores devem ser entendidos como mediadores definidos no processo de ensino-aprendizagem, por meio da utilização de jogos favorecem a interpretação do estímulo ambiental, procurando sempre estar chamando a atenção para os seus aspectos fundamentais, atribuindo significados às informações recebidas, possibilitando, dessa forma, que a mesma aprendizagem de regras e princípios sejam aplicados às novas aprendizagens, tornando o estímulo ambiental altamente relevante e significativo, favorecendo, dessa forma o desenvolvimento de crianças autistas (LOPES, 2015).
O professor tem um papel indispensável para a inclusão nas escolas, ao passo que sabendo escolher jogos e brincadeiras adequadas conforme as necessidades cada aluno, torna prazerosa a busca pelo saber de pessoas limitadas pelo autismo, o educador deve, obrigatoriamente, criar várias possibilidades de desenvolvimento para todos os alunos, independente de possuírem transtornos ou não, no entanto, ao mesmo tempo deve conhecer a individualidade de seus alunos, especialmente aqueles diagnosticados com o transtorno do espectro autista.
Além disso, não se pode permitir que crianças autistas sofram preconceitos nas salas de aula, e procurar sempre que possíveis métodos que valorizem a socialização com outras crianças. Além de orientar os autistas, devem primeiramente orientar as crianças que não compreendem os comportamentos dos autistas, pois é sabido que o preconceito é externado até por adultos que já são seres formados, agora imagina por crianças que ainda estão em desenvolvimento (MOUSINHO, 2016).
As crianças com autismo têm dificuldades de entender os aspectos referentes às relações humanas, como exemplos as regras e as convenções sociais. Seus comportamentos são alicerçados na rigidez originando várias dificuldades em gerir as mudanças tornando-as vulneráveis e também bastante ansiosas, sendo que são constatados casos que não apreciam o contato físico e se a situação não for bem manejada, podem acabar sendo ridicularizadas por outras crianças, proporcionando ainda mais o problema da inclusão.
No entanto, elas querem ser parte do mundo social e ter amigos, mas não sabem como fazer para se aproximar. O papel do professor nessa perspectiva é tornar possível a socialização da criança com autismo na sala de aula e adequar a sua metodologia para atender as necessidades destes. Em muitas situações, as crianças com autismo ficam às margens do conhecimento ou não participam das atividades grupais, fato que exige do professor sensibilidade para incluí-lo ao convívio com o meio, visto que é no processo de socialização que se constitui o desenvolvimento e aprendizagem. É importante que o professor detecte as dificuldades existentes e investigue o nível de desenvolvimento dos mesmos, para que dessa forma ele saiba quais aspectos devem ser trabalhados com a criança (CUNHA, 2015).
O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento e gradativo, portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno. O aluno deve ser avaliado para colocá-lo num grupo adequado, considerando a idade global, fornecida pelo PEP-R e P.P.I, desenvolvimento e nível de comportamento. É de responsabilidade do professor a atenção especial e a sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam esses alunos autistas. É indispensável que o professor conheça todas as características e dificuldades que abrangem esse transtorno, só assim ele será capaz de planejar suas ações de modo que no vivenciar das experiências a criança não seja vítima de atos discriminatórios (ORRU, 2014)
3.3 Benefícios do lúdico para o desenvolvimento de alunos autistas
As crianças portadoras de transtorno do espectro autista que se encontram na condição de aluno se deparam com uma série de desafios extremamente significativos os colocando em um risco alto de não lograr de experiências fundamentais em aspectos relacionados com as atividades lúdicas, por meio da utilização de jogos no ambiente escolar, podendo gerar impactos no seu desenvolvimento por toda a sua vida, afetando o bem estar psíquico, o seu funcionamento perante a sociedade e a sua participação na cultura, pois crianças com autismo possuem habilidades e competências reduzidas para interagirem socialmente, trazendo como consequência a solidão, devido o isolamento social. Infere-se que o desenvolvimento de habilidades ocorre de forma gradativa, se adaptando ao mundo que está inserido, sendo de fundamental importância para sua socialização (RODRÍGUEZ, 2015).
Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. No entanto, é principalmente no plano da imaginação que o brincar se destaca de forma mais significativa, principalmente devido pela mobilização dos significados. Em suma, sua importância se relaciona diretamente com a cultura da infância, que põe a brincadeira como uma ferramenta indispensável para a criança se expressar, para aprender e, consequentemente, se desenvolver. (KISHIMOTO, 2010)
As crianças com autismo, por meio dos jogos conseguem adquirir várias habilidades e competências sociais, na comunicação, motrizes e principalmente no aspecto cognitivo, tornando esses discentes capazes de assumirem um papel cada vez mais ativo diante da realidade tanto no ambiente escolar, como no ambiente social extraescolar, pois o jogar ou o brincar pode ser entendido como um ato extremamente cultural, direto e vinculado de forma plena no que se refere ao desenvolvimento das crianças autistas. No entanto, o brinquedo e os jogos devem ser adequados para, somente, dessa forma, conseguir êxito no desenvolvimento da criança autista (RODRÍGUEZ, 2012).
