AS METODOLOGIAS ATIVAS E A PRÁXIS ESCOLAR: A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES X ALUNOS SOBRE AS METODOLOGIAS ATIVAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7942754


Maria Raimunda Rocha Machado


Resumo

O presente tema foi escolhido a partir da necessidade de contribuir com uma educação mais significativa para nossos alunos, levando em conta como processo de ensino aprendizagem vem ocorrendo em meio a utilização ou não de instrumentos ou metodologias criativas, em especial, as Metodologias Ativas. E, com esse intuito visando conhecer a realidade da sala de aula em diferentes escolas, onde a pesquisa foi voltada para o campo da práxis educacional, mas não deixou de perceber a forma como os alunos estão recebendo tais metodologias e sua aplicação em seu dia dia. É fato que o uso de tecnologias educacionais nas salas tem contribuído para um maior envolvimento e participação discente, e não pode ser desprezado tal potencial. A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa do tipo exploratória, através da qual descrevemos as experiências e resultados obtidos nas observações feitas sobre a temática, de forma intercalada ao referencial teórico utilizado. Para realizá-la, fizemos uso de questionários específicos observações in loco fim de verificar, na prática, utilização das metodologias criativas, as habilidades e competências envolvidas e os resultados perceptíveis oriundos da interação entre os professores e suas turmas. Posto isso, consideramos de extrema relevância o projeto, pois através dele foi possível conhecer a realidade a respeito da práxis escolar possibilitou contribuir com uma discussão teórica metodológica a fim de que produzir melhorias no processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave: Educação. Metodologias. Ensino. Aprendizagem, Ativa.

Abstract

This theme was chosen due to the need to contribute to more significant education for our students taking into account how the teaching and learning process has been taking place through the use of creative instruments or methodologies, especially Active Methodologies. Aiming to know the reality of the classroom in different schools, the research was focused on the field of educational praxis, but did not fail to understand how students are receiving such methodologies and their application in their daily lives. It is fact that the use of educational technologies in classrooms has contributed to greater student involvement and participation and such potential cannot be neglected. The research was qualitative and exploratory, through which we describe the experiences and results obtained in the observations made on the theme, in way interspersed with the theoretical framework used. To do this, we made use of specific questionnaires and on-site observations in order to verify, in practice, the use of creative methodologies, the skills and competences involved and the perceived results arising from the interaction between teachers and their classes. That said, we consider the project extremely important, because through it was possible to know the reality about school praxis and made it possible to contribute to theoretical methodological discussion in order to produce improvements in the teaching and learning process.

Key words: Education. Methodologies Teaching. Learning. Active

1. Introdução

As Metodologias Ativas vêm adquirindo cada vez mais espaço nas salas de aula, pois além de um meio de aprendizagem, é utilizada também como forma de interação entre professor e professor, e ainda,  professor e  aluno, transformando assim, a escola em um ambiente atrativo e interessante a todos.

A estrutura na educação vem sendo transformada por diversas tecnologias, tais mudanças são muito importantes para a evolução do aprendizado, e, especialmente para manter nossos alunos interessados, participativos e frequentes na escola. Realizar atividades relevantes e que vá ao encontro da realidade das necessidades dos discentes é o sonho e uma meta de todo professor compromissado com a educação de qualidade. Por isso, as referidas metodologias são estratégias pedagógicas para criar oportunidades de ensino nas quais os alunos passam a ter um comportamento mais ativo,  envolvidos e mais engajados na realização das  atividades que possam auxiliar estabelecimento de relações com o contexto.

Sabe-se que a  maior parte da literatura brasileira trata as Metodologias Ativas como estratégias pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino aprendizagem no aprendiz, contrastando com a abordagem pedagógica do ensino tradicional, que é centrada no professor, que transmite informação aos alunos.

O fato de elas serem caracterizadas como ativas está relacionado com a aplicação de práticas pedagógicas para envolver os alunos, engajá-los em atividades práticas nas quais eles são protagonistas da sua própria aprendizagem. Assim, as metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem em que os aprendizes façam coisas, colocam os conhecimentos em ação, pensam e  conceituam o que fazem, constroem conhecimentos sobre os conteúdos envolvidos nas atividades que realizam bem  como desenvolvem estratégias cognitivas, capacidade crítica e reflexão sobre suas práticas, fornecem e recebem feedback, aprendem interagir com colegas e professor, e ainda exploram atitudes e valores pessoais e sociais .(BERBEL, 2011; MORAN, 2015; PINTO et al., 2013).

As Metodologias Ativas têm por objetivo buscar um maior engajamento do professor e do aluno em relação ao conteúdo abordado, de forma recíproca, provocando uma reflexão crítica. Com relevância em vários âmbitos sociais, as metodologias criativas consistem em uma questão associada a vários contextos, como histórico brasileiro sobre educação e, consequentemente, com contribuição de maneira direta na economia, haja vista formação deficitária daqueles que concluem ensino intermediário.

É preciso destacar que um dos desafios da educação de nosso tempo é repensar sobre novas propostas educativas que superem instrução ditada pelo livro didático, centrada no dizer do professor e na passividade do aluno. É importante considerar as práticas sociais inerentes à cultura digital, marcadas pela participação, criação, invenção, abertura dos limites espaciais e temporais da sala de aula e dos espaços formais de educação, integrando distintos espaços de produção do saber, contextos culturas, acontecimentos do cotidiano e conhecimentos de distintas naturezas. A exploração dessas características e marcas demanda reconsiderar o currículo e as metodologias que colocam o aluno no centro do processo educativo e focam na aprendizagem ativa.

Por meio de uma pesquisa bibliográfica de campo, foi possível verificar a grande importância do tema proposto, uma vez que na sociedade contemporânea devido aos grandes fluxos de informações que se apresentam por meio das tecnologias e por um grande peso que tal temática representa na vida dos discentes, se faz necessário uma abordagem que leve em conta a teoria e a práxis escolar por meio da pesquisa científica. Isto posto, os argumentos que foram abordados seguirão uma forma linear coesa acerca da contextualização e das mudanças que ocorreram na educação brasileira e, paralelamente a isto, apresentar-se-á a definição de Metodologias Ativas e concluiu-se com suas possibilidades aplicadas em sala de aula no Ensino Médio e com observações pertinentes, fruto de dados que foram coletados na escuta ativa de professores e alunos.

Pretende-se, então, que essa pesquisa possibilite uma discussão ampla  sobre a utilização das Metodologias Ativas em sala de aula, bem como as habilidades e competências necessárias à formação do professor para atender as características modernas que envolvem o ensino x aprendizagem e a devida adaptação aos diversos cenários em que se apresenta a escola.

Portanto, incluem as estratégias de aprendizagens que buscam ajudar os alunos na resolução de problemas. Para Serrano (apud SANTOS, 2014, p. 86) a metodologia ativa de ensino (originária da Escola Nova) é aquela em que ocorre “a participação ativa do aluno em sala de aula, transformando-o em sujeito do processo ensino-aprendizagem”. Barbosa e Moura (2013) consideram que o aprendizado ativo do aluno pode acontecer com ele lendo, escrevendo, questionando, trocando ideias, discutindo, resolvendo problemas ou desenvolvendo projetos relacionados a conteúdos importantes para sua vida fora da sala de aula.

Como a aprendizagem tem que ocorrer no aluno, torna-se interessante que ele seja sujeito ativo nesse processo e desenvolva habilidades e competências. Para Goldberg (2010) os alunos estão carentes de habilidades básicas como é o caso de modelar qualitativamente processos e sistemas, decompor problemas e propor soluções, aprender coletar dados para análise, gerar ideias e comunica-las por meio oral e escrito. Nesse contexto, torna-se essencial fazer com que os alunos trabalhem de modo autônomo, busquem a informação, pesquisem, discutam e  apresentem seus resultados.

