AS PICS COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA POR COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7996652


Sabrina Horreda de Lima;
Rebeca Oliveira Alves;
Stephane Cristina Reinaldo Carvalho;
Ludmilla Esterles Grangeiro de Castro Ferreira;
Mírian Silveira Ribeiro;
Thullyan de Souza Rolim;
Camila Hak Monteiro;
Larissa Fernandes Viana;
Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque.


RESUMO:

A pandemia de COVID-19 tem gerado enormes desafios para a saúde pública global, exigindo o desenvolvimento de estratégias eficazes para o enfrentamento da doença e seus impactos na sociedade. Nesse contexto, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) têm ganhado destaque como uma abordagem complementar no cuidado à saúde. Objetivo e Metodologia:: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre o projeto de extensão ‘‘Práticas integrativas e complementares de saúde em tempos de COVID-19” que teve como objetivo relatar a experiência vivenciada por acadêmicas de enfermagem no projeto de extensão por meio de divulgação de informações para população sobre o uso das PICS como alternativas para complementar o tratamento da COVID-19 e como auxílio para enfrentar a pandemia no sentido de prevenção da saúde mental e proporção de bem-estar. Considerações Finais: Diante dos resultados apontados pela população pudemos mostrar através das PICs que as mesmas podem desempenhar um papel significativo no enfrentamento da pandemia por COVID-19, fornecendo aos participantes uma abordagem holística para cuidar de sua saúde física, mental e emocional, complementando as estratégias convencionais de enfrentamento da doença.

Palavras-chaves: Terapias Complementares, COVID-19 ,Medicina Tradicional

ABSTRACT:

The COVID-19 pandemic has generated enormous challenges for global public health, requiring the development of effective strategies to face the disease and its impacts on society. In this context, Integrative and Complementary Practices (PICs) have gained prominence as a complementary approach in health care. Objective and Methodology:: This is a descriptive study, of the experience report type, on the extension project ”Integrative and complementary health practices in times of COVID-19”, which aimed to report the experience lived by academics from nursing in the extension project by disseminating information to the population about the use of PICS as alternatives to complement the treatment of COVID-19 and as an aid to face the pandemic in the sense of mental health prevention and proportion of well-being. Final Considerations: Given the results pointed out by the population, we were able to show through the PICs that they can play a significant role in coping with the COVID-19 pandemic, providing participants with a holistic approach to taking care of their physical, mental and emotional health, complementing the conventional coping strategies.

Keywords: Complementary Therapies, COVID-19, Traditional Medicine

INTRODUÇÃO

A COVID-19 é uma doença altamente transmissível e patogênica, causada pelo novo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), que surgiu em Wuhan, na China, e se espalhou pelo mundo. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de covid-19. No Brasil o primeiro caso confirmado de covid-19 foi no estado de São Paulo em 26 de fevereiro de 2020. (WHO, 2020; BRASIL, 2020).

Com o objetivo de conter o avanço desta doença, foram adotadas medidas de distanciamento e isolamento social. A orientação era de que a população ficasse em seus domicílios, assim uma grande parcela da população foi liberada de suas atividades presenciais, realizando- as somente de forma remota, com exceção dos profissionais que exercem funções tidas como essenciais.

Embora essas medidas sejam eficazes e necessárias para controlar a transmissão viral, trouxeram consequências relevantes à saúde mental da população, contribuindo para o aumento de sintomas depressivos, de ansiedade, de estresse e de alterações na qualidade do sono (VAL; FRAGA; SILVEIRA, 2021)

Diante deste cenário, a pandemia de COVID-19 tem desafiado de forma significativa os sistemas de saúde e a sociedade como um todo. Desde o seu surgimento, milhões de pessoas foram infectadas e o número de óbitos continua a aumentar em todo o mundo. Além do impacto direto na saúde física, a pandemia trouxe consigo consequências emocionais, sociais e econômicas devastadoras. Diante dessa realidade, torna-se crucial buscar abordagens complementares e integrativas para o enfrentamento da doença e seus efeitos colaterais.