As atividades lúdicas possibilitam a devida fomentação no que se refere à formação do autoconceito positivo de crianças portadoras do transtorno do espectro autista, pois as atividades lúdicas possibilitam, de forma significativa, desenvolvimento de modo integral das crianças por meio de jogos e brincadeiras a criança se desenvolve no aspecto afetivo, convive socialmente e opera mentalmente; o jogo é produto de cultura, e seu uso permite a inserção da criança na sociedade; brincar é considerado uma necessidade básica como é a nutrição, a saúde, a habilitação e a educação, ajudando as crianças no seu desenvolvimento físico, desenvolvimento afetivo, desenvolvimento intelectual e desenvolvimento social, pois, por meio de atividades lúdicas, as crianças autistas, embora como muita dificuldade, elaboram conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolvendo a expressão oral e a expressão corporal, reforçando habilidades sociais, reduzem a hiperatividade e agressividade, integram-se na sociedade e constroem o seu próprio conhecimento. Enfim, os jogos são fundamentais para a saúde física e mental, permitindo que crianças autistas passem a vivenciar a mediação entre o real e o imaginário (SANTOS, 2014).
Há desenvolvimento moral e social das crianças nas brincadeiras, tanto nos jogos de enredo quanto nos jogos de regras. Além do que foi elencado, temos os jogos: sensoriais, com atuação dos órgãos dos sentidos (cheirar, provar, escutar, tocar, entre outros); psíquicos, que dizem respeito às capacidades de jogar sério, conter o riso, brincar de estátua; motores, que exercitam a ação dos músculos e a coordenação dos movimentos; afetivos, que envolvem sentimentos e experiências pessoais; intelectuais, tais como, dominó, damas, charadas, adivinhações, xadrez, entre outros.
O jogo e a brincadeira como ação social são atividades humanas que permitem à criança assimilar e recriar as experiências socioculturais dos adultos. Como concepção sócio antropológica, é um fato social, espaço privilegiado de interação infantil e de constituição do sujeito-criança como sujeito humano, produto e produtor de história e cultura.
A escola deve sempre buscar trabalhar com jogos nas mais diversas disciplinas, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de crianças diagnosticadas com o transtorno do espectro autista, assim:
É importante a escola trabalhar com as diferentes linguagens lúdicas das crianças, que possibilitam compreender o mundo, expressarem ideias de como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes e a história das diferentes tradições, analisando como a expressão da cultura infantil através das diversas gerações, reflete as ideias e costumes através dos tempos.
Diante do exposto, entendo que, o uso de jogos no ensino aprendizagem é bastante significativo para o professor e para o aluno enquanto participantes do desenvolvimento do processo, ampliando a criatividade, a vivência em equipes, enfim, aspectos tão expressivos e que devem ser valorizados e desenvolvidos em sala de aula. Finalizando, os jogos são instrumentos construcionistas, pois propiciam a simulação de um panorama com todas as regras que regem o mesmo, permitem a formação de grupos cooperativos empregando a ferramenta lúdica como forma de atrair a atenção. Hanze (2018, p.3)
Os jogos para proporcionarem um maior desenvolvimento no processo de ensino aprendizagem de crianças autistas, devem principalmente motivar as crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista.
Quanto mais motivador e divertido o modo de interação, aumenta-se a probabilidade de a criança autista permanecer, de forma espontânea, espontaneamente na atividade executada com a utilização de jogos e brincadeiras. No entanto, para que os jogos sejam altamente proveitosos para o desenvolvimento de autistas há a necessidade, por parte dos profissionais da educação, que estejam habilitados a identificar um pouco da realidade do aluno. Enfim, se uma criança autista gosta muito de música, as atividades referentes à utilização dos jogos devem ser alicerçadas em brincadeiras por meio do cantar, de dançar ou tocar algum instrumento musical, e assim por diante (CUNHA, 2015).
Somente a partir do momento que a criança autista sinta-se bastante motivada por meio da utilização de jogos, é que podem ser propostos os desafios para esses alunos, quando a criança autista está altamente motivada por uma ação do adulto, como, por exemplo, por um educado que a acompanha, ela possui a motivação como aliada para superar as suas principais dificuldades e, consequentemente desenvolver suas habilidades e competências.