A comunicação existente nos tempos atuais pode ser utilizada para diminuir a complexidade, quebrando as barreiras das disciplinas estanques e favorecendo  a ocorrência da transdisciplinaridade para resolução de problemas e projetos. Transdisciplinaridade é a quebra de barreiras entre as disciplinas, não há hierarquização, os saberem ficam no mesmo nível para que possam trabalhar em conjunto e  ir além, superando-se a complexidade. Para que a transdisciplinaridade seja levada a efeito é preciso existir a boa vontade dos atores, no sentido de eliminar as barreiras das disciplinas e trabalhar para  o objetivo comum (MORIN, 2001; SANTOS, 2008; MORAES, 2010).

Morin (2006) considera que, para se superar a questão da complexidade, é preciso compreensão e respeito; nesse sentido, os alunos podem interagir, trocar ideias, considerar opiniões diferentes, ajudar quem estiver mais atrasado e até mesmo ir mais devagar, respeitando tempo do outro. Nas comunidades, onde se usam ferramentas criativas, é  normal que existam diferenças de opiniões, pois vivemos numa sociedade livre e democrática. Essas ferramentas podem ajudar diminuir as barreiras entre as pessoas; porém, tais tecnologias são dependentes das pessoas e da qualidade dos seus trabalhos.

2. ABORDAGEM DO PROBLEMA

Ainda existem muitas pessoas no Brasil sem acesso à escola, bem como há milhares que não conseguem dar continuidade aos estudos, desistindo em decorrência de um universo de problemas sociais pessoais, motivos estes acerca dos quais não há muitas políticas públicas a solucionar. Tal problemática não é nova, arrasta-se desde o século passado, no qual uma minoria tinha acesso à escola e a educação. O Brasil tem uma dívida histórica com seu povo, visto que décadas de atraso e de descaso trazem consigo um acúmulo gigantesco de consequências desastrosas de uma educação em decadência. As tentativas de acerto têm se somado a frustrantes propostas apresentadas, as quais não visam sanar os problemas, apenas acabam empurrando-os ao povo. Esperar que professores e alunos encontrem, sozinhos, soluções para os impasses e dificuldade do processo de ensino aprendizagem é, no mínimo, controverso infrutífero.

O mundo encontra-se em constante desenvolvimento, de maneira que cabe aos seres humanos se adaptarem a essas mudanças. No campo da educação não é diferente, pois os métodos de ensino-aprendizagem precisam ser atualizados, visto que os antigos já não atendem mais às demandas educacionais. Assim, deve-se buscar novas metodologias visando atualização da doutrina, em que alunos e professores possam participar de modo conjunto dos ensinamentos pedagógicos, de maneira autônoma, incutindo-lhes senso crítico, um elemento que se procura atualmente, além da liberdade da própria aprendizagem discente. “Na teoria da Escola Nova, há uma valorização da experiência vivenciada pelo aluno, levando em conta as diferenças individuais. […] O aluno é considerado o centro do processo”. (Martins, 1993).

Com base na argumentação apresentada, a presente pesquisa pretende analisar o cenário da práxis escolar para identificar as dificuldades e possibilidades que podem ser encontradas e como as Metodologias Ativas podem contribuir para aproximar o universo escolar da realidade dos alunos.

3. PERGUNTAS ESPECÍFICAS DA PESQUISA

3.1. Qual papel do professor no processo de aprendizagem ativa?

Num contexto com uso de metodologias ativas, o professor, antes de qualquer outra característica, deve assumir uma postura investigativa de sua própria prática refletindo sobre ela a fim de reconhecer problemas e propor soluções:

Ele não conhece de antemão a solução dos problemas que surgirão em sua prática; mas deve construí-la constantemente ao vivo, às vezes, com grande estresse, sem dispor de todos os dados de uma decisão mais clara. Isso não pode acontecer sem saberes abrangentes, saberes acadêmicos, saberes especializados saberes oriundos da experiência (PERRENOUD, 2002, p.11).

A fim de enriquecer essa discussão, são pertinentes as contribuições de Berbel (2011, p.25) ao afirmar que, “Na escola, o professor é o  grande intermediador desse trabalho, ele tanto pode contribuir para promoção de autonomia dos alunos como para manutenção de comportamentos de controle sobre os mesmos”.

A mudança na prática docente não deve acontecer de forma impositiva para o professor, nem para o estudante. Borges e Alencar (2014) fazem essa importante ressalva, pois consideram que a alegria de ensinar não pode ser tirada do professor.

Conceber o ato de ensinar como ato de facilitar aprendizado dos estudantes faz com que o professor os veja como seres ativos e responsáveis pela construção de seus conhecimentos, enquanto ele passa a ser visto pelos alunos como facilitador dessa construção, como mediador do processo de aprendizagem, e não como aquele que detém os conhecimentos a serem distribuídos (Oliveira, 2010, p. 29).

Neste sentido, para  Barbosa e Moura (2013) ambos consideram que o aprendizado ativo do aluno pode acontecer com ele lendo, escrevendo, questionando, trocando ideias, discutindo, resolvendo problemas ou desenvolvendo projetos relacionados a conteúdos importantes para sua vida fora da sala de aula.

4.JUSTIFICATIVA

Sabe-se que a sala de aula é um grande espaço de aprendizagem onde professores buscam significar tornando-a mais prazerosa e eficiente a aquisição de conhecimentos. Mas porque não ampliar este espaço? Com o uso das Metodologias Ativas poderemos ampliá-lo, conhecendo não apenas o pequeno mundo em que se vive, mas buscando novos conceitos, linguagens, expressões. Trazendo as Metodologias Ativas que oferecem ferramentas e geram maneiras inovadoras e  diferentes de ensinar. O  uso dessas tecnologias assume uma função importante na educação, sendo necessária também uma análise dessa nova ferramenta de ensino com planejamento e controle. Em meio a complexidade do aprender, faz-se necessário a busca de novas metodologias de ensino visto que seu uso traz grandes possibilidades que geram diferentes maneiras de se ensinar para assim inserir com significado, ampliando conteúdos de maneira prazerosa.

Atualmente exerço à docência atuando como professora no sistema público de educação básica e tenho observado diuturnamente que existe um desencontro entre a práxis dos docentes e as expectativas dos discentes. Talvez ainda não tenhamos percebido como esse fato tem influenciado os resultados educacionais no Amazonas de forma negativa mas merece que dediquemos uma pesquisa específica que possa trazer essa discussão e possibilite enxergarmos alguns caminhos alternativos, que possam transformar a escola em um espaço de criação capaz de desenvolver habilidades e competências aptas a  produzirem conhecimento e se tornem cada vez menos desiguais.

5. Marco Teórico

São incontestáveis as mudanças sociais registradas nas últimas décadas e, como tal, a escola modelo educacional vivem um momento de adaptação frente essas a mudanças. Assim, as pessoas e, em especial, os estudantes, não ficam mais restritos em um mesmo lugar. São agora globais, vivem conectados imersos em uma quantidade significativa de informações que se transformam continuamente, onde grande parte delas relaciona-se à forma de como eles estão no mundo. Esse movimento dinâmico traz à  tona discussão acerca do papel do estudante nos processos de ensino e de aprendizagem, com ênfase na sua posição mais central menos secundária de mero expectador dos conteúdos que lhe são apresentados.

Nessa perspectiva de entendimento que se situa as metodologias ativas como uma possibilidade de ativar aprendizado dos estudantes, colocando-os no centro do processo, em contraponto à posição de expectador, conforme descrito anteriormente. Ao contrário do método tradicional, que primeiro apresenta a teoria e dela parte, o método ativo busca a prática e dela parte para a teoria. Nesse percurso, há uma migração do “ensinar” para o “aprender”, desvio do foco do docente para aluno, que assume sua corresponsabilidade pelo seu aprendizado.