Nesse contexto, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) emergem como uma estratégia promissora para lidar com os desafios impostos pela pandemia, podem contribuir nesse momento, em que se evidencia a necessidade de uma assistência individualizada e coletiva, em que se faz fundamental um cuidado integrativo envolvendo os aspectos físicos,emocionais, mentais, sociais, culturais e econômicos.

As PICs são abordagens terapêuticas baseadas em conhecimentos tradicionais e complementares à medicina convencional, que visam promover o equilíbrio e a harmonia do indivíduo como um todo. Essas práticas abrangem uma ampla variedade de intervenções, incluindo acupuntura, fitoterapia, meditação, yoga, musicoterapia, aromaterapia e muitas outras. Embora as PICs tenham sido praticadas há séculos em diferentes culturas, é apenas recentemente que elas têm recebido maior atenção e reconhecimento no contexto da saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece e promove a integração das PICs nos sistemas de saúde, destacando sua importância na promoção da saúde, prevenção de doenças e tratamento de condições crônicas. (FIOCRUZ, 2020).

Foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), visa a prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase no cuidado continuado, humanizado e integral em saúde (BRASIL, 2006). Ressalta-se que as PICS não substituem o tratamento tradicional, mas atuam de forma conjunta e complementar, possibilitando um olhar integrativo em saúde.

Por serem um recurso terapêutico que têm como vantagem tratamentos não farmacológicos, com um número reduzido de contra indicações, de baixo custo, trazem satisfação e sensação de bem-estar físico e mental e assistem todos os grupos de pessoas. As práticas integrativas e complementares, favorecem a prevenção de diversas doenças e auxiliam a reabilitação mais rápida das enfermidades e com menos efeitos colaterais, ocasionando a redução de outros procedimentos e internações (Folhapress, 2020).

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou em maio de 2020 uma recomendação para o Ministério da Saúde, conselhos estaduais e municipais de Saúde do Distrito Federal pela inclusão e divulgação de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde(PICs) na assistência ao tratamento para combater a Covid-19. (CNS, 2020).

Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada por acadêmicas de enfermagem no projeto de extensão ‘‘Práticas integrativas e complementares de saúde em tempos de COVID-19” que divulgou informações para população sobre o uso das PICS como alternativas para complementar o tratamento da COVID-19 e como auxílio para enfrentar a pandemia no sentido de prevenção da saúde mental e proporção de bem-estar.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre o projeto de extensão “práticas integrativas e complementares de saúde em tempos de COVID 19”, que teve como principal objetivo esclarecer a população sobre práticas integrativas e complementares de saúde como estratégia de enfrentamento da pandemia por COVID-19, realizado por acadêmicas do curso de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas e de outras universidades.

As ações do projeto foram realizadas no período de setembro a dezembro de 2020, de forma 100% online, através do Instagram do Grupo de Estudo e pesquisa da Enfermagem na Saúde do Adulto e Alta Complexidade (GEESAAC). Teve como público alvo a população geral da cidade de Manaus-AM.

O planejamento e a execução das atividades com os grupos eram divididos entre os acadêmicos de enfermagem, que foram divididos em equipes para uma melhor execução visto que tudo foi feito virtualmente, em determinados dias conforme o planejamento ocorriam as reuniões com as preceptoras para sanar as dúvidas e passar o que havia sido realizado.