O autista, por si só, pode superar suas dificuldades enquanto realiza jogos e brincadeiras com outro ser humano, além disso, o prazer e a diversão proporcionados pela interação social levam a pessoa com autismo a querer, continuamente interagir com outras pessoas e, consequentemente, aprender novas habilidades sociais, habilidades emocionais, habilidades cognitivas, sensoriais e motoras e de comunicação. Investir na conexão amorosa e divertida com a pessoa com autismo beneficia, consideravelmente, o relacionamento e o processo de ensino-aprendizagem. (TOLEZANI, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme a pesquisa evidenciou-se uma série de desafios enfrentados pelas crianças autistas no território brasileiro, mesmo constatando-se que já exigem diversos ordenamentos jurídicos, tanto de âmbito internacional, como no âmbito interno, na proteção de crianças diagnosticadas pelo transtorno do espectro autista, ressaltando-se a lei 12.764, a lei 8.742 do ano de 1993, a Lei 8.899/94, a Lei 13.370/2016, assim como a Constituição Federal de 1988, considerada o principal diploma normativo do país.
Para reduzir essas dificuldades, fazem-se necessários que adultos, em especial aos familiares e os educadores de crianças autistas, estejam aptos para lidarem de forma adequada com indivíduos que apresentam diversas limitações e comportamentos peculiares. Constata-se que é de suma importância a família nesse processo, pois esta é formada por pessoas que possuem mais proximidade com as crianças. No entanto, o educador também é considerado indispensável para o processo de ensino aprendizagem de crianças autistas, devendo utilizar todos os recursos disponíveis, em especial a utilização de jogos e brincadeiras nas salas de aula.
Entretanto para que esses jogos possam proporcionar alguns benefícios os professores devem buscar o maior conhecimento possível dos alunos autistas, pois, esses indivíduos de comportamentos incomuns não podem ser vistos como seres homogêneos, pois cada criança possui um grau diferenciado do Transtorno do Espectro Autista, e caso o jogo utilizado não seja um motivador para as crianças não surtiu muitos efeitos benéficos em prol do processo de ensino aprendizagem. Deve sempre haver um planejamento alicerçado na sistematização, para que somente, assim, os jogos possam ser executados continuamente ajudando alunos autistas a reconhecerem o mundo em que estão inseridos, favorecendo a interação entre com os seus pares.
O objetivo dos jogos é justamente proporcionar a motivação, estimulando a criança autista para a busca do saber e também a devida interação com os colegas de classe, fazendo com que esses alunos limitados possam deixar de ser um sujeito passivo, marcado pelo isolamento, para ser um indivíduo, cada vez mais participativo e ativo, sendo que sem os métodos adequados dificilmente ocorrerá à integração desses indivíduos.
O lúdico é capaz de proporcionar a interação entre os alunos autistas fomentando a formação do autoconceito positivo de crianças com o transtorno do espectro autista, pois as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento de modo integral das crianças através dos jogos e brincadeiras, nos quais as crianças se desenvolvem nos mais diversos aspectos, ressaltando o aspecto afetivo, e consequentemente uma melhoria significativa no processo de inclusão social e no aspecto mental.
Em suma, devem ainda ser tomadas diversas medidas com relação à integração dessas crianças autistas, pois no Brasil ainda observam-se diversas falhas, como ambientes escolares que não estão aptos, tanto estruturalmente, como pelo seu quadro de profissionais, evidenciando professores que ainda teme ao receber uma criança autista em sua sala de aula.
Neste contexto, é fundamental a reflexão sobre seu uso de jogos como recurso pedagógico a ser explorado no processo de ensino e de aprendizagem de crianças autistas. E isso provoca adquirir conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à obtenção e utilização dinâmica das informações tendo em vista a construção de conhecimento.
Os jogos educacionais podem produzir prazer, divertir, enriquecer e explorar os conteúdos curriculares, se associados a estratégias de aprendizagem bem planejadas pelo professor pode possibilitar mudanças significativas na prática pedagógica. A extensão lúdica do jogo torna-o um instrumento de grande relevância no processo de ensino e de aprendizagem, pois permite de forma dinâmica o desenvolvimento de aspectos relacionados a áreas cognitivas, afetiva, social, linguística e motora, entre outras das crianças com autismo.
O encanto que os jogos educacionais faz sobre os indivíduos é algo que, se bem trabalhado, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento pleno da criança, uma vez que este interage com o jogo para que sua aprendizagem possa acontecer, e o papel do professor é de mediar e saber ser crítico e sucinto ao escolher determinados jogos. Portanto, buscar novos caminhos para enriquecer o ensino e a aprendizagem de crianças autistas, é uma ação que possibilita o enfrentamento de problemas ligados à educação, e a socialização destes com outras pessoas, quebrando paradigmas vinculados aos moldes tradicionais de ensino.
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