As Metodologias Ativas incluem as estratégias de aprendizagens que buscam ajudar os alunos na resolução de problemas. Para Serrano (apud SANTOS, 2014, p. 86) a metodologia ativa de ensino (originária da Escola Nova) aquela em que ocorre “a participação ativa do aluno em sala de aula, transformado em sujeito do processo ensino-aprendizagem”. Barbosa Moura (2013) consideram que o aprendizado ativo do aluno pode acontecer com ele lendo, escrevendo, questionando, trocando ideias, discutindo, resolvendo problemas ou desenvolvendo projetos relacionados a conteúdos importantes para sua vida fora da sala de aula.

A fim de possibilitar uma visão panorâmica histórica a respeito das práticas educacionais aprofundar base epistemológica da pesquisa, passaremos a observar o percurso realizado pelo sistema educacional público brasileiro, especialmente o Ensino Médio, as legislações pertinentes base teórica para as metodologias ativas como ferramentas educacionais de aprendizagem criativa

5.1 REALIDADE DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL E SUA PRÁXIS

Existem milhões de pessoas no Brasil sem acesso à escola, bem como há milhares que não consegue dar continuidade aos estudos, desistindo em decorrência de um universo de problemas sociais e pessoais, motivos estes acerca dos quais não há muitas políticas públicas a solucionar. Tal problemática não é nova, arrasta-se desde o século passado, no qual uma minoria tinha acesso à escola e a educação. O Brasil tem uma dívida histórica com seu povo, visto que décadas de atraso e de descaso trazem consigo um acúmulo gigantesco de consequências desastrosas e de uma educação em decadência. As tentativas de acerto têm se somado frustrantes propostas apresentadas, as quais não visam sanar os problemas, apenas acabam empurrando ao povo. Nesse contexto, a fim de entendermos um pouco as discussões realizadas acerca do Ensino Médio brasileiro, preciso analisar, ainda que sucintamente, os processos de reformas instituídas pelo Poder Público ao longo do tempo, principalmente aquelas que ocorreram no século passado, quando o  país passou por diversas e importantes transformações econômicas sociais..

5.2. DE 1930 ATÉ LDB DE 1996

Um período importante para compreendermos as estratégias em torno do Ensino Médio foi da década de 1930, em que foi realizado um debate sobre os rumos da educação básica brasileira partir do conflito ideológico de dois projetos educacionais distintos. Tais discussões envolviam,

[…] os grupos dos renovadores da educação, os “pioneiros”, na defesa da escola pública, laica, gratuita obrigatória, e os “conservadores” representados pelos educadores católicos, que defendiam a educação subordinada à doutrina religiosa (católica), diferenciada para cada sexo, o ensino particular, a responsabilidade da família quanto educação, etc. (NASCIMENTO, 2007, p. 80).

Na história educacional, a oportunidade de acesso e qualidade do ensino brasileiro configuraram-se como privilégio de uma pequena classe dominante, em detrimento da grande parcela da população, que era formada visando apenas mercado de trabalho. Ou seja, a escola brasileira deste período, com efeito, contribuía para formação de uma casta intelectualizada, dissociada das reformas econômicas educacionais. Era indispensável entrelaçar e encadear tais reformas dirigindo-as no mesmo sentido; contudo, todos os esforços, sem unidade de plano sem espírito de continuidade, não lograram êxito na criação de um sistema de organização escolar, altura das necessidades do país. Pelo contrário, uma grande classe marginalizada continuava desprotegida pelos governantes sem oportunidade de ingressar em escolas convencionais.

Ainda nos anos 30, o Ministério da Educação foi criado pelo governo e, em 1931, o Governo Provisório sancionou decretos organizando as universidades brasileiras. No entanto, só passou a  funcionar após a Constituição de 1934, partir da qual, após criação dos ministérios, a educação passa ser responsabilidade governamental, não mais da igreja (Bello,2010).

Em 1932, houve Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que se tornou marco inaugural do projeto de renovação educacional do país, dado que propunha uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.

Na década de 40, os avanços educacionais foram movidos principalmente pelo aumento do fluxo urbano dos meios de comunicação, sejam estes escritos ou falados.

O período que antecede a Ditadura Militar, que vai de 1946 a 1964, foi uma fase marcante para a educação brasileira, haja vista que houve participação atuação de diversos educadores que marcaram indelevelmente seus nomes nos anais da história da educação brasileira, tais como: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima Durmeval Trigueiro, dentre outros.

Após o Golpe Militar de 1964, muitos educadores passaram a ser perseguidos em função de seus posicionamentos ideológicos período este em que qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era combatida, muitas vezes por meio de violência física – que foi instituída  Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional. A característica mais marcante dessa Lei era tentar fornecer à formação educacional  um cunho profissionalizante. No âmbito do espírito dos slogans propostos pelo governo tais como – “Brasil grande”, “ame-o ou deixe-o”, “milagre econômico”, etc. , planejava-se fazer com que a educação contribuísse de forma decisiva para o aumento da sua evolução.

Atualmente, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica asseguram:

Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude direto cidadania. É o tempo, o espaço e o  contexto em que o sujeito aprende constituir e reconstituir sua identidade, em meio à  transformações corporais, afetivo, emocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitandoe  valorizando as diferenças. Somente um ser educado terá condição efetiva de participação social, ciente e consciente de seus direitos e deveres civis, sociais, políticos, econômicos e éticos. Nessa perspectiva, é oportuno e necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando recuperar, para função social da Educação Básica, sua centralidade, que estudante. Cuidar e educar iniciam-se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças a partir de zero ano, que devem ser estendidas ao Ensino Fundamental, Médio e posteriores. (Brasil, 2013, p. 17).

Assim, percebe-se que ainda existem muitas brechas no processo de solidificação de um Ensino Médio – EM no Brasil, na educação como um todo. Ou seja, vários foram os caminhos percorridos, bem como muitas políticas e legislações foram propostas instituídas, porém, ainda existe de forma latente uma crise de entendimento acerca do verdadeiro objetivo do Ensino Médio. Teria  esta etapa da educação papel de formar seus estudantes para acesso ao Ensino Superior- ES? Ou será que teria função de uma formação cidadã voltada ao mundo do trabalho?

A LDB – Lei de Diretrizes e Bases em vigor, de 1996, restabeleceu nomenclatura Ensino Médio numa tentativa conciliadora e pragmática que, até aqui, não resultou na superação da dualidade, podendo tê-la acentuado se considerarmos, por exemplo, as diferenciações práticas entre Ensino Médio ministrado no diurno ou aquele disponibilizado no período noturno (LINS, 2006, p. 5).

Assim, o Ensino Médio, então última etapa da educação básica, passou ser obrigatório e ser oferecido gratuitamente pelas escolas públicas, de modo que sua gestão ficou a  cargo dos governos estaduais. Nesse período foi proposto,

[…] uma nova formulação curricular incluindo competências básicas, conteúdos e formas de tratamento dos conteúdos coerentes com os princípios pedagógicos de identidade, diversidade e autonomia, também os princípios de interdisciplinaridade e contextualização, adotados como estruturadores do currículo do Ensino Médio. (NASCIMENTO, 2007, p. 85).

Segundo o Plano Nacional da Educação – PNE, aprovado por lei, representa uma vitória da sociedade brasileira, visto que garantiu legitimou investimento de 10% do Produto Interno Bruto PIB em educação, bem como adotou custo aluno-qualidade. A meta de número 20 desse plano existe a fim de garantir todas as outras metas, as quais apresentam as perspectivas de avanço para educação brasileira nas seguintes dimensões: universalização e ampliação do acesso; qualidade equidade em todos os níveis etapas da educação básica; propostas luz de diretrizes como superação das desigualdades, valorização dos profissionais da educação gestão democrática. No entanto, a descontinuidade em relação às políticas educacionais tem sido prejudicial no que se refere ao tempo necessário para averiguação dos possíveis acertos e erros.  Na verdade, políticas partidárias e, muitas vezes, particulares, têm sido um mal terrível em que insiste em perpetuar o analfabetismo e as desigualdades sociais.