No total 16 alunos participaram do projeto, inicialmente os alunos criaram um grupo na rede social para que pudéssemos debater sobre os temas que seriam publicados,foram divididos em 2 grupos, 6 alunos ficaram no grupo de informações e conteúdo e 10 no grupo de designer. O grupo de informações e conteúdo buscou evidências científicas sobre o uso das PICS, quais estavam sendo utilizadas durante a pandemia, quais as mais adequadas para esse período, quais poderíamos encontrar em Manaus e quais são disponibilizadas pelo pelo SUS em Manaus. Em seguida, o grupo de designer produziu o material digital em formato de cards, infográficos e vídeos com os conteúdos selecionados, que posteriormente foram divulgados na rede social com intuito de disseminar informações para a população que se encontrava em momento de vulnerabilidade.

RESULTADO E DISCUSSÃO

A partir das reuniões propostas foram realizadas 13 publicações no feed do instagram do GEESAAC e alguns stories interativos. Sendo assim foi possível interagir com a população através dos comentários das publicações, verificando um retorno positivo sobre o projeto.

Os conteúdos escolhidos foram: o que são PICs, Ayurveda, yoga, meditação, auriculoterapia, Reiki e diferença entre yoga e meditação.

O Parecer Técnico-Científico do Uso de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) para o Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, patrocinado pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e realizado pelo Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN) em parceria do Centro Latino-Americano de Informação em Ciências da Saúde, salienta a efetividade e eficácia das PICs no auxílio e no manejo da COVID-19, na melhora do sistema imune contra o vírus, e principalmente, na promoção da saúde mental ( COFEN; CABSIN, 2021).

Primeiramente foi necessário esclarecer a população sobre o que são essas práticas, para então explicar a finalidade de cada uma delas.

A Ayurveda que é uma terapia indiana, nesta filosofia a saúde é um estado de completude e possui duas finalidades principais: curar doenças e preservar e promover a saúde das pessoas sadias, possuindo 2 tipos de tratamento, a Terapia de promoção da saúde (Urjaskara Chikitsa); e o Tratamento das pessoas com quadros de adoecimento (Roga Nut Chikitsa), que são abordagens terapêuticas para queixas físicas e mentais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AYURVEDA,2022).

A Yoga assim como a meditação, terapias escolhida para o projeto, são práticas que podem ser realizadas em casa durante a pandemia que podem auxiliar na diminuição do estresse e dos marcadores de inflamação. Durante este período de pandemia, a yoga funciona como importante influência na estabilização do bem estar mental, já que ela busca equilíbrio e a paz interior através da sintonização entre corpo e mente (CHUMPITAZ et al.2020).

Outra PIC que apresentou eficácia na promoção da saúde mental durante o isolamento social é a Auriculoterapia que influencia na redução do estresse, ansiedade, depressão e melhora da qualidade do sono. A terapia Reiki também proporciona todos esses benefícios citados anteriormente, conseguindo atingir níveis satisfatórios de bem-estar causando a sensação de paz interior, através da limpeza e energização do ser, em níveis físico, mental, emocional e energético ao mesmo tempo. ( ABREU et al., 2021; FARIA et al., 2022)

Ante o exposto, as Práticas Integrativas e Complementares em saúde se destacam como potenciais recursos terapêuticos promotores de qualidade de vida da população, sendo importantes para amenizar os efeitos causados pela pandemia.

A realização de Projetos de extensão universitários, utilizando ferramentas online, durante esse período se mostram como importantes fontes de divulgação de informações para a comunidade, para desmistificar fake News sobre as PICs e mostrando sua importância como terapias alternativas e muita das vezes concomitantes com as demais terapias tradicionais em tempos de pandemia por COVID-19.

CONCLUSÃO

A covid-19 afetou o mundo todo o que gerou impactos profundos na saúde da população, os deixando vulneráveis e suscetíveis ao estresse, medo, ansiedade, depressão, obesidade entre outras comorbidades por não saberem lidar com o desconhecido.

As PIC´s durante o período de isolamento social se revelaram como importante estratégia na promoção do bem-estar físico e mental, através da yoga, meditação, aromaterapia, cromoterapia entre outras práticas, ocasionando uma diminuição nos quadros de estresse e ansiedade.

A experiência foi significativa, sinalizando o cenário em que estávamos vivendo, e é de extrema importância que esse tipo de atividade seja realizada. Entende-se que essas iniciativas virtuais e gratuitas são significativas para conscientizar a população sobre o coronavírus, além de viabilizar vias de cuidado e manutenção da saúde mental e física . Logo temos a satisfação de identificar que alcançamos a população através das nossas ações remotas, promovendo o cuidado e a saúde da comunidade levando conhecimentos sobre as PICS, pois a rede social permitiu o alcance significativo de pessoas.

Desse modo, compreendemos a grandeza das ações extensionistas que buscam atender as expectativas e ânsias da sociedade, mesmo em circunstâncias desfavoráveis como a pandemia da covid-19.

REFERÊNCIAS

ABRA (Associação Brasileira de Ayurveda). O que é Ayurveda. Disponível em: https://ayurveda.org.br/a-abra/o-que-e-ayurveda/. Acessado em: 25 de maio de 2023.

ABREU, L. S. et al. REIKI: Terapia alternativa auxiliar em período de pandemia. XI Seminário de Extensão e Inovação da UTFPR, 2021. Disponível em: https://portaldeinformacao.utfpr.edu.br/Record/oai:ocs.200.19.73.15:paper-8654/Details .

BRASIL, 2020. Brasil confirma primeiro caso do novo coronavírus. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/02/brasil-confirma-primeiro-caso-do-novo-coronavirus. Acessado em: 25 de maio de 2023.

CHUMPITAZ, N.S.G. et al. A contribuição do potencial terapêutico da ioga em tempos de COVID-19. Journal of Management & Primary Health Care,v. 12, p. 1–11, 2020.

COFEN; CABSIN. Parecer Técnico-Científico do uso de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) para o Enfrentamento da Pandemia de COVID-19, 2021. Disponível em: https://conteudo.cabsin.org.br/material-digital-ptc-mtci-pics-covid-19/.

CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE. Recomenda ações sobre o uso das práticas integrativas e complementares durante a pandemia da Covid-19. RECOMENDAÇÃO Nº 041, DE 2120.

FARIA, D. A. et. al. Quais as evidências científicas sobre Auriculoterapia e COVID-19?. Research, Society and Development, v. 11, n.1, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24551. Acessado em: 25 maio de 2023. Fiocruz. ObservaPics. 2020. Disponível em: http://observapics.fiocruz.br/pics/

FOLHAPESS. Entidades defendem o uso complementar de terapias integrativas na Covid-19.2020. Disponivel em: https://WWW.folhape.com.br/noticias/entidades-defendem-o-uso-complementar-de-terapias-integrativas -na-covi/142692/. Acessado em 25 de maio de 2023

VAL, C. F. B.; FRAGA, A. A. O.; SILVEIRA, B. B. Impacto do isolamento social durante a pandemia de COVID-19 na saúde mental da população: uma revisão integrativa da literatura. Mosaico – Revista Multidisciplinar de Humanidades, Vassouras, v. 12, n. 3, p. 30-40, 2021.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO).WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19 – 11 March 2020. Disponivel em: https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19—11-march-2020. Acessado em:24 de maio de 2023


Sabrina Horreda de Lima – acadêmicos de enfermagem UFAM

Rebeca Oliveira Alves – acadêmicos de enfermagem UFAM

Stephane Cristina Reinaldo Carvalho – acadêmicos de enfermagem ESTÁCIO

Ludmilla Esterles Grangeiro de Castro Ferreira- acadêmicos de enfermagem UFAM

Mírian Silveira Ribeiro- acadêmicos de enfermagem UFAM

Thullyan de Souza Rolim- acadêmicos de enfermagem UFAM

Camila Hak Monteiro – acadêmicos de enfermagem UFAM

Larissa Fernandes Viana – acadêmicos de enfermagem UFAM

Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque – Professora/Orientadora UFAM