6. CONHECENDO O DOCENTE E O DISCENTE

Faz-se necessário que observemos os dois principais personagens que influenciam o processo de ensino e aprendizagem. Comportamentos  e características peculiares que são importantes para que sejam definidas as metodologias e estratégias adequadas a  cada situação.

6.1 A PRÁTICA DOCENTE E A FUNÇÃO DO PROFESSOR

A prática docente tem, como todos os demais papéis sociais, sofrido influências das mais diversas formas no decurso do tempo. Ao observar os movimentos históricos, percebe-se que, com desgaste do sistema feudal e o advento da Revolução Industrial, surgem novas formas de organização da vida social e, consequentemente, dos processos educacionais. Se antes o trabalhador tinha controle sobre seu trabalho (predominava forma artesanal de produção, na qual artesão detinha posse da mão-de-obra das matérias-primas necessárias produção), nesse período de industrialização, o trabalhador passa ter somente sua mão-de-obra, transformada em mercadoria, pois se submete aos ritmos impostos pela maquinaria, aos fluxos planificados de produção às normas de produtividade impostas pelos dirigentes. Ele passou, pois da independência que possuía na economia de subsistência para dependência imposta pelo capitalismo. Esses ritmos impostos pelo novo modo de produção acarretaram na perda da qualidade de vida, principalmente para o trabalhador rural, que com expropriação de seus bens de produção, vem para zona urbana se submete esse processo produtivo. (FREIRE, p.23, 2004)

As escolas surgem nesse contexto a fim de que os filhos dos trabalhadores pudessem ter acesso a um modelo de educação baseada em valores ideológicos do sistema capitalista. No período pré-industrial o clero era responsável pela educação de determinados grupos de pessoas, já que a escola ainda não atendia os filhos dos trabalhadores. Contudo com expansão do capitalismo e a ampliação da oferta escolar, a igreja não consegue atender à demanda e decide preparar pessoas leigas para assumir tal missão, porém com exigência de que elas permanecessem fiéis aos dogmas da igreja, evento este que contribuiu fortemente para disseminar ideia de docência como sacerdócio. Em contraposição a concepção religiosa que os jesuítas propagavam, influência das ideias iluministas e a  implantação do liberalismo provocam conflitos revelam as contradições existentes entre essa visão sacerdotal visão profissional da docência. (FREIRE, p. 45, 2004)

É nesse contexto que o trabalho docente vem se configurando, ora sofrendo influências do processo de proletarização, no qual o professor passa não ter controle sobre seu fazer pedagógico, ora se afirmando como profissão, embora por trás dessa concepção um forte controle do Estado se instalasse sobre organização do sistema de ensino (que se torna público) sobre o currículo, materializando heteronomia do professor em relação ao exercício docente desenvolvido na escola. Essa influência se traduz na concepção de currículo que disseminado no sistema público de ensino, no controle dos programas projetos, na organização dos tempos e espaços escolares, na desqualificação profissional do corpo docente, na inacessibilidade dos bens culturais, na hierarquização das relações de poder formas de impedir construção da autonomia profissional.

Para MASETTO (p. 64, 1998), em um primeiro momento, educação no Brasil foi delegada aos jesuítas que tinha função de colonizar cristianizar os habitantes. Os padres tiveram tal missão de pensar educação por três séculos sob tutela da Igreja Católica. Segundo CORDEIRO (p.25, 2007), os jesuítas foram os principais educadores. No contexto de uma sociedade de economia agrário-exportadora-dependente, explorada pela Metrópole, a educação não era considerada um valor social importante. Sua tarefa educativa estava voltada para catequese e instrução dos indígenas, mas para a elite colonial outro tipo de educação era oferecido.

O plano de Educação era consubstanciado no Ratio Studiorum, cujo ideal era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico alheio realidade da vida de colônia. O papel do professor era de verificar se o aluno retinha os conhecimentos exigidos pelos livros. Não havia uma preocupação com aprendizagem, criticidade, criatividade, esses aspectos não foram privilegiados durante um bom tempo. (FREIRE, p.37, 2004)

Hoje a questão da aprendizagem do ensinar vem inseridos no bojo dos debates acadêmicos e entra na escola pela porta da frente por meio de discussões e preocupações que norteiam o fazer pedagógico. Aprender deixa de ser apenas um significado singular e assume uma vertente plural. “Ao contrário da memorização privilegiada ao longo dos séculos, aprendizagem assume um status de ser ressignificada, de ser construída sobre aprender a ser, aprender viver junto, aprender conhecer aprender fazer.” (DELORS, p.32, 1996)

 6.2. AS DIFERENTES GERAÇÕES PRESENTES NA ESCOLA

Durante o século XX, as gerações eram demarcadas a cada vinte cinco anos. Atualmente, considerando aceleração do tempo resultante do advento das novas tecnologias, pode-se afirmar que novas gerações surjam a cada dez anos. Tal fato mostra que um maior número de pessoas diferentes está convivendo entre si nas mais diversas esferas (LOMBARDIA et al., 2008). Uma vez que  a presente pesquisa deseja perceber como as Metodologias Ativas estão sendo utilizadas na escola, vale à pena verificar o perfil do aluno que hoje frequenta  o ambiente escolar e suas características. Passamos especialmente pela Geração Z, que abrange os adolescentes atuais, fazemos uma breve diferenciação das características das cinco últimas gerações: Geração Baby Boomers, Geração X, Geração Y, Geração Geração Alfa, fim de entender como elas se relacionam consigo com mundo.

6.2.1 GERAÇÃO BABY BOOMERS

São considerados Baby Boomers (explosão de bebês) as pessoas nascidas até final da década de 40, com final da Segunda Guerra Mundial, quando foram concebidos, ou seja, na época em que os soldados voltaram para casa. Atualmente, os Baby boomers contam com mais de 65 anos são os pais da Geração X, avós da Geração Y e  bisavós da Geração  Z. (CIRIACO, 2009).

São considerados precursores da globalização, estabeleceram grande mudança social, incluindo movimento hippie, feminismo, os direitos civis, além de ideias libertárias movimentos sociais políticos. Adeptos ao “paz e amor”, música, arte, evolução humana, porém eram transgressores, rebeldes e contestadores por excelência (FAVA, 2014). No Brasil, ocorreram os festivais de música que eram formas de se expressarem político-ideologicamente contra repressão censura imputadas pela Ditadura Militar. Nas relações de trabalho são leais, respeitam a hierarquia, valorizam a experiência e  tempo de empresa e com isso, ocupam cargos de diretoria gerência.

6.2.2 GERAÇÃO X

O termo Geração X foi cunhado pelo fotógrafo Robert Capa, em 1950 utilizado para rotular as pessoas nascidas após o chamado “Baby Boom”, que foi uma explosão da taxa de natalidade dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial (BALIAN, 2009). A geração surgida em meados da década de 60, estendendo-se até final dos anos 1970, também conhecida como Slacker generation. Por vezes, são incluídos também os nascidos até 1982.

No Brasil, essa geração foi marcada pelo movimento Diretas Já, pelo Impeachment do Presidente Fernando Collor de Melo, aparecimento da AIDS e a  queda do muro de Berlin. A geração que viu surgir o computador pessoal, Internet, celular, impressora, e-mail, etc. E viu o mundo mudar drasticamente.

De acordo com Tapscott: […] Geração considera rádio, tevê, cinema Internet como mídias não especializadas, disponíveis para que todos acumulem informações apresentem seu ponto de vista. (TAPSCOTT, 2010, p. 26)

Lombardia afirma que:

[…] são conservadores, materialistas possuem aversão supervisão. Desconfiam de verdades absolutas, são positivistas, autoconfiantes, cumprem objetivos não os prazos, além de serem “Os hippies (no singular, hippie) eram parte do que se convencionou chamar movimento de contra cultura dos anos de 1970. Muito criativos. (LOMBARDIA, 2008, p.1-7)

A  Geração  X é caracterizada por certas resistências em relação às mudanças e a tudo que é novo. Preferem preservar sua cultura, sempre está em busca por seus direitos e liberdade, gostam de ler livros, respeitam autoridades e hierarquias.

6.2.3 GERAÇÃO Y

A Geração Y (também conhecida pelos nomes de Geração do Milênio, Geração Internet ou Digital, Geração Next) abrange as pessoas que nasceram em fins dos nos 80 mantendo-se até 2000. Nasceram em um período de prosperidade econômica e acompanharam a revolução tecnológica (OLIVEIRA; PICCININI BITENCOURT, 2012). Esses jovens estão acostumados ao excesso de informações, ao tudo pronto. São também conhecidos pelo empreendedorismo, curiosidade e imediatismo.

De acordo com Lombardia:

A integração dos Y às empresas está sendo especialmente complicada. Suas expectativas são novas e eles se consideram ‘a geração excluída”. (…) Quase sempre são filhos únicos ou têm poucos irmãos. (LOMBARDIA, 2008, p. 2)
Os Y são silenciosos e contundentes, parecem saber exatamente que querem. Eles não reivindicam: executam a partir de suas decisões, dos blogs, dos SMS. Não polemizam e nem pedem autorização: agem. (LOMBARDIA, 2008, p. 5)

 Para Tapscott: 

Há muitos motivos para acreditar que o que estamos vendo primeiro caso de uma geração que está crescendo com conexões cerebrais diferentes das da geração anterior. Há cada vez mais há evidências de que os integrantes da Geração Internet processam informações e se comportam de maneira diferente porque de fato desenvolveram cérebros funcionalmente diferentes dos de seus pais. (TAPSCOTT, 2010, p. 42)
Os jovens da Geração Internet também não aceitam simplesmente o que lhes é oferecido. Eles são iniciadores, colaboradores, organizadores, leitores, escritores, autenticadores até mesmo estrategistas ativos, no caso dos videogames. Eles não apenas observam, mas também participam. Perguntam, discutem, argumentam, jogam, compram, investigam, ridicularizam, fantasiam, procuram informam. (TAPSCOTT, 2010, p. 50)

Tapscott (2010) ressalta ainda que apresentam características como capacidade em fazer várias coisas ao mesmo tempo, um desejo constante por novas experiências e novas tecnologias mantém-se sempre conectados e atualizados são questionadores.

 6.2.4 GERAÇÃO Z

A  Geração Z (também conhecida como “nativos digitais”, iGeneration, Plurais ou Centennials) compreende os nascidos entre o fim de 1992 a 2010, está ligada intimamente à expansão exponencial da Internet e dos aparelhos tecnológicos (TAPSCOTT, 2010). Em seu conceito de mundo, são desapegados das fronteiras geográficas e estiveram sempre imersos a um oceano de informações e fácil alcance.

Os integrantes desta geração apresentam comportamento individualista e de certa forma antissocial, um perfil mais imediatista. Também destacam certa excentricidade. Esta geração está muito familiarizada com rede mundial, com compartilhamento de arquivos, com os aparelhos móveis de comunicação e estão sempre conectadas. É a  geração que cresceu juntamente com o  desenvolvimento da Web 2.0, ou seja, jovens e crianças que nunca viram  o mundo sem computador (INDALÉCIO, 2015).

Fava assim caracteriza a Geração Z:

Garotos com muita atitude limitado conteúdo, que apreciam ser assentidos, bajulados, reconhecidos pelo grupo. Jovem sem discernimento de que não basta começar um movimento, preciso saber terminar. Desconsideram perigo de que, nas redes sociais, basta pouco para pequenos grupos se tornarem grandes saírem do controle. (FAVA, 2014, p. 86)

Tapscott afirma ainda que:

[…] eles querem estar conectados com amigos parentes tempo todo, usam tecnologia de telefones redes sociais para fazer isso. Então quando tevê está ligada, eles não ficam sentados assistindo ela, como seus pais faziam. tevê uma música de fundo para eles, que ouvem enquanto procuram informações ou conversam com 43 amigos on-line ou por meio de mensagens de texto. Sendo telefones celulares não são apenas aparelhos de comunicação úteis, são uma conexão vital com os amigos. (TAPSCOTT, 2010, p. 57)

Tal como as gerações anteriores, os jovens da Geração são inquietos  e menos fiéis às marcas. Os jovens Zs aprendem um assunto muito rápido, mas possuem certa dificuldade de concentração, são vaidosos, assim como a geração Y, sempre estão conectados, mas agora com aparelhos móveis.

6.2.5. GERAÇÃO ALFA

Mark McCrindle (2013), sociólogo australiano, foi o primeiro a mencionar o termo “Geração ‘M’ de mobile”, também conhecida como Geração Alfa, que compreende os nascidos a partir de meados de 2010. Essa geração composta por crianças que estão intimamente ligadas a mobilidade tecnológica, com conectividade ao conhecimento. Nasceram em um contexto global no qual as novas tecnologias estão bem mais desenvolvidas do que há dez anos.O uso dessas ferramentas tecnológicas, hoje, é  diferente, os desafios ambientais são mais preocupantes e a quantidade de informações com as quais lidam no dia a dia nunca foi tão grande.

Para McCrindle os indivíduos desta geração terão maior incidência da ‘síndrome do imperador quando assevera que:

Eles não vão crescer no mesmo arranjo afetivo familiar que as gerações anteriores viveram” “(…) serão uma ‘estrela’ de três anos de idade crescerão com um senso de auto importância elevado” “(…) Serão uma sociedade narcisista incrivelmente egoísta, querendo fluidez liberdade para fazer que quiserem com tipo de casamento contratual será expressão máxima dessa geração. (McCRINDLE, 2013, p. 2)

Ao considerar maior acesso a educação formal em especial a informação, McCrindle (2013) observa que esta será a geração mais inteligente. Esta afirmação é ratificada pelas pesquisas de Flynn (2009), nas quais o desempenho nos testes que medem quociente de inteligência (QI) mostraram um aumento de até vinte pontos cada nova geração.

Flynn afirma ainda que:

[…] é  inegável que as habilidades cognitivas vêm aumentando porque os testes provam isso. Porém, preciso ver quais dessas habilidades estão aprimorando, e se isso realmente importante no dia a dia. (FLYNN, 2009, p.145)

McCrindle (2013) pondera que a Geração Alfa fará uso da tecnologia de modo intuitivo, “esse não foi o caso com a geração anterior que teve que fazer logon com nomes de usuários, esta geração pode apenas acessar , é touch screen, tecnologia inteligente intuitivo que atravessa as barreiras linguísticas.”

7. AS METODOLOGIAS ATIVAS E APREENSÃO DO CONHECIMENTO

As metodologias ativas são estratégias pedagógicas para criar oportunidades de ensino nas quais os alunos passam ter um comportamento mais ativo, envolvendo-os de modo que eles sejam mais engajados, e realizando atividades que possam auxiliar estabelecimento de relações com o contexto, e  desenvolvimento de estratégias cognitivas no processo de construção de conhecimento.

Destaca-se como um dos desafios da educação repensar sobre novas propostas educativas que superem a instrução ditada pelo livro didático, centrada no dizer do professor na passividade do aluno. È importante considerar as práticas sociais inerentes a cultura digital, marcadas pela participação, criação, invenção, abertura dos limites espaciais temporais da sala de aula  e dos espaços formais de educação, integrando distintos espaços de produção do saber, contextos e culturas, acontecimentos do cotidiano e conhecimentos de distintas naturezas. A exploração dessas características e marcas demanda reconsiderar currículo as metodologias que colocam aluno no centro do processo educativo e focam na aprendizagem ativa.

A utilização das Metodologias Ativas também visa uma maior autonomia por parte do aluno. Em um ensino tradicional, baseado na transmissão de conteúdos, estudante tem uma postura passiva diante dos processos de ensino de aprendizagem, tendo função de receber absorver uma quantidade enorme de informações apresentadas pelo docente. Muitas vezes, não há espaço para o estudante manifestar-se  e/ou posicionar-se de forma crítica. Em oposição a isso, ao desenvolver práticas pedagógicas norteadas pelo método ativo, o  estudante passa a assumir uma postura ativa (Berbel, 2011; Souza; Iglesias; Pazin-Filho, 2014), exercitando uma atitude crítica e construtiva que fará dele um profissional melhor preparado.

Berbel corrobora com esse entendimento, acrescentando que essa característica da autonomia é fundamental, no futuro, para exercício da autonomia:

O engajamento do aluno em relação novas aprendizagens, pela compreensão, pela escolha pelo interesse, condição essencial para ampliar suas possibilidades de exercitar liberdade autonomia na tomada de decisões em diferentes momentos do processo que vivencia, preparando-se para exercício profissional futuro. (BERBEL, 2011, p.29)

Com base nessa citação, é possível afirmar que as metodologias ativas, quando tomadas como base para planejamento de situações de aprendizagem, poderão contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da autonomia e motivação do estudante à medida que favorece o sentimento de pertença de coparticipação, tendo em vista que a teorização deixa de ser ponto de partida e passa ser ponto de chegada, dado os inúmeros caminhos possibilidades que realidade histórica cultural dos sujeitos emana.

Para Ausubel, Novak Hanesian (1980), a aprendizagem significativa duradoura é útil na vida dos estudantes. Em outras palavras, tem-se uma aprendizagem sustentável. Esses autores ainda consideram que a aprendizagem de modo autônomo, por meio da pesquisa ou projetos, facilita a ocorrência da aprendizagem significativa em relação a aprendizagem mecânica ou de memorização que, muitas vezes, praticada pelos alunos que estudam as matérias somente poucas horas antes de alguma prova.

Para se evitar que ocorra aprendizagem mecânica, torna-se interessante que os professores criem condições para que os alunos realizem seus estudos de modo ativo. Esse modo defendido por Freire (2013), ao considerar que na educação de adultos, a aprendizagem impulsionada pela superação de desafios, com resolução de problemas com construção de conhecimentos novos, a partir de conceitos e experiências anteriores. O aprendizado ativo pode ocorrer quando estudante está lendo, escrevendo, trocando ideias com colegas, discutindo, questionando, resolvendo problemas ou desenvolvendo projetos relacionados a conteúdos importantes para sua vida, fora da sala de aula.

Torna-se interessante a busca por alguma ferramenta que seja facilitadora do trabalho mencionado e essa busca deve ocorrer mobilizada por quem organiza as condições de ensino. Berbel (2011) considera que é interessante que o professor se organize, para obter o máximo de benefícios das Metodologias Ativas na formação de seus alunos que registre as ações para que, posteriormente, possa ampliar as reflexões e as evidências sobre os benefícios pedagógicos dessas Metodologias.

Mitri et al. (2008) explicam que as metodologias ativas utilizam problematização como estratégia de ensino/aprendizagem, com objetivo de alcançar e motivar o discente, pois diante do problema, ele se detém, examina, reflete, relaciona sua história e  passa a ressignificar suas descobertas. Segundo os autores, a problematização pode levar o aluno ao contato com as informações e produção do conhecimento, principalmente, com finalidade de solucionar os impasses e promover seu próprio desenvolvimento. Aprender por meio da problematização e/ou da resolução de problemas de sua área, portanto, uma das possibilidades de envolvimento ativo dos alunos em seu próprio processo de formação.

No contexto da sala de aula, problematizar implica em fazer uma análise sobre realidade como forma de tomar consciência dela. Em outra instância, há necessidade de o docente instigar o desejo de aprender do estudante, problematizando os conteúdos. Reportando se essa questão, Hengemúhle (2014) adverte que, para isso, é fundamental que o docente conheça as situações os problemas aos quais  o conteúdo está ligado.  O autor ainda destaca que, muitas vezes, reside aí uma dificuldade, pois nem aca que, muitas vezes, reside aí uma dificuldade, pois nem sempre docente consegue atender esse requisito.

Desse ponto de vista, a fragmentação dos conteúdos e sua desarticulação com contexto social, fato que evidencia histórica dicotomia entre teoria prática, pode ser uma das causas de desmotivação, desinteresse e apatia dos estudantes. Daí porque a ideia de que a educação  desenvolvida na escola precisa ser útil para vida, de modo que os estudantes possam articular conhecimento construído com possibilidades reais de aplicação  e prática, ou seja, aprender com sentido, com significado contextualizado. De acordo com o explicitado, método ativo constitui–se numa concepção educativa que estimula os processos de ensino e  de aprendizagem numa perspectiva crítica reflexiva.

Além disso, o aluno deve realizar tarefas que requeiram processos mentais complexos, como análise, síntese, dedução, generalização (MEDEIROS, 2014, p. 43). Essa passagem suficientemente sugestiva para evidenciaro  papel ativo do estudante a partir do uso do método ativo. Ou seja, à medida que são oportunizadas situações de aprendizagem envolvendo problematização da realidade em que esteja inserido, nas quais estudante tenha papel ativo como protagonista do seu processo de aprendizagem, interagindo com conteúdo, ouvindo, falando, perguntando discutindo, estará exercitando diferentes habilidades como refletir, observar, comparar, inferir, dentre outras, não apenas ouvindo aulas expositivas, muitas vezes mais monologadas que dialogadas, dialogadas.

 As metodologias ativas têm potencial de despertar curiosidade, à medida que os alunos se inserem na teorização trazem elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor. Quando acatadas analisadas as contribuições dos alunos, valorizando-as, são estimulados os sentimentos de engajamento, percepção de competência de pertencimento, além da persistência nos estudos, entre outras. papel do professor, nessa perspectiva, ganha um status de relevância, ao mesmo tempo em que se lhe acrescentam responsabilidades quando comparadas estilos de trabalho convencionais.

De acordo com a literatura da área motivacional, pouco provável que os estudantes, em situação escolar, envolvam-se espontaneamente em todas as atividades de aprendizagem de modo autônomo, com grande interesse, alegria ou prazer, como afirmam Deci Ryan (2000 apud GUIMARÃES, 2003).A interação com seus professores é uma das principais fontes para melhoria da qualidade motivacional. A empatia com o professor facilita identificação pessoal com aquilo que ele apresenta em sala de aula, possibilitando a valorização das atividades e conteúdos propostos a internalização das exigências ou demandas externas.

 Neste último aspecto, os estudantes endossam ou passam a perceber como suas as demandas para realização de um trabalho de qualidade, que contribui para fomento da motivação autônoma que associada com processamento profundo das informações, criatividade, persistência, preferência por desafios, entre outros resultados positivos.

Uma só forma de trabalho pode não atingir todos os alunos na conquista de níveis complexos de pensamento e de comprometimento em suas ações, como desejados, e ao mesmo tempo em curto tempo. Essa razão da necessidade de se buscar diferentes alternativas que contenham, em sua proposta, as condições de provocar atividades que estimulem desenvolvimento de diferentes habilidades de pensamento dos alunos possibilitem ao professor atuar naquelas situações que promovem autonomia, substituindo, sempre que possível, as situações evidentemente controladoras. Cabe ao professor, portanto, organizar-se, para  obter o  máximo de benefícios das Metodologias Ativas para formação de seus alunos.

8. MARCO METODOLÓGICO

A referida pesquisa pretendeu verificar o processo de ensino e aprendizagem em uma escola de Ensino Médio da cidade de Manaus tendo em vista analisar as reais dificuldades dos professores no uso das Metodologias Ativas em sua práxis e, também, verificar junto aos estudantes como eles percebem o uso das tecnologias criativas e qual sua importância em sala de aula.

8.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA

Como procedimento metodológico de vertente qualitativa, a pesquisa bibliográfica e a  análise de documentos normativos legais estiveram respaldadas em processo de investigação teórica científica. Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa e quantitativa, baseada em um estudo reflexivo sobre o  tema.

8.2 NÍVEL DE CONHECIMENTO ESPERADO

Na tentativa de contribuir e adquirirmos um processo de ensino aprendizagem mais eficiente, estreitamos esse abismo que hoje separa as técnicas tradicionais das necessidades dos discentes, acreditamos que possuímos todas as condições necessárias para realizarmos o projeto a contento dentro das expectativas e prazos determinados. Visto que tal pesquisa tem grande relevância nos âmbitos pessoal, profissional e acadêmica, e acreditamos que as discussões a respeito dos resultados possam contribuir para melhoria dos modelos educacionais, possa inspirar colegas e professores buscar, conhecer e fazer uso das Metodologias Ativas de  maneira a ajudar os discentes a encontrar condições mais adequadas para se desenvolver e  alcançar resultados superiores.

8.3. POPULAÇÃO AMOSTRA

A  pesquisa observou a realidade de professores e alunos do Ensino Médio da rede pública estadual em uma escola da zona Norte da cidade de Manaus e terá uma amostra das turmas concluintes do ensino médio e dos professores das diversas disciplinas curriculares.

8.4 INSTRUMENTOS  E TÉCNICAS DE COLETAS DE DADOS

8.5. OBSERVAÇÃO NÃO ESTRUTURADA, NÃO PARTICIPANTE

É uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Ao ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou ferramentas que se deseja estudar, pretendemos apreender a realidade. A observação nos ajudou a identificar e obter evidências a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos, muitas vezes, não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Como observador, tomamos contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrarmo-nos a ela. Assim, observamos a realidade de professores e alunos do Ensino Médio da rede pública estadual em uma escola da zona norte da cidade de Manaus e obtivemos uma amostra das turmas concluintes do ensino médio e dos professores das diversas disciplinas curriculares.

 8.5.1. QUESTIONÁRIO SEMIESTRUTURADO

Instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas fechadas, com múltiplas opções de resposta, que foram respondidas por escrito e  os dados devidamente analisados.

8.5.2.  PROCEDIMENTOS E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO

Para realizar esta investigação, optou-se pela pesquisa qualitativa de campo, com teoria fundamentada, pois este caminho metodológico permite entrar em contato direto com fontes científicas. Optamos por esse tipo de abordagem, porque ele tem “como principal fundamento a crença de que existe uma relação dinâmica entre mundo real, objetivo, concreto e o sujeito; portanto, uma conexão entre realidade cósmica e o homem, entre a objetividade e a  subjetividade” (OLIVEIRA, 2007, p. 60). Essa metodologia possibilitará uma melhor compreensão do objeto estudado e de sua complexidade, “conhecer a realidade vai além de acumular fatos dados sobre ela. Só conhecemos se os dados possibilitarem uma compreensão do todo dialético, no qual as partes são compreendidas como ‘partes estruturais do todo” (SCHMIDT, 2007, p. 26).

O processo de verificação foi realizado por meio de questionário semiestruturado, com perguntas fechadas, diferenciado para docentes discentes. Os dados foram importantes para analisar qualitativamente e quantitativamente, possibilitando uma percepção a respeito da práxis escolar e como ocorre o processo de ensino e aprendizagem tendo como referência as Metodologias Ativas.

8.5.3.  IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão bibliográfica com diferentes autores, com um levantamento histórico a respeito do ensino no nível do Ensino Médio no Brasil, os modelos e às influências da Base Nacional Comum Curricular, as diversas gerações que transitam na comunidade escolar e os pressupostos teóricos a respeito das Metodologias Ativas. Todo o processo de investigação fundamentou a temática, mais especificamente nos estudos dos teóricos: Libâneo (2001b; 2006), Silva (1999) Franco (2002).

Os dados da pesquisa foram analisados e compilados a fim de servirem para fomentar discussões a respeito da práxis escolar do processo de ensino e aprendizagem. Ao entrar nos espaços educacionais para realizar a pesquisa, fizemos uma escuta ativa e um olhar atento aos diversos modelos que fazem parte da cultura organizacional local. Em parceria com professores e alunos, dialogamos de forma respeitosa e positiva, em busca de uma cooperação conjunta com o intuito de termos uma percepção mais próxima possível da realidade escolar e de sua práxis.

VariáveisDimensõesIndicadoresInstrumentos
Variável documental: a respeito das Metodologias Ativas em diferentes fontes que possam nortear a pesquisa e as análises da realidade observávelReferências BibliográficasAutoresLivros; Artigos; Gráficos; Tabelas; Observação; Questionário;
Variável analítica: aplicar questionários, tabulação de dados análise estatística de dados  Referências Bibliográficas;  Autores  Tabelas e Graficos;
Variável cultural: observação in loco questionários poderão causar alguma estranheza no ambiente escolar, especialmente em relação efetiva utilização dos recursos metodologias ativas por parte dos professores.    Aspectos empíricos;    Mestranda Professores Alunos    Ambiente da Escola
Quadro 01: Operação das variáveis; Elaborado pela autora 2019.

9. MARCO ANALÍTICO

9.1.  RESULTADOS ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

O objetivo central dessa pesquisa era fazer um levantamento da forma de como as metodologias ativas são percebidas pelo corpo docente e discente. Para isso foi escolhida uma escola de ensino médio de tempo integral da cidade de Manaus, a referida escola é participante do PROETI – Programa de Implementação de Escolas de Tempo Integral, um programa do Governo Federal que visa expandir esse modelo de escola. A mesma foi inaugurada em 2017/2 e se localiza na zona Norte, em área vermelha, e atende cerca de 400 alunos de baixa renda, sendo cinco turmas de 1º ano, três turmas de 2º ano e quatro turmas de 3º ano.

A pesquisa foi realizada por meio de instrumento de verificação na forma de um questionário para os alunos e outro para os docentes. Para cada participante foi lido entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o objetivo da pesquisa foi informado e explicado de forma geral, sendo a participação voluntária, anônima e confidencial. Passaremos relatar os resultados desse levantamento e, conforme cada item verificado, passaremos fazer devida.

Questionário para alunos e  professores

A amostra de dados que será apresentada aqui teve como foco os alunos do 3º ano, somando quantidade de alunos das quatro turmas de 3º anos, a escola atendia 120 estudantes de terceiro ano, foram aplicados 30 questionários fechados  a 30 alunos das quatro turmas, essa quantidade representa 25% do total de alunos das turmas de 3º anos. Com esse “N” amostral foi possível verificar que dos 30 alunos questionados 43% não conheciam termo “Metodologias Ativas” e que 57% já tinham conhecimento do referido termo. Lembramos que as Metodologias Ativas já são usadas por professores há décadas, mas o  termo começou ser utilizado por volta do presente século, isso revela que ainda não há uma total pulverização do termo no meio discente.

Porém no Gráfico 02 os alunos responderam que seus professores usam as Metodologias Ativas, isso nos indica que apesar dos alunos não terem intimidade com o termo ainda assim percebem que as Metodologias Ativas estão presentes em sala de aula. Vejamos: 83% do alunado questionado afirmou que as Metodologias Ativas estão no fazer didático de seus professores,  e somente 58 alunos indicaram que não perceberam presença delas durante as aulas ministradas por seus docentes.

Quando esses 30 alunos foram questionados sobre quais Metodologias Ativas seus professores usavam em suas aulas as respostas foram diversas, ressaltamos que o questionário permitia que os estudantes sinalizassem mais de uma opção, três para sermos mais exatos, nesse cenário as respostas revelaram que:

  • 22 alunos (73% do “Nº amostral”) dos alunos questionados indicou que a Aprendizagem por meio de Projetos utilizada por seus docentes, nesse caso é importante ressaltar que o  público questionado são alunos de uma escola participante do PROETI que valoriza o ensino e a aprendizagem por meio de elaboração e participação de projetos. A referida escola de tempo integral no período que foi aplicado questionário (2019/2) contava com projetos associados ao PCE – Programa Ciência na Escola financiado pela FAPEAM – Agencia de Fomento do Amazonas, esses projetos estavam sendo desenvolvidos por sete professores, vinte um alunos das diversas séries da escola;
  • 67% dos alunos sinalizaram que seus docentes fazem uso de Seminários e Debates como recurso didático no processo de ensino aprendizagem, isso exige do aluno uma leitura prévia do assunto, leitura analítica reflexiva, momentos de argumentação com o professor para tirar dúvida e fazer esclarecimentos, compartilhar os conteúdos, ideias opiniões sobre os temas, isto é, um intenso protagonismo juvenil;
  • 53% das respostas mostraram que a  Aprendizagem por meio da Resolução de Problemas também se faz presente no fazer didático dos professores, dessa forma a autonomia da aprendizagem do aluno intensificada e o raciocínio lógico aprimorado. É salutar essa Metodologia Ativa porque ela possibilita exercício cognitivo emocional dos estudantes, pois pode ser usado em todas as disciplinas, sejam de linguagens, humanas, exatas ou biológicas.
  • A Sala de Aula Invertida é uma Metodologia Ativa usada há muito tempo, já que ela está associada a leituras, pesquisas exercícios feitos por alunos fora do âmbito da sala de aula formal, usando ou não acesso internet. Os dados da pesquisa mostram que na escola pesquisada essa metodologia também utilizada, 23% dos estudantes sinalizaram o uso dela por parte de seus professore. È importante ressaltar que essa escola do modelo PROETI evitava passar “tarefas para casa” já que os alunos já ficavam dia inteiro na escola. Mas mesmo assim quando necessário se fazia uso da Sala de Aula Invertida, sobretudo na hora do almoço do alunado.
  • Os Games representaram 13% das respostas dos alunos questionados, isso sinaliza que essa Metodologia Ativa ainda não é muito explorada por parte dos professores, mas que deve ser, já que ela que coopera para amadurecimento cognitivo também do comportamental do estudante, além de ter um forte aspecto lúdico.
  • Aprendizagem entre Pares também ficou com um percentual de 13% das respostas do alunado, ainda é tímido o uso dessa Metodologia Ativa na referida escola, mas já ocorre, ela está sendo um pouco dificultada porque há necessidade que o grupo de alunos que irá partilhar conhecimentos fique ausente da aula de outro professor, isso exige que haja um trabalho mais interdisciplinar entre os professores e essa inter-relação das disciplinas ainda está em processo de quebra de paradigmas e construção.

Questionados quanto as metodologias que os professores mais usam o questionário ainda verificou a frequência com que os professores usam as Metodologias Ativas, os dados indicaram que somente 04 alunos (7%) perceberam que os seus professores não usam ou usam raramente esses recursos didáticos, 17% respondeu que os professores usam com frequência e  70% sinalizou que percebeu que os seus professores usam as Metodologias Ativas “as vezes”. Isso nos indica que as Metodologias Ativas estão presentes no dia a dia da sala de aula da referida escola, isso é positivo, pois mostra o  empenho dos professores para possibilitar um melhor aprendizado por parte de seus alunos. E um esforço em usar uma didática diferenciada que converse com Geração que uma geração que exige um agir compartilhado uma corresponsabilidade em relação a sua própria aprendizagem.

No entanto os dados da pesquisa indicam que ainda precisa ser intensificada a aplicação das Metodologias Ativas.A análise dos dados nos leva a reflexões sobre as razões do não uso frequente delas, os motivos dessa ausência podem ser: falta de conhecimento de como aplicá-las, preocupação dos resultados, falta de estímulo para usá-las, receio de como será o comportamento dos alunos frente a essas ações didáticas, a ausência de recursos e condições necessárias para uso, falta de tempo para o preparo das mesmas, entre outros.

10. CONCLUSÃO

O presente estudo não tem pretensão de menosprezar os esforços empreendidos pela escola e os profissionais da educação de uma maneira geral, nem tampouco generalizar que, institucionalmente não estejamos evoluindo em busca de métodos ou ferramentas educacionais que dialoguem com as reais necessidades dos alunos e professores. Afirmamos que o universo da pesquisa realizada é pequeno, podendo não representar, de forma ampliada seu significado para todo educacional, uma vez que tratamos da educação pública.

 No entanto, a  quantidade do nosso “N” amostral não diminui a importância das discussões aqui travadas e também podemos sinalizar que mesmo sendo uma pequena amostra, os resultados da pesquisa aqui apresentada podem ser vistos de forma indutiva como um alerta quanto a utilização e percepção de discentes e docentes em relação as Metodologias Ativas como recurso didático pedagógico.

Sabe-se que as Metodologias Ativas não são solução para todos os problemas do processo de ensino e aprendizagem, mas podem ser uma alternativa altamente viável relativamente sem muitos custos, para atender as expectativas dos alunos e atingir resultados superiores aos que estão expostos no rendimento escolar das instituições de ensino básico. Por meio delas é  possível desenvolver potenciais, melhorar consideravelmente a participação e o  protagonismo dos alunos, envolver os professores em ações de interdisciplinaridade, aumentar capacidade crítica inclusive com tratativas que partem da realidade observável do entorno da escola e da vida dos discentes, tornando a escola um espaço de produção do conhecimento e saberes diversificados.

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, David P.; NOVAK, Joseph D.; HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

BARBOSA, Eduardo F.; MOURA, Dácio G. Metodologias ativas de aprendizagem na educação profissional tecnológica. B. Tec. Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67, maio/ago. 2013.

BELLO, J. L. P. (2010). Cronologia da História da Educação no Brasil. São Paulo, SP: Clube de Autores.

BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas promoção da autonomia de estudantes. Ciências Sociais Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011.

Disponível em: . Acesso em: mai. 2019. BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. (2013).

Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da Educação. Brasília. MEC, SEB, DICEI. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao- basica2013-pdf/file BRASIL.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo, Ática, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz Terra, 2013..

MORAN, J. M. Mudando educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C.A.;

MORALES, O. E. T. (Org.). Convergências midiáticas, educação cidadania: 73 aproximações jovens, v. 2. Ponta Grossa: Foca Foto-PROEX/UEPG, 2015. (Coleção Mídias Contemporâneas). Disponível em: . Acesso em: mai. 2019

MORIN, E. religação dos saberes. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina; 2006.

PERRENOUD, Philippe. prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização razão: pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002

PINTO, S. etal. Laboratório de Metodologias Inovadoras sua pesquisa sobre uso de metodologias ativas pelos cursos de licenciatura do UNISAL, Lorena: 74 estendendo conhecimento para além da sala de aula.

Revista de Ciências da Educação, São Paulo, v. 2, n. 29, p. 67-79, jun./dez. 2013. REDLING, Julyette P. metodologia de resolução de problemas: concepções práticas pedagógicas de professores de matemática do ensino fundamental. Dissertação (Mestrado). UNESP, 2011. SANTOS, Akiko. Complexidade transdisciplinaridade em educação: cinco princípios para resgatar elo perdido. Rev. Bras. Educ., vol.13, nº 37, p.71-83, abril, 2008.

SANTOS, Beatriz Boclin Marques dos. currículo da disciplina escolar. Rio de Janeiro: Mauad, 2014. SCHMIDIT, D. P. Violência como uma Expressão da questão Social: suas manifestações seu enfrentamento no espaço escolar. Dissertação de Mestrado: Santa Maria, RS., Brasil, 2007.

In: Acesso em: 11 jun. 2019. SILVA, Carmem Silva Bissolli da. Curso de pedagogia no Brasil: História identidade. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.

SOUZA, Cacilda da Silva; IGLESIAS, Alessandro Giraldes; PAZIN-FILHO, Antonio. Estratégias inovadoras para métodos de ensino tradicionais aspectos gerais. Medicina, v. 47, n. 3, p. 284-292, 2014.

TAPSCOTT, D. hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. Trad. Marcello Lino. